O Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema Mbasogo Nasceu em Acoacán, Wele-Nzas, Rio Muni, em 5 de junho de 1942) – Tendo assumido a presidência do seu pais, desde 1979, na sequência do chamado Golpe da Liberdade de 3 de Agosto de 1979, que depôs o seu tio Francisco Macías Nguema - E que viria a receber o aplauso e o apoio de vários países e organizaões intenacionais, por ter derrubado o reinado de terror e despotismo de Francisco Macias Nguema, então classificado com a infeliz alcunha de Auschwitz.
Durante os 11 anos que esteve no poder, estima-se que cerca de 80 000 pessoas tenham sido mortas (de uma população de 400 000 na época) por seu regime. "Durante o chamado "reinado do terror", o ditador macias Francisco Macías Nguema liderou quase um genocídio
Uma vez mais, o meu caloroso Bem-Haja ao Sr. Presidente Teodoro Obiang Nguema Mbasogo! Ao então jovem comandante! Por me ter salvo do cárcere! Por me ter libertado do penoso cativeiro em que me encontrava e me devolvido à liberdade.
Creia que jamais esquecerei o momento em que, ainda de pé e de mãos algemadas, após me ter questionado com várias perguntas, ordenou ao Sr. Comissário para mas tirar e me mandou sentar numa cadeira à frente da sua secretária, onde, até chegou a exprimir uma sonora gargalhada, quando lhe falei que tinha sido atacado por tubarões e que me havia defendido deles com uma catana. Pois, creia, também eu, às tantas, não resisti a deixar de partilhar o meu sorriso com o da sua curiosidade por ter começado a compreender que, depois de ter sobrevivido à fúria do mar e ter resistido aos ataques dos tubarões, parecia que uma luz de esperança ia retomar a minha fé, de que, após ter sido poupado, com a graça de Deus, a tantos e tão intermináveis tormentos, não ia ser morto por mãos humanas, depois de tantas e tão perigosas ameaças.
Depois de 38 dias, numa frágil piroga, desde a ilha de Ano-Bom, situada a 350 km da costa oeste do continente africano e 180 km a sudoeste da ilha de São Tomé, após ter acostado na Ilha de Bioko, ambas do mesmo país, sou tomado por espião e depois de ter passado a primeira noite nos calabouços de uma esquadra, sou transferido algemado para a cadeia central, o famigerado cárcere, no qual foram encarcerados, torturadas até à morte centenas de pessoas
Aproximação à Ilha de Bioko Nov 1975 |
Despojado de tudo, sem dinheiro no bolso, sem outra fortuna que não a riqueza da dolorosa experiência por que acabava de passar, tive a felicidade acostar a um discreto recanto da costa da Ilha de Bioko, antiga Ilha de Fernando Pó, descoberta pelo português do mesmo nome
Da minha miserável e nauseabunda cela, pessoalmente pude testemunhar os gritos lancinantes de sofrimento e de pavor de algumas dessas vitimas, ao serem espancadas pouco antes de serem enforcadas, o que acontecia todos os dias a partir do anoitecer.
Aqui acostei nesta discreta baía |
Na manhã do dia 3 de Dezembro, quando menos esperava, um carcereiro chegou à porta da minha cela, algemou-me e ordenou-me que o acompanhasse - Senti logo um embate no meu coração, que não deveria ser levado para melhor destino - Mal transpus a cela, sou imediatamente agarrado por outro guarda, tendo à minha frente o Comissário da Cadeia, que já me tinha torturado com infindáveis interrogatórios para me conduzirem ao sítio das execuções.
Sucedeu, porém, que, por um feliz acaso, talvez milagroso (pelos vistos, a sorte protege os audazes), soa o telefone no corredor da morte - Era o então o Comandante Teodoro Obaing Nguema Mbasongo, atual Presidente da República da Guiné Equatorial, sobrinho do todo poderoso, Francisco Macías Nguema, a ordenar ao Comissário da Prisão para ser conduzido à presença, ao gabinete do então supremo comandante das policias e das forças armadas, que me recebeu, inicialmente de forma austera e desconfiada: com estas palavras: " O que se passa contigo?!... Porque te meteste num canuco e o que vieste aqui fazer?!.. Lamento mas tenho que cumprir as ordens de Sua Excelência e tenho de o executar hoje!...
Respondi-lhe que era um náufrago e para me soltarem as algemas e lhe mostrar a mensagem do MLSTP, que trazia no bolso atrás das minhas calças - Como estava carimbada, não duvidou da sua autenticidade e, ao sentar-se na sua cadeira de vime(enquanto eu ia permanecendo sempre de pé e à sua frente) me passou a questionar de forma mais descontraída e simpática
Bom, lá tive que voltar a repetir o que já havida dito várias vezes, que não era espião e as razões pelas quais me havia metido na canoa e ido ali parar - Mas,
A MENSAGEM do MSLTP, QUE ME SALVOU A VIDA - Que se destinava ao povo Brasileiro, assinada por José Fret Lau Chong, ministro da Informação, Justiça e Trabalho …., aproveitando a travessia atlântica do camarada Jorge Trabulo Marques, que servindo-se de uma simples canoa, vai percorrer o mar, de S. Tomé ao Brasil, evocando a rota por que, na era retrógrada, os escravos eram conduzidos para as plantações da cana do açúcar, o povo de S. Tomé e Príncipe, representado pela sua vanguarda revolucionária, o MOVIMENTO DE LIBERTAÇÃO DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE (MLSTP), saúda fraternal e calorosamente, o povo irmão do Brasil" -
A minha prisão ocorreu no reinado do supremo terror de Francisco Macias, o primeiro presidente da Guiné Equatorial pós-colonial de 1968 a 1979.. Ao longo de sua ditadura, ele cultivou um culto extremo à sua personalidade .
É referido que, "durante os anos que esteve no poder, estima-se que até 80 000 pessoas tenham sido mortas (de uma população de 400 000 na época) por seu regime. Ele já foi comparado a homens como Pol Pot devido à natureza violenta, imprevisível e anti-intelectual de seu governo.
Macías mudou o nome da capital, Santa Isabel, para Malabo, e o nome da ilha de Fernando Poo para o seu próprio, Macías Nguema. Em 1974, uma comissão internacional publicou um relatório classificando seu regime como o mais brutal do mundo
A 3 de agosto de 1979, seu sobrinho Teodoro Obiang Nguema Mbasogo organizou, com a ajuda de parte do exército, um golpe de estado que derrubou Francisco Macías
Na viagem à Nigéria, levei as duas bandeiras: a de São Tomé e Príncipe e a de Portugal Mas, nesta viagem, apenas levei o pavilhão do jovem país independente aonde regressei sem um centavo na algibeira e onde encontrei todo o apoio que precisei para mandar construir a canoa e para a aparelhar.- Sim, e donde parti para grande aventura. No meu cárcere, em Bioko, um de dia resolvi hastear a Bandeira Nacional de São Tomé e Príncipe, - Quando o carcereiro, que, de volta e meia vinha espreitar a minha cela, topou, mas que heresia!... Foi buscar imediatamente a chave da cela e, ao entrar lá dentro, deu-me um empurrão contra a parede, e, ao mesmo tempo que agarrava nela e a amachucava, levando-a, berrava: "Su mercenário! ¿Qué descaro!! Qué falta de vergüenza!!
POUCOS DIAS DE CATIVEIRO, MAS AUTÊNTICAS ETERNIDADES - QUEM NÃO RECEBESSE COMIDA DO EXTERIOR, MORRIA DE FOME
A cadeia não fornecia alimentação: tinham de ser os familiares. Nos primeiros dias, quem me passou alguma comida (massa de mandioca, regada com óleo de palma, que mais das vezes a vomitava para a lata das necessidades, pois eu estava magríssimo e, o meu estômago, já não estava habituado a comer alimentos sólidos, há muitos dias), sim, quem me deu alguma comida, foram os próprios condenados, que trepavam curiosos à minha janela gradeada, durante o curto recreio que dispunham, num átrio para a qual a minha cela estava voltada. Creio que, naquela altura, devia ser o único europeu preso. Agora, depois que houve por lá uma tentativa fracassada de Golpe de Estado, em Março de 2004, estão lá presos alguns dos implicados. Mas nada que se compare às tenebrosas condições daqueles tempos.
Nenhum comentário :
Postar um comentário