Jorge Trabulo Marques - Jornalista
Nas Livrarias a partir de hoje, dois dias antes do Dia Internacional da Bengala Branca, com a chancela da Guerra e Paz Editores e o apoio da Câmara Municipal do Montijo. Pereira de Sousa Júnior nasceu em Lisboa, no dia 1 de Janeiro de 1964. Em 2014, com o agravamento de um problema de saúde, acabou por se tornar num deficiente visual. Não podendo exercer a sua atividade profissional, por outro lado, tem mais tempo livre para ser mais interventivo na sociedade, envolvendo-se em alguns projetos de cariz social.
Esta obra, feita com muito esforço e carinho, é vivamente por mim saudada: quer por mérito da sua importância, mercê do esforço de uma experiência pessoal de quem tem lidado com as fortes limitações da visibilidade, por via de Glaucoma, considerada a segunda causa de cegueira em todo o mundo, quer pelas razões afetivas que me ligam ao seu autor: pois a bem dizer, conheço-o desde a sua adolescência e, alguns anos depois, o exemplar percurso que tomou na RDP e na RTP - É filho de Luís Pereira de Sousa, jornalista, realizador e apresentador de rádio e de televisão, através do qual pude regressar às lides da Rádio, após o meu regresso de S. Tomé, onde trabalhei no ERSTP além de outras atividades
O seu avô paterno, numa fase adiantada da sua vida, lidou com o mesmo problema – Mas também ele nunca se deu por vencido: tendo chegado a dar explicações, pondo ao dispor dos alunos, que o procuravam, muito do seu riquíssimo saber e da sua experiência académica
Sim, o Luís, que tem o
nome do seu pai - mais o Júnior - pois é como o tenho tratado - , já
me tinha comunicado, por telefone, da enorme
satisfação que sentia em poder concretizar este seu projeto,
a cuja alegria também desde logo me associei e volto associar-me, agora que a
obra já pôde ver a luz do dia, sim, por este valiosíssimo contributo literário e social
, que desde algum tempo, vinha mentalmente preparando, pois, quando
os olhos não veem, o cérebro ativa ainda mais o seu funcionamento - E é isto que, os não resignados à sua fatalidade, deverão procurar exigir da sua mente.
Carlos Céu e Silva é
natural de Alpiarça. Psicólogo clínico licenciado pelo Instituto Superior de
Psicologia Aplicada (ISPA), com mestrado em Aconselhamento Dinâmico pelo
Instituto Superior Miguel Torga (ISMT). É presidente e fundador da Olhar –
Associação pela Prevenção e Apoio à Saúde Mental e presidente da Laços Eternos
– Associação de Apoio a Pais e Irmãos.
É referido pela editora “GUERRA E PAZ”. No livro Como Deixar de Ser Deficiente, Pereira de Sousa Júnior, cego e fundador da Liga Portuguesa contra a Cegueira, e o psicólogo Carlos Céu e Silva dão-nos duas perspetivas sobre a vida, repleta de muros, das pessoas portadoras de deficiência e apresentam propostas que poderão mudar vidas”
“São duas perspectivas sobre a vida das pessoas portadoras de deficiência. Por um lado, um olhar sobre uma realidade quotidiana e social mais peculiar; por outro, um olhar mais clínico e técnico no que concerne à psicologia do deficiente.
Sem pretensiosismos pedagógicos, pretende-se criar ferramentas para ajudar, mostrar à sociedade que há muito a fazer, alertar, identificar problemas e apresentar soluções, despertar consciências e mudar mentalidades. Um livro para todos os que querem uma sociedade justa, mais solidária, mais inclusiva e menos deficiente…
Corria o ano de 2014 quando um problema de saúde levou Pereira de Sousa Júnior à cegueira, impedindo-o de prosseguir a sua carreira de produtor de media – com passagens pela RTP e Rádio Comercial –, sonoplasta e DJ. Uma nova condição que mudou e limitou a sua vida, mas que não o paralisou. Tornou-se um activista pela inclusão de portadores de deficiência na sociedade e criou a Liga Portuguesa contra a Cegueira.
Seis anos depois, Pereira de Sousa Júnior publica o livro Como Deixar de Ser Deficiente, em co-autoria com Carlos Céu e Silva, psicólogo e fundador da Olhar – Associação pela Prevenção e Apoio à Saúde Mental. A obra dá-nos duas perspectivas sobre a vida, repleta de muros, das pessoas portadoras de deficiência: na primeira parte do livro, a experiência de um deficiente, na segunda parte, a de um profissional de saúde.
Aponta
caminhos para, como o nome indica, acabar com as deficiências que a sociedade,
o urbanismo e a arquitectura têm vindo a demonstrar desde sempre. Entre as
ideias, Pereira de Sousa Júnior, inconformado com a redução de um cego à
bengala branca, pretende criar o Dia Nacional do Cego ou o Dia Nacional contra
a Cegueira.
Apresenta o projecto da Liga Portuguesa contra a Cegueira, de criar uma aplicação, intitulada Helper, que permitirá que «qualquer pessoa se transforme nos olhos de um cego ou numa mão de amparo para um deficiente sem mobilidade».
E assume, como grande missão, a criação do Gabinete do Deficiente em todos os municípios do país. A Câmara Municipal do Montijo será a primeira a aderir ao projecto.
Este é um primeiro passo de um projecto de intervenção cívica, que visa chamar a atenção do poder político, institucional e social. «As instituições devem ter como base fundamental servir os seus utentes de forma justa, equiparada, esclarecedora, objectiva e funcional.»
Afinal a deficiência está em toda a parte, não fosse este um mundo imperfeito. Para o co-autor da obra, Carlos Céu e Silva, «a deficiência é um apanágio da condição humana. A sua constatação está para além dos limites físicos ou mentais… pois não há um esquema matemático para existir em perfeição».
De leitura obrigatória, para todos os que querem uma sociedade mais justa, mais inclusiva e menos deficiente, Como Deixar de Ser Deficiente chega às livrarias a partir do próximo dia 13 de Outubro. O livro, que conta com o apoio da Câmara Municipal do Montijo, poderá ainda ser adquirido através do site da Guerra e Paz Editores.
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