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sábado, 8 de julho de 2023

Liberdade de Imprensa e de Expressão em São Tomé e Príncipe - Precaridade e a prática da censura e autocensura continuam a marcar o quotidiano do jornalismo e da Imprensa estatal a 4 dias do 48ª aniversário da independência do - No período colonial era o servilismo absoluto e ai de quem pisasse o risco – Sofremo-lo na pele e no espírito.

Jorge Trabulo Marques - jornalista desde 1970

JORNALISTAS MAL PAGOS E,  SEMPRE QUE O GOVERNO MUDA, COM O CREDO NA BOCA   - Além de uma certa precariedade, que, nestas ilhas afeta o exercício provisional  de jornalista,  – claro que o fenómeno dos ordenados baixos é transversal a outras profissões - , tem-se assistido a uma enorme instabilidade, já que, a mudança de poder, acaba também por interferir, não apenas nos lugares de chefias, como naqueles que estão na primeira linha da noticia ou da reportagem. 

Ordenados, que mal dão para as despesas  do vestuário ou para alimentação, é o equipamento e as condições das redações (especialmente nos sites particulares, onde as dificuldades são ainda maiores, exercendo a atividade praticamente por carolice), sim,  é também  iminência  do chuto que pode suceder quando menos se espera – Infelizmente, há noticias desses exemplos.

Nas maravilhosas ilhas verdes do equador ninguém é morto por expressar a sua opinião, mas    a situação dos profissionais da comunicação social é de extrema precaridade, com salários miseráveis, e, a prática da censura e autocensura tem marcado o quotidiano da imprensa nos órgãos estatais 

A maioria dos jornalistas tem interesses nos partidos políticos e tornaram-se profissionais deficientes. Os órgãos de imprensa estatais estão capturados pelo poder e tutelados verticalmente pelo Governo, o que não propicia a liberdade de imprensa”, O retrato foi referido por analistas, membros da sociedade civil e alguns jornalistas independentes, em 3 de Maio de 2022, no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa – Dizia .Carlos Barros Tiny , jurista e professor de direito no Liceu Nacional de São Tomé,  jornalista durante vários anos na Televisão São-tomense, afirma que o sector atravessa o pior momento da sua história https://www.voaportugues.com/a/n%C3%A3o-h%C3%A1-liberdade-de-imprensa-em-s%C3%A3o-tom%C3%A9-e-pr%C3%ADncipe-dizem-analistas-e-profissionais/6554919.html

07-06-2023 - Jornalistas preocupados com o estatuto de carreira e pedem a clarificação da taxa audiovisual

O primeiro-ministro santomense, prometeu ajudar a classe dos jornalistas a resolver os problemas que se prendem com a implementação plena do Estatuto de Carreira bem com a clarificação na cobrança da taxa audiovisual. Patrice Trovoada encontrou-se, esta sexta-feira, com o sindicato dos jornalistas e técnicos da comunicação social, SJS.

«Falamos com o senhor primeiro-ministro, explicamos o problema que está a volta da implementação do Estatuto de Carreira e ele mostrou-se bastante sensível uma vez ser um problema que se alastra há bastante tempo. Pedimos para implementar o documento e o senhor primeiro-ministro prometeu-nos que dentro de pouco tempo irá tomar uma decisão sobre o assunto” – disse o Presidente do sindicato Jorge do Ó. https://www.telanon.info/sociedade/2023/07/07/41085/jornalistas-preocupados-com-a-implementacao-do-estatuto-de-carreira-e-pedem-clarificacao-da-taxa-audiovisual/

 

Liberdade de Expressão esta que o Estado Novo viria a decepar.: - E que haveria de vir a ser justamente a orientação  seguida  pela  linha editorial do último jornal colonial nestas ilhas: A Voz de São Tomé  - Propriedade da Acção Nacional. Popular , através do qual, desde os tempos do Governador Carlos Gorgulho, houve a preocupação de destruir ou denegrir  a  pequena elite destas ilhas:. Pelo que, quer o seu diretor, quer o redator principal, eram da estrita confiança do regime. Usando as suas páginas para  humilhar e  deferir as mais insidiosas e torpes acusações .

 

Todavia, a revista Semana Ilustrada, de Luanda,  da qual tive a honra e o prazer de ser  o seu delegado em S. Tomé, durante quatro anos,  contou com a valiosa colaboração de Cassandra, no Príncipe, e  de João Neto, radicado em Luanda, em cuja cidade  chegou a receber um grupo de santomenses, ali também radicados,  que quiseram homenagear os vários trabalhos  publicados em prol  destas ilhas.– E não se pense que  eram todos para servir as   agendas institucionais. Tanto antes como depois do 25 Abril, os artigos publicados nesta revista, não envergonham os seus autores – Bem pelo contrário –  Pessoalmente, não tenho problemas de consciência  do que escrevi. E julgo que nem o chefe de redação, Mourão de Campos, que , por várias vezes, se deslocou de Angola a S. Tomé para fazer edições especiais. Julgo que se hoje fosse vivo, também não teria  problemas dessa natureza.

Mas, felizmente, longe vão os dias do bisturi da censura e dos cidadãos serem presos, perseguidos ou mal tratados por exprimiram as suas ideias. 

Fui testemunha desses opressivos tempos do fascismo colonial  e dos cortes da própria censura, que, por várias vezes, me não permitiram a publicação de alguns  trabalhos jornalísticos. No pós revolução, com agressões de vária ordem por parte de quem não queria aceitar os novos ventos da história, cujo  comportamento selvagem não é fácil de esquecer


ÁFRICA COPIOU A EUROPA MAS OS EXEMPLOS DA EUROPA HÁ MUITO DEIXARAM DE SER EDIFICANTES E EXEMPLOS A SEGUIR

O 25 de Abril, em Portugal, trouxe a democracia e a  liberdade de expressão mas também a possibilidade das colónias portuguesas acederem à independência  -E, ,desde então, desde esse histórico acontecimento,  muita coisa aconteceu – Porém, o exercício de  tais análises, cabe à  palavra dos historiadores.. 

 

Um dado relevante, porém, a sublinhar, é o facto das populações poderem eleger os seus governantes. 

Em São Tomé, é certo que houve um período do partido único, mas creio que mais no sentido de uma pré-preparação pluralista e democrática, de  que com o objetivo de  impor um regime ao estilo ditatorial.. Sim, nestas ilhas, pela natureza do seu povo, alegre , expressivo e pacifico, é impensável  que alguma vez que a ditadura vingue, com sucesso, que um caudilho se perpetue no poder sem dar a oportunidade a outro. 

 

Por isso mesmo, São Tomé e Príncipe  é um dos raros exemplos de África onde  a liberdade de expressão mais se tem imposto e consolidado. Assim o comprova a forma pluralista e democrática, como têm decorrido  os processos eleitorais. Pena que, cada governo, depois de eleito, procure os  seus arranjos nos órgãos  estatizados de Comunicação social – Estes são os pontos negativos do pluralismo santomense. 

 

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