Jorge Trabulo Marques - Jornalista desde 1970 - -Imagens do 3 de Maio de 2019 e outras de datas anteriores - E duas de Arlindo Homem
Imagens de Arlindo Homem
São Tomé - Greve nos órgãos públicos da comunicação social- Meu abraço
solidário: jornalistas mal pagos e escravizados – O tempo das perseguições ‘e
brutais agressões, como eu as sofri de colonos por dar voz à liberdade do 25 de
Abril, pertence ao passado. O mau é que persiste outro tipo de opressão:
salários miseráveis
"Queremos melhores condições de trabalho, dignidade salarial e, acima de
tudo, respeito” . Com inteira justiça. Naturalmente, que não será com baixos
salários, que se poderá motivar o exercício da atividade jornalística - Os
profissionais denunciam o abandono prolongado a que os órgãos públicos da
comunicação social têm sido votados ao longo dos anos, exigindo melhorias
estruturais, financeiras e operacionais.
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| Estou nesta imagem atrás da viatura |
O ecrã da televisão exibe apenas o logotipo da estação; na rádio, ouvem-se
exclusivamente músicas sinfónicas; e na agência noticiosa, reina o silêncio
absoluto.
A paralisação, liderada pelo Sindicato dos Jornalistas e Técnicos da
Comunicação Social Santomense, visa pressionar o Governo a cumprir o memorando
de entendimento assinado há mais de um mês. Segundo o sindicato, a adesão à
greve é total.Excertos do Téla Nón https://www.telanon.info/sociedade/2025/10/29/50579/greve-nos-orgaos-publicos-da-comunicacao-social

Nestas maravilhosas e férteis ilhas, abundantes de frutos, ninguém morre de
fome - Aqui, quase tudo se produz, mas há outras necessidades que, um ordenado
os miseráveis ordenados ou salários não compensam
Desde as sete horas da manhã desta quarta-feira, os profissionais da Televisão
Santomense, da Rádio Nacional e da agência STP-PRESS suspenderam integralmente
as suas atividades, dando início a uma greve por tempo indeterminado.
E, também, nestas luxuriantes Ilhas Verdes do Equador, ninguém é morto por
expressar a sua opinião, mas os baixos salários, são realmente um grande
entrave à dignidade e ao cabal exercício da profissão
O povo é por natureza pacífico. Em São Tomé e Príncipe, não existia criminalidade, senão esporadicamente e mais do foro passional. Os maiores problemas, com que a colonização portuguesa nas ilhas, teve de se bater, foi com os corsários franceses e holandeses.
A revolução apanhou de surpresa, a generalidade dos colonos, uma vez que, no arquipélago, não havia a guerrilha e a instabilidade das outras colónias - Quando o Povo Santomense, teve oportunidade de sair à rua e se manifestar, exigindo abertamente a independência, fê-lo calorosamente, mas sem atos de violência

Mas a verdade é que havia um movimento silencioso mas ativo. O MLSTP , que começou estar sediado em Fernando Pó e depois se transferiu para o Gabão, fazia as suas emissões de rádio, em dialeto e também atuava no interior das ilhas ( em reuniões sob o maior sigilo, a PIDE andava à coca e, de volta e meia, prendia e espancava. - Tais factos estão hoje suficiente documentados e descritos. .. SE ME APANHASSEM, TERIA SIDO DEGOLADO E DESFEITO!...

A liberdade de expressão, ainda não era bem aceite: a mentalidade colonial, reinante, não ia mudar de um dia para o outro. Por isso, caso não viesse a contar com a compreensão e o apoio do então Alto-Comissário, Pires Veloso, estou certo que tinha sido expulso para Portugal, tal como foram alguns revolucionários do MLSTP
Segundo dados da ONU, 55 jornalistas e profissionais da comunicação foram assassinados no ano passado 2021
A CENSURA QUE EU CONHECI ANTES DO 25 DE ABRIL

Sim, longe vão os dias da censura e dos cidadãos serem presos, perseguidos ou mal tratados por exprimiram as suas ideias. Fui testemunha desses opressivos tempo: no tempo colonial, com os impedimentos censurais do fascismo, que, por várias vezes, me não permitiram a publicação de trabalhos jornalísticos. No pós revolução, com agressões de vária ordem por parte de quem não queria aceitar os novos ventos da história. Refiro-me a atitude de alguns colonos.

Sou Jornalista, desde 1970, então correspondente da Semana Ilustrada, a revista angolana, que mais falou destas ilhas, antes e durante o período revolucionário, após o 25 de Abril, cuja liberdade de expressão me haveria de custar barbaras agressões por parte de alguns colonos, ao ponto de ter abandonar S. Tomé de canoa para a NigériaNunca nenhuma revista ou jornal dedicara tanto espaço nas suas páginas, como a Revista Semana Ilustrada - A Semana Ilustrada, era muito apreciada e popular, nas Ilhas Verdes do Equador, tanto pelos santomenses, que a chegaram até a homenagear, como pela comunidade portuguesa – Esta só nos deixou de apoiar, quando passamos a publicar artigos das manifestações pró-independência e dos massacres do Batepá
DEPOIS DO 25 DE ABRIL, A TROPA FEZ A LIMPEZA DO CONTEÚDO DOS PROCESSOS INSTAURADOS PELA PIDE - E SE NÃO FOSSE A SEMANA ILUSTRADA, ATÉ PARECIAM QUE ESTAVAM A GOZAR UMAS FÉRIAS

Como fui preso, quis saber o que constava da minha fixa, só lá descobri as capas do processo: - A tropa, subordinada ao Comando Territorial Independente, foi lesta em defender a PIDE -
Se não fosse uma manchete da minha revista, os agentes da PIDE continuavam a passear.se por lá, como se nada tivesse mudado - Pena não terem chegado algumas edições a Portugal, após o 25 de Abril.
Aliás, numa certa manhã, um dos PIDES,, sentado com outros PIDES, ao lado da minha mesa, na esplanada do Rialto, afirmava, de expressão risonha, alto e em bom para que toda a gente o ouvisse: "eles vão precisar também de nós!" - E toca de entornar cervejas para as gargantas - Curiosamente, lembro-me que nessa mesa, até estava o tal Duarte, mais bebericando e rindo do que falando - Mas, como toda a gente os conhecia, muitos colonos conviviam com eles.
Só depois de um artigo de minha autoria, alertando para a provocação da sua ostentação pública, é que então foram mandados para a Quinta de Santo António, a mesma que havia albergado as crianças do Biafra. Essa minha consulta, na Torre do Tombo, ainda ocorreu em boa altura, ou seja, antes de algumas forças políticas, aprovarem leis restritivas
IMPEDIDO DE SER ADMITIDO NOS QUADROS DA EMISSORA NACIONAL, três meses antes do 25 de Abril - Onde era operador do ERSTP, a termo precário - Por ter criticado o Diretor de Turismo, na Revista Semana Ilustrada, de Luanda - Um telegrama, enviado para a Emissora Nacional, a pedido Diretor dos Serviços Técnicos, inviabilizara a minha admissão no quadro:
DEPOIS DO 25 DE ABRIL - O Presidente do Instituto de Trabalho, pressionou o Governador a expulsar-me de S. Tomé: colocou o seu lugar à disposição do Governador: ou era eu expulso ou ele se demitia - Mas, a revolução do 25 de Abril de 1974, estava na rua e trocou-lhe as voltas - Passei a poder escrever o que antes me estava vedado, porém, só Deus sabe as represálias e agressões de que fui alvoEis outro excerto da cópia do ofício que foi enviado para a Semana Ilustrada










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