
“EM MELHORES CONDIÇÕES PARA ASSEGURAR UM
MELHOR FUTURO – Disse o Presidente do Governo Regional
| Em 30 de Junho |
PRESIDENTE DA REPÚBLICA, PINTO DA COSTA –
IMPORTANTE PASSO PARA “O APROVEITAMENTO DAS POTENCIALIDADES TURÍSTICAS DO
PRÍNCIPE
O AEROPORTO DE S. TOMÉ E DO PRÍNCIPE - COM HISTORIAL DE VÁRIOS ACIDENTES -
Semana Ilustrada – Julho 1974 – Por Fernando
Cassandra
NOTÍCIAS DO PRÍNCIPE - Isto aconteceu
"Acho a meu ver que se esses ,chamados os
donos desta parcela de Portugal deixassem de calcar os calos aos pequenos ( chamados elementos de
instrumento de trabalho )e se preocupassem com coisas úteis para o Príncipe ...
como por exemplo a electrificação do aeroporto Jorge Gorgulho
Nunca mais aconteceria o que se deu no dia
19 deJu-, I nho, em que o avião que conduzia a S.Tome os Delegados da Junta de
Salvação Nacional teve que levantar voo pelas 19 boras auxiliado com luzes improprias...
Isto vi eu.
Chama-se isto grande progresso !!! –
Gostaria que alguém resolvesse esse
problema na medida que fosse possível, pois não há direito haver estádio iluminado e um aeroporto às
trevas."
Tanto a pista de S. Tomé, como
a do Príncipe, eram más no tempo colonial – No Príncipe, num dos voos de uma avioneta, esta ao fazer-se à pista, foi apanhada por um tronco de árvore, que, só por
milagre não a fez estatelar-se e não matou ninguém, apesar de a ter furado.
.
Porém, o acidente mais grave, ocorreu no aeroporto
de S. Tomé, numa 6ª feira, dia 23 de Novembro de 1962 - Quando cheguei, em Nov. de
1963, a S. Tomé, ainda estava bem fresca a memória do trágico acidente de um
avião militar, que, além dos doze militares da F.A, também transportava um grupo
de artistas, que vinham de uma "tournée", de Angola; recordo-me perfeitamente
de ouvir falar dessa tragédia – O avião
fez-se à pista pelo lado do mar mas, sendo a mesma muito curta, ultrapassou o
piso batido e acabou por explodir num coqueiral, logo a seguir, causando a morte de
todos os passageiros.
Porém, o acidente mais grave, ocorreu no aeroporto
de S. Tomé, numa 6ª feira, dia 23 de Novembro de 1962 - Quando cheguei, em Nov. de
1963, a S. Tomé, ainda estava bem fresca a memória do trágico acidente de um
avião militar, que, além dos doze militares da F.A, também transportava um grupo
de artistas, que vinham de uma "tournée", de Angola; recordo-me perfeitamente
de ouvir falar dessa tragédia – O avião
fez-se à pista pelo lado do mar mas, sendo a mesma muito curta, ultrapassou o
piso batido e acabou por explodir num coqueiral, logo a seguir, causando a morte de
todos os passageiros. | Repórter Jorge Trabulo Marques correndo para a avioneta sinistrada |
A avioneta
afocinhou a uma vintena de metros à minha frente. A pessoa que se vê no
primeiro plano da imagem à direita, sou eu a correr para junto da Tiger, mal
acabava de afocinhar. Um pouco mais à minha frente, correm dois
funcionários do aeródromo, com os extintores, prontos para apagarem os
primeiros sinais de fumo, que logo começaram a notar-se.
Encontrava-me no
local a fazer a cobertura para uma reportagem da revista de Luanda, Semana
Ilustrada, de que era seu delegado em São Tomé. Ainda hoje me interrogo, como
foi possível, a frágil aeronave, ao embater com um tal estrondo, com a
hélice e o motor sobre o duro asfalto da pista, não ter sucedido a quase
inevitável explosão. Houve muita sorte. Além do tripulante, teria havido
ali uma tragédia, já que os estilhaços, teriam certamente atingido as pessoas
que se encontravam junto à pista, eu teria sido uma delas – Felizmente, tudo
não passou de um grande susto – O bastante, no entanto, para a última
parte do festival, a mais aguardada, ter sido abruptamente ensombrada e
interrompida, não tendo permitido que fosse o corolário de um extraordinário
espectáculo aéreo, tal como até àquele momento, estava a decorrer.
Findo o
rali-aéreo, que tivera a participação dos novos pilotos, seguiram-se os
momentos mais aguardados do festival, com as várias acrobacias dos
pilotos veteranos: Alfredo Trindade, pilotando um Austim, o chefe
da pequena esquadrilha; Comandante Gromicho, a asa direita, num Tiger e o
Comandante Damião a asa esquerda, numa Piper Cub
E, na verdade,
mal os pequenos aparelhos se ergueram no espaço em voo rasante
sobre o traço retilíneo da pista, logo deixaram antever que o público ia
assistir às mais inconcebíveis demonstrações de voo e de perícia. E, de facto,
assim sucedeu, nos voos em grupo, com os três experimentados e hábeis
pilotos. Só que, quando chegou a altura dos voos isolados, de cada piloto
demonstrar, individualmente, as suas habilidades, aconteceu o inesperado: o
Tiger tripulado pelo Comandante Gromicho, que iniciava a fase apoteótica do
festival, ao fazer um voo de alto risco, picado e rasante,
afocinhou com a frágil avioneta, embatendo impetuosamente com a fuselagem
no solo, deixando-a totalmente amolgada e danificada, fumegante, em começo de
incêndio, cujo alastramento foi impedido pela pronta intervenção dos
extintores.
Houve algum
pânico. E houve quem desatasse a escapar-se do local, mas também houve (os
responsáveis pela segurança, pilotos, repórteres e outras entidades), sim, que
acorreram imediatamente em direção à avioneta acidentada. Confesso que
ainda hoje me interrogo, como, naquela tarde de um belo domingo equatorial,
o Comandante Gromicho (um dos pilotos que fazia regularmente as ligações,
entre as Ilhas de São Tomé e Príncipe), logrou sair com vida do pequeno Tiger –
Mas a explicação, em boa parte, ficou a dever-se à sua notável destreza e larga
experiência, fechando acto contínuo a bomba de gasolina, e, num ápice,
abrindo a porta e desembaraçando-se da modesta máquina voadora que
tripulava, sofrendo apenas umas ligeiras escoriações
.
PONTE ÁREA - S. TOMÉ - BIÁFRA
