Jorge Trabulo Mqrques - Jornalista
A nossa sugestão – Se puder, não falte O Lançamento do livro A África e o Mundo: Circulação, apropriação e cruzamento de conhecimentos da autoria da Isabel Castro Henriques, numa edição Caleidoscópio, com apresentação de Miguel Bandeira Jerónimo., no Auditório, Sala de Formação e Átrio do Anfiteatro: apresentação obrigatória de certificado digital COVID da EU válido ou comprovativo de vacinação completa ou comprovativo de teste com resultado negativo.
A obra, que reúne um conjunto de textos
escritos ao longo de quarenta anos, alguns inéditos, outros dispersos em
publicações de natureza diversa, nem sempre de acesso fácil, tem como objetivo
refletir sobre as muitas relações da África com outros mundos através de
propostas, de objetos, de construções, de práticas introduzidas do exterior,
numa pluralidade de situações históricas distintas, entre os séculos XV e XX,
procurando no mesmo movimento sublinhar a natureza falsificadora de uma
panóplia de ideias ocidentais que rotulavam os africanos como passivos,
fechados ao mundo, sem vontade e capacidade de escolha e de mudança social.
O primeiro capítulo visa proceder a uma
releitura das perspetivas historiográficas africanas, sublinhando as
contribuições de formas do pensamento internacional e de inovações
teórico-metodológicas pluridisciplinares, procurando igualmente pôr em
evidência dinâmicas sociais inovadoras africanas, criadoras de uma África da
modernidade emergente, ligada ao mundo atlântico.
Um segundo capítulo privilegia o
documento iconográfico como fonte histórica, sublinhando a sua dimensão
histórica e informativa, mostrando formas plásticas sobretudo portuguesas, que
dão conta da integração de plantas, técnicas, símbolos, sistemas económicos,
comerciais, habitacionais e urbanos, novas formas de organização e construção
do espaço, introduzidos da Europa nos territórios africanos, e refletindo a
criação de novidades sociais e culturais.
O terceiro e último capítulo pretende
pôr em evidência a circulação e cruzamento dos conhecimentos nos séculos XIX e
XX, conhecimentos introduzidos sobretudo no âmbito do facto colonial português,
apropriados e reutilizados pelos africanos nas esferas do comércio, da
habitação e do urbanismo, com o objetivo de renovar problemas historiográficos
longamente abordados numa perspetiva colonial, possibilitando novas leituras,
interpretações e interrogações. Pensar as relações da África com o mundo
permite desmontar conceitos redutores das realidades africanas, mostrar as
dinâmicas africanas de integração das novidades vindas do exterior e a capacidade
das sociedades de aderir à contemporaneidade, procedendo à emergência de novos
espaços, novas realidades sociais, novos sistemas de pensamento, novas formas
culturais, preservando valores seculares da sua identidade, no quadro de uma
africanidade renovada e dinâmica.
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