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quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Rute Norte – Por São Tomé e Príncipe: 550 km de bicicleta, sozinha, 29 dias – A atleta portuguesa que pedalou, palmilhou e desvendou os segredos mais enigmáticos das suas florestas - E até brincou com deslizantes cobras

Jorge Trabulo Marques - Jornalista


 Photo: Lobo Cabo Verde
Hoje vou-lhe aqui a oferecer   mais algumas imagens, que amavelmente me  tem enviado a jovem portuguesa, Rute Norte, que, depois de ter pedalado por vários países do mundo, quis também fazer o mesmo por veredas   e caminhos das luxuriantes Ilhas Verdes do Equador, enfrentando copiosas chuvadas, encharcando-se em suor e água.

Soá-Soá  - Foto de Lopo Cabo Verde
Mas antes de lhe transcrever alguns excertos das saborosas crónicas de  Rute Norte, com que tem acompanhado as suas belissimas imagens. aproveito para introduzir esta  breve explicação sobre  AS COBRAS DE S. TOMÉ E PRINCIPE  

Na Ilha de S. Tomé, existem três espécies de cobras: a chamada Soá-Soá ou cobra chicote, que geralmente aparece nos cafezeiros para ali procurar algum pequeno animal, cobra longa e fina de corde verde e brilhante, tida por cobra peçonhenta, denominada, cientificamente, por Pthilothamnus thomensis, também classificada como a  serpente de madeira,  endémica de ambas as ilhas, descrita em 1882 por José Vicente Barbosa du Bocage - Embora tida como inofensiva, receia-se,  que, ao ser tocada, possa dar chiocotada com acauda e provocar feridas. 

Existe a cobra jita ou cobra rateira, inofensiva, Boaedon fuliginosus,  também conhecida por cobra-africana, um género da  de lamprophiids africanos, pertence a um grupo muito diversificado de cobras   - Referem estudos  que as duas espécies existemtes nas ilhas são distintas  umas das outras e de parentes próximos do continente, com base em padrões e evidências moleculares.  - No Ilhéu das Rolas toma o nome de Tiju


cobra preta - fonte Web
A única cobra venenosa nas ilhas é a temivel Cobra Preta,  bastante comum no chamado Obó, nas  maioria dos habitats do interior, fonte de alguma controvérsia ao longo dos anos   que se se supunha  ter sido introduzida para combater as pragas dos ratos, principal inimigo do cacau. Mas, entretanto, um recente estudo permite concluir que , afinal, se trata  espécie com o nome científico Naja peroescobari, diferente  da Naja de Floresta Africana (Naja melanoleuca) https://www.museus.ulisboa.pt/en/node/1894

Na Ilha do Príncipe, não consta que exista a  temivel Naja,  há outras inofensivas, que podem ser pegadas à mão, tal como a cobra jita, em S. Tomé, com a qual  me divertia nos meus tempos de empregado de mato na roça, que, segurada junto à cabeça, facilmente se enrola no pulso e sem qualquer risco de mordedura  -  Quanto à  cobra Suá-Suá, 

Pelos vistos, foi também esta a experiência que, Rute Norte, nao quis deixar  experimentar na Ilha do Príncipe, tal como  demonstra a imagem, que temos muito gosto em reproduzir  tal como as palavras das suas calorosas crónicas

 Tendo começado por diz que  "Não fizemos mal nenhum à cobra, isto que fique bem claro. Eu sinto-lhe a força, o Monuna deu-me instruções sobre como agarrá-la bem. A passagem das suas mãos para as minhas foi uma operação delicada. Eu tinha de agarrar exatamente onde ele estava a agarrar, na cabeça e na cauda. Quem tirou esta foto foi o Deolindo.

Depois tive que soltar a cobra. Como é que a solto?, perguntei ao Monuna. (Eu com uma cobra nas mãos sem saber como me livrar dela…) É atirar para longe, respondeu-me. E eu atirei-a, com as duas mãos ao mesmo tempo, para o meio dos arbustos. É preciso ter cuidado para ela não ficar agarrada a nenhuma mão. Morder-me-ia apenas com o medo, para defender-se. Mas correu bem, ela fugiu e escondeu-se.
Já tive várias vezes cobras vivas na mão, e à volta do pescoço – e muito maiores do que esta, tão pequenita. Nomeadamente na Austrália.

Questionei o herpetólogo Peter Uetz, da Reptile Database, sobre esta cobra – perguntei-lhe qual é a espécie, mas ainda não recebi resposta. Procurei todas as espécies em São Tomé e Príncipe, vi as fotos uma por uma, mas não encontrei nenhuma igual a esta. Não sei que bicharoco é este. https://rutenorte.com/cronicas-de-viagens/sao-tome-e-principe-550-km-de-bicicleta-sozinha-29-dias/31-60/#toggle-id-1

ENSOPADA EM CHUOR E CHUVA
Tenho a camisa toda molhada do suor, menos no soutien, está visto!!! Existe a Miss Tshirt Molhada, e agora existe a Miss Tshirt Seca!!!

E deixo a nota de que esta camisola é científica. Inventam tudo. Isto tem um tecido qualquer científico, não é uma fibra normal. Custou os olhos da cara, mas é uma coisa excecional. Faça frio ou calor, mantém a temperatura corporal, e seca rapidamente. Deixa transpirar livremente e seca rapidamente. Claro que aqui no meio das floresta húmida não tem como secar, mas pelo menos mantém a temperatura corporal e é extremamente confortável.
Atrás de mim está um dos picos do Príncipe, mas ainda não é o nosso. Na foto de baixo vê-se melhor:

Este ainda não o Pico do Príncipe. Este pico deve ser um primo afastado. E do lado esquerdo está um vizinho anão. O Pico do Príncipe nem sequer consegui ainda vê-lo.

 Veja-se esta descrição da Agência Nacional de Informação Geoespacial dos EUA:
O Príncipe tem uma aparência extremamente pitoresca, formada por picos em forma de agulha e massas de montanhas inclinadas que se erguem abruptamente das terras altas do interior. As fortes chuvas e a grande fertilidade do solo levaram a um crescimento de vegetação tão alto que tornou a ilha insalubre. Existem vestígios de vulcões extintos em muitas partes da ilha e grandes áreas são cobertas com pedras vulcânicas. A parte norte da ilha, embora alta, não tem uma aparência tão grandiosa quanto a parte sul, que consiste numa série de montanhas íngremes e acidentadas, cercadas por vários obeliscos naturais gigantescos e com formas fantásticas. Toda esta última massa culmina no Pico do Príncipe. Um pico proeminente que se eleva a 947 metros de altura.¹

Picos do Príncipe. O mais alto, com 947 metros, é o Pico do Príncipe.
Imagem retirada de “Maritime Safety Information”¹

O Pico do Príncipe é o que resta dum vulcão que está inativo há 15,7 milhões de anos. Os vulcões desta ilha eram inicialmente de basalto, mas depois o fonólito começou a intrometer-se nos seus núcleos. O basalto foi profundamente erodido ao longo do tempo, deixando torres espetaculares do fonólito mais duro subindo quase verticalmente da floresta tropical.²
Quer o basalto, quer o fonólito são rochas formadas a partir do magma, ou seja, a massa de rocha em fusão existente debaixo da superfície da Terra.

A ilha do Príncipe – bem como a ilha de São Tomé – faz parte da linha vulcânica dos Camarões, uma falha geológica ou rifte caracterizada por um conjunto de cadeias montanhosas e vulcões. A linha teve a sua origem há cerca de 80 milhões de anos quando a placa africana efetuou uma rotação no sentido contrário aos ponteiros do relógio. O rifte resultante abriu condutas magmáticas que permitiram a formação duma fileira de vulcões. Nove destes são ainda considerados ativos, tendo a última erupção ocorrido em 2000 no Monte Camarões. A porção do rifte que se estende pelo Atlântico adentro, foi responsável pela formação de uma fiada de ilhas que incluem Ano-Bom, Bioko e São Tomé e Príncipe.³

Tudo está molhado da humidade na floresta. Ainda não choveu desde que começámos a caminhada. E sim, isto é um caminho. Não há caminho em lado nenhum, mas o Deolindo vai orientado.

Os caminhos começam a cerrar-se cada vez mais. Só à catanada. Sim, nós vamos passar por ali.

(.....) E descansei finalmente.
A ida ao Pico do Príncipe foi extremamente dura e não recomendo a qualquer pessoa. As últimas duas ou três horas foram feitas com um cansaço significativo. Mas a sensação final é de satisfação. Grande satisfação. Fiquei muito contente comigo própria. Consegui. Se voltasse atrás, faria tudo igual. Esgatafanharia a floresta e andaria de quatro. Mais pormenores e imagens em 

https://rutenorte.com/cronicas-de-viagens/sao-tome-e-principe-550-km-de-bicicleta-sozinha-29-dias/31-60/#toggle-id-2

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