Depois de vários acidentes na pequena
pista de 1200 metros na Ilha do Príncipe, mandada construir pelo Governador
Silva Sebastião, em 1968, e após um longo período de fortes constrangimentos
para as ligações e o seu desenvolvimento económico e social, eis que, finalmente,
o milionário do Grupo HBD, Mark Shuttleworth, o primeiro viajante turístico no espaço, leva
a cabo outro dos grandes sonhos da sua vida, após desembolsar 16 milhões de euros.
: “Em busca do Príncipe Perfeito, constrói
a nova pista do aeroporto da Ilha do Príncipe, que, com os seus 1800
metros de comprimento, reúne condições para receber aviões de médio porte.
A inauguração de tão importante
infraestrutura aeroportuária,
velha aspiração dos 8 mil habitantes da ilha
do Príncipe – e também um compreensível
desejo para quem ali aposta no seu
desenvolvimento económico, nomeadamente no turismo - , contou com a presença do
Presidente Manuel Pinto da Costa, a assim como de José Cassandra, Presidente do Governo
Regional da Ilha do Príncipe, bem como, entre outras entidades, de Nuno Rodrigues, Diretor da HBD
“EM MELHORES CONDIÇÕES PARA ASSEGURAR UM
MELHOR FUTURO – Disse o Presidente do Governo Regional
Em 30 de Junho |
José Cassandra, considerou que, com uma tal
infra-estrutura «Estamos em melhores condições hoje, mais do que ontem para continuarmos a
trabalhar e consolidar o sucesso do caminho que escolhemos em prol de um
Príncipe esperto, empenhado, confiante e solidário no contexto arquipelágico
nacional de que fazemos parte», , "a nova pista que
acabamos de inaugurar, vem não só ajudar a desencravar, a desagravar os custos
da dupla insularidade, mas também aumentar o fluxo de pessoas entre as ilhas
por um lado e por outro a ligação do Príncipe com a sub-região vai ser mais
fácil, a vinda de mais turistas para o Príncipe...consequentemente São Tomé e
Príncipe vai ganhar uma infraestrutura aeroportuária... para permitir o
desenvolvimento que nós aqui pretendemos ".
PRESIDENTE DA REPÚBLICA, PINTO DA COSTA –
IMPORTANTE PASSO PARA “O APROVEITAMENTO DAS POTENCIALIDADES TURÍSTICAS DO
PRÍNCIPE
O Presidente da República Manuel Pinto da
Costa, no seu discurso, frisou que «A pista agora substancialmente ampliada e com
pavimento de boa qualidade corrige em boa medida os problemas de segurança para
aterragem e descolagem de aviões. Ela promove o aproveitamento das
potencialidades turísticas do Príncipe, amplamente internacionalizadas, desde
que a UNESCO conferiu a região o estatuto de reserva mundial da biosfera»,.
O AEROPORTO DE S. TOMÉ E DO PRÍNCIPE - COM HISTORIAL DE VÁRIOS ACIDENTES -
Semana Ilustrada – Julho 1974 – Por Fernando
Cassandra
NOTÍCIAS DO PRÍNCIPE - Isto aconteceu
"Acho a meu ver que se esses ,chamados os
donos desta parcela de Portugal deixassem de calcar os calos aos pequenos ( chamados elementos de
instrumento de trabalho )e se preocupassem com coisas úteis para o Príncipe ...
como por exemplo a electrificação do aeroporto Jorge Gorgulho
Nunca mais aconteceria o que se deu no dia
19 deJu-, I nho, em que o avião que conduzia a S.Tome os Delegados da Junta de
Salvação Nacional teve que levantar voo pelas 19 boras auxiliado com luzes improprias...
Isto vi eu.
Chama-se isto grande progresso !!! –
Gostaria que alguém resolvesse esse
problema na medida que fosse possível, pois não há direito haver estádio iluminado e um aeroporto às
trevas."
Tanto a pista de S. Tomé, como
a do Príncipe, eram más no tempo colonial – No Príncipe, num dos voos de uma avioneta, esta ao fazer-se à pista, foi apanhada por um tronco de árvore, que, só por
milagre não a fez estatelar-se e não matou ninguém, apesar de a ter furado.
.Porém, o acidente mais grave, ocorreu no aeroporto
de S. Tomé, numa 6ª feira, dia 23 de Novembro de 1962 - Quando cheguei, em Nov. de
1963, a S. Tomé, ainda estava bem fresca a memória do trágico acidente de um
avião militar, que, além dos doze militares da F.A, também transportava um grupo
de artistas, que vinham de uma "tournée", de Angola; recordo-me perfeitamente
de ouvir falar dessa tragédia – O avião
fez-se à pista pelo lado do mar mas, sendo a mesma muito curta, ultrapassou o
piso batido e acabou por explodir num coqueiral, logo a seguir, causando a morte de
todos os passageiros.
Repórter Jorge Trabulo Marques correndo para a avioneta sinistrada |
A avioneta
afocinhou a uma vintena de metros à minha frente. A pessoa que se vê no
primeiro plano da imagem à direita, sou eu a correr para junto da Tiger, mal
acabava de afocinhar. Um pouco mais à minha frente, correm dois
funcionários do aeródromo, com os extintores, prontos para apagarem os
primeiros sinais de fumo, que logo começaram a notar-se.
Encontrava-me no
local a fazer a cobertura para uma reportagem da revista de Luanda, Semana
Ilustrada, de que era seu delegado em São Tomé. Ainda hoje me interrogo, como
foi possível, a frágil aeronave, ao embater com um tal estrondo, com a
hélice e o motor sobre o duro asfalto da pista, não ter sucedido a quase
inevitável explosão. Houve muita sorte. Além do tripulante, teria havido
ali uma tragédia, já que os estilhaços, teriam certamente atingido as pessoas
que se encontravam junto à pista, eu teria sido uma delas – Felizmente, tudo
não passou de um grande susto – O bastante, no entanto, para a última
parte do festival, a mais aguardada, ter sido abruptamente ensombrada e
interrompida, não tendo permitido que fosse o corolário de um extraordinário
espectáculo aéreo, tal como até àquele momento, estava a decorrer.
Findo o
rali-aéreo, que tivera a participação dos novos pilotos, seguiram-se os
momentos mais aguardados do festival, com as várias acrobacias dos
pilotos veteranos: Alfredo Trindade, pilotando um Austim, o chefe
da pequena esquadrilha; Comandante Gromicho, a asa direita, num Tiger e o
Comandante Damião a asa esquerda, numa Piper Cub
E, na verdade,
mal os pequenos aparelhos se ergueram no espaço em voo rasante
sobre o traço retilíneo da pista, logo deixaram antever que o público ia
assistir às mais inconcebíveis demonstrações de voo e de perícia. E, de facto,
assim sucedeu, nos voos em grupo, com os três experimentados e hábeis
pilotos. Só que, quando chegou a altura dos voos isolados, de cada piloto
demonstrar, individualmente, as suas habilidades, aconteceu o inesperado: o
Tiger tripulado pelo Comandante Gromicho, que iniciava a fase apoteótica do
festival, ao fazer um voo de alto risco, picado e rasante,
afocinhou com a frágil avioneta, embatendo impetuosamente com a fuselagem
no solo, deixando-a totalmente amolgada e danificada, fumegante, em começo de
incêndio, cujo alastramento foi impedido pela pronta intervenção dos
extintores.
Houve algum
pânico. E houve quem desatasse a escapar-se do local, mas também houve (os
responsáveis pela segurança, pilotos, repórteres e outras entidades), sim, que
acorreram imediatamente em direção à avioneta acidentada. Confesso que
ainda hoje me interrogo, como, naquela tarde de um belo domingo equatorial,
o Comandante Gromicho (um dos pilotos que fazia regularmente as ligações,
entre as Ilhas de São Tomé e Príncipe), logrou sair com vida do pequeno Tiger –
Mas a explicação, em boa parte, ficou a dever-se à sua notável destreza e larga
experiência, fechando acto contínuo a bomba de gasolina, e, num ápice,
abrindo a porta e desembaraçando-se da modesta máquina voadora que
tripulava, sofrendo apenas umas ligeiras escoriações
.
PONTE ÁREA - S. TOMÉ - BIÁFRA
O avião, que se vê na imagem a levantar voo, fez parte da famosa ponte aérea com o Biafra, levantando voo da
pista do aeródromo civil de São Tomé, a outra é a de um artigo, igualmente de
minha autoria, chamando atenção para o péssimo estado da aerogare - No primeiro
plano, ao fundo do texto, o avião que fazia semanalmente a ligação com
Angola, uns metros à frente do velho hangar onde estavam estacionados dois
caças do Biafra, sem as asas - Lá mais ao fundo, podem ver-se, também, os
velhos constellations da ponte humanitária.
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