Contributos para a História de S. Tomé e
Príncipe – Ironia das ironias – Um ano depois de Portugal ter expulsado os servidores
da Dinastia Filipina de Castela, graças a um punhado de valentes “conjurados”,
eis que é um pequeno grupo de soldados castelhanos, comandados pelo capitão Português, João de
Sousa e Távora, a oferecem resistência à invasão holandesa, composta por uma armada de 12 barcos, que desembarcaram junto à praia Almoxarife, em Santana, na Ilha de S. Tomé - Enquanto 200 soldados
lusos, desorganizados, temerosos e mal comandados, se acovardaram e refugiavam na
fortaleza de S. Sebastião, no atual Museu Histórico, eram os sobreviventes de um barco espanhol, atacado e destroçado por franceses, junto à praia das Conchas, que, então feitos prisioneiros, se ofereceram para, a troco da liberdade, resistirem ao avanço holandês sobre a cidade - Pormenores mais à frente
Segundo documentos históricos, a guerra
Luso-Holandesa, começa com um ataque a S. Tomé e Príncipe em 1597 - Lê-se em Guerra Luso-Holandesa –
No entanto, a grande invasão ocorreria apenas em 1641, um ano depois da Restauração de Portugal, do jugo Filipino, cujo Império ficaria bastante fragilizado, devido ao forçado domínio das cortes espanholas – Tanto assim, que, na altura em que os holandeses, invadiram S. Tomé, com uma guarnição de 12 navios, na praia do Almoxarife, em Santana, curiosamente, até seria um pequeno grupo de soldados castelhanos, a oferecem a alguma resistência à invasão holandesa – Não porque, ali permanecessem, mas porque - segundo um texto do Padre José Esteves Luís (claretiano) (1927-1975)que mais adiante, vou transcrever da Revista Semana Ilustrada, de que fui seu correspondente nestas Ilhas - , sim, isto, porque, uns dias antes daquela invasão, tendo um navio espanhol sido atacado e desmantelado por outro francês na praia das conchas, os soldados deste navio, saltando ali em terra, foram presos e encarcerados. Porém, “ao saberem do ataque dos holandeses, espontaneamente se ofereceram para combate-lo, comandados pelo capitão de João de Sousa e Távora, filho do grande Lourenço Pires de Távora. Enquanto, Miguel Pereira, senhor da ilha de grandes riquezas, nada tendo de militar ou de valor, encerrou-se na fortaleza se S. Sebastião com duzentos soldados, tão falhos de instrução como ele.”
No entanto, a grande invasão ocorreria apenas em 1641, um ano depois da Restauração de Portugal, do jugo Filipino, cujo Império ficaria bastante fragilizado, devido ao forçado domínio das cortes espanholas – Tanto assim, que, na altura em que os holandeses, invadiram S. Tomé, com uma guarnição de 12 navios, na praia do Almoxarife, em Santana, curiosamente, até seria um pequeno grupo de soldados castelhanos, a oferecem a alguma resistência à invasão holandesa – Não porque, ali permanecessem, mas porque - segundo um texto do Padre José Esteves Luís (claretiano) (1927-1975)que mais adiante, vou transcrever da Revista Semana Ilustrada, de que fui seu correspondente nestas Ilhas - , sim, isto, porque, uns dias antes daquela invasão, tendo um navio espanhol sido atacado e desmantelado por outro francês na praia das conchas, os soldados deste navio, saltando ali em terra, foram presos e encarcerados. Porém, “ao saberem do ataque dos holandeses, espontaneamente se ofereceram para combate-lo, comandados pelo capitão de João de Sousa e Távora, filho do grande Lourenço Pires de Távora. Enquanto, Miguel Pereira, senhor da ilha de grandes riquezas, nada tendo de militar ou de valor, encerrou-se na fortaleza se S. Sebastião com duzentos soldados, tão falhos de instrução como ele.”
S. TOMÉ E PRÍNCIPE VÁRIOS ANOS – SOB O DOMÍNIO HOLANDÊS – SÉCULO E MEIO DEPOIS
DE TEREM SIDO “EXPLORADAS” PELOS PORTUGUESES - SIM, ESTE É O TERMO CORRETO
Fortaleza de S. Sebastião - atual Museu Histórico |
Ruínas da Fortaleza de S. Jerónimo |
“A
História das Navegações tem pecado por
ter sido escrita, por vezes, por quem desconhecia a Arte Náutica – Diz o
Almirante Gago Coutinho, em “A Náutica dos Descobrimentos, referindo-se à
viagem que precedeu à de Álvares Cabral, ao Brasil, diz, que, naquela época, tal como é dito no
livro “Esmeraldo” a palavra “descobrir” tem o sentido de explorar, pelo que admite tratar-se de “exploração”, confiada a Duarte Pacheco, de uma costa
que já fora achada antes de 1498. Seria serviço análogo àquele que o mesmo Duarte Pacheco conta ter,
anteriormente, prestado a D. João II, quando fora encarregado de “descobrir
muitos lugares e rios da costa da guiné”, pois já fora “achada” muito antes, no
tempo de D. Afonso Henriques".
(...) "Assim, quando em Março de 1500, a esquadra de Cabral partiu de Lisboa para a Índia, a existência no Atlântico Sul de terras a ocidente da África era, sem dúvida, um segredo de Polichileno: todos o conheciam . Aquelas teriam sido descobertas pelo menos dois anos antes."
(...) "Assim, quando em Março de 1500, a esquadra de Cabral partiu de Lisboa para a Índia, a existência no Atlântico Sul de terras a ocidente da África era, sem dúvida, um segredo de Polichileno: todos o conheciam . Aquelas teriam sido descobertas pelo menos dois anos antes."
Bom, mas referindo-me à invasão dos
Holandeses, como explicar que um
pequeno país, quase afogado pelo mar, lograsse ser uma das maiores potências coloniais,
com ataques de pirataria em todos os
mares, apoderando-se de territórios já “descobertos”
por Espanha, Inglaterra e Portugal e passasse a ter o domínio do comércio das
especiarias no oriente ? – Sim, é que. além de, em determinada altura, terem sido
ajudados por forças Inglesas,
rivais de Espanha e livres da aliança que os ligava aos portugueses durante a
União Ibérica, pois é de crer que a explicação, desse domínio, assentasse, essencialmente, quer no facto de se terem servido de
informações náuticas dos portugueses, quer, sobretudo, devido ao enormíssimo erro histórico da expulsão dos judeus, que a Holanda acolheu e soube aproveitar - Mas vamos então ao interessantíssimo artigo, publicado na revista Semana Ilustrada, de autoria do Padre José Esteves Luís que, tal como o Padre António Ambrósio,
eu tive o grato prazer de conhecer, os quais, além de terem desenvolvido uma
apaixonante missão evangélica, em S. Tomé e Príncipe, também se debruçaram,
desde os fundos mais recuados da história destas maravilhosas ilhas, até à
atualidade.
PARA A HISTÓRIA DE S. TOMÉ - POR JOSÉ ESTEVES LUIS
"Esta palavra picão é mais ou menos equivalente ao que o
povo designa por oquê. Há no entanto alguma diferença.: enquanto que oquê da
linguagem popular é uma elevação ou cabeço continuado por uma planície, haja em
vista oquê del rei. Oquê Boi; picão é um cabeço cujo cume é, relativamente de pequenas dimensões ,e que, elevando-se
mais abruptamente, se presta mais à defesa. Temos o picão de Santana, detrás e
por cima da igreja paroquiai, o picão, onde em 1867 se construiu o cemitério da
cidade.
Visita do Governador Cecílio Gonçalves a Santana |
Igreja de Santana |
Mas vejamos algo da sua interessante história.
Os holandeses senhores da costa do Brasil, ocupando em consequência também Angola, , julgaram necessária a posse de S. Tomé por duas razões: senhores do açúcar do Brasil, apoderando-se de mais esta fonte de apreciado produto, ficavam senhores do comércio da Europa; depois a Ilha serviria de ponto de apoio e abastecimento dos navios que, conduzindo de Angola e Congo os barcos necessários aos engenhos da América, aqui fariam a última escala
Em Outubro de 1641 à
vista da Ilha apareceram 12 barcos, que dirigindo-se para o sul, foram
desembarcar tropas de infantaria na praia do Almoxarife, em Santana
Os desembarcados, sem
resistência alguma, pela beira mar,
dirigiram-se para a cidade. Na Água Grande da Praia Melão (Manuel Jorge)
encontram a barra-lhes a passagem um pequeno
destacamento de soldados, castelhanos quase todos. Dias antes, estes soldados,
tendo o navio espanhol sido atacado e desmantelado por outro francês na praia
das conchas, saltando ali em terra, foram presos e encarcerados. Agora, ao
saberem da ataque dos holandeses,
espontaneamente se ofereceram para combate-lo.
Comandava este pequeno
grupo o capitão de João de Sousa e Távora, filho do grande Lourenço Pires de
Távora.
No entanto, na cidade, ao
saberem do desembarque e ao avistarem a
armada holandesa na baía, havia grande
perturbação e embaraço. Miguel Pereira, governador da eleição popular por ser
sobrinho do titular morto e senhor da ilha de grandes riquezas, nada tendo de
militar ou de valor, encerrou-se na fortaleza se S. Sebastião com duzentos soldados,
tão falhos de instrução como ele. Os moradores, na sua maior parte, com fazendas e famílias refugiaram-se no
mato. Os mais valentes e levados pelo exemplo do Capitão de João de Sousa e
Távora, ainda organizaram duas companhias de paisanos, faltos de prática e
comando, que se dirigiram ao cotado rio da praia Melão. No caminho tiveram
conhecimento de que o João de Sousa se ia retirar e por isso voltaram para a
cidade e debandaram para os matos. O
valente e decidido capitão, depois de
combater por algum tempo e sabendo da
retirada dos soldados de socorro, recuou para a povoação e foi fortificar-se
com os companheiros no Pico da Conceição. Ali construiu umas trincheiras de terra batida. Não, tendo, porém, artilharia
nem munições , teve de bater em retirada ao ser atacado pelos holandeses
senhores já da cidade.
Fortaleza de S. Sebastião - Atual Museu Nacional |
Terminado o forte em 1643
nele se instalou a guarnição portuguesa enquanto os holandeses
continuavam na fortaleza de S. Sebastião. De princípio houve luta, reduzida a
frequentes rebates· e bombardadas entre os holandeses da fortaleza e os
portugueses que dominavam a cidade. Passado pouco tempo consertou-se um modus
vivendi. Acabaram as hostilidades e os
holandeses vinham fazer feira até à
capela de S. Sebastião. Os moradores
voltaram à cidade, os soldados
portugueses foram licenciados, o forte português desguarnecido de
militares
De repente o general batavo mandou a Lourenço Pires de Távora um
ultimato que expiraria às 4 horas da tarde de Dezembro de 1644. O governador
português era intimado e demolir o forte dentro de horas, podendo no entanto
levar a artilharia e as suas munições . Lourenço Pires de Távora apanhado de
surpresa ainda quis entreter o holandeses
com respostas evasivas e
interessar os habitantes na defesa; mas nem aquele admitiu delongas, nem estes
estiveram para incomodar-se. Assim o
governador cheio de amargura procurou
esconder as munições e enterrar a
artilharia e incerto do futuro e a mercê aos inimigos , retirou-se
'para a fazenda do Ilhéu de Santo Amaro.
O forte foi demolido e nunca mais serviu para fins militares. Na imaginação do
povo ficou a sua ideia associada a dos
holandeses, de onde o nome de Forte dos Holandeses e o nome da Roça,
Arraial dos portugueses·
Pelos anos de 1870,
pertencendo esta roça ao Estado, foi
entregue à guarnição para ser horta militar contribuindo assim para o sustento da mesma. Achando-se também muito mal servida a cidade de instalações
hospitalares, tratou-se de escolher local para o novo edifício . U dos lugares
estudados e que tiveram o interesse da comissão, para isso nomeada, foi o alto
do Picão ou Forte dos Holandeses, como era conhecido. Só não foi preferido por
ao lado dele se encontrar um grande pântano. O cabeço histórico acabou, já nos
nossos dias, por ser arrasado para fazer desaparecer este e outros charcos que
rodeavam a cidade.
Pe. José Esteves Luis
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