expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

sexta-feira, 31 de outubro de 2025

Odisseia no Golfo da Guiné 31-10-1975 Completavam-se hoje, há 50 anos, 11 dias à deriva dia e noite numa frágil piroga

  

                                                              Jorge Trabulo Marques 


Vogando á deriva debaixo de escuríssimo teto dos Céus
Torturado pela brisa e pela fome! Estômago oprimido e vazio!
Mesmo assim, não desesperado, nunca perdendo
a fé numa força sobrenatural ou em Deus!

Perdido numa piroga -À deriva noite e dia!
Lado a lado com o abismo marítimo da morte!
Em noite de cinza escuríssima!
Mesmo assim, sereníssimo! Lutando e nunca desesperando
ou perdendo a fé e a confiança!- Embora esperando
a todo o instante, estar mais próximo
de ser engolido pelo manto da morte
de que ser salvo por mão salvadora
ou mão corajosa, oportuna  e amiga!

Longe da Terra, das suas vistas e de toda a gente! -
De todo entregue às minhas preces e ao meu silêncio!
Oh infinita noite escura! Que toldas meus olhos cansados
Sozinho, Isolado e aprisionado do Mundo!
Vogando à superfície deste ondulante manto sem fundo!
Mas, também. verdadeiramente livre de espírito e de pensamento!
Não tenho de cumprir horários ou dar satisfações a mais ninguém!
Vou sendo levado ao sabor do vento! Dele inteiramente dependo!

Sem rumo e sem destino! - Flutuando e cambaleando,
como ave marinha solitária que esvoaça, furtivamente
de vez em quando, riscando a solidão destes espaços!
A tempestade roubou-me o remo, deixou-me à deriva
Ás vezes navego com o remo improvisado
mas quando o mar fica encrespado,
lá volto eu novamente a ser arrastado!
Vogando para os mais diversos quadrantes!

Vogando em constante frágil tronco escavado!
Neste esquife pronto a voltar-me e a sepultar-me!
De todo encaixado neste madeiro de árvore de ocá!
Em pulsões latejantes nesta balouçante e alada casca!
Que vagueia ao sabor das correntes e dos ventos!
Que me aprisiona movimentos e mos faz subjugar!
Arrastado pelos seus caprichos, sem me poder agarrar a nada!
Umas vezes ameaçador e terrível! Sulcado de grossas vagas!
Ou em tumultuosa e escuríssima noite! Fantasmagórico mar!
Outras vezes mais humorado! Em tranquila calmaria presenteado!
Quando brisas leves mais parecem aquietar-me de que sufocar-me!

Mas, óh Deus infinito, poderoso e misterioso! Meu santo guardião!
Agora, quão densa e escura me é oferecida por esta noturna visão!
Para onde quer que me volte. só vejo água escura!
Só descubro formas de sombras! Negra escuridão!

Vogando à superfície deste líquido manto escuríssimo
Encoberto por uma imensa abóbada infinita!
semeada de grãos de fogo dispersos,
toldada por muralhas de trevas!
Que ao invés de me tranquilizarem,
mais assolam, me oprimem o coração!
Oh Infinita Noite! O Deus misericordioso e omnipresente!
Tende piedade de todos quantos, nestas horas graves e incertas
Se lembram de Vos pedir auxilio e proteção!!
Seja em cântico ou palavras vertidas de lágrimas e oração!


Livro de João Miguel Tavares a José Sócrates enche a barriga a comentadeiro , - Hoje acordei de barriga cheia, com um artigo muito generoso que o António José Vilela... seis lançamentos de livros simultâneos em Lisboa tive direito a casa cheia.

                                                                    Jorge Trabulo Marques - Jornalista 


Sexta feira . Hoje acordei de barriga cheia, com um artigo muito generoso que o António José Vilela — um dos melhores jornalistas de investigação deste país — publicou no site da CNN Portugal sobre “José Sócrates - Ascensão”.
Escreve ele:

"Um livro que é um documento único de história contemporânea indispensável para qualquer português perceber o percurso dos primeiros 48 anos de vida do antigo primeiro-ministro (…). Um hino magnificamente bem escrito ao jornalismo, mas não a todo o jornalismo.”

Basta ver quantos jornalistas da área da “Política” (aqueles que melhor conheciam Sócrates e tinham mais acesso aos dados e às fontes de informação) que assinaram as investigações citadas por Tavares.

PLURALISMO E JUSTIÇA EM PORTUGAL OU FASCISMO? - Livro de João Miguel Tavares de ataques a José Sócrates enche a barriga a comentadeiro , - Diz "com seis lançamentos de livros simultâneos em Lisboa tive direito a casa cheia. Os meus agradecimentos a quem esteve presente, e em especial ao José Manuel Fernandes, à Felícia Cabrita e ao Ricardo Costa, que partilharam as suas memórias de José Sócrates.

Para aqueles que perguntaram por lançamentos a norte do Rio Guadiana, eles vão certamente acontecer e serão aqui anunciados assim que tiver datas fechadas. Aos que compraram o livro desejo excelentes leituras.

PRÉMIO DOS SUCESSIVOS ATAQUES A JOSÉ SÓCRATES - João Miguel Tavares preside às comemorações do 10 de Junho -

Marcelo Rebelo de Sousa designou o jornalista João Miguel Tavares para presidir à comissão das comemorações do 10 de junho, Dia de Portugal, que decorrerão entre Portalegre e Cabo - Sim, escolhido por quem afirmou - 30/11/2014 — Sócrates «só morto é que se cala». O comentário de Marcelo Rebelo de Sousa na TVI. Sócrates «só morto é que se cala»

JOSÉ SÓCRATES, O CRISTO DA POLÍTICA PORTUGUESA: 03 Mar 2009 - Dizia este escriba: Ver José Sócrates apelar à moral na política é tão convincente quanto a defesa da monogamia por parte de Cicciolina. - Com esta verboreia; " A intervenção do secretário-geral do PS na abertura do congresso do passado fim-de-semana, onde se auto-investiu de grande paladino da "decência na nossa vida democrática", ultrapassa todos os limites da cara de pau.

A sua licenciatura manhosa, os projectos duvidosos de engenharia na Guarda, o caso Freeport, o apartamento de luxo comprado a metade do preço e o também cada vez mais estranho caso Cova da Beira não fazem necessariamente do primeiro-ministro um homem culpado aos olhos da justiça. Mas convidam a um mínimo de decoro e recato em matérias de moral.!

José Sócrates, no entanto, preferiu a fuga para a frente, lançando-se numa diatribe contra directores de jornais e televisões, com o argumento de que "quem escolhe é o povo porque em democracia o povo é quem mais ordena".

José Sócrates, sente-se caluniado e move-lhe processo. Mas, meses depois: Tribunal arquiva processo de José Sócrates contra João Miguel Tavares PÚBLICO 20 de Outubro de 2009, 10:48
Na primeira vez que o caso foi levado a tribunal, o Ministério Público decidiu arquivar o processo. Na segunda vez que José Sócrates insistiu na queixa, a resposta foi também o arquivamento.

"Acabou a brincadeira" Esquecendo-se de que a foram repescar através de um tal “ lapso de escrita" artimanha que serviu apenas para manipular os prazos da acusação”, acusa José Sócrates

Que justiça se poderá esperar desta arrogância? - Ao impor a presença da mãe de José Sócrates, com 94 anos?”,. A juíza repreende advogado de Sócrates e faz participação à Ordem

Entretanto, um tal João Miguel Tavares, lança um novo livro .Diz ele no Facebook: "Hoje acordei de barriga cheia, com um artigo muito generoso que o António José Vilela — um dos melhores jornalistas de investigação deste país — publicou no site da CNN Portugal sobre “José Sócrates - Ascensão”.

E acrescenta: "Para quem ainda não se cansou de me ouvir falar do novo livro (imagino que alguns já estejam cansados, mas foram quase 10 anos de trabalho, tenho de desabafar), a revista do Correio da Manhã tem hoje seis páginas de entrevista sobre o tema, assinadas pela jornalista Fernanda Cachão."

O mesmo escriba, distinguido por Marcelo, a presidir às comemorações do Dia de Portugal em 2019, entre Portugal e Cabo Verde.

Premiado pelo filho de um tal Baltazar Rebelo de Sousa, ministro do fascismo, que diz que "Sócrates só morto é que se cala" Intolerante sectário: - Tal como o pai apostava em prolongar a guerra no ultramar, que "custaria a vida a milhares de pessoas, incluindo aproximadamente 10 mil mortos entre os soldados portugueses e mais de 100 mil vítimas civis nas colónias.



COM ESTES NÃO HÁ FOLHETINS MP arquivou suspeitas na venda do Pavilhão Atlântico ao genro de Cavaco Carlos Rodrigues Lima Carlos Rodrigues Lima 01 de julho de 2021 às 14:00 + Durante quatro anos de investigação, a PJ queixou-se da falta de meios e o Ministério Público não ouviu nenhum dos intervenientes no negócio: Luís Montez, Ricardo Salgado, Maria Luís Albuquerque, Assunção Cristas e Zeinal Bava.


.”

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

São Tomé - Greve nos órgãos públicos da comunicação social- Meu abraço solidário: jornalistas mal pagos e escravizados








Jorge Trabulo Marques - Jornalista desde 1970  - -Imagens do 3 de Maio de 2019 e outras de datas anteriores   - E duas de Arlindo Homem 


Imagens de Arlindo Homem 


São Tomé - Greve nos órgãos públicos da comunicação social- Meu abraço solidário: jornalistas mal pagos e escravizados – O tempo das perseguições ‘e brutais agressões, como eu as sofri de colonos por dar voz à liberdade do 25 de Abril, pertence ao passado. O mau é que persiste outro tipo de opressão: salários miseráveis

"Queremos melhores condições de trabalho, dignidade salarial e, acima de tudo, respeito” . Com inteira justiça. Naturalmente, que não será com baixos salários, que se poderá motivar o exercício da atividade jornalística - Os profissionais denunciam o abandono prolongado a que os órgãos públicos da comunicação social têm sido votados ao longo dos anos, exigindo melhorias estruturais, financeiras e operacionais.

Estou nesta imagem atrás da viatura

Como exemplo, foi citado o facto de que, na Presidência da República, os profissionais da comunicação social não podem aceder às instalações trajando t-shirts ou calças jeans. “Os funcionários da presidência beneficiam de subsídios para garantir uma apresentação adequada — privilégio que não se estende aos jornalistas e técnicos da comunicação social. Se olharmos para os salários dos profissionais da comunicação social, o cenário é de autêntica vergonha”, reforçou a dirigente sindical.


O ecrã da televisão exibe apenas o logotipo da estação; na rádio, ouvem-se exclusivamente músicas sinfónicas; e na agência noticiosa, reina o silêncio absoluto.

A paralisação, liderada pelo Sindicato dos Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social Santomense, visa pressionar o Governo a cumprir o memorando de entendimento assinado há mais de um mês. Segundo o sindicato, a adesão à greve é tota
l.Excertos do Téla Nón 
https://www.telanon.info/sociedade/2025/10/29/50579/greve-nos-orgaos-publicos-da-comunicacao-social


Nestas maravilhosas e férteis ilhas, abundantes de frutos, ninguém morre de fome - Aqui, quase tudo se produz, mas há outras necessidades que, um ordenado os miseráveis ordenados ou salários não compensam

Desde as sete horas da manhã desta quarta-feira, os profissionais da Televisão Santomense, da Rádio Nacional e da agência STP-PRESS suspenderam integralmente as suas atividades, dando início a uma greve por tempo indeterminado.

E, também, nestas luxuriantes Ilhas Verdes do Equador, ninguém é morto por expressar a sua opinião, mas os baixos salários, são realmente um grande entrave à dignidade e ao cabal exercício da profissão

O povo é por natureza pacífico. Em São Tomé e Príncipe, não existia criminalidade, senão esporadicamente e mais do foro passional. Os maiores problemas, com que a colonização portuguesa nas ilhas, teve de se  bater, foi com os corsários franceses e holandeses.

A revolução apanhou de surpresa, a generalidade dos colonos, uma vez que, no arquipélago, não havia a guerrilha e a instabilidade das outras colónias - Quando o Povo Santomense, teve oportunidade de  sair à rua e se manifestar, exigindo abertamente a independência, fê-lo calorosamente, mas sem atos de violência


 Mas a  verdade é que havia um movimento silencioso mas ativo. O  MLSTP , que começou estar sediado em Fernando Pó e depois se transferiu para o Gabão,  fazia as suas emissões de rádio, em dialeto e  também atuava no interior das ilhas ( em reuniões sob o maior sigilo, a PIDE andava à coca e, de volta e meia, prendia e espancava. - Tais factos estão hoje suficiente documentados e descritos. 

Os colonos é que desconheciam essas aspirações: julgavam que a guerra, em Angola, não lhes dizia respeito - E, a bem dizer,  do desfecho desta dependia  também o futuro de S. Tomé e Príncipe - E foi justamente o que sucedeu, com a revolução do 25 de Abril  "Nem mais um soldado para a guerra" - E, a partir daí, não havia outra solução que não fosse a dos acordos, em Argel,  para dar a independência às colónias

COLONOS APÓS INVADIREM O PALÁCIO DO GOVERNO E INSULTAREM O GOVERNADOR – MAL ME VIRAM NAS IMEDIAÇÕES, UMA AUTÊNTICA MULTIDÃO DESATOU A CORRER ATRÁS DE MIM 
 
Um dia, umas centenas de colonos das roças,  deixaram aquelas propriedades e foram-se manifestar ao Governador Pires Veloso  - Ao abandonarem o Palácio, vendo-me junto à esplanada do Restaurante Palmar, desataram correr atrás de mim, munidos dos seus machins.

.. SE ME APANHASSEM,  TERIA SIDO DEGOLADO E DESFEITO!...  

Mesmo assim, quando corria à sua frente, ainda levei com uma pedra na cabeça e e outra nas costas - 
TIVE QUE ME REFUGIAR, EM CASA DE UM SANTOMENSE: dos pais do Constantino Bragança, que, tendo assistido à perseguição, se deslocou à noite ao local para me colher no seu modesto casebre, algures no mato: Sr. Jorge! Pode descer, que os brancos foram todos para o quartel da Polícia Militar e do Cinema Império e venha para a minha casa"


 
A minha casa ficou irreconhecível, num monte de destroços. Como não me apanharam lá no seu interior,  deixaram-me à porta  o laço da prometida forca de corda. Pelos vistos, em qualquer parte do mundo, os jornalistas são sempre as primeiras vítimas. É neles que descarregam todos as iras e ódios. Ainda hoje, ao escrever estas linhas, se me toldam os  olhos, tal os maus momentos por que passei. Ao meu modesto carro, por duas vezes, lhe furaram os pneus à navalhada.- Não me importo de ser confrontado com os elementos  da natureza mais hostil, mas ser  atingido pelo ódio humano é mil vezes pior!...Não é medo é um sentimento de profunda tristeza e revolta.

A liberdade de expressão, ainda não era bem aceite: a mentalidade colonial, reinante, não ia mudar de um dia para o outro. Por isso, caso não viesse a contar com a compreensão e o apoio do então Alto-Comissário, Pires Veloso, estou certo que tinha sido expulso para Portugal, tal como foram alguns revolucionários do MLSTP

Segundo dados da ONU, 55 jornalistas e profissionais da comunicação foram assassinados no ano passado 2021 

A CENSURA QUE EU CONHECI ANTES DO 25 DE ABRIL

Sim, longe vão os dias da censura e dos cidadãos serem presos, perseguidos ou mal tratados por exprimiram as suas ideias. Fui testemunha desses opressivos tempo: no tempo colonial, com os impedimentos censurais do fascismo, que, por várias vezes, me não permitiram a publicação de trabalhos jornalísticos. No pós revolução, com agressões de vária ordem por parte de quem não queria aceitar os novos ventos da história. Refiro-me a atitude de alguns colonos.

SEMANA ILUSTRADA – O ÓRGÃO DA IMPRENSA ESCRITA - DO EXTERIOR – QUE MAIS PÁGINAS DEDICOU A S. TOMÉ E PRÍNCIPEANTES E DEPOIS DO 25 DE ABRIL

Sou Jornalista, desde 1970, então correspondente da Semana Ilustrada, a revista angolana, que mais falou destas ilhas, antes e durante o período revolucionário, após o 25 de Abril, cuja liberdade de expressão me haveria de custar barbaras agressões por parte de alguns colonos, ao ponto de ter abandonar S. Tomé de canoa para a Nigéria

Nunca nenhuma revista ou jornal dedicara tanto espaço nas suas páginas, como a Revista Semana Ilustrada - A Semana Ilustrada, era muito apreciada e popular, nas Ilhas Verdes do Equador, tanto pelos santomenses, que a chegaram até a homenagear, como pela comunidade portuguesa – Esta só nos deixou de apoiar, quando passamos a publicar artigos das manifestações pró-independência e dos massacres do Batepá



AS BRUTAIS PERSEGUIÇÕES E SELVÁTICAS AGRESSÕES FÍSICAS DE ALGUNS COLONOS


Vindas de indivíduos que ainda hoje se gabam no Facebook das sórdidas patifarias, que me fizeram  

 
Ninguém destruiu placas nenhumas  “ Manuel Correia:  Sabem porquê que eu e o Elvido, lhe cortamos o cabelo? PORQUE, NA MANHÃ DE O3 DE FEVEREIRO DE 1975, ELE E UM GRUPO DA CIVICA, PERCORRERAM AS RUAS DA CIDADE DE S.TOMÉ, DE MARRETA NA MÃO, COM ELE A COMANDAR, A PARTIREM TODAS AS PLACAS TOPONÍMICAS QUE CONTINHAM REFERÊNCIAS PORTUGUESAS. Não sabiam ??? E que o menino chorou baba e ranho, a implorar que não lhe cortássemos as lindas madeixas loiras . . Curtir · Responder · 2 · 12 de agosto às 06:29   Veja quem são  https://www.facebook.com/elvido.ricardodeviveiros?fref=ts.....https://www.facebook.com/manuel.sebastiao.75?fref=ts

DEPOIS DO 25 DE ABRIL, A TROPA FEZ A LIMPEZA DO CONTEÚDO DOS PROCESSOS INSTAURADOS PELA PIDE - E SE NÃO FOSSE A SEMANA ILUSTRADA, ATÉ PARECIAM QUE ESTAVAM A GOZAR UMAS FÉRIAS








Atualmente, mesmo que queira fazer-se  uma investigação, em relação à atuação da PIDE; em S. Tomé, penso que não é possível: tanto  pelos condicionalismos da lei, como  pelo facto dos arquivos terem sido todos limpos. Assisti ao transporte dos armários.dos arquivos

Como fui preso, quis saber o que constava da minha fixa, só lá descobri as capas do processo: - A tropa, subordinada ao  Comando Territorial Independente,  foi lesta em defender a PIDE  -  

Se não fosse uma manchete da minha revista, os agentes da PIDE continuavam a passear.se por lá, como se nada tivesse  mudado - Pena não terem chegado algumas edições  a Portugal, após o 25 de Abril. 

Aliás, numa certa manhã, um dos PIDES,, sentado com outros PIDES, ao lado da minha mesa, na esplanada do Rialto, afirmava, de expressão risonha, alto e em bom para que toda a gente o ouvisse: "eles vão precisar também de nós!" - E toca de entornar cervejas para as gargantas - Curiosamente, lembro-me que nessa mesa, até estava o tal Duarte, mais bebericando e  rindo do que falando - Mas, como toda a gente os conhecia, muitos colonos conviviam com eles.

Só depois de um artigo de minha autoria, alertando para a provocação da sua ostentação pública, é que então foram mandados para a Quinta de Santo António, a mesma que havia albergado as crianças do Biafra. Essa minha consulta, na Torre do Tombo, ainda ocorreu em boa altura, ou seja, antes de algumas forças políticas, aprovarem leis restritivas

IMPEDIDO DE SER ADMITIDO NOS QUADROS DA EMISSORA NACIONAL, três meses antes do 25 de Abril - Onde era operador do ERSTP, a termo precário - Por ter criticado o Diretor de Turismo, na Revista Semana Ilustrada, de Luanda - Um telegrama, enviado para a Emissora Nacional, a pedido Diretor dos Serviços Técnicos, inviabilizara a minha admissão no quadro:

RECEANDO  QUE  PUDESSE SER ADMITIDO - A INFORMAÇÃO TEVE MESMO DE SER ENVIADA  DE URGÊNCIA VIA TELEGRAMA - Este o teor:


"REPARTICAO DOS SERVIÇOS GERAIS DA EMISSORA NACIONAL LISBOA

VIRTUDE DE SUMÁRIO INQUÉRITO SOBRE PROCEDIMENTO OPERADOR JORGE LUIS MARQUES. REFERIDO NSI 1929 12 CORRENTE FECAEEE PELO VEXA NÃO CONSIDERAR AQUELE OPERADOR PARA INCLUSAO ARTIGO  19/0


NÓS E O PRESIDENTE DO INSTITUTO DE TRABALHO

DEPOIS DO 25 DE ABRIL - O Presidente do Instituto de Trabalho, pressionou o Governador a expulsar-me de S. Tomé: colocou o seu lugar à disposição do Governador: ou era eu expulso ou ele se demitia - Mas, a revolução do 25 de Abril de 1974, estava na rua e trocou-lhe as voltas - Passei a poder escrever o que antes me estava vedado, porém, só Deus sabe as represálias e agressões de que fui alvo



Eis outro excerto da cópia do ofício que foi enviado para a Semana Ilustrada
Da Repartição de Gabinete do Governo de São Tomé e Príncipe, recebemos o seguinte oficio: 

Incumbe-se Sua Excelência o Encarregado do Governo de solicitar, nos termos do art, 414,  do E.F.U., a transcrição seguinte comunicado na Revista da mui digna direcção de V. Exa, como mesmo destaque e na mesma página em que  a noticia foi publicada;

Sob o título: “Nós e o Presidente do Instituto de trabalho” , e assinado por Jorge Trabulo Marques, publica o número 366 da revista “SEMANA ILUSTRADA”, um artigo me que se produzem várias afirmações que põem em causa a actuação do actual Presidente do Instituto do Trabalho e Acção Social desta província


HALLOWEEN Do solitário peregrino da terra e do mar. Mas, por vestir estas túnicas cobertas de véu, já o quiseram matar: - AOS MILHARES DE VITIMAS QUE SOFRERAM PERSEGUIÇÃO, A TORTURA E A MORTE PELA TENEBROSA SANTA ?! INQUISIÇÃO



Sou peregrino solitário da terra e do mar. Mas, por vestir estas túnicas, já me quiseram matar: sim, em louvor dos meus sagrados penhascos e no mais solitário recolhimento, já me dispararam uma espingarda - Felizmente, Deus esteve ao meu lado para me resguardar; não me acertaram. Foi numa das minhas peregrinações solitárias nos penhascos do maciço dos Tambores, arredores da minha aldeia. E, agora, por razões politicas, escreveram uma carta ao meu irmão para me transmitirem brutais ameaças. Mas eu não desisto das minhas crenças e convições ideológicas, mesmo que me venham a custar a vida.










.
Mas atenção: além do catolicismo, cedo aprendi outras artes com as filhas do anjo da luz no antigo solar do Vale Cheinho e, mais tarde, com os magos africanos, em S. Tomé. Esta arte tem o condão de proteger e fazer ricochete.

Diz e muito bem, o meu estimado conterrânio, Olimpio Sobral, que "o nepotismo e o caciquismo, são práticas profundamente enraizadas em algumas democracias, especialmente em regiões do interior do nosso país, representam sérias ameaças aos princípios democráticos. Frequentemente associadas à corrupção, essas práticas corroem a transparência, a igualdade e o interesse coletivo, promovendo privilégios particulares em detrimento do bem comum. Elas são expressões de um sistema político que, ao invés de servir à sociedade, serve a si mesmo, perpetuando dinâmicas de poder e dependência".

Enquanto puder - mesmo já com os 80 em cima- não deixarei de peregrinar e de pugnar pelo bem comum .

Peregrino de Luz, da terra e do mar me confesso
em plena liberdade de solitárias navegações e caminhadas
Peregrinando imerso na paz que este meu chão sagrado me dá
Em busca de um invisível Deus que não se vê mas que nos escuta!
Deslumbrado com o fulgor silencioso que nos purifica e liberta!
Sim, aqui, a luz, mesmo que turva pela névoa é sempre purificada!
Sinto pairar em torno de mim e acima dos meus olhos, um fluido
num crescendo volume de imensidade e plenitude de lúcida esfera!
De vibrátil quietude flutuante que se me abre num silêncio musical
Longe do bulício e do tumulto confuso da Terra, de todo o Mundo!
Caminhando por trilhos e caminhos, sem programa e sem destino!
Aspirando o perfume dos fetos, das ervas e das urzes e das giestas!
Que pacifica e tranquiliza em pacifico júbilo melodioso, imortal!
Sobre um chão de pedras, em que, cada um dos meus passos
ganha o alvor sublime de um sentido de eternidade, sem igual!
A sensibilidade perfeita e silvestre dum cristal luminoso e divino

DIAS DE ESCRAVATURA DO REGIME FASCISTA APADRINHADOS  PELO CATOLICISMO MAIS SERVENTUÁRIO  - O ambiente nas ruas enlameadas era verdadeiramente medieval!... Não havia electricidade nem água canalizada... A água era tirada dos poços e transportada em águadeiras ou à cabeça. Jantava-se ou fazia-se serão à luz da candeia de azeite ou de petróleo. O pão era amassado em casa e cozido nos fornos comunitários. A minha mãe, coitada, além de trabalhar no campo ajudar o meu pai na nossa lavoura, de ter que ir à ribeira lavar a roupa, ir buscar a água à fonte de cântaro à cabeça, ainda tinha que cozer as batatas e o caldo e ir amassar o pão... Matava-se a trabalhar: morreu nova... 


E o meu pai, na casa do sessenta. Também nunca lhe faltaram trabalhos... De uma família de seis, só somos dois; eu agora sou o filho mais velho. No Inverno a garotada andava de tamancos e no Verão descalços. Até aos sete anos, calça ou calção rachado atrás para facilmente se aliviar num canto menos movimentado ou por detrás de um paredeiro. A missa ao domingo era longa e muito chata... Aliás, pouco ou nada mudou... Eu ia... era mais uma. Mas esta, por enquanto, ainda a tomava mais a sério que a das irmãs feiticeiras. A do Solar dos Ventos Uivantes - dizem que é assombrada - e eu ia lá mais em jeito de aventura e para me divertir. Foi um começo, quase a brincar...
.
Claro, quem é que não é marcado pela infância e adolescência?!... Quando ali vou, ao Vale Cheínho ou Vale Cheiroso, e como a paisagem não mudou e o chilrear dos pássaros na Primavera ainda é o mesmo, entre outros bichos e aves, que ali param todo o ano, por vezes, até me parece que ainda me soam aos ouvidos os coros e a voz de comando da nossa irmã mais velha... "Meninas" e meninos! Vamos lá à dança e à contradança!!... Três voltas para a frente e três voltas para trás!... Viva! Viva Barrabás!... ... Tempos que não voltam e não se repetem!... Que saudades dessa liberdade e dessa misteriosa aventura nocturna.!...




Voltar lá, é como se ainda fosse garoto e estivesse a reviver os anos da inocência: a ida à meia-noite e a hora do regresso a casa...Quando nos aproximávamos da Rua Roda D'Àlém, toca a dispersar!... cada um ia ao seu destino... Sempre, muito antes da alvorada e do nascer do sol. Para ninguém correr o risco de ser visto... E sem os pais saberem, pois então!... Nessa noite a porta ficava só encostada;havia o cuidado de não a deixar fechar à chave..



... .............................. TAMBÉM EU FIZ A MINHA ESCOLHA

Sou daqueles que, cedo desiludidos dos templos e dos sacrários construídos por mãos profanas,  decidiriam voltar-se para a Mãe-Natureza, ao coração da Terra, à luz que emana da abóbada celeste no coração do dia ou no coração das trevas, contemplar a Lua, as estrelas, os mares que são o azul reflectido dos céus e a origem de todas as espécies , admirar os astros longínquos que irradiam claridade e nos iluminam, são a razão e o sentido da vida, e, por conseguinte, sou dos que aprenderam, desde criança, a ver na beleza dessas imagens a verdadeira presença divina, tornando-se nos seus legítimos apóstolos ou na genuína representação desses deuses, em si próprios.



.Recebi educação católica, foram esses os meus primeiros passos. E até andei dois meses no seminário, em Mogofores, até que fui expulso, devido a uma bebedeira de medronhos e quando, em confissão, revelei os rituais que praticara em criança. 


Admiro Cristo como Homem mas não o imagino um Deus Absoluto. Ou um Seu Enviado à Terra. Filhos de Universo e de um Deus Maior somos todos nós. São os oceanos, os continentes, todos os seus vivos e corpos aparentemente inertes. É, no fim de contas, aquilo a que, no meu modesto ponto de vista, resumo como sendo a Inteligência Universal.


.
Gosto da sua imagem, natural e humana, vestido com as suas lindas túnicas e até de imitá-lo em alguns dos seus gestos quando envergo roupagens mais ou menos semelhantes; porém, desagrada-me e deprime-me vê-lo crucificado e coroado de espinhos, como um penoso castigo para toda a vida. Porém, desde que, ainda rapaz, me iniciei no culto aos deuses mais antigos da humanidade e das suas simbologias - o Sol, a Lua, os Astros, o Mar e as Pedras - sim, no fundo, nos símbolos que mais identificam o homem - o seu lado humano mas também animal(cabeça de bode ou de touro e corpo com a forma vertebral erecta), sinto que sou, por vocação natural e intrínseca, tendencialmente pagão.Outras vezes, no entanto, nem sei bem o que sou: vacilo até à descrença e ao agnosticismo. Gosto de música sagra e de coros religiosos, seja qual for a religião. Respeito, porém, todo os credos e cultos - e tenho, em todos, bons amigos - o que não significa que cerceei a minha liberdade de expressão.

´´.  


.EM ÁFRICA, CONVIVI E FUI AMIGO DE EXCELENTES CURANDEIROS NEGROS E DE SUAS MULHERES - TROCÁMOS CONHECIMENTOS E EXPERIÊNCIAS,


.                                        Que noite mais luminosa e magnífica!...

Nem me dava conta do arrefecimento e da geada que caía. Estava eu a chegar à aldeia quando ouço, por ali, naquele santo silêncio e suave amanhecer, um cão a ladrar e um galo no poleiro. Nem de propósito...Senti-me, uma vez mais, transposto àqueles tão risonhos tempos da minha adolescência... Claro, não deixei de me lembrar dos meus companheiros - hoje homens, outros que já morreram - e das chamadas filhas do Anjo da Luz,  tão venerado pelas nossas queridas irmãs, já falecidas. 

Algumas delas até já podiam ser nossas avós!..Oh, como eram tão alegres e folionas e como nós nos ríamos às gargalhadas das suas galhofas e traquinices, nos divertíamos tanto!...Sobretudo, quando nos beijavam o rabo (claro, de calças vestidas) e, uma das irmãs, a mais velha, depois de dançarmos e de darmos umas quantas voltas à volta do galo, de patas atadas e pousado junto ao defumador das aromáticas essências (alecrim rosmaninho, entre outras ervas ) ali bem no centro do terreiro, sim, se enchia de genica (como a mestra, a grande chefona, a madre-superiora) e se aprestava para torcer e degolar de um só golpe a pobre ave, cujo sangue era vertido imediatamente para uma tigela e dado a beber a todos os participantes. 

A princípio, não lhe achei piada, mas depois, como se ouviam sempre algumas chalaças, até me pareceu natural e lhe encontrei alguma graça... Mais tarde vim a saber por um dos meus companheiros, que, quando alguma delas andava com a pingadeira, colocava a malga debaixo da mocha para lá verter algumas gotas da escorrência do cio .Pior era a matança do porco na aldeia...Era infernal quando o tiravam do cortelho e o amarravam de patas e focinho sobre o cepo ou em cima do comprido banco de madeira. Depois vinha a faca!... Até as galinhas, que andavam à vontade, se espantavam!...
.
Ninguém dizia nada a ninguém... O culto era secretíssimo. Nem as moscas podiam saber.... Cada irmã levava o seu rapaz, o seu menino: eram as nossas madrinhas. A do baptismo era para esquecer... Diziam-nos que era uma barbaridade deitar água gelada da pia baptismal na cabeça dos bebés... Eram contrárias a essas práticas cristãs.... E também não se casavam nem iam à missa... O seu noivo era o Senhor Deus Luz Belo: o Anjo da Luz! Deus Cornudo.. E a melhor missa era ao ar livre, repetiam-nos... A nossa!... Era tudo muito em segredo... Quando bebíamos o sangue de galo era precisamente também para nos lembrarmos de que a morte do galo significava calar o pio e que a vida de cada um era a vida de todos... Tinha que haver muitas cautelas!... Não se faziam confissões a quem quer que fosse.... E muito menos aos padres... Pela quadra da Páscoa.

.
Uma vez o meu pai (que madrugou mais cedo para ir vender uns machos e umas vacas a uma feira) , apanhou-me à entrada de casa... Foi numa noite gélida de Inverno. Era quando mais saímos, visto as noites serem mais longas... Perguntou-me donde é que eu vinha àquelas horas... Eu disse que tinha andado a jogar o tiroliro com os outros rapazes no adro... Ele achou que era muito tarde e deu-me uma valente sova com a cilha da albarda.. Sim, foram tempos difíceis mas trazem-me saudades quando ali vou... A recordar o nosso ritual no vetusto solar... Por isso, vale a pena lá voltar e dar uns toques de búzio e de jambé, agitar umas sinetas, uns guizos ou uns chocalhos....Não há passeio mais agradável e espiritual que descer e subir aquela calçada romana pela calada da noite e respirar os alvores e os perfumes de uma fresca e orvalhada madrugada.Aliás, é um forte apelo a que não resisto, sinto essa intrínseca necessidade. Está-me no sangue...

Que me perdoem os meus amigos católicos... Se os melindro com esse meu duplo carácter... Sobretudo se algum dos que me conhece me vier a reconhecer neste blogue. Mas é um fado que me ficou de criança e de que me sinto incapaz de abandonar...Até já o fiz no mar... Preciso desse isolamento e desse recolhimento, tal como o pão para a boca ...

É uma espécie de alimento purificador do meu corpo e da minha alma... Faço essas peregrinações desde há vários anos. E então, agora, à medida que os anos passam... Mais tentadora é a atracção por aqueles tão belos rituais da minha adolescência.... Em recuar aos joviais tempos do pé descalço pelos carreiros e caminhos das fragas... nos penhascos e quebradas do maciço planáltico, onde termina o granito e começa o xisto, noutra área diferente dos arredores da minha aldeia. E onde faço um misto de investigação, devaneio e peregrinação espiritual mas também artística: registos nas pedras (esculpo) e fotografo (fotografo-me) na sítios onde me sinto melhor e mais identificado com o meu passado e as minhas ancestrais raízes.

Halloween é um termo importado dos países anglo-saxônicos, É uma festa pagã que pretende relembrar e festejar antigos cultos pagãos. Só que, lá tal como cá, é praticamente mero folclore, uma espécie de diversão carnavalesca. E poucos se lembrarão de que, embora seja uma festa associada a momentos de prazer e de misticismo, traz atrás de si memórias de tenebrosos tempos, em que milhares de vidas foram torturadas, enforcadas ou queimadas, por não seguirem os ditames do ocultismo católico, acusadas de práticas hereges.

.
No antigo solar do Vale Cheínho ou Vale Cheiroso, também ainda por lá perpassa o espírito de algumas dessas vítimas. Pois a igreja nunca compreendeu, nem perdoou que, uma tal quinta, centenária, onde não faltava nada - desde o forno, ao lagar de vinho e de azeite, cabanal para gado, fonte e caminho romano -, não existisse uma capela. E a razão era simples: é porque, ali, quem vivia naquele tão frondoso e fértil vale ou canada, não queria saber do Cristo crucificado; festejava o espírito da Terra, a Mãe-Natureza e as suas divindades. Tal tradição - mesmo depois da quinta cair no esquecimento e em ruínas - persistiu até aos anos 60. Passou a ser um local de culto e de peregrinação por membros das várias irmandades existentes nas freguesias vizinhas.



O pequeno planeta terra, minúsculo na imensidade dos astros, perdidos nos espaços infinitos, prossegue o seu trajecto para o abismo. Os seus habitantes, os humanos, orgulhosos das suas descobertas, comportam-se como pequenos deuses e quebram as asas. Monstros aéreos violam o silêncio das noites e vão espalhar bombas incendiárias, torpedos mortíferos, sobre as cidades. As populações, despertadas pelo sinistro bramido dos alarmes, precipitam-se, alarmadas, para os abrigos, que são frequentemente covas provisórias, e os abutres metálicos de asas gigantescas tudo arrasam, deixando apenas ruínas e cadáveres. Monstros marítimos, violam o misterioso segredo dos oceanos, e esses tubarões metálicos, vampiros submarinos, engolem e devoram o fruto do trabalho dos homens, o pão dos homens. Tudo isso se cifra por hecatombes, fome, miséria e loucura propagadas. Que restará da humanidade, se o coração do homem só for animado por motivos de vingança e despique, e que esperança podemos ainda ter neste último?"

"O Homem, no mundo, profana a criação.
Profana os gestos, os sons, as cores, profana sobretudo as palavras que usa, levianamente, na tagarelice ou com perversidade, na mentira, no ódio ou na calúnia. Profana os números, os sinais matemáticos, ao utilizá-los em operações diabólicas de magia negra científica (fabrico de instrumentos de morte, de engenhos de destruição, de explosão). Profana o trabalho ao transformar o que fazia participar o homem, com entusiasmo e alegria, na actividade criadora de Deus, numa tarefa de escravo condenado aos gestos mecânicos do trabalho, à sujeição, na sinistra atmosfera das nossas fábricas. O homem profana os meios de expressão, a palavra, a literatura, a arte, a música, a pintura, as ciências, já não servem para dignificar o ser interior, para elevar o pensamento, para conservar a alma numa atmosfera idealizada de beleza e sabedoria, mas para procurar prazeres vulgares, para alimentar polémicas cheias de rancor"



(..)"O homem profana o ritmo da vida… Nas nossas modernas cidades tudo se transformou num gesticular desordenado, perda de ritmo, velocidade histérica, trepidação louca, numa doida correia de “robosts”, em direcção à monotonia da sua existência grisalha, ou de mundanos, em direcção à inutilidade dos seus prazeres enganadores. O homem moderno profana o silêncio: já não pode mais estar só, face a si e a Deus, e entontece, numa atmosfera barulhenta de arraial. O homem perdeu o sentido do mistério, da grandiosidade, da importância do seu papel humano na criação. Perdeu o sentido do sagrado." Ernest Genge
nbach