Acontecimento cultural, que contou com a presença do Ministro da Educação, Cultura e Ciência, Olinto Daio, Presidente do Tribunal de Contas José António Monte Cristo, da Ministra da Saúde, Maria dos Santos Trovoada e o Secretário do Gabinete do Sr. Primeiro-Ministro, Mário Gomes Bandeira, do Bispo de S.T.P., Dom António Manuel dos Santos, acompanhado pelo Rev. Padre Fausto, - Presidente da Comissão Eleitoral, Alberto Pereira, vários membros do Gabinete da Presidência da República, nomeadamente, Coronel Victor Monteiro e Amaro Pereira de Couto, Chefe da Casa Civil; Embaixador do Brasil, José Carlos de Araújo Leitão; ex-primeiro Ministro Leonel D’Alva; Adido da Defesa da Embaixada de Portugal, Sr. Coronel Lourenço Saúde; Diretora do Centro Cultural Português, Margarida Mendes; os excelentíssimos representantes das embaixadas da Guiné Equatorial e da Nigéria, respetivamente, Teodoro Elangui e Aburime Kenneth, assim como da poetiza e escritora, Conceição Lima, o historiador e escritor Albertino Bragança, Maria Alves, Luís Beirão, Ambrósio Quaresma, Ana Ribeiro e Nuno Bruno, Cláudio Coralle, Manuel da Trindade Costa, artistas da Associação Pica Pau, entre outras personalidades, empresários, muitos santomenses anónimos ou dos mais diversos setores de atividades (a que conto vir ainda a referir-me) e alguns meus compatriotas, residentes ou em gozo de férias
Jornal Novo – 25.9.1976 “Ele correu perigos que assustariam o mais corajoso, incorreu em temeridades que não visavam o lucro mas uma meta mais longínqua. Um insatisfeito desejo de se afirmar e de demonstrar que moram no homem, e com ele vivem , recursos insuspeitados e adormecidos. Não se pense que se referimos a um aventureiro gratuito, que apenas pretende chamar sobre si as atenções, sem objectivos louváveis. Nada disso.(...) "
"As gravações a que procedeu no mar são empolgantes e transmitem o estado de espírito do homem que se encontra só e não conta senão com ele e com Deus. A resistência do homem á fome, à sede e ao desespero, constituem uma constante do seu relato. É comovente a transcrição do feito de Jorge Marques, o qual justificava a publicação de um livro, contendo, em pormenor, o que a escassez do espaço de um jornal não comporta."
A descrição que passou á deriva numa piroga no Golfo da Guiné, se levada ao cinema, daria um filme memorável, principalmente se o realizador extrair da odisseia a espantosa variedade de facetas que ela oferece.” Excertos do Jornal Novo
Na verdade, há momentos que, por tão tormentosos e solitários na vasta imensidão oceânica, são verdadeiras eternidades – Que o digam todos aqueles que passaram pela dramática e dificílima situação de náufragos. Outros, nunca o terão podido expressar, visto terem ficado sepultados para sempre no silêncio eterno do fundo dos abismos submarinos. Pessoalmente, quis Deus ou o destino que fosse um dos sobreviventes, de entre os milhares de vitimas, que, por esta ou por aquela razão, anualmente, são tragados pela voragem dos oceanos e pudesse transmitir o testemunho daquilo que o engenho, a força de vontade e o querer humano, poderão lograr, face às maiores provações.
Na verdade, há momentos que, por tão tormentosos e solitários na vasta imensidão oceânica, são verdadeiras eternidades – Que o digam todos aqueles que passaram pela dramática e dificílima situação de náufragos. Outros, nunca o terão podido expressar, visto terem ficado sepultados para sempre no silêncio eterno do fundo dos abismos submarinos. Pessoalmente, quis Deus ou o destino que fosse um dos sobreviventes, de entre os milhares de vitimas, que, por esta ou por aquela razão, anualmente, são tragados pela voragem dos oceanos e pudesse transmitir o testemunho daquilo que o engenho, a força de vontade e o querer humano, poderão lograr, face às maiores provações.
A canoa "Yon Gato" foi carregada a bordo do pesqueiro Hornet, em meados de Outubro, de 1975, ao largo da Baía Ana de Chaves para ser largada na corrente equatorial - Porém, contrariamente ao prometido, ao fundear junto à Ilha de Ano Bom (Guiné Equatorial) com o pesqueiro envolvido por enorme agitação noturna, varrido de proa à popa, pelas já habituais tempestades da época das chuvas, que o assolaram nas anteriores noites, o comandante chama-me à câmara de comando para desistir do meu propósito e coloca-me num dilema: ou fico a trabalhar a bordo ou tenho que ser largado com a canoa. De resto, este era também o aviso e a vontade expressa da tripulação: "Jorge! Não vês, como está o mar?!... Vais morrer!!.. Fica connosco!.." Não tendo aceite a sua proposta, obriga-me assinar um termo de responsabilidade, antes de arrear a canoa ao mar.
Face à impossibilidade de tomar a rota para oeste, tento o regresso a S. Tomé - Depois de um dia de navegação rumo a Norte, perfeitamente normal, à noite um violento tornado faz-me perder a maior parte dos apetrechos, incluindo o remo e os mantimentos.
DEPOIS DE 38 DIAS DE NAUFRÁGIO, NOS CORREDORES DA MORTE
Ao cabo de 38 penosos dias, ao sabor das vagas, num simples madeiro escavado, acabo por acostar à Ilha de Bioko (ex-Fernando Pó), onde sou tomado por espião e encarcerado numa cela da Cadeia Central para ser executado, já que este era o destino de quem ali era condenado: entrar vivo e sair cadáver.
Felizmente, é a mensagem, autenticada pelo MLSTP, que havia sido escrita para saudar o Povo Brasileiro - admitindo que pudesse fazer a travessia até ao Brasil - que me vai salvar a vida. Mesmo assim, dada a persistente desconfiança do então Presidente Macias, que nem depois de enviar o seu barbeiro pessoal (o santomense, Sr. Bandeira) se convencera, nem da veracidade da referida mensagem, nem dos meus argumentos, quem acaba por ordenar a minha soltura é o seu sobrinho, o então comandante das Policias e das Forças Armadas, o atual Presidente Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, a quem fico a dever a vida
Face à impossibilidade de tomar a rota para oeste, tento o regresso a S. Tomé - Depois de um dia de navegação rumo a Norte, perfeitamente normal, à noite um violento tornado faz-me perder a maior parte dos apetrechos, incluindo o remo e os mantimentos.
DEPOIS DE 38 DIAS DE NAUFRÁGIO, NOS CORREDORES DA MORTE
Ao cabo de 38 penosos dias, ao sabor das vagas, num simples madeiro escavado, acabo por acostar à Ilha de Bioko (ex-Fernando Pó), onde sou tomado por espião e encarcerado numa cela da Cadeia Central para ser executado, já que este era o destino de quem ali era condenado: entrar vivo e sair cadáver.
Felizmente, é a mensagem, autenticada pelo MLSTP, que havia sido escrita para saudar o Povo Brasileiro - admitindo que pudesse fazer a travessia até ao Brasil - que me vai salvar a vida. Mesmo assim, dada a persistente desconfiança do então Presidente Macias, que nem depois de enviar o seu barbeiro pessoal (o santomense, Sr. Bandeira) se convencera, nem da veracidade da referida mensagem, nem dos meus argumentos, quem acaba por ordenar a minha soltura é o seu sobrinho, o então comandante das Policias e das Forças Armadas, o atual Presidente Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, a quem fico a dever a vida
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