Jorge Trabulo Marques - Jornalista desde 1970 - Antigo correspondente, em S. Tomé da Revista Semana Ilustrada de Luanda, o órgão de informação que mais divulgou as manifestações pró- independência de S. Tomé e Príncipe
O ato central da comemoração do quadragésimo oitavo aniversário da independência de São Tomé e Príncipe, que, tradicionalmente ocorre na Praça da Independência, foi transferido para o meio da manhã de hoje na cidade Guadalupe, com intervenções do Chefe de Estado, Carlos Vila Nova e do PM Patrício Trovoada, após o que será servido um almoço de convívio, na sede da Roça Agostinho neto, antiga Roça Rio do Oiro
Nas palavras, proferidas
no seu discurso, o Presidente da República, Carlos Vila Nova, defendeu, a revisão da constituição como forma de se clarificar “as zonas
cinzentas”, que as próprias dinâmicas sociais e políticas têm revelado ao longo
dos anos, sobretudo, em momento do pleito eleitoral e de articulação de
diversos poderes”. https://www.stp-press.st/2023/07/12/presidente-da-republica-pede-uniao-para-o-desenvolvimento-do-pais-e-defende-revisao-da-constituicao/
Brinde do 12 de julho, 2015 - No Jardim da Roça Agostinho Neto |
Meus Parabéns e votos para que sejam vividos momentos felizes e ultrapassadas as crispações partidárias em prol do futuro do pacífico e bom povo são-tomense
Saúdo calorosa e fraternalmente o Povo de S. Tomé e Príncipe, bem como os seus governantes e dirigentes políticos, atuais e fundadores do MLSTP e dos partidos que posteriormente se vieram a formar, a todos quantos se têm batido pelo bem-estar e progresso destas maravilhosas Ilhas, seja na politica ou socialmente, desejando que esta data seja vivida no mesmo ambiente de paz , de fraternidade e de alegria, que faz parte da matriz pacifista e acolhedora do povo santomense
A República Democrática de São Tomé e Príncipe teve sua autonomia em 12 de julho de 1975. Tornou-se independente sob a bandeira do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP), após 505 anos sob domínio português.
Após o 25 de Abril, o General António Spínola então Chefe de Estado de Portugal reconheceu num discurso o direito a autodeterminação dos povos das colónias portuguesas, mencionou Angola, Moçambique e Guiné Bissau ignorando por completo Cabo Verde e São Tomé e Príncipe
Face a essa descriminação, no dia 15 de Junho de 1974, surgiu, na capital das duas Ilhas,, o primeiro movimento nacionalista implantado em São Tomé e Príncipe, em perfeita sintonia com a direção do movimento, que nessa altura se encontrava em Libreville (Gabão) denominado de Associação Cívica pró-MLSTP presidida pela poetiza Alda do Espírito Santo, Filinto Costa Alegre Daniel Daio, a que se juntaram o Alcino Pinto, o Gabriel Costa, o Varela, o Salvador Ramos, o Rafael Branco, a Bela Neves, a Nazaré Tiny, a São Silveira, a Dua, e tantos, tantos outros, rapidamente dinamizando e mobilizando trabalhadores, santomenses, cabo-verdianos, angolanos e moçambicanos, e especialmente jovens estudantes, palaiês, pescadores, enfim gente de todas as avenidas da nação santomense, decididos a mobilizar a população pela libertação do arquipélago do jugo colonial .
SPÍNOLA ENVIA RICARDO DURÃO PARA SE OPOR AO MOVIMENTO PRÓ-INDEPENDÈNCIA – Galvanizado pela Associação Cívica Pró-MLSTP
O ex-comandante do Comando Territorial Independente de São Tomé e Príncipe, conhecia bem o arquipélago, as roças e os roceiros, com os quais convivera em altas jantaradas e almoçaradas, nas sedes das administrações. Spínola, não queria a independência desta ex-colónia e enviou-o com a missão de se juntar aos roceiros e liderar um golpe contra-revolucionário. Quando alertei Pires Veloso, da presença do inesperado oficial, envergando farda de militar de combate, ele já lhe tinha dado instruções para regressar no mesmo voo. "Já sei que ele aí está: vai já no mesmo avião. Não se preocupe". tendo-o obrigado a regressar no mesmo avião. Fui testemunha desse episódio
O movimento pró-independentista apreciou atitude do Governador, que até então não acreditava nas boas intenções de Pires Veloso, pois via-o com desconfiança - Os santomenses olhavam os militares portugueses, como tropa de domínio colonial. Porém, a partir daquela altura, o Governador passou a ser visto como um dos seus e com outros olhos.
No seu livro “Vice-Rei do Norte - Memórias e Revelações, faz uma breve referência, mas é omisso em apontar o nome do oficial - E alude também à inesperada invasão dos colonos ao Palácio do Governo, que não estavam mentalizados para a inesperada independência, visto nas ilhas não ter havido a luta armada e os sinais existentes nas colónias de Moçambique, Angola e Guiné-Bissau
Era, então, desde 1970, correspondente da revista angolana, Semana Ilustrada, tendo dado o meu contributo para a divulgação às ações da Associação Cívica, pró-MLSTP, acompanhando as suas reuniões na sua sede, no Bairro do Riboque, bem como divulgando as primeiras imagens e testemunhos dos massacres de 3 de Fevereiro de 1953, conhecidos pelos massacres do Betepá
Graças à liberdade de expressão instaurada pelo movimento das forças armadas portuguesas, apesar das enormes dificuldades económicas com que me defrontei, nem assim deixei de escrever e de publicar o que tinha a publicar, mesmo quando alguns colonos, me colocarem uma forca de corda pendurada sobre a minha porta (ainda tenho a fotografia); pois não queriam que eu escrevesse sobre o direito do tão sacrificado povo destas maravilhosas ilhas verdes do equador, pudessem livrar-se do jugo colonial e ascender à independência, pelo que foi alvo de alvo de várias agressões e ameaças de morte
Por duas vezes, furaram os pneus do meu carro à navalhada, (ao ponto de ter que o estacionar junto à sentinela do palácio do governador), agrediram-me barbaramente.
Pior do que isso, quando uma multidão furiosa de colonos invadiu aquele palácio para exercerem coação e insultarem o então coronel Pires Veloso, ao verem-me, ali nas imediações, passei eu a ser o mau da fita e das suas frustrações, correram todos imediatamente atrás de mim, como loucos, para me lincharem.
Eram milhares a apedrejarem-me e a espalharem-se por todas as ruas para me apanharem. Ainda fui atingido com uma pedra na cabeça, que me provocou um ferimento grave. Por pouco não me mataram e fui esmagado. Por sorte, consegui entrar numa escada e lograr um esconderijo, num telhado, até ao anoitecer, com a cabeça e o rosto ensanguentado, sem poder tratar-me do ferimento.
Depois tive que me refugiar quinze dias no mato, em casa de um santomense amigo, o Constantino Bragança, um dos meus companheiros na escalada do Pico Cão Grande
Desembarquei em novembro de 1963, para fazer um estágio, como Técnico Agrícola, numa roça – Estive um ano em Angola, onde fui frequentar o curso de sargentos milicianos, seguido do curso de comandos – e deixei a Ilha de São Tomé, pela última vez, em outubro de 1975, a bordo de uma piroga para tentar a travessia solitária de São Tomé ao Brasil, que me levaria a um longo e tormentoso naufrágio de 38 dias. – Depois de ter feito travessia de S. Tomé à Nigéria, em Março do mesmo ano – Projeto, acalentado, desde há vários anos, mas que me vi forçado antecipar por via das agressões e perseguições de que estava a ser alvo por parte de alguns colonos, sim, com vista a demonstrar que as ilhas poderiam ter sido inicialmente povoadas por povos da costa africana, tal como sucedeu nas ilhas do Oceano Pacifico, muito antes de serem descobertas por navegadores europeus.
Pelos muitos testemunhos recebidos, estou certo que a população e as mais diversas entidades e personalidades de S. Tomé e Príncipe, continua a ter por mim um grande respeito e admiração e me considera como um dos seus
Independência- era a palavra de ordem mais ouvida nos comícios e manifestações de rua. E, nos cartazes, os slogans mobilizadores pautavam-se, sobretudo, por um claro e único objetivo, expresso em linguagem popular : “Independência total, çà cu pôvô mecê ” - Independência total é tudo o que povo quer. Os jovens ativistas da Associação Cívica, foram a principal força interventiva e consciencializadora durante o processo de descolonização –. Sem a sua coragem e o seu dinamismo, porventura, ainda hoje as duas ilhas, eram colónias, tal como sucede a outros territórios que estão nas mãos de 61 países
O 25 de Abril devolvera a liberdade ao Povo Português e a promessa da libertação dos povos sob o jugo colonial. A censura foi erradicada e a imprensa passou a publicar livremente os seus artigos, reportagens e a exprimir as opiniões.
A República Democrática de São Tomé e Príncipe teve sua autonomia em 12 de julho de 1975. Tornou-se independente sob a bandeira do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe (MLSTP), após 505 anos sob domínio português.
Após o 25 de Abril, o General António Spínola então Chefe de Estado de Portugal reconheceu num discurso o direito a autodeterminação dos povos das colónias portuguesas, mencionou Angola, Moçambique e Guiné Bissau ignorando por completo Cabo Verde e São Tomé e Príncipe
Face a essa descriminação, no dia 15 de Junho de 1974, surgiu, na capital das duas Ilhas,, o primeiro movimento nacionalista implantado em São Tomé e Príncipe, em perfeita sintonia com a direção do movimento, que nessa altura se encontrava em Libreville (Gabão) denominado de Associação Cívica pró-MLSTP presidida pela poetiza Alda do Espírito Santo, Filinto Costa Alegre Daniel Daio, a que se juntaram o Alcino Pinto, o Gabriel Costa, o Varela, o Salvador Ramos, o Rafael Branco, a Bela Neves, a Nazaré Tiny, a São Silveira, a Dua, e tantos, tantos outros, rapidamente dinamizando e mobilizando trabalhadores, santomenses, cabo-verdianos, angolanos e moçambicanos, e especialmente jovens estudantes, palaiês, pescadores, enfim gente de todas as avenidas da nação santomense, decididos a mobilizar a população pela libertação do arquipélago do jugo colonial .
O ex-comandante do Comando Territorial Independente de São Tomé e Príncipe, conhecia bem o arquipélago, as roças e os roceiros, com os quais convivera em altas jantaradas e almoçaradas, nas sedes das administrações. Spínola, não queria a independência desta ex-colónia e enviou-o com a missão de se juntar aos roceiros e liderar um golpe contra-revolucionário. Quando alertei Pires Veloso, da presença do inesperado oficial, envergando farda de militar de combate, ele já lhe tinha dado instruções para regressar no mesmo voo. "Já sei que ele aí está: vai já no mesmo avião. Não se preocupe". tendo-o obrigado a regressar no mesmo avião. Fui testemunha desse episódio
No seu livro “Vice-Rei do Norte - Memórias e Revelações, faz uma breve referência, mas é omisso em apontar o nome do oficial - E alude também à inesperada invasão dos colonos ao Palácio do Governo, que não estavam mentalizados para a inesperada independência, visto nas ilhas não ter havido a luta armada e os sinais existentes nas colónias de Moçambique, Angola e Guiné-Bissau
Pior do que isso, quando uma multidão furiosa de colonos invadiu aquele palácio para exercerem coação e insultarem o então coronel Pires Veloso, ao verem-me, ali nas imediações, passei eu a ser o mau da fita e das suas frustrações, correram todos imediatamente atrás de mim, como loucos, para me lincharem.
Independência- era a palavra de ordem mais ouvida nos comícios e manifestações de rua. E, nos cartazes, os slogans mobilizadores pautavam-se, sobretudo, por um claro e único objetivo, expresso em linguagem popular : “Independência total, çà cu pôvô mecê ” - Independência total é tudo o que povo quer. Os jovens ativistas da Associação Cívica, foram a principal força interventiva e consciencializadora durante o processo de descolonização –. Sem a sua coragem e o seu dinamismo, porventura, ainda hoje as duas ilhas, eram colónias, tal como sucede a outros territórios que estão nas mãos de 61 países
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