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quarta-feira, 7 de outubro de 2020

SIC há 28 anos - Entrevista a Francisco Pinto Balsemão, antes de lhe ser atribuída a concessão do 1º canal de televisão privada em Portugal, que arrancaria em 6 de Outubro de 1992

   JORGE TRABULO MARQUES - JORNALISTA

Estoril 1985 - Francisco Pinto Balsemão , prestando declarações, ao autor destas linhas , acerca da exposição de pintura de  Isabel Torres, filha do seu grande amigo, César Torres - Ela era ainda muito nova e ele dizia que ia ser uma grande promessa na pintura - e parece que foi. - Mais tarde, , mas já na Redação do Expresso, pronunciar-se-ia para o mesmo repórter, sobre a concessão das televisões a operadores privados..

FRANCISCO PINTO BALSEMÃO - ENTREVISTA PARA A HISTÓRIA DAS TELEVISÕES PRIVADAS EM PORTUGAL – Com  o grande pioneiro dos media em Portugal, antes e depois da Revolução de Abril. –“ Penso que a privatização da comunicação social é inevitável e é desejada” – Declarou-me antes de lhe ser atribuído o 1º canal de televisão privada em Portugal, o empresário   do  maior grupo dos media portugueses.

SIC comemora hoje 28 anos, que celebra com a apresentação oficial da OPTO, uma plataforma digital, semelhante à Netflix, que vai estar disponível para telemóvel, tablet, computador e SMART TV, permitindo aceder a novelas, séries, documentários,  noticiários.





Recordando a entrevista com o principal protagonista na história das televisões privadas em Portugal. – Dono do  maior grupo dos media portugueses, com a SIC no topo das audiências, nasceu em 1 de Setembro de 1937, Jurista de formação, foi igualmente dirigente político ativo, com origem paterna na cidade da Guarda, e, em Sintra, pelo lado materno

BALSEMÃO: Defendia, que o grupo mais bem posicionado para a concessão de um canaL privado de televisão, era o que ele liderava.

A história dos canais de TV privados, em Portugal, desde a aprovação da lei até ao inicio das emissões, teve os seus episódios e protagonistas – Ao recordar-se esse tempo, um dos  nomes, que ressalta, imediatamente, sobretudo para quem acompanhou de perto as discussões e as polémicas, à volta desta questão, é o de Francisco Pinto Balsemão – Sem dúvida, o grande pioneiro dos media em Portugal, antes e depois da Revolução de Abril. - Atualmente lidera o grupo mais poderoso da Comunicação Social Portuguesa, ombreando com os mais importantes grupos internacionais

Já lá vão uns anos decorridos, à volta da discussão da nova lei da Comunicação social, que, depois de aprovada,  viria a permitir a concessão de canais televisivos a grupos privados. 

Na corrida, estava o Grupo liderado por Pinto Balsemão, Proença de Carvalho e a Igreja Católica – As concessões viriam a ser atribuídos, ao Grupo Impresa, de Balsemão, que arranca com as emissões da SIC, em Outubro de 1992,  constituindo-se como  o 1º canal de televisão privada em Portugal. E à Igreja católica, que, começa as suas emissões,  em Fevereiro de 1993, sob a sigla de Televisão Independente ( TVI), que, naquela altura tinha o nome de "4" por ser a 4ª rede nos canais de televisão portugueses


BALSEMÃO, A FIGURA INCONTORNÁVEL NA HISTÓRIA DAS TELEVISÕES PRIVADAS EM PORTUGAL

Naturalmente que, a ser atribuída a concessão de canais de televisão a grupos privados, Francisco Balsemão, pese o facto de ter sido primeiro-ministro e co-fundador de um partido, era quem, à partida, reunia mais créditos para chamar a si esse justificado direito e responsabilidade. Este era pois um dos argumentos de peso que jogava a seu favor. Todavia, conquanto os dois Governos de Cavaco, liderados pela AD, obtivessem a maioria absoluta, o processo  foi-se arrastando e levou algum tempo a que passasse das intenções à prática.

Nesse interregno – já não nos ocorre em que data precisa – em que trabalhávamos  como repórter na Radio Comercial-RDP – pessoalmente tomámos a iniciativa de nos dirigirmos à redação do semanário Expresso, que era ainda ali próximo da rotunda do Marquês Pombal, parta ouvir Francisco Pinto Balsemão, acerca deste candente assunto - O qual prontamente acedeu expor as suas razões..

“O tema da privatização  está em foco, em termos gerais: não apenas no que respeita à comunicação social. Isso resulta do resultado das eleições, resulta do programa do Governo. E penso que é esse o caminho a seguir, embora com naturais cautelas em relação à organização política do Estado e á intervenção que o Estado terá que ter sempre na economia.

No caso concreto da comunicação social  - fico com muita pena não estar presente do debate  recentemente realizado no Clube dos Empresários, pois tinha outro compromisso  inadiável - , penso que a privatização da comunicação social é inevitável e é desejada. Quanto aos jornais, não faz qualquer sentido que o Estado tenha jornais: nenhum país europeu, em nenhum país do mercado comum, isso acontece.  Quanto à rádio, a privatização já existe, a privatização já existe apesar da lei ainda não entra a ser aplicada e aí há que regulamentar o modo, o exercício dessa privatização.
Quanto á televisão, também penso, que, não apenas porque nos países europeus isso está a acontecer mas também é a única  maneira de darmos uma resposta em termos culturais e de identidade nacional à invasão das televisões estrangeiras, é realmente a privatização. É haver a possibilidade de canais privados em Portugal.

Portanto, por tudo isto eu sou defensor se que este tipo de medidas sejam tomadas rapidamente. Até aqui não foi possível, na medida em que não havia um Governo maioritário, uma maioria na Assembleia nesse sentido. Mas, quanto à televisão, todos os partidos apresentaram propostas de lei, tendentes à existência de televisão privada 

Vejo a televisão privada, acima de tudo e como primeira prioridade, através da abertura de  um concurso público para a exploração existente, o segundo canal, que é a nossa primeira prioridade,  minha e do Grupo Sójornal : empresa proprietária do Expresso e que compreende vários outros jornais e publicações. Como a empresa proprietária do semanário Jornal; empresa proprietárias das revistas Nova Gente, Maria e outras: O Tempo; o Diário de Coimbra; Diário de Aveiro; O Motor. E depois, um segundo grupo, com empresas bem conhecidas em Portugal: como é o caso dos Filmes Castelo Lopes; de Costa do Castelo (filmes); da Valentim de Carvalho, Telecine-Moro e outras.

Este Grupo é um Grupo que se considera competente, porque tem experiência em matéria de comunicação social. E, por isso, julgo que as regras, no caso da televisão, devem atender à experiência no campo da  comunicação social dos concorrentes – Excerto da entrevista, parte da qual editada em vídeo

BALSEMÃO E A TEMPERA DE UM NATIVO SERRA DA ESTRELA

Pinto Balsemão tem a têmpera do granito da Guarda - Seu pai Henrique Patrício Pinto Balsemão nasceu no dia 9 de Setembro de 1897 na cidade mais alta de Portugal - O filho Francisco nasceu em Lisboa no dia 1 de Setembro de 1937 - Tal como seu pai é um nativo virgiano. Ambos nasceram em dias ímpares mas ele prefere o número par. "Quando posso, arranco com os meus projetos num dia 6: o Expresso começou a 6, o PSD foi anunciado num dia 6, a Caras saiu num dia 6. A SIC Notícias só não iniciou as emissões a 6 porque era um sábado. Não sou supersticioso, mas, se puder ser a 6, é."JN -



No dia 6 de Janeiro, dia em que o semanário expresso, completava, 40 anos,  Henrique Monteiro, diz que, quando este jornal foi "lançado, em 1973, existia censura prévia, os partidos políticos eram proibidos (apenas um grupo tinha assento no Parlamento), havia guerras em Angola, Moçambique e Guiné para onde eram mandados rapazes de todo o país, o PIB per capita, a preços que podem ser comparados (preços constantes) era metade do valor atual, o número de pessoas empregadas era muito mais baixo (porque havia muito menos empregos e a população ativa era menor), além de que o país"Expresso por mais 40 anos. Parabéns

Também somos da mesma opinião: - A grande incógnita está na era pós Balsemão

Indubitavelmente, sem  o semanário Expresso, o jornalismo português teria ficado mais pobre, muitas noticias não teriam sido publicadas e muitas pessoas teriam ficado ignoradas, umas vezes criticadas, outras promovidas - isto para já não falar nos destinos da política -  O Expresso nasceu em 1973, na chamada primavera Marcelista, ou chamar-lhe-ia o Advento do 25 de Abril –
 

Por esse tempo, o autor destas linhas encontrava-se  em São Tomé. Depois de uma experiência, bem amarga pela vida da roça  (para onde foi estagiar como técnico agrícola) era então operador no ERSTP e correspondente de uma revista de Angola, a Semana Ilustrada" - Nessa altura, já tinha plena consciência do que era o bisturi  e até dos calabouços da PIDE e dos seus britais mimos. Indubitavelmente, sem  o semanário Expresso, o jornalismo português teria ficado mais pobre, muitas noticias não teriam sido publicadas e muitas pessoas teriam ficado ignoradas, umas vezes criticadas, outras promovidas - isto para já não falar nos destinos da política - 

 O Expresso nasceu em 1973, na chamada primavera Marcelista, ou chamar-lhe-ia o Advento do 25 de Abril – Por esse tempo, o autor destas linhas encontrava-se  em São Tomé. Depois de uma experiência, bem amarga pela vida da roça  (para onde foi estagiar como técnico agrícola) era então operador no ERSTP e correspondente de uma revista de Angola, a Semana Ilustrada" - Nessa altura, já tinha plena consciência do que era o bisturi  e até dos calabouços da PIDE e dos seus brutais mimos.
 
 
 
 

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