Jorge Trabulo Marques - Jornalista
Carlos Henriques - Encantado com esta obra de Columbano |
Assinado e com o carimbo da Fabrique de Couleurs Fines - Paris |
QUADRO A ÓLEO INÉDITO DE COLUMBANO BORDALO PINHEIRO
Retrato de Maria Cristina Bordalo Pinheiro. , |
Verso da tela sobre cartão e carimbada |
Belíssimo quadro
de Columbano Bordalo Pinheiro, que
mostrámos ao pintor Carlos Manuel Henriques, um dos mais exímios e talentosos retratistas portugueses da atualidade, deixou-o
encantado, contemplativo e quase sem
palavras, na breve entrevista que nos concedeu no seu estúdio, no bairro da
Quinta das Conchas, em Lisboa, a quem mostrámos um retrato feminino, provavelmente
de Maria Cristina Bordalo Pinheiro.
Entrevistado no seu estúdio,
com o quadro em suas mãos, Isto é maravilhoso! Uma obra esplêndida! Sente-se
o traço da pincelada! A rapidez da execução! A segurança!.. De uma pessoa que
domina tranquilamente o retrato, que já é quase como a respiração! Como quem respira e não sabe
que respira!... É de uma beleza, de uma delicadeza!... As nuances!... Podia-se
estar-se horas a contemplar esta obra!...Esta mistura de cores!... Esta expressão
silenciosa!... É magistral!... É uma pessoa que executou centenas de retratos!
"Isto é um jogo de cores que sai fora da
roda cromática!... No meu saber, pelo que eu estudei nas
faculdades e nos livros que tenho lido, isto é tons quebrados mas não há
sujidade quanto à pintura, quando está tudo em harmonia: é
um jogo de cores que sai fora da roda cromática, mas muitas elas
harmoniosamente conjugadas !... É divino!... Quem me dera!... Isto é para perder
o olhar numa beleza infinita!... Uma obra deste encanto, nunca cansa!... E
depois não é pretenciosa!... É uma obra que ele pinta, que não tem que ser a
mestria das mestrias!... Sai tão, naturalmente, que isto até faz
impressão!...
Carlos Manuel Henriques – O Artista português, que não esquece a sua dura infância nos tempos de Salazar: “a minha triste sorte de ir para um colégio de órfãos aos três anos de idade, afastado do afeto da minha família, os meus olhos de criança fixaram-se na arte do desenho logo muito cedo
Numa entrevista ao Goethe-Institut,
declarou: “Eu consigo viver com a minha arte. Com muito jogo de cintura, mas
sem atropelar ninguém. Dou aulas de pintura para idosos e no meu tempo livre,
quando tenho encomendas, faço pintura de retratos comerciais. Quando me sinto
um pouco seguro vou pintar para uma exposição, aquilo que realmente mais amo
nesta vida. http://www.goethe.de/ins/pt/lp/prj/toa/art/fto/pt14960177.htm
Obra aparentemente inacabada por assim o seu autor a dar por acabada, segundo a visão artística de quando a pintou ou mero esboço de estudo por acabar? - Atente-se nestas linhas:
"Preterido em dois concursos para bolseiro do Estado em Paris, notado pela crítica que se divide em opiniões contrárias, havendo quem acuse a sua paleta de tons sujos e esverdeados e a falta de acabamento dos seus quadros, organiza em 1880 uma exposição de parceria com António Ramalho. http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Entidades/EntidadesConsultar.aspx?IdReg=68466-
Terá sido este um desses quadros? -
Como é sabido, não foram muitos os retratos de figuras femininas legados por Columbano Bordalo Pinheiro, e, talvez, numa análise simplista, a magnifica pintura a óleo, que aqui lhe revelo, publicamente e pela primeira vez, obra da propriedade de colecionador particular, embora possa fazer lembrar o chapéu e alguns traços do rosto do famoso retrato de Maria Cristina Bordalo Pinheiro – 1912 - é bem possível que, para o observador menos familiarizado sobre a vida e a obra de Columbano, ou sobretudo para os mais desatentos, desde a assinatura a outros pormenores inscritos na moldura ou nas costas da tela, a sua leitura ou interpretação pictórica, possa escapar ao estilo que mais o notabilizou e, consequentemente, lhe suscite algumas reservas ou dúvidas: daí a particular importância que possa vir assumir para os estudiosos que queiram debruçar-se sobre a vida e a obra daquele que teve apenas um grande amor na sua vida, a pintura - Considerado como um dos maiores pintores portugueses, conhecido principalmente pelos retratos e, ao público em geral, pelo nome que emprestou a uma avenida de Lisboa que desemboca na Praça de Espanha. .
Assinatura de Columbano |
O facto de um retrato parecer não concluído, tal não significa que seja estudo ou obra inacabada - Naturalmente, que o pintor terá executado os traços que achou fundamentais, apelando à imaginação do observador e não a enveredar pela cópia do tradicional realismo clássico.
UM PAÍS POBRE INCULTO FOI SEMPRE MADRASTO PARA
COM OS SEUS MAIORES. – Columbano também sentiu esse doloroso espinho.
Em 1914, o pintor Columbano Bordalo Pinheiro, então professor da Escola de Belas-Artes de Lisboa (1901-1924), presidente da Sociedade Nacional de Belas-Artes(1902 e 1914), sendo ainda o artista responsável pelo desenho da Bandeira Nacional após a Implantação da República (1910)., em 14 de agosto de 1914, assumiu a direção do Museu do Chiado, tendo vindo mesmo a doar grande parte do seu espólio ao referido espaço museológico nacional que continua a fazer das suas 200 obras, entre pintura desenho e escultura, a principal atração artística.
"Columbano sofreu críticas
da Direção da Sociedade Nacional de Belas-Artes em Julho de 1927, pela sua ação
como diretor do MNAC. A Comissão Executiva de Arte e Arqueologia defendeu-o e
solidarizou-se com ele, considerando que tinha liberdade no arranjo e apresentação
do museu. No entanto, o pintor estava a terminara sua carreira como diretor,
sendo posteriormente retirado do lugar pelo motivo de ter atingido mais de 70 anos, em sequência da publicação do Decreto de limite de idade, a 2 de março
de1929. No dia 21 de março, foi homenageado
pela Comissão Executiva do Conselho de Arte e Arqueologia. Anunciava-se
então que ele iria ser nomeado diretor
honorário do MNAC Porém, em vez disso, referia o Século,
o Governo acordou em conceder-lhe uma pensão vitalícia.
"Para quem tanto havia
dado ao Museu e vivia intensamente a este, este procedimento foi interpretado
como um duro golpe no artista. “No dia 30
de abril, Raul Brandão diria, a este propósito, que o pintor morreu “no dia em
que tiraram (…) o lugar de director do Museu, ao qual se tinha dedicado apaixonadamente,
gastando com ele até as suas economias. Nunca mais pôde dormir (…)” (Brandão,
2000, 201). De facto, o artista faleceu pouco tempo depois, em Lisboa, no dia 6
de novembro desse mesmo ano https://www.academia.edu/38684340/Columbano_Bordalo_Pinheiro
Auto-retrato inacabado |
No entanto, nem por isso teve a vida facilitada pelo Estado, que, por duas vezes, lhe recusou esse apoio. Após a sua formação artística na Academia de Belas Artes, quis ir para França para ali enriquecer os seus conhecimentos mas só lograria ir para Paris, em 1881, graças a uma bolsa da Condessa de Edla, na companhia da irmã Maria Augusta
"Ele é o autor de poderosos "retratos psicológicos" tirados a importantes personagens de um país em mudança. Na viragem do século XIX, Portugal está nos quadros de Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929), pintor intimista e "observador de almas".
Pintou paisagens, temas históricos, naturezas mortas mas foi como retratista que o seu génio se distinguiu e fez único. São dele os retratos mais expressivos e densos das grandes figuras do início do século XX português. Artistas, escritores, intelectuais, presidentes da República, a todos Columbano Bordalo Pinheiro “desvendou os segredos da alma” com a sua paleta sóbria, intimista e misteriosa.
Nascido em família de artistas, a pintura foi uma descoberta precoce e inevitável na sua vida. Do pai, Manuel Maria Bordalo Pinheiro, pintor e escultor de talentos reconhecidos, recebeu o dom e os primeiros ensinamento" - Extraído de
Columbano,
deixou-nos há 90 anos e as suas obras, por mais admiradas que sejam,
não vão reproduzir-se ou multiplicar-se como as flores num jardim!...
Há, pois, que saber olhar o seu legado, se possível com a mesma paixão
como ele o viveu e nunca negligenciar nenhuma das suas expressões
artísticas: - Até porque, tanto quanto me foi dado saber, quer
nas minhas pesquisas, quer nas entrevistas que fiz a vários pintores e aos maiores colecionadores
portugueses, desde Cupertino de Miranda a Azeredo Perdigão, editadas neste site (além de Presidente
da Gulbenkian, que também exerceu enorme influencia na escolha das obras para o Museu, pós morte
do fundador) http://www.vida-e-tempos.com/2016/06/arthur-cupertino-de-miranda-confissoes.html
http://www.vida-e-tempos.com/2013/02/azeredo-perdigao-o-que-me-revelou.html sim, a imagem que geralmente fica
para a posteridade é o estilo que depois notabiliza o artista e não propriamente enquanto o não define e se não
destaca
Para um mais aprofundado esclarecimento e
informação de que tem responsabilidade nas
artes ou nos museus, julgo que seria bom que se atentasse nestas palavras de Columbano: “segundo
o mestre para se ser pintor bastava pensar na pintura a todas as horas, no
atelier, em casa, na rua, de paleta na mão ou nas folgas, a comer, a sonhar
pintura, em detrimento de outros sonhos 438. Não seria necessário ao pintor ter
um conhecimento alargado dos materiais de pintura, pois segundo Columbano isso
iria distraí-lo do essencial: No dia em que pretendermos teorizar as razões
históricas, físicas ou químicas dos ingredientes luminosos e coloridos, adeus
arte, adeus pintura, adeus quietude e serenidade contemplativa” http://docplayer.com.br/ 80513756-Materiais-e-tecnicas- da-pintura-a-oleo-em-portugal- estudo-das-fontes-documentais- volume-i.html
Porém, tal como se documenta neste trabalho, a sua autenticidade é devidamente comprovada, tanto pela assinatura, apostada no canto inferior direito mas especialmente pelo pormenor do carimbo (embora já muito esbatido e de difícil leitura) do "FABRIQUE DE COULEURS FINES - Paul Denis Succ Paris – Que detalhados estudos revelam como sendo seu amigo, que lhe vendia tintas e telas e de cujos materiais se serviu para executar vários retratos, tal como é descrito, pormenorizadamente, por Ângela Sofia Alves Ferraz, Mestre em Museologia e Património pela Universidade Nova de Lisboa, na sua dissertação académica para obtenção do Grau de Doutor em Conservação e Restauro do Património, Especialidade em Teoria, História e Técnicas, importantíssima pesquisa que tomo a liberdade de citar.
PORMENORES DO HISTÓRICO DA CASA PARISIENSE DO SEU AMIGO PAUL DENIS, DE ONDE COLUMBANO SE FORNECIA DE MATERIAIS PARA A SUA OBRA - Maison Merlin Paul Denis Succ Paris 1882- 1905
Executivos da empresa:1882-1905:
Paul Denis - 1906: Bourgès
(…) 1892-1893:
"(...) especialidade de pincéis, pincéis, baldes, paletas e arruelas.
Fabricante de cores líquidas PD para imitação de tapeçarias. Tecidos de goblin
e outros. Fábrica de vernizes e ferramentas para gravadores de água Novo
pulverizador PD com posição fixa, o único sempre pronto para uso. Pasta Rubens
para evitar borrifos. Jumeline Denis para limpar pincéis. (...) "
(...) 1903-1905: "Denis (P.). Fabrica cores finas para óleo e aquarela,
telas, painéis, pastéis, caixas, cavaletes, molduras, pincéis e pincéis. Cores
de esmalte PD Cerâmica gravada para decorar. Cores de tapeçaria PD Toiles
Gobelins, verniz, ferramentas para gravação, trabalhos em couro,
Fabrique de Couleurs
- Maison Merlin - Paul Denis Succ –
Excerto de https://translate.google.com/translate?hl=pt-PT&sl=fr&u=https://www.labreuche-fournisseurs-artistes-paris.fr/fournisseur/merlin-0&prev=search
Auto-retrato-Jose-Maria-Veloso-Salgado-1864-1945-1931-oleo-sobre-tela_.– Pormenor do carimbo observado de fabrico da tela pela Maison Merlin Paul
Denis Succ Paris, dando-se como exemplo o carimbo observado no verso na pintura
4089. – Estudo de Ana Mafalda Cardeira
Materiais e
Técnicas da Pintura a Óleo em Portugal
(1836-1914): Estudo das fontes documentais - De Ângela Sofia Alves -
(…) Maison
Merlin Paul Denis Stéphanie Constatin e Clotilde Roth-Meyer destacaram a
importância que, no século XIX, os fornecedores de materiais de pintura tinham
na vida dos artistas. Segundo estas autoras, para além de fornecerem os
materiais necessários para o exercício da pintura, os fornecedores serviam de
intermediários entre os pintores e os possíveis clientes na venda das suas
obras, bem como, em algumas situações, também lhes garantiam suporte
financeiro. Assim, tanto Constatin como Roth-Meyer apontam diversos exemplos de
relações privilegiadas e de amizades profundas entre alguns pintores franceses
com os seus fornecedores.
No âmbito deste estudo, o exemplo desta natureza mais
claramente identificado foi o da relação do pintor Columbano Bordalo Pinheiro
com o fornecedor francês Paul Denis (Maison Merlin Paul Denis) (Figura 4.13),
com loja na rua dos Médicis, próxima do Jardim do Luxemburgo, em Paris.
Não se
sabe quando se terão conhecido embora seja possível que tal tenha acontecido
entre 1881 e 1883, anos em que Columbano esteve em Paris 1293, tal como dava
conta Diogo de Macedo na biografia que escreveu sobre o pintor em 1952: Fora
desta vadiagem de estudante, só saía do atelier a tomar ar no Luxemburgo,
atravessando o jardim para dar dois dedos de conversa com o
vendedor de tintas e seu amigo Paul Denis [ ] Já de novo em Portugal, Columbano terá continuado a utilizar materiais deste fornecedor. Veja-se que o retrato de Ramalho Figura 4.13 Auto-retrato de Paul Denis no atelier do pintor Eugène Favier. c. 1897, col. Tourett. Fotografia reproduzida em: Autour de Paul Denis, 2007, p Pamplona, 1948: Constantin, 2001: 49-67; Roth-Meyer, 2004: Ver anexo 21, F Lapa, 2007: Macedo, 1952:
vendedor de tintas e seu amigo Paul Denis [ ] Já de novo em Portugal, Columbano terá continuado a utilizar materiais deste fornecedor. Veja-se que o retrato de Ramalho Figura 4.13 Auto-retrato de Paul Denis no atelier do pintor Eugène Favier. c. 1897, col. Tourett. Fotografia reproduzida em: Autour de Paul Denis, 2007, p Pamplona, 1948: Constantin, 2001: 49-67; Roth-Meyer, 2004: Ver anexo 21, F Lapa, 2007: Macedo, 1952:
Figura 4.14 Carta de Paul Denis a Columbano
Bordalo Pinheiro. 2 Jan Arquivo do MNAC-MC. Ortigão, pintado por ele em 1885,
apresenta no verso o carimbo da Maison Merlin Igualmente, na correspondência de
Columbano, consultada no MNAC-MC, encontraram-se provas que confirmam a
acessibilidade aos materiais fornecidos por Paul Denis nos anos seguintes. Em 1890, numa carta da companhia francesa de
expedições de Charles Vaumorin, dirigida ao pintor, informa-se que lhe foi
enviada uma encomenda de Paul Denis Porém, a documentação que melhor testemunha
isso mesmo são as seis cartas que Paul Denis dirigiu a Columbano em 1900, 1910
e Numa carta de 2 de Janeiro de 1900, Paul Denis dá conta do envio de duas
embalagens expedidas anteriormente a 8 de Novembro 1297 (Figura 4.14). Também na
carta datada de 10 de Novembro desse ano são referidas faturas correspondentes
ao envio de diversos objetos, nomeadamente painéis de madeira, sendo que também
se enviava então uma amostra de um painel inglês que Paul Denis gostaria que
Columbano experimentasse
A 23 de Agosto de 1910 Paul Denis referia igualmente o
envio de objetos, como fotografias, molduras e livros Columbano, Retrato de
Ramalho Ortigão, 1885, óleo sobre madeira, 19 x 14,5 cm, Museu de Grão Vasco,
inv. n.º Charles Vaumorin [Carta] 1890 Jul. 30, Paris [a] Columbano. Acessível
no Arquivo do MNAC-MC Paul Denis [Carta] 1900 Jan. 2, Paris [a] Columbano.
Acessível no Arquivo do MNAC-MC Paul Denis [Carta] 1900 Nov. 10, Paris [a]
Columbano. Acessível no Arquivo do MNAC-MC Paul Denis [Carta] 1910 Ago. 23,
Paris [a] Columbano. Acessível no Arquivo do MNAC-MC. 234
Esta documentação comprova ainda que Paul Denis seria o responsável por
todo o processo de embalagem e entrega das obras de Columbano nas exposições
que realizou em Paris. Na primeira carta, de 1900, Paul Denis dava indicações
sobre a forma de enviar as pinturas para o Salon (Figura 4.14) Também em 1910,
numa carta dirigida a Columbano, a 9 de Março, Paul Denis informa-o de ter
apresentado as suas duas obras no Salon 1301 e, posteriormente, noutra carta
datada de 23 de Agosto referia ter embalado as duas pinturas na mesma caixa No
ano seguinte, Columbano expôs novamente no Salon da Societé Nationale de Paris
apresentando dois retratos
De acordo com uma carta datada de 20 de Março, mais uma vez teria sido
Paul Denis a tratar de todo o processo Para além de estar envolvido nos
procedimentos referentes às exposições em Paris em que Columbano participou,
Paul Denis também se encarregava de tratar das diligências necessárias à venda das
rendas executadas pela irmã do pintor, Maria Augusta A relação de proximidade
entre Paul Denis e Columbano é ainda evidenciada por outra correspondência
consultada que dá conta de que tanto em 1910 como em 1912, anos em que
Columbano esteve em Paris, frequentou a casa do fornecedor.
A 30 de Junho de 1910 Columbano escreveu à esposa: Muito obrigada pela
tua cartinha que recebi hoje em casa do Paul Denis [ ] No mês seguinte,
referia-se novamente a essa estadia: Envio um retrato tirado em casa do Paul
Denis num domingo que passei com eles em Orsay Em 1912, numa carta dirigida à
sua irmã Maria Augusta, Columbano mencionava não só ter ficado novamente em
casa do fornecedor como também ter pintado o seu retrato e da esposa: Estivemos
dois dias em Orsay em casa do Paul Denis e muito falamos de ti lastimando que a
mana Augusta não tivesse vindo também.
Eu pintei o retrato dele a da M.me Denis. Sobretudo o retrato do Denis
foi feliz. Era a primeira vez que pintava em Paris, depois de mais de trinta
anos Outros pormenores do mesmo estudo, mais à frente
ESTUDO
A ÓLEO DE ESPECIAL RELEVÂNCIA NO APROFUNDAMENTO DA OBRA DE COLUMBANO
BORDALO PINHEIRO - Na série de retratos femininos
Museu Grão-Vasco |
Estudo preparatório - Concerto de Amadores |
Concerto de Amadores - Obra completa |
“Columbano inventou a pintura moderna” - Escrevia também o Público, por Isabel Salema, em 16 de Fevereiro de
2007, a propósito da apresentação de
uma retrospetiva no Museu Nacional de Arte Contemporânea, em Lisboa, inserida
no âmbito dos 150 anos do nascimento de Columbano Augusto Prostes Bordalo
Pinheiro, ou simplesmente Columbano
Referindo que “O pintor deixou grande parte da sua
colecção ao Museu do Chiado, cerca de 200 obras, entre pintura desenho e
escultura. "Obrigou a família a doar tudo", conta o director.
(...) Num país onde pouco se reflecte a pintar, é possível encontrar na obra de Columbano "um meta-discurso sobre o a condição do trabalho do artista", diz Pedro Lapa. E dá o exemplo de um triângulo de pinturas, onde Columbano faz uma reflexão sobre a própria pintura, o papel do modelo, do artista e da recepção.
(...) Num país onde pouco se reflecte a pintar, é possível encontrar na obra de Columbano "um meta-discurso sobre o a condição do trabalho do artista", diz Pedro Lapa. E dá o exemplo de um triângulo de pinturas, onde Columbano faz uma reflexão sobre a própria pintura, o papel do modelo, do artista e da recepção.
Na pintura O Meu Atelier, a preferida do director
do Chiado, que é um auto-retrato do artista pintado no seu próprio atelier, há
uma reflexão sobre a efemeridade da vida e a possibilidade do artista se
transcender a partir da arte que realiza. Estão lá as tintas na paleta do
pintor e um quadro, por detrás, já acabado. Esse quadro é o Retrato de Manuel
Gustavo Bordalo Pinheiro, o seu sobrinho, filho do irmão Rafael. – Excerto de https://www.publico.pt/2007/02/16/jornal/columbano-inventou-a-pintura-moderna-136930
UM
HOMEM POUCO SOCIÁVEL -
Noutro interessante artigo, e por ocasião da mesma efeméride, recordava o CM, que, “ao contrário do sensualista Rafael, que o apresentou aos círculos da intelectualidade lisboeta, Columbano era um homem pouco sociável, dado a “súbitas reacções de fúria e pequenas teimosias de solitário”, nas palavras do historiador de arte José-Augusto França. https://www.cmjornal.pt/mais-cm/domingo/detalhe/columbano-o-artista-que-teve-um-unico-amor
Noutro interessante artigo, e por ocasião da mesma efeméride, recordava o CM, que, “ao contrário do sensualista Rafael, que o apresentou aos círculos da intelectualidade lisboeta, Columbano era um homem pouco sociável, dado a “súbitas reacções de fúria e pequenas teimosias de solitário”, nas palavras do historiador de arte José-Augusto França. https://www.cmjornal.pt/mais-cm/domingo/detalhe/columbano-o-artista-que-teve-um-unico-amor
DE ENTRE OS VÁRIOS PINTORES FAMOSOS
QUE SE ABASTECIAM DE MAISON MERLIN CHARLES OLIVIER DE PENNE
(Francês 1831-1897)
Ponteiros no campo
Ponteiros no campo
Óleo no painel chanfrado
12 -1/2 x 9-1 / 2 polegadas (31,8 x 24,1 cm)
Assinado inferior direito: Ol. de Penne
Gravado no verso: Fabrique de Couleurs / [...] / Maison Merlin / Paul Denis Succ. / Paris rue de Medices [?] 19
Penne era um desenhista e pintor talentoso que se distinguia tanto como caricaturista de L'Illustration </ Antes de passar para assuntos históricos, acabei alcançando a maioria das celebridades artísticas de pinturas de animais, principalmente cães. Como atesta o presente trabalho, ]https://www.icollector.com/Olivier-de-Penne-FRENCH-1831-1897-Pointers-in_i7489358
Materiais e
Técnicas da Pintura a Óleo em Portugal
(1836-1914): Estudo das fontes documentais - De Ângela Sofia Alves
(...) A casa Merlin foi fundada em 1861 por Denis Merlin, tendo Paul Denis, em
1891 assumido a sucessão do negócio A avaliar pelos depoimentos presentes no
folheto, a grande maioria dos artistas afirmava conhecer e usar os produtos
desta marca há já muito tempo. Por exemplo, o pintor Carlos Reis afirmava o
seguinte: Desde os meus primeiros estudos de pintura até hoje nunca deixei de
me servir das tintas fabricadas pela antiga casa Merlin. De acordo com os
testemunhos presentes no folheto, as tintas da marca Merlin gozavam de
excelente reputação entre os artistas, sendo-lhes destacada a sua grande
qualidade. Para além das características de estabilidade, anteriormente
apontadas (3.3.3), outros aspetos eram igualmente realçados, como por exemplo,
a fluidez e brilho mais intenso,
(..) A qualidade do branco de prata fornecido pela casa Merlin era
destacada por Domingos Costa que o considerava uma especialidade e por Ernesto
Condeixa que dizia ser excelente. Tal como Columbano, também José Malhoa parece
ter tido uma relação próxima com Paul Denis. Segundo o seu testemunho no
folheto publicitário organizado por Leonel de Abreu, utilizaria as tintas a
óleo da Casa Merlin há vinte anos. Para além disso, segundo Nuno Saldanha, em
1904, Malhoa terá exposto quatro obras na Galeria de Paul Denis e dá conta do
incentivo que o fornecedor lhe terá dado na divulgação da sua obra: De facto,
tendo enviado quatro pequenos quadros pintados em Figueiró dos Vinhos no ano
anterior, para serem emoldurados na oficina de Paul Denis, o mesmo resolveu expô-los
(segundo Malhoa, à sua revelia), e que causaram uma boa impressão a todos os
artistas franceses que ali se deslocavam.
O artista desconfiado pela excelente notícia, resolveu, por via das
dúvidas, ir observar o fenómeno pessoalmente: e eu julgando ser só amabilidade
do homem fui lá hoje pª me certificar, e vi e ouvi com estes, que a terra há-de
comer, o que eu nunca julguei poder ouvir!! Tive vontade de dar cambalhotas
pelas ruas fora! 1315 A utilização de materiais da casa de Paul Denis, por
parte de José Malhoa, é também evidenciado pelos carimbos presentes no reverso
das suas pinturas. É o caso, por exemplo, das pinturas: Festejando o S.
Martinho (1907) 1316 ; Marinha (1916) 1317, e de À Beira Mar /Praia das Maçãs
(c. de 1926)
No Museu de José Malhoa encontra-se também um móvel para guardar tintas
com a marca da Maison Merlin Paul Denis (Figura 4.16). Outras provas,
nomeadamente carimbos nos reversos de pinturas, evidenciam o uso de materiais
da casa Merlin-Denis por parte de outros pintores que não se encontram
indicados no referido folheto publicitário. É o caso de Veloso Salgado. Dele
identificaram-se dez pinturas em tela e cartão fornecidos pela casa
Merlin-Denis, todas elas executadas possivelmente durante o seu período de
pensionato em Paris, entre 1887
(…) João Vaz, no folheto publicitário referido anteriormente, dava conta
de ter tido ocasião de visitar esta casa quando propriedade de Paul Denis. Esta
referência sugere que em 1909, data de publicação do folheto, a companhia já
não se encontrava nas mãos de Paul Denis, embora todos os outros testemunhos na
mesma fonte dessem conta do contrário. De facto, de acordo com uma carta de
Paul Denis, dirigida a Columbano a 9 de Março de 1910, a companhia tinha
anteriormente sido vendida passando a chamar-se G. Bourgés Contudo, segundo
Denis, o seu sucessor não fora capaz de honrar os compromissos assumidos e,
como tal, acabara por recuperar a companhia. Assim, todas as cartas consultadas
enviadas a Columbano nos anos de 1910 e 1911 foram escritas em papel timbrado
ainda com a marca G. Bourgés (Figura 4.18). Igualmente, a pintura realizada por
Columbano em 1912, Paisagem Bruges 1329, apresenta no reverso o carimbo da G.
Bourgés e nas duas caixas de tintas do pintor pertencentes ao MNAC-MC
encontram-se igualmente tubos de tintas com esta marca Estas provas indiciam
que depois de 1910, quando já tinha recuperado a companhia, Paul Denis terá
continuado a vender materiais com a marca G. Bourgés Paul Denis [Carta] 1910
Mar. 9, Paris [a] Columbano. Acessível no Arquivo do MNAC-MC Columbano,
Paisagem - Bruges, 1912, óleo sobre madeira, 19 x 22,5 cm, Museu de Grão Vasco,
inv. n.º Estas caixas encontram-se em estudo no DCR-FCT, onde foram
consultadas. 241 - Excertos de
http://docplayer.com.br/80513756-Materiais-e-tecnicas-da-pintura-a-oleo-em-portugal-estudo-das-fontes-documentais-volume-i.htmlto
COLUMBANO BORDALO PINHEIRO – Nasceu em Cacilhas, em, 21/11/1857, faleceu em Lisboa,
06/11/1929
“:Filho do pintor e
gravador Manuel Maria Bordalo Pinheiro, irmão do caricaturista Rafael Bordalo
Pinheiro, Columbano – o mais independente dos pintores portugueses do século
XIX - nasceu ocasionalmente em Cacilhas a 21 de Novembro de 1857. Educado num
ambiente de preocupações artísticas, no exercício do desenho e da pintura, a
sua primeira e mais marcante escola foi a oficina do pai – pintor de cenas de
género que viajara para copiar obras de Velasquez e dos mestres holandeses e
flamengos do século XVII. É esta a fonte que alimenta o poder de análise, a
observação espirituosa, a técnica do claro-escuro, o requinte da cor e a sobriedade
da pintura de Columbano. É a inspiração no antigo a que o pintor aliará a
modernidade da mancha solta e da pincelada expressiva, numa interpretação
inesperada – a margem do tempo – verdadeiramente original. Entre 1872 e 1876
cursou a Academia de Belas Artes de Lisboa. Pouco assíduo às aulas, produzia
independentemente da escola, estreando-se aos 17 anos, numa exposição da
Promotora, com composições de género, na sequência dos ensinamentos paternos.
Na Academia foi aluno de Simões de Almeida, Victor Bastos, Anunciação. No
entanto, foi nos retratos de Lupi, seu mestre de pintura, que colheu as
referências realistas e certas particularidades, como o valor expressivo dado
as mãos, nota viva e luminosa sobre o fundo escuro de alguns dos seus retratos.”
– Mais pormenores em http://www.matriznet.dgpc.pt/MatrizNet/Entidades/EntidadesConsultar.aspx?IdReg=68466
RTP - Columbano
Bordalo Pinheiro, mestre do retrato
(...) Com apenas 14 anos,
Columbano matricula-se na Academia Real de Belas-Artes em Lisboa para fazer um
curso de sete anos que termina em menos de quatro. De personalidade vigorosa e
rebelde não é o típico aluno exemplar mas aprimora e explora técnicas que farão
dele um artista inconfundível. Completa a formação artística em Paris, como bolseiro,
seguindo os mestres sem perder o traço original do seu poder criativo.
Muitos dos seus trabalhos
iniciais auspiciam um caminho glorioso. Em 1881 revela-se já excelente
retratista com o quadro que faz de Ramalho Ortigão. As grandes personalidades
de um país que transitava da monarquia para a República posaram para o pintor:
Antero de Quental, Eça de Queirós, Oliveira Martins, Guerra Junqueiro, Teixeira
de Pascoaes e tantos outros ficaram de alma exposta num misterioso jogo de luz
e sombra que Columbano usava com destreza e que por isso chegou a ser
considerado o Rembrandt português!
Quando regressa de Paris,
junta-se ao Grupo de Leão, uma tertúlia de artistas promissores que se reunia
na cervejaria Leão e da qual faziam parte, entre outros, José Malhoa, Silva
Porto e o seu irmão, Rafael Bordalo Pinheiro. Columbano grava na tela a imagem
do grupo e produz em 1885 um dos seus mais célebres quadros exposto no museu do
Chiado, em Lisboa. De um pintor que trabalhava todos os dias, que vivia para a
pintura, é de esperar uma extensa lista de obras: muitas foram vistas em
exposições no estrangeiro, outras valeram-lhe honrosas distinções como a
medalha de ouro que recebeu em 1900 no Salão da Exposição Universal de Paris.
Com a implantação da República, a 5 de Outubro de
1910 , Columbano foi um dos escolhidos pelo governo provisório a integrar a
comissão encarregada de escolher o modelo da bandeira nacional. Terá sido ele o
maior responsável pela escolha das cores e do desenho da nova bandeira içada a 1 de dezembro de 1910.
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