Jorge Trabulo Marques - Jornalista
Testemunho gravado da "operação Mar Verde” , nome de código da invasão relâmpago à capital da antiga Guiné francesa por navios de guerra portugueses e ataques aéreos dos Fiat, camuflados, sem o distintivo da força aérea portuguesa, que o regime colonial levou a cabo em Conacri a 22 de Novembro de 1970 - Confisssões de antigo militar em video

A Operação Mar Verde foi o nome dado à operação militar planeada pelas Forças Armadas Portuguesas, realizada em 22 de Novembro de 1970, no período da Guerra Colonial Portuguesa, pelo destacamento de fuzileiros especiais nº 21, na Guiné-Bissau de 1969 a 1971, com o apoio da Força Aérea e chefiada pelo Comandante Alpoim Calvão.
Adriano Joaquim Lucas meu conterrâneo, assentou praça em Beja, depois foi para Tancos, após o que partiu para a ex-colónia portuguesa., tendo ficado aquartelado em Bissalanca. Mas considera ter sido um homem de sorte.
Embora não tendo sido mobilizado para o local da operação da secretíssima operação à soberania de um país africano, vizinho da então colónia “Guiné Portuguesa”, ainda ajudou a carregar algumas bombas para as asas dos caças, testemunhou os preparativos e pôde ver, mais tarde, os seus efeitos destruidores, nas imagens do Gabinete de Fotografia Militar -Para já não falar da morte de seus companheiros, cujos corpos, constantemente regressavam do teatro infernal das operações e se amontoavam em sucessivos caixões até serem transportados ou sepultados. 
Depois de três meses de recruta em Beja, Adriano Lucas é selecionado para Força Aérea , em Tancos, donde partiria em comissão militar para a Guiné-Bissau, em Bissalanca. Nesse mesmo ano, em 22 de Novembro de 1970, é levada a cabo a invasão à Guiné Conackry, cuja estratégia e contornos, ainda hoje, em muitos aspectos, permanece envolta por um mistérioPese os anos volvidos, sobre esse período negro, em que foram sacrificadas milhares de vidas de parte a parte Adriano Lucas, atualmente, reformado pelos seus quase 50 anos de emigrante em França, a que junta uma modesta pensão de 150 eros, por ter sido mobilizado para o ultramar, não esquece as memórias da guerra colonial – A qual, segundo diz, podia ter sido evitada, “se houvesse entendimento ”com os movimentos de libertação.

Viu morrer muitos companheiros mas o facto de ter sido ordenança do comandante, poupou-o do mato, contudo nem assim deixou de acompanhar de perto essa dramática realidade.





