S. Tomé - Náufragos das canoas nos mares do Golfo da Guiné - Mais um episódio dramático de três pescadores dados como desaparecidos encontrados na Nigéria – Desde o tempo colonial que temos procurado acompanhar os seus dramas

                                            Jorge Trabulo Marques - Jornalista

Praia da Neves em S. Tomé  - Terra de pescadores

De vez em quando, o drama bate no coração dos bravos pescadores das canoas. Ou porque o tornado os arrasta e perdem a vista de terra ou porque se aventuraram ir à pesca demasiado afastados da sua ilha, e, como o pescado escasseia por via do assédio de frotas estrangeiras, já não conseguem retornar à sua praia. Ou por qualquer outro motivo que os surpreendeu e os impediu de completar a sua tão sacrificada faina do dia a dia. .

Estes os três pescadores da última odisseia

Desta vez, diz a STP-Press, que, os três pescadores santomenses, dados como desaparecidos, e depois encontrados na Nigéria, estão bem de saúde e em segurança, devendo regressar brevemente ao país.

Referindo que a informação foi avançada esta manhã, pelo chefe da repartição marítima da Capitania dos Portos, Maiker Madre Deus, que afirma que contactos já foram feitos junto do Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Embaixada são-tomense em Abuja, Nigéria, de modo que os pescadores possam regressar à casa, o mais rapidamente possível.

A fonte acrescenta que falou tanto com os pescadores como com as pessoas, as quais estão sob custódia, que garantiram que “estão bem de saúde e não correm perigo”.

Dois dos três pescadores residem em Neves e estão, neste momento, em Bayelsa, no sul da Nigéria, tendo sido resgatados no alto mar, depois de avaria no GPS, enquanto o outro que reside na Região Autónoma está em Port Hancourt, depois de ter sido recolhido por uma plataforma petrolífera, depois que sua canoa ficou sem combustível.

O DRAMA DOS CORAJOSOS HOMENS DAS CANOAS

Não há episódio mais dramático, que o protagonizado por náufrago. É tema, de ontem, de hoje e de sempre. Seja qual for o oceano, há em todas as águas, em todos os mares, vidas tragadas pela violência das vagas ou que sucumbem, vítimas da incerteza ou do desespero, do um atroz sofrimento da fome e da sede.

Só quem passou por essa terrível situação, sabe avaliar quão angustiosos são esses dias e noites de abandono e incerteza – Especialmente a bordo de uma frágil canoa – E, de facto, são muito frequentes os desaparecimentos de pescadores nas canoas, nos mares em torno destas maravilhosas Ilhas do Equador. De volta e meia, sucedem noticias destes dramas. Por vezes, com desfecho feliz, porém, mais das vezes, é o pescador que parte ou pescadores que partem da sua praia e nunca mais voltam