Jorge Trabulo Marques
Conheço bem
a Ribeira Peixe e toda aquela área: trabalhei ali como empregado de mato e,
posteriormente, nas várias expedições ao Pico Cão Grande: as plantações de
coqueiros e palmeiras de dendém, que existiam naqueles terrenos, não eram tão
extensivas e intensivas e constituíam tão ´seria ameaça ao solos e ao clima
– Agora, as palmeiras, por tão juntas que estão, mal deixam passar a sombra ao
solo, esgotando-lhe os minerais e colam-se umas às outras – Além de
tornarem o clima mais árido e menos pluvioso .
Árvores endémicas, que pintavam o sul do Caué, na antiga Roça Ribeira Peixe e Novo Brasil, que dão abrigo e alimento a aves também singulares, têm vindo a ser preenchidas com extensas plantações de palmares, espécies de hibridações de crescimento rápido mas que consomem muita água, além de erradicarem as endógenas, devastando o parque natural-obô - O epicentro de biodiversidade única, onde a preservação ecológica se encontra com a beleza natural
O Greenpeace denuncia, que os industriais atacam as florestas africanas: “Ao transformar dezenas de milhares de hectares de floresta em plantações, esses investidores estão minando florestas que constituem imensos sumidouros de carbono e reservas de biodiversidade únicas no mundo”.
Depois de devastarem várias zonas florestais, de se apropriarem das terras mais férteis e privilegiadas, em vários países da região centro africana, com apoio do depredador ex-presidente Francês Sarkozy e outros altos representantes do colonialismo e liberalismo selvagem, voltaram os seus tentáculos para as pequenas Ilhas de S. Tomé e Príncipe -
Ao aproximar-me do aeroporto de S. Tomé, quando ali desembarquei, em 20 de Outubro de 2014, a panorâmica que eu esperava se revelasse de um verde tenro, no litoral do Ilhéu das Cabras a Fernão Dias, mostrava-se-me de um verde seco e torrado, com alguns trechos a fazerem-me lembrar as manchas negras e ardidas de Angola – Diz-se que é por causa do carvão. Fazem-se derrubadas e queimadas, de qualquer jeito, sem a menor preocupação ambiental.
Téla Nón |
Os caterpilares da Agripalma não param de avançar e as suas lagartas, já estão a deixar marcas nos terrenos nunca antes tocados por máquinas, o parque natural de São Tomé. Fotografias tiradas, via satélite e que o Téla Nón teve acesso(a esquerda), mostram a dimensão do desmatamento que ameaça o parque natural – ôbô. Em laranja são as areas desmatadas. Os pontinhos pretos são pontos GPS da investigação em curso sobre espécies de passaros na zona sul. Em cor rosa estão identificadas as bacias hidrográficas e os limites do Parque Natural – ôbô.
Não podemos ficar impavidos e serenos a ver o nosso país a ser destruido e nada fazermos. “Quando não defendemos os nossos direitos perdemos a dignidade e a dignidade não se negoceia.”», palavras de alguns cidadãos que estão a movimentar-se para dar luta ao que consideram ser crime ambiental no sul de São Tomé.https://www.telanon.info/sociedade/2013/06/04/13409/sociedade-civil-denuncia-crime-ambiental-na-zona-sul-de-sao-tome/
FINACIAMENTOS DE DUVIDOSA EFICÁCIA Mas os funcionários que os gerem têm de os despachar - Mais 25 milhões de euros para financiar atividades de conservação da natureza – Ou intensificar ainda mais as alterações climáticas?-
São Tomé e Príncipe poderá beneficiar de 25 milhões de euros para financiar atividades de conservação da natureza através da Ong Bird Life Internacional, - Refere noticia da STP-Press - https://www.stp-press.st/2024/07/05/sao-tome-e-principe-podera-beneficiar-de-25-milhoes-de-euros-para-financiar-actividades-de-conservacao-da-natureza/
- Financiamentos não têm faltado, mas, em termos práticos, não se têm vislumbrado resultados.
De facto, há necessidade de aproveitar o solo destas ilhas, sendo certo, que, mais de 2/3 estão por cultivar. Mas de modo algum nos moldes intensivos, a que se tem assistido. Sem o o mínimo respeito pela biodiversidade, pese as afirmações em contrário
É verdade que, no período colonial, nalgumas áreas da Ribeira Peixe e Novo Brasil, houve prósperas plantações de alguns palmares - Trata-se de uma cultura que se dá bem com solos húmidos e aceita relativamente bem a salinidade dos ventos marítimos.
Pessoalmente, ainda participei nalgumas dessas plantações, junto à Praia Grande, no tempo em que trabalhei como empregado de mato, nestas propriedades da Companhia agrícola Ultramarina - Mas não foram além de uma área restrita - Pois não se compare a cultura do coco ou do dendém com a do cacau, que requer árvores de sombra, preservando a floresta, com as plantações dos palmares, que exigem céu aberto e, sobretudo, áreas do litoral.
Há tantos terrenos a noroeste, com ótimas condições para o cultivo de palmares, sem ser necessário desmatar o apetecível obó
Quando voltei a S. Tomé, 39 anos depois ( de 20 de Out. a 10 de Nov.) uma das minhas visitas obrigatórias era deslocar-me ao sul de S. Tomé, nomeadamente, Ribeira Peixe, Praia Grande e Caué, pois trabalhara ali, como empregado de mato, e, onde, ainda mais tarde, empreendera, com uma equipa de santomenses, a escalada do Pico Cão Grande.
De facto, confesso que fiquei profundamente chocado pela extensa desflorestação levada a cabo pelo Grupo Socfinco), que em S. Tomé se disfarça de Agripalma, seguindo os mesmos atropelos ambientais que vem cometendo nos vários países onde se tem instalado, desprezando os interesses das populações locais.
A mesma multinacional, que, em 2011, na Serra Leoa, se instalou associada a uma empresa fantoche local, sob a designação Socfin Companhia Agrícola Serra Leoa Ltd. (Socfin SL), num país setenta vezes maior que S. Tomé e Príncipe, selando um acordo de 100 milhões dólares para garantir 6.500 hectares de terras agrícolas para a borracha e plantações de dendezeiros. Mais uma vez o investimento é lavrado à revelia da população local, expropriando os seus melhores terrenos de cultivo, sob proteção de obscuros interesses – Com o Chefe maior e autoridades da Chefia.
FINACIAMENTOS DE DUVIDOSA EFICÁCIA Mas os funcionários que os gerem têm de os despachar -
São Tomé e Príncipe poderá beneficiar de 25 milhões de euros para financiar atividades de conservação da natureza através da Ong Bird Life Internacional, - Refere noticia da STP-Press - https://www.stp-press.st/2024/07/05/sao-tome-e-principe-podera-beneficiar-de-25-milhoes-de-euros-para-financiar-actividades-de-conservacao-da-natureza/
- Financiamentos não têm faltado, mas, em termos práticos, não se têm vislumbrado resultados.
Por exemplo, onde está o recife (ilha), que se situava frente à praia lagarto, que há 40 anos ficava completamente descoberto? - Sim, no qual os pescadores iam buscar o isco para a sua pescaria e os veraneantes se estendiam ao sol. Não só não descobri os menores sinais desse recife espalmado, como, ainda bem pior: vi uma baía, quase sem margem, com a maré cheia a invadir a estrada e, nalgumas áreas, com mais cascalho de que areal.
Bem diferente daquela que fora uma das mais aprazíveis praias – Ornada de coqueiros, por um extenso e suave areal, junto à qual surgiam inúmeros caranguejos verdes, vindos das tocas que esburacavam no mato para capturarem as suas presas. Eram tantos a atravessarem a estrada, que havia quem se divertisse a esmagá-los com os pneus do carro, sobretudo à noite. Agora, o que se descobre é uma curta língua de cascalho, que entretanto o asfalto vai protegendo, comida pelo avanço do mar, alguns troncos de esguios coqueiros e de outras árvores, que ameaçam ser arrancados a todo o momento, devido às investidas das ondas na própria estrada, também já esta, de onde em onde, bastante comida e esventrada.
Nenhum comentário :
Postar um comentário