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sexta-feira, 15 de abril de 2016

Engº Nuno Krus Abecassis – O ex-Autarca enamorada por Lisboa e fundador da UCCLA: “foi uma ideia que estou muito grato a Deus por ma ter mandado à cabeça” (…) “tornou-se uma organização com uma força espiritual e de cooperação, tão grande, que ela tem estado a influenciar o desenvolvimento que se passa em todos os países de África



( mais abaixo o o vídeo  com as palavras de Nuno  Abecassis, com imagens de namorados de Lisboa)


Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista, repórter  fotográfico e investigador 

Já lá vão 20 anos que, Nuno Krus Abecassis,  ex-Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, fundador e Presidente Honorário Vitalício da  União das Cidades Capitais Luso-Afro-Américo-Asiáticas (UCCLA) , deixou a cidade, que tanto amava, da qual  se sentia enamorado


Numa das entrevistas, que me concedeu, e que tenho a honra de aqui recordar,  quando lhe perguntei, se, ao ter saído da Câmara, cuja presidência ocupara, em dois mandatos, se estaria disposto a dar a sua colaboração, ao seu sucessor, Jorge Sampaio, ele respondeu-me:  “eu deixei a Presidência da Câmara de Lisboa mas não deixei Lisboa e parece-me que Lisboa não me deixou a mim”

Mas o destino tem os seus caprichos, e Lisboa, acabou mesmo por deixá-lo partir – Com a saudade de muita gente. Faleceu, aos 70 anos, em Lisboa, no dia 14 de Abril de 1999 – Não era novo mas ainda  estava numa idade para continuar a dar muito do seu esforço, do seu humanismo e generosidade, da sua sensibilidade e inteligência, tanto na vida politica, como cívica e cultural

Nasceu em Faro, no dia 24 de Outubro de 1929 mas a família fixou-se em Lisboa, quando ele tinha 9 meses –  Com essa idade, os olhos de uma criança, tinham que forçosamente deixar-se iluminar e encantar pelo brilho do Tejo e o céu azul que  se abre e  resplandece por todos os seus bairros. Dir-se-ia que ele via a cidade alfacinha, como a canta o fado:  a eterna“ menina e moça”, ou “ Lisboa cheira bem, cheira a Lisboa”, entre tantas outras inspirações poéticas e musicais.

E a devoção que ele cultivava por esta  velhinha capital das sete colinas, ficou amplamente demonstrada, na sua intensíssima e devotada atividade, de uma década ( 1979-89), enquanto Presidente do maior município de Portugal,  desde os bairros históricos, à cidade que se estendia na sua periferia, aos bairros das barracas, que ele começou pelas erradicar – Acompanhei-o, numa dessas visitas, como repórter da Rádio Comercial, e, ao entrarmos num desses miseráveis tugúrios, qual não é o espanto e a surpresa que se estampava no rosto da escassa comitiva que o acompanhava: uma criança ao colo da mãe, com as orelhas mordidas por uma ratazana.

Dificilmente posso esquecer-me dessa imagem e da preocupação manifestada pelo então Presidente, Engº Nuno Krus Abecassis – Um homem de coração generoso, profundamente humano – Ele vivia intensamente os problemas da cidade e das pessoas. O que ele fazia não era para botar figura mas por paixão, pelo seu profundo sentido humanitário.



O VISIONÁRIO QUE TRATAVA AS DIFICULDADES POR TU, COMO TRATAVA AMIGOS E COLABORADORES

 “Ele representou, acima de tudo, uma forma humana, natural e amiga de fazer as coisas. Tratava por tu os colabores, os amigos mas também tratava por tu as dificuldades e os muitos impossíveis de que a vida tem”

Nuno queria que Lisboa fosse um agente ativo de transformação; queria que estivesse situada no mundo, num lugar que lhe era devido e no tempo certo” – Palavras de Miguel Anacoreta Correia,  Presidente da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) numa cerimónia,  em honra da sua memória, que decorreu no dia 26 de Outubro, na sede aquela instituição, lembrando e elogiando o  seu fundador  e ex-presidente da Câmara de Lisboa, Nuno Krus Abecasis, que o classificou como um "grande visionário".

E, na verdade, entre outras facetas, uma delas foi justamente essa: a de o homem, que, com vista ao futuro,  é ao mesmo tempo mentor de ideias e de as materializar

NÃO DEIXEI LISBOA E PARECE QUE LISBOA, NÃO ME DEIXOU A MIM”




Clike e Ouça a entrevista 


Na mi
nha qualidade de jornalista, tive  o prazer de acompanhar,  em várias das suas iniciativas, o Eng. Nuno Krus Abecassis,  e até, de, com ele poder conviver, algumas vezes, à noite, quer no Botequim da Natália Correia, no Largo da Graça, quer sentados junto ao balcão do Galeto, na Av. Da Republica, ali para os lados do Saldanha, quando deixava a Rádio Comercial -  Era uma pessoa muito afável e comunicativa – Dado o convívio, que estabelecera com ele,   também me chamava por tu – Era a sua forma humana, mais direta e carinhosa, mas não menos respeitosa, de ser dirigir aos seus colaboradores, aos trabalhares ou a quem o procurava.  – E fazia-o de forma sentida e humana, recebendo, por esse facto, a troca do seu afecto e dedicação

“Uma das coisas que mais me comove é passar na rua à noite,  junto aos  trabalhadores do lixo,  eles param, saltam cá para fora e abraçam-se a mim – Declarou-me, na entrevista que me concedeu por ocasião de um evento promovido pela  UCCLA.,  já depois de ter abandonado a Presidência Câmara Municipal de Lisboa

Quando lhe perguntei, se, ao ter saído da Câmara, que, Jorge Sampaio, viria a conquistar, estaria disposto a dar a sua colaboração ao novo Presidente,  ele respondeu-me:  “eu deixei a Presidência da Câmara de Lisboa mas não deixei Lisboa e parece que Lisboa não me deixou a mim”

Referindo-se à fundação da UCCLA, de que foi o seu fundador, disse –me que “foi uma ideia que estou muito grato a Deus por ma ter mandado à cabeça A UCLA, a quem ninguém acreditava que fosse possível, tornou-se uma organização com uma força espiritual e de cooperação, tão grande, que ela tem estado a influenciar todo o desenvolvimento que se passa em todos os países de África"

Tal como é referido,   “a União das Cidades Capitais Luso-Afro-Américo-Asiáticas (UCCLA) foi fundada em Lisboa em 28 de Junho de 1985, pelo então Presidente da Câmara, Nuno Krus Abecassis, no Centro Cultural das Descobertas. Nessa data, foi assinado o documento constitutivo pelos Presidentes das autarquias de Lisboa (Nuno Abecasis), Bissau (Francisca Pereira), Maputo Massavanhane), Praia (Cabo Verde) (Felix Gomes Monteiro), Rio de Janeiro (Laura de Macedo), São Tomé (Gaspar Ramos) e Macau (Carlos Algéos Ayres).[1]

Entraram depois as restantes cidades capitais de expressão oficial portuguesa e outras cidades não capitais, como Brasília (1986), Cacheu e Luanda (1989), Guimarães (1990), ilhas de Taipa e Coloane (1991), Santo António do Príncipe (1993), Ilha de Moçambique (1994), Salvador (1995), Belo Horizonte (1998), Belém (1999), Bolama, Huambo, Porto Alegre e Mindelo (2000), Díli (2002), São Filipe e Oecusse (2004). Extraído de  União das Cidades Capitais Luso-Afro-Américo-Asiáticas

Nuno Krus Abecasis. Ex-autarca de Lisboa tinha ascendência judaica da parte do pai e dinamarquesa da parte da mãe – Recordava o DN, em 9/04/2008 

Referindo: "Quando se comemoram 20 anos sobre o incêndio do Chiado, recordamos o engenheiro Nuno Krus Abecasis, então presidente da Câmara Municipal de Lisboa, cujas decisões se prolongaram para além do seu mandato, dando uma nova cara àquela parte histórica da nossa capital.

Nuno Krus Abecasis nasceu em Faro a 24 de Outubro de 1929, sendo dos mais novos de oito irmãos. Aos nove meses veio para Lisboa, onde viria a crescer e formar-se em engenharia civil pelo Instituto Superior Técnico. Iniciou a actividade política em 1974. No ano seguinte aderiu ao CDS, partido de que foi destacado dirigente. Em 1978 exerceu as funções de secretário de Estado das Indústrias Extractivas. Em 1979 foi eleito por maioria absoluta 61º presidente da Câmara de Lisboa, cargo que renovou nas eleições de 1985 e manteve até 1989. Os dez anos de comando nos destinos da cidade coincidem com a entrada de Portugal na CEE e numa renovação urbanística notável, construções de habitação social (iniciaram-se cerca de três mil fogos), soluções de problemas de trânsito e posições políticas firmes com consequências para a vida da cidade. Foi uma época de grandes projectos, de construção de novos espaços comerciais, de demolição ou transformação de edifícios e espaços públicos, de relançamento de manifestações culturais urbanas" Excerto de  Do mundo para Lisboa - Diário de Notícias

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