No dia 12 de Julho do corrente ano, S. Tomé
e Príncipe, completa 40 anos da sua independência. Uma data histórica, que o Povo
destas maravilhosas Ilhas vai recordar e festejar. Até agora, com os seus altos e baixos,
com as suas conquistas e adversidades. Com muito esforço e sacrifício. E também com muitas alegrias. Pois bem, esse mês, é também a data em que, Jorge Vacas, há 58 anos, desembarcava, ao largo da Baía Ana de
Chaves. É dos escassos portugueses – atual luso-santomense
– que não virou as costas aos novos desafios . Um dos mais louváveis exemplos
de integração. Que acreditou no futuro do jovem país, que soube sempre
respeitar as pessoas e integrar-se – Pois, também ele foi um dos explorados no tempo
colonial
Em São Tomé, quem não conhece Jorge
Vacas?!... Aquela expressão afável e sorridente,
que lhe é inata, quer na vida pessoal, quer na sua atividade comercial. Proprietário
da casa Luís & Fonseca, Lda, , situada no coração da cidade, uma das poucas
lojas do período colonial, que resistiu a ventos e a marés - Uma das mais
antigas e populares, onde ainda se vende tecido a retalho, adequada aos gostos e
às possibilidades dos santomenses. Embarcou
no navio Pátria, que partiu de Lisboa,
no dia 6 de Julho de 1957 às 11 horas da manhã, do Cais de Alcântara.
Natural do Vale, uma pequena aldeia do concelho de Mação. Tinha
14 anos. Era ainda um rapaz, filho de uma família humilde. Com ele, pouco mais de um pequeno farnel e um punhado
de sonhos. Vinha trabalhar para a loja do seu tio, a troco de quase uma esmola –
Aos domingos, ele e um grupo de amigos, demandam os recantos da costa da ilha,
onde as águas marulham em rolos de alvura de espuma, entre um azul celeste que
se estende mar fora e pelo infinito e um verde luxuriante que sobe quase abruptamente
pelas encostas, não tanto pelo gosto de nadar à superfície (para isso havia
praias mais acessíveis e menos arriscadas) mas para mergulhos de caça-submarina. Não apenas por desporto mas
também como forma de arranjarem mais uns
trocados, com a venda de peixe.
Quer os empregados do mato, quer do comércio,
ganhavam muito mal – O colonialismo abrangia também muitos portugueses, não se
confinava apenas aos negros, atingia também muitos brancos, que sentiam na pele
o acinte da exploração.
Entretanto,
dá-se o 25 de Abril, e, muitos portugueses começam a regressar a Portugal.– Um deles
foi o seu tio, que, não querendo continuar, propõe a
venda da loja ao sobrinho – Jorge, aceita o desafio. Dá-se depois a
independência, e a debandada dos colonos é quase geral.. Porém, um dos poucos que
entendeu que devia continuar, é justamente o homem, que ali chegara à Ilha, ainda
rapaz. Sempre se deu bem com o santomenses, achava que não tinha razões para
recear o futuro, e não voltou costas a esta maravilhosa terra, que, adotou como
segunda pátria, tendo já adquirido a dupla nacionalidade.
Reencontrei-me com ele, em Outubro passado,
aquando da minha estadia em S. Tomé, 39 anos depois. E, de facto, foi com muito
prazer que entrei na sua loja para o cumprimentar, reencontrar-me com um dos
meus compatriotas, com quem muitas vezes dialoguei e me cruzei, com quem dava
gosto conversar. E foi justamente a
mesma impressão que agora ali sentia. A mesma franqueza, a mesma frontalidade,
expressão cordial e simpática. Os anos deixam as suas marcas no rosto mas, pelo
que me apercebi, tornam ainda mais firmes, os espíritos determinados e corajosos,
as pessoas generosas e humanas, possuídas de bom carácter, que cultivam
valores de convivência e de fraternidade. Que sofreram na pele as agruras da vida, que
aprenderam a resistir às mais diferentes adversidades.
Jorge é um desses magníficos exemplos. De
convivência pacifica, de simplicidade e de reintegração num pais que abraçou
como seu. A sua
postura, perante os santomenses, foi sempre igual. quer no tempo em que foi modesto empregado de balcão, quer na qualidade de empresário.
Sim, foi das pessoas com quem tive muito gosto
em me reencontrar. Mostrou-me o bilhete da viagem no Pátria, que lhe custou
1500$00, muito dinheiro para quele tempo, que ainda guarda nos cadernos da suas recordações Disse-me que estava a escrever
um livro, e, pelo que me apercebi, talento literário não lhe falta, pois até me leu algumas belas páginas, nomeadamente,
passadas a bordo daquele velho paquete. O que lhe falta é tempo – diz - para o concluir:
devido aos afazeres profissionais. Mas
oxalá não desista e arranje um tempinho para o acabar.
HISTÓRIA - A notícia não é de agora mas vale a pena recordar
São Tomé: Victor Monteiro assume
protagonismo na defesa dos cidadãos dos PALOP
''É necessário lembrar, que, à data da
independência, nem todos cidadãos portugueses eram colonos. Não deixaram o
país. Alguns continuam aqui e estão aqui. Vivem connosco, como por exemplo, sr.
Victor Fotuoso, Jorge Vacas e não só [...].''. _ Defendia Victor Monteiro Agência Noticiosa STP-PRESS
2 comentários :
Grande Jorge! Um abraço para ti, aqui dos Vales. Tó Manel
Um grande abraço por tão amáveis palavras
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