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terça-feira, 19 de abril de 2016

Ilha do Príncipe -1- Prá história da igreja católica, lá e cá - Destruídas igrejas e capelas pela fúria anticlerical - Separação da Igreja do Estado, na 1ª República, também atingiu a mais primorosa Ilha Verde do Equador -

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Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista e Investigador  - Este o 1º  de vários artigos que contamos publicar sobre alguns aspetos da história da Igreja Católica nas maravilhosas Ilhas de S. Tomé e Príncipe  . 


ILHA DO PRÍNCIPE E A INTOLERÂNCIA REPUBLICANA - LÁ E CÁ - Documento inédito prá história da igreja católica - Destruídas igrejas e capelas pela fúria anticlerical - Separação da Igreja do Estado, na 1ª República, também atingiu a mais primorosa Ilha Verde do Equador. - Na “Metrópole”: os dias santos passaram a dias de trabalho; dissolvidas confrarias e irmandades, perseguições ao clero e imposta a censura em jornais católicos – O Jornal Católico POVO DE FOZ CÔA , dirigido pelo Padre José António Marrana, também foi perseguido pelos republicanos, que lhe censuraram textos em várias edições , - A Cidade de Santo António, da Ilha do Príncipe, que já teve Igreja Catedral, Misericórdia e muitas Capelas e várias Confrarias e Irmandades de seculares tradições religiosas, viu os atos de culto da sua Religião, celebrados na dependência de um armazém que o Município, por favor, lhe cedeu

Na imagem, uma das páginas do relatório de um inspector-escolar - que também era sacerdote -  entregue ao Governador  da Colónia - E até hoje nunca transcrito dos arquivos

Uma das páginas do relatório de um padre e inspector escolar ao Gov. que nunca foi divulgado publicamente - anos 30 
A separação da Igreja do Estado, na 1ª República, também  atingiu  uma das Ilhas Verdes do Equador, com a destruição de capelas e igrejas   -  Na “Metrópole”: os dias santos passaram a dias de trabalho; dissolvidas confrarias e irmandades, perseguições ao clero e imposta a censura em jornais católicos – É o do que lhe vimos aqui recordar

Como depois do abandono e secularização da igreja, deixou de haver na cidade um templo para os actos do culto, arrumaram-se os objectos, que escaparam à fúria cristianicida da época, num armazém da Câmara, adaptando-se uma das dependências a capela.
Isto é, a Cidade de Santo António, da Ilha do Príncipe, que já teve Igreja Catedral, Misericórdia e muitas Capelas e várias Confrarias e Irmandades de seculares tradições religiosas, viu os atos de culto da sua Religião, celebrados na dependência de um armazém que o Município, por favor, lhe cedeu” – Mais adiante, retomamos a descrição.


Há quem diga, que “Não houve perseguição da I República à Igreja Católica” Que  “essa foi uma ideia construída pela máquina de propaganda do Estado Novo e de Afonso Costa." In  O Portugal católico da I República é um mito  

Mas houve e vimos aqui revelar-lhe alguns exemplos, que se estenderam além-mar: porventura, não comparável  aos dos Cruzados ou perpetrados pela Santa Inquisição, com a intolerância dos seus fanatismos ou hediondas barbaridades ( historicamente bem  documentados)  mas   a verdade é que, a natureza humana, quando o ódio lhe ofusca a mente por via de paixões religiosas ou políticas, não difere substancialmente no seu comportamento e atitudes.

Separação da Igreja e do Estado em Portugal (Iª República) em vez de pacificar gerou conflitos

A separação entre a Igreja e o Estado foi decretada em Portugal em 1911 (20 de Abril), na sequência da instauração da República em 5 de Outubro de 1910. – Sem dúvida, uma media desejada e saudada  pelas forças politicas mais progressistas e também por um significativo sector da população – Pois eram bem conhecidos os exageros a que, um  tal poder absoluto e promiscuidade, vinha conduzindo; - ao misturar-se a religião com a politica - Que é, no fundo, o que  atualmente acontece nos países muçulmanos – Só que, também naquele tempo, mais uma vez  é a  intolerância e o fanatismo a sobrepor-se ao bom senso, dando lugar às mais violentas perseguições 

JORNAL DIRIGIDO POR SACERDOTE - CENSURADO PELOS REPUBLICANOS

Dantes, a Igreja de mãos dadas com a Inquisição, desunhava-se na  caça às bruxas, a todo aquele que não professasse a sua doutrina, agora, eram os republicamos, na caça e no ataque ao clero, às suas igrejas, jornais e instituições:

 O Jornal “POVO DE FOZ CÔA – do qual aqui lhe mostramos a primeira página de uma das suas muitas edições censuradas, pelos censores republicanos, instalados na capital, para onde tinha de ser enviado o jornal antes da sua publicação,  sim, é um desses opressores exemplos – Isto ainda longe do golpe militar de 1926 ter desembocado na ditadura fascista de Oliveira Salazar, tendo como um dos seus pilares a aliança com a Igreja Católica.

Veja-se o desabafo  do seu diretor,  Padre José António Marrana, na edição de 11  de Dezembro de 1916, além de mostrar o espaço em branco que os censores lhes cortaram,  a que deu o título: Da Capital  -  Culto à Censura

O desabafo
(…) Podemos atacar os republicanos nos seus maus actos, declará-los sob a alçada dos tribunaes civis ou criminaes.
Mas quando o fazemos, não atingimos com as nossas palavras ou escriptos a figura da Pátria tão espesinhada por excessos e intolerância de toda a ordem.
Não, a censura não é Intangível.
Assiste-nos o direito de recolhermos dos seus exageros.
Intangível até hoje é a lei da Separação.  
Os srs. censores não podem ter sujeitas aos seus caprichos pessoaes o pão de muitas famílias que vivem d'um jornal.

 AGORA OS ULTRA-LIBERAIS  TAMBÉM QUISERAM AMORDAÇAR OS DIAS SANTOS

Contrariamente ao  que defende uma certa cegueira tecnocrata, a produtividade do trabalho, não  se consegue melhorar com a imposição de horários mais alargados ou com a supressão de feriados ou outros direitos adquiridos – pois o ser humano, não é uma máquina – mas com  um trabalho menos stressante e mais humanizado 

A supressão dos dias santos, mesmo para quem não professe a religião, constitui sempre um tempo de lazer, de retempero de forças e descontração – Contudo, assim não o entenderam , tanto os republicanos da 1º república, como os ultraliberais da atualidade . Mas ainda bem que o mal já foi sanado, com a reposição dos feriados

É referido que, ao dar-se a implantação da República, esta se fez logo acompanhar “de violências e ataques ao clero e às ordens religiosas, perpetrando-se mesmo, para além de assaltos e insultos, alguns assassínios” (…)Também os dias santos passaram a dias de trabalho, com exceção do domingo, mas este com um sentido puramente laboral. Foram dissolvidas as mesas administrativas das confrarias e irmandades, proibidas forças armadas de participar em solenidades religiosas, mas a maior polémica foi gerada talvez com as leis do divórcio (3 de novembro de 1910) e as da família, as quais consideravam o casamento como um "contrato puramente civil". Separação da Igreja e do Estado em Portugal (I República)


PARA A HISTÓRIA DA IGREJA CATÓLICA NAS ILHAS VERDES DO EQUADOR


Este o primeiro de um dos vários artigos, que contamos publicar, no nosso site, Odisseias Nos Mares:

É certo e sabido, que, a igreja católica, foi um dos mais fiéis aliados da expansão colonial, em que, numa das mãos, se erguia o crucifixo e na outra se brandia a espada. Mas seja como for, quer se realcem os aspetos positivos ou negativos, faz parte da história – Por certo, que, sem a sua intervenção, dificilmente, Portugal teria também dado ânimo aos bravos navegadores que sulcaram mares nunca dantes navegados, ou pelo menos desconhecidos dos nossos pilotos e marinheiros, indo a todas as partes do mundo – Dando a admirável lição de como, um pequeno país, com reduzido número de habitantes, logrou formar uma das mais arrojadas armadas da navegação marítima e, através dela, ser o pioneiro das mais extraordinárias descobertas  – Pelo menos, trazê-las ao conhecimento da velha Europa


Quis um feliz acaso, que, numa das pesquisas, que a nossa curiosidade e paixão nos move pelo estudo da origem e do povoamento de S. Tomé e Príncipe – inicialmente através de travessias de canoas, entre as ilhas e o continente africano; depois vasculhando arquivos ou palmilhando a orla marítima, em demanda de vestígios arqueológicos – sim, que deparássemos, entre outra abundante informação, que, a seu tempo contamos divulgar (parte da qual, acreditamos nunca ter saído da confidencialidade de velhas prateleiras ou gavetas), como é a descrição que aqui hoje lhe trazemos - Imagem extraída de São Tomé e Príncipe: Ruínas na Praia

Sim, vimos falar-lhe, não apenas sobre o lançamento da primeira pedra da  magnifica igreja, no dia 19 de Agosto de 1937,  edificada  no Largo Maria Correia,  na cidade de Santo António,  como também da vaga anticlerical, que   atingiu esta maravilhosa ilha, vandalizando e  destruindo  os seus mais  belos templos religiosos, obrigando  o culto dominical a ser realizado num velho armazém da Câmara Municipal.

O texto seguinte é de um inspetor escolar, que, por sinal, também era sacerdote, numa vista que efetuou à Ilha do Príncipe, nos anos 30  – No texto, do relatório, batido à maquina de escrever  pelo seu punho,  a que tivemos acesso, não é referido o nome, terminando com uma assinatura, que não logramos descodificar.

COMO DECORREU O LANÇAMENTO DA PRIMEIRA PEDRA DA ATUAL IGREJA DA CIDADE DE SANTO ANTÓNIO – NO PRÍNCIPE – E POR VIA DE QUE NECESSIDADE

"Como depois do abandono e secularização da igreja, deixou de haver na cidade um templo para os actos do culto, arrumaram-se os objectos, que escaparam à fúria cristianicida da época, num armazém da Câmara, adaptando-se uma das dependências a capela.

Isto é, a Cidade de Santo António, da Ilha do Príncipe, que já teve Igreja Catedral, Misericórdia e muitas Capelas e Várias Confrarias e Irmandades de seculares tradições religiosas, viu os atos de culto da sua Religião, celebrados na dependência de um armazém que o Município, por favor, lhe cedeu .
Tornava-se pois necessária a construção de uma igreja, não só para acudir às necessidades dos que reclamavam, mas também para reparar de algum modo o desacato feito às crenças de uma grande maioria e tradições de uma civilização.

Os esforços da actual administração do concelho e a boa vontade de todos, decidiram levar a efeito esta tão suspirada obra, sendo escolhido o Largo Maria Correia

No dia 10 de Agosto, depois dos convites oficiais feitos pelo Senhor Capitão Curado, Administrador do Concelho, foi benzida e lançada a primeira pedra com as cerimónias do ritual
Em seguida foi celebrada Missa Campal, com guarda d’ honra, a que assistiram o Administrador do Concelho, toda a população europeia da Ilha, nativos, muitos serviçais, crianças da Escola,  solados e presos, devidamente uniformizados.

Fiz uma prática alusiva ao acto, enaltecendo as glórias do nosso passado glorioso e as tradições cristãs do Povo Português que levaram a fé e civilização a todos os domínios , cujos estavam bem patentes na grandiosa manifestação de fé  a que se assistia.
À tarde, pelas cinco horas,  foi  organizada uma procissão ao Cemitério,  em que se incorporaram europeus e indígenas, entoando-se no trajecto o salmo “Miserere”. Ali cantou-se o R. Libera-me e as orações do estilo, tendo feito uma alocução sobre a caridade e os deveres que temos d éter para com os mortos.

Muitas pessoas com lágrimas, me respondiam responsos por alma dos seus entes mais queridos, benzendo muitas campas, sendo muito  comovente este espetáculo de luto e de tristeza, mas consolador pela fé e sentimentos que os inspiravam
Era já noite quando a multidão evacuou o cemitério, deixando ali pedaços do seu coração retalhado pela saudade dos que lhes foram caros, mas que ali ficavam alumiados pelos clarões da sua Fé e conformados pela piedade das suas orações.

Por entre soluções e lágrimas, reorganizou-se o cortejo de volta à Capela, tendo-se feito o percurso com o mesmo cerimonial anterior, disparando todos depois, já na cidade, no mais profundo silêncio.
Foi uma das cerimónias mais comoventes que tanto impressionou os que a ela assistiram. Durante outros dias, realizaram-se  também  muitos baptizados e algumas confissões e comunhões. Também devo registar, com muito prazer, que na Roça Porto Real ouvi de confissão dois serviçais, muito conhecedores dos seus deveres cristãos.
Os dois dias que restaram, passeio-os em actos de culto e noutros deveres inerentes à minha função  de Inspector Escolar.”

QUAL O PARAÍSO TERRESTRE ONDE O MISTICISMO – SEJA RELIGIOSO OU PAGÃO - NÃO AFLORA AOS CORAÇÕES?

“Capital durante cem anos, entre 1753 e 1852, a cidade está rodeada de indescritíveis belezas naturais, vegetação luxuriante e praias paradisíacas. Na verdade, o arquipélago é por muitos considerado como o Paraíso no Equador.” – Assim é reconhecido por estudiosos e visitantes
Mas retomemos de novo o texto do sacerdote- inspetor escolar, ao referir-se, no seu relatório, a dado passo, ao culto da religião, nesta maravilhosa ilha


“O povo do Príncipe, " - prossegue o mesmo relatório - "pode dizer-se, essencialmente religioso e cristão, embora as suas crenças tenham sofrido os efeitos da falta de cultura religiosa e da permanência de um eclesiástico. Crê em Deus, no culto dos santos, na vida futura, etc, etc.  Mas também em muitas outras coisas…
A feitiçaria é uma praga daninha cujos efeitos desastrosos se sentem  por toda a parte e têm , às vezes, uma influência decisiva nos destinos da vida das criaturas.
 (…) Logo à minha chegada, notei um certo contentamento por parte da população, por verem padres, perguntando-me muitos: se o que ia comigo, ali ficaria. Este padre, é um missionário de Angola, que encontrei a bordo e desembarcou comigo, seguindo depois viagem para a Metrópole. - Imagem extraída dSão Tomé e Príncipe: Ruínas na Praia

Logo no primeiro dia visitei a casa onde estão guardados os objectos de culto que conseguiram escapar à fúria da almoeda, e onde já tinha sido armada uma capela, onde celebrei muitas vezes e exerci todos os actos de culto. Embora acanha para a concorrência de fiéis, no entanto estava limpa e decente.
Todas as missas eram bastante concorridas, fazendo prática em todos os dias, notando em todos as maior satisfação por lá terem um padre.

No dia 15 de Agosto, domingo e Festa da Assumpção de Nº Srª, benzi a nova capela  da Roça Esperança sob a invocação da Santa Joaquina e celebrei ali missa, fazendo em seguida 150 batizados, que, como ali se efetuaram nos dois dias  seguintes, se e elevaram a 370. No mesmo dia, também celebrei na Capela da Cidade, onde havia muitos fiéis, ficando a maior parte na rua, por não caberem no recinto.

Logo a seguir, fui á Roça Sundy, propriedade do Senhor Jerónimo Carneiro, onde também celebrei, na linda Capela de  Nª Srª Lourdes,  a que assistiram, além do médico, esposa, administrador, empregados europeus, uma grande quantidade de serviçais, predominando os cabo-verdianos, tendo feito, no mesmo dia, 51 baptizados de serviçais.
Em todas as missas, fiz a prática do dia, tendo igualmente dirigido a palavra aos catecúmenos  adultos sobre o acto que se realizava e os deveres que tinham de cumprir.

Na Sundy, despertou a minha atenção,  quando no final da missa, rezava três Avé-Marias, todos os serviçais que assistiam, responderam ao coro, acompanhando-me  depois na Salvé-Raínha, o que mostrava não só saberem estas duas invocações à Virgem, mas que também que não lhes era estranho o acto a que assistiam".



Foto ao lado - Capela de Nº Srª de Lourdes, na Roça Sundy - 
extraída  Igrejas em S. Tomé e Príncipe -


"Celebrei mais duas  missas nesta capela, segundo as intenções do médico Doutor Vasconcelos e Esposa. A Capela  da Suny é ampla e com um altar-mor espaçoso, formando no topo, uma linda e artística gruta sobre qual se venera  a imagem de Nª Srª de Lourdes, padroeira da Capela e da Roça. Tem um coro, pia baptismal de mármore, uma sacristia ampla, todos os parâmetros e  objectos necessários para o culto.

O alpendre dá-lhe um bonito aspecto exterior, fazendo lembrar muitas das capelas da Metrópole disseminadas pelos  centros menos populosos, onde os fiéis, depois das labutas do dia, passam cheios de fé e devoção, descobrindo-se respeitosamente, agradecendo e implorando a proteção   das imagens que ali se veneram.

Como depois do abandono e secularização da igreja, deixou de haver na cidade um templo para os actos do culto, arrumaram-se os objectos, que escaparam à fúria cristianicida da época, num armazém da Câmara, adaptando-se uma das dependências a capela.

Isto é, a Cidade de Santo António, da Ilha do Príncipe, que já teve Igreja Catedral, Misericórdia e muitas Capelas e Várias Confrarias e Irmandades de seculares tradições religiosas, viu os actos de culto da sua Religião, celebrados na dependência de um armazém que o Município, por favor, lhe cedeu .
Tornava-se pois necessária a construção de uma igreja, não só para acudir às necessidades dos que reclamavam, mas também para reparar de algum modo o desacato feito às crenças de uma grande maioria e tradições de uma civilização.
Os esforços da actual administração do concelho e a boa vontade de todos, decidiram levar a efeito esta tão suspirada obra, sendo escolhido o Largo Maria Correia

No dia 10 de Agosto, depois dos convites oficiais feitos pelo Senhor Capitão Curado, Administrador do Concelho, foi benzida e lançada a primeira pedra com as cerimónias do ritual

Em seguida foi celebrada Missa Campal, com guarda d’ honra, a que assistiram o Administrador do Concelho, toda a população europeia da Ilha, nativos, muitos serviçais, crianças da Escola,  soldados e presos, devidamente uniformizados.

Fiz uma prática alusiva ao acto, enaltecendo as glórias do nosso passado glorioso e as tradições cristãs do Povo Português que levaram a fé e civilização a todos os domínios , cujos estavam bem patentes na grandiosa manifestação de fé  a que se assistia.
À tarde, pelas cinco horas,  foi  organizada uma procissão ao Cemitério,  em que se incorporaram europeus e indígenas, entoando-se no trajecto o salmo “Miserere”. Ali cantou-se o R. Libera-me e as orações do estilo, tendo feito uma alocução sobre a caridade e os deveres que temos d éter para com os mortos.

Muitas pessoas com lágrimas, me respondiam responsos por alma dos seus entes mais queridos, benzendo muitas campas, sendo muito  comovente este espectáculo de luto e de tristeza, mas consolador pela fé e sentimentos que os inspiravam
Era já noite quando a multidão evacuou o cemitério, deixando ali pedaços do seu coração retalhado pela saudade dos que lhes foram caros, mas que ali ficavam alumiados pelos clarões da sua Fé e conformados pela piedade das suas orações.

Por entre soluções e lágrimas, reorganizou-se o cortejo de volta à Capela, tendo-se feito o percurso com o mesmo cerimonial anterior, disparando todos depois, já na cidade, no mais profundo silêncio.
Foi uma das cerimónias mais comoventes que tanto impressionou os que a ela assistiram. Durante outros dias, realizaram-se  também  muitos baptizados e algumas confissões e comunhões. Também devo registar, com muito prazer, que na Roça Porto Real ouvi de confissão dois serviçais, muito conhecedores dos seus deveres cristãos.
Os dois dias que restaram, passeio-os em actos de culto e noutros deveres inerentes à minha função  de Inspector Escolar.



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