Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista
Roça Gratidão – Em São Tomé –
Turismo Rural de Sonho na Pousada Bom Visual – “Nós os santomenses,
somos capazes”
"Oh!... Nunca vi!..."
Exclama o Secretário da Embaixada da
Guiné Equatorial - "Nós os
santomenses, somos capazes de realizar bons projetos mas precisamos de ajuda"
– É isso o que falta a um projeto turístico, de espantosa singularidade, de
cariz agro-ecológico, mas, entretanto, parado por falta de recursos financeiros
- Lamentava-se, em castelhano, fluente e
bem pronunciado, Mário Menezes de Macedo, junto de Teodoro Elangui, da
Embaixada da Guiné Equatorial, que não escondia o seu espanto por tão maravilhosa
paisagem e tão amplo e deslumbrante cenário,
observação feita durante vista
que nos proporcionou a ambos, ao diplomata e ao jornalista, à colina da
Roça Gratidão, que, em tempos, pertencera ao seu bisavó, João Baptista Marques
de Macedo e Oliveira, natural de Vila Verde, Portugal, 05.07.1846 † Lisboa,
11.02.1904 - local donde se desfruta,
uma das mais amplas e belas paisagens sobre a Ilha de São Tomé – abrangendo uma
vasta área do litoral e do interior e não muito longe da capital
PELA GRATIDÃO QUE TUDO O QUE ME FIZESTE - VOU PÔR UM NOME DE GRATIDÃO A UMA DAS MINHAS ONZE ROÇAS - E passou a ser a Roça Gratidão - Mário Menezes de Macedo, recorda a irmã do Rei dos Angolares, casada com seu bisavô - um português de Vila Verde - E bisavô de Simone de Oliveira
ROÇA GRATIDÃO - Mário Menezes de Macedo –
Um santomense, cioso do seu bisavô, o português João Baptista Marques Macedo e
Oliveira (1846-1904), casado com Maria da Trindade de Sousa, irmã de Simão
Andreza, Rei dos Angolares, falecida em 1916, de cuja união nasceram, oito filhos,
um dos quais é o seu avô; Teófilo Braga de Macedo; outro é Egídio de Macedo de
Oliveira, casado com a belga, Jeanette Prado Pulvier, mãe de Maria do Carmo
Tavares Lopes da Silva, avó de Simone de Oliveira.
Mário Macedo tem, de facto, um maravilhoso projeto, que vem procurando
materializar desde algum tempo, transformar a colina onde se situava a antiga
Roça Gratidão, uma das onze roças do seu bisavó, num
maravilhoso sonho turístico - Com pousada para dormidas, com os caboucos,
já bem levantados, sobre as antigas ruinas da Casa Grande, que se situava no
ponto mais alto da antiga roça. – Por seu turno, as instalações do velho hospital, também já em
aditada fase de transformação, vão ser destinadas a um bar e restaurante, com a
fachada pintada com lindos murais por artistas santomenses.
Convirá também esclarecer, que o projeto, visa ser auto-suficiente, em frutos, em aves e em muitos alimentos, ali
produzidos e criados.
ROÇAS DE SÃO TOMÉ - NÃO GUARDAM AS MELHORES MEMÓRIAS DE OUTROS TEMPOS MAS SÃO AINDA HOJE UMA MAIS VALIA RURAL
A natureza está naturalmente integrada. O verde declina-se em todos os tons, a perder de vista, quer se vise para o Interior. Do alto do seu cume, Gratidão contempla pacífica e silenciosamente grande parte da· ilha de S. Tomé, um posto de observação privilegiado. Sem ajuda de binóculos, a vista alcança facilmente toda a planície por onde se estende a capital do país os seus novos e luxuosos bairros.
ROÇAS DE SÃO TOMÉ - NÃO GUARDAM AS MELHORES MEMÓRIAS DE OUTROS TEMPOS MAS SÃO AINDA HOJE UMA MAIS VALIA RURAL
Enquanto, em Angola, as propriedades dos colonos, eram conhecidas por fazendas, nomeadamente de café, já o termo Roça (também usado nas pequenas parcelas nordestinas do Brasil), surge naturalmente associado às grandes propriedade coloniais de São Tomé e Príncipe – A trabalhos de intenso labor nas florestas, desmatando e abrindo clareiras. Tema e pretexto de vários livros, de incursões literárias, nos vários géneros, antes e depois da revolução de Abril: de folhetins radiofónicos no tempo colonial, e de filmes e telenovelas, no pós independência – Porém, as antigas memórias, sobretudo, para as populações das ilhas, não correspondem, todavia, ao romantismo da luxuriante paisagem que as envolve, à edílica ideia que perpassa aos olhos visitante, que vê nestas propriedades, um misto de exotismo e de fertilidade. Há memórias que, por tão fundas e subjugadas pelos séculos, não se apagam, facilmente, do pé para a mão.
LUGAR ÚNICO NUMA ILHA,
QUE É JÁ POR SI UM PARAÍSO
Eis como, Mário Menezes de Macedo, nos descreve, pelo seu punho, o projeto do "Bom Visual" - «Gratidão foi o nome escolhido para uma
pequena roça do antigamente, se encontra na estradada Madalena, localizada a
escassos quilómetros da capital do País.
Como a grande maioria das roças, apenas guarda
nas suas ruínas a memória dos longínquos tempos da era do cacau e do café. '
Muitos concorrentes, bastante oferta, o
fim do trabalho escravo, a conquista da liberdade, a queda dos preços nos
mercados internacionais, a partida dos homens; o êxodo rural, levaram gratidão
a quase abandono e esquecimento dos homens da cidade.
Ficaram, no entanto, porque isso ninguém
pôde até então ·"levar ou destruir, a beleza e o encanto do lugar.
Gratidão é, sem a menor sombra de dúvida,
um lugar único. E só pode lembrar disso, aquele que alguma vez visitou a roça
gratidão.
Nos dias de hoje, tanto os mais ricos como
os mais pobres; imaginam viver num lugar de sonho. Um lugar onde as pessoas
possam efectivamente gozar a vida, longe das multidões citadinas, assoberbadas
e dominadas pelas questões existenciais do quotidiano. Um lugar onde o prazer e
a tranquilidade se juntam harmoniosamente para que o visitante desfrute o seu
charme.
´
A natureza está naturalmente integrada. O verde declina-se em todos os tons, a perder de vista, quer se vise para o Interior. Do alto do seu cume, Gratidão contempla pacífica e silenciosamente grande parte da· ilha de S. Tomé, um posto de observação privilegiado. Sem ajuda de binóculos, a vista alcança facilmente toda a planície por onde se estende a capital do país os seus novos e luxuosos bairros.
Olhando para o sul, o horizonte parece não
ter limite, ficando à vista o Distrito de Cantagalo. Mas para o centro cruza-se
com a roça Vista Alegre, cidade da Trindade, roça Monte Café e roça Vista
Alegre. Para o Norte, fica ao alcance dos olhos todo o Aeroporto Internacional
de S. Tomé, Micoló, Fernão Dias e Morro Peixe.
Tal como aconteceu as outras roças,
Gratidão fora inicialmente nacionalizada. Depois, entregue ao Exército.
Finalmente distribuída, para o sossego de todos.
Gratidão ficou ainda mais longe daquilo
que foi o período da colonização. As intra-estruturas desapareceram e com elas
o trabalho e os homens.
Fora das rotas das grandes roças que
atraem cobiças de dentro e fora e pelas quais se cruzam armas, era preciso que
alguém afastado daquelas rotas abandonadas ou sem grande interesse, para subir
até Gratidão. No acaso de uma visita, ele descobre um lugar particular de onde
se vê muitos lugares quase todos conhecidos e outros desconhecidos.
Ficou· enamorado e da visão que oferece, simplesmente
excitante, assistiu-se a um grande sentimento, reconstruir para lá viver com a
família e partilhar com os amigos nos fins de semana o lazer, pouco a pouco foi
descobrindo as reais potencialidades do local e então surge a ideia de melhor
aproveitamento do mesmo numa nova visão mais ampla, uma hospedagem para
turista, tanto nacional como estrangeiro.
A altitude, arquitetura existente, clima e
a distribuição espacial do local, bem como a flora· agrícola são razões
suficientes que levam a proporcionar nesse ambiente paradisíaco sem paralelo
nas ilhas, a ideia imperiosa de uma perspetiva mais modesta para uma perspetiva
mais ambiciosa, dando lugar a um turismo de qualidade inigualável no país.»
TURISMO NAS ROÇAS – CONCILIANDO A INICIATIVA EMPRESARIAL COM A VIDA DAS COMUNIDADES - PORQUE NÃO! – O PROGRESSO TECNOLÓGICO, NÃO É INCOMPATÍVEL COM O BEM-ESTAR E A DIGNIDADE HUMANA
Já lá vai o tempo de, “em sublime holocausto, no clima inóspito das verdejantes ilhas equatoriais”, se realizar a chamada “grande obra das plantações”, à custa do sofrimento de trabalho escravo. As terras foram devolvidas ao Povo das Ilhas, e o respeito pelos seus anseios, seus costumes, não deve ser negligenciado e olhado, estritamente sob o prisma liberal ou neocolonial.
Pois, em boa verdade, só há progresso social e desenvolvimento económico sustentado e duradouro, onde há respeito pelo meio-ambiente, preservação dos recursos naturais e pelos interesses das populações, das gerações presentes e futuras.A busca pelo progresso, a qualquer preço e de qualquer forma, pode satisfazer as necessidades e interesses de alguns, porém, podendo afetar e menosprezando de forma negativa as maiorias, agravando as suas carências e submissões
Há roças onde o chamado turismo rural ou agroecológico já foi implementado – e com sucesso – nomeadamente, na antiga Roça Bombaím - Tais iniciativas ou experiências, conquanto bem delineadas, conciliando os interesses empresariais com a vida das comunidades, ali instaladas , não as menosprezando, não esquecendo as suas necessidades e aspirações, naturalmente que há futuro assegurado para projetos de natureza turística. Um bom exemplo, foi o lançamento de um concurso internacional para a recuperação das casas das antigas roças, com vista a transformar este património em alojamentos turísticos, em “desenvolver o turismo rural e ecológico -Há que prosseguir e dar apoio, não apenas aos que vêm do exterior, como às iniciativas dos próprios santomenses, não menosprezando a prata da casa. É o caso do projeto de Mário Menezes de Macedo, na Roça Gratidão, que não tem avançado por falta de recursos financeiros, pois espírito empreendedor e determinação, são qualidades de que já deu sobejas provas.
Mário Menezes de Macedo - Promotor do
Projeto da Pousada Bom Visual - É Tenente oficial do Exército de São Tomé e Príncipe
- Entre outros importantes cargos que desempenhou, desempenha,
atualmente, as funções de Técnico Superior do Instituto Nacional da
Aviação Civil
Nenhum comentário :
Postar um comentário