O DIFÍCIL CALVÁRIO DA VIDA
Na vida, cada um leva à sua cruz: mas há cruzes na vida, que são um autêntico calvário. Que o diga a mulher de origem cabo-verdiana, que, além de ter de levar com o filho às costas, ainda tem de suportar o peso de duas grandes toras â cabeça
Esta
fotografia, foi registada no mesmo dia e quase ao lado, quando me postei junto
a um velho cacaueiro, lembrando-me dos tempos em que por ali andava de machim
na mão, subindo e descendo grotas mais íngremes de que as encostas ou ladeia da
minha aldeia - Ouço o testemunho neste vídeo - De um antigo trabalhador na Roça Uba-Budo
A DIFÍCIL
VIDA NAS ROÇAS – DO MEU TEMPO E AINDA DE
AGORA -Para a maioria dos que ainda
nelas resistem - sobretudo, de origem cabo-verdiana, com o coração ruído de
saudades das suas queridas ilhas, a situação, em que se encontram,
atualmente, não é boa, mas verdade é que, para quem ali trabalhou, como
eu, esses enormes feudos coloniais, trazem também lembranças de febres
palustres e rosários de humilhações, de muitos sacrifícios e
adversidades
Trabalhei
nesses feudos e conheci bem a dureza da vida, nessas grandes propriedades, quer
para os chamados serviçais, quer para os nativos que ali iam fazer os mesmos
trabalhos, mas também para os empregados de mato, que eram igualmente
escravizados, mal pagos e que apenas tinham direito à chamada graciosa, de
quatro em quatro anos
No meu tempo, a vida por lá também era bem dura e penosa, tanto para os empregados de mato, tal o meu caso, como para os escravizados trabalhadores .Quer chovesse ou fizesse sol, o trabalho não se suspendia e tinha de começar muitos antes dos seus raios raiarem por entre a floresta ou lá no horizonte do fundo do mar.
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