Dom Manuel dos Santos, Bispo de São Tomé,
habitual colaborador da Rádio Renascença, nas orações de manhã à quarta-feira, vai
estar hoje em Setúbal, nesta Terça Feira, dia 6, para o lançamento oficial do
seu mais recente livro de poesia - -Aqui Onde Estou os Sonhos são Verdes
Depois de ter sido apresentado, em Fátima,
no passado dia 25, a um grupo de pessoas
amigas, e, no dia 4 de Outubro, pelo Frei Fernando Ventura, no seminário dos Carvalhos, agora é a
vez da editora fazer a apresentação oficial na capital do Sado: pelo Padre Sívio
Couto, pároco da Moita e pela Profª
Isaura Carvalho, que se referirá aos aspetos santomenses, que caracterizam a
obra poética do Poeta e carismático
Pastor - Um português, nascido em São
Joaninho, concelho de Castro Daire, mas que,
desde há vários anos, faz das ilhas de São Tomé e Príncipe, ama e abraça, como terra sua, fazendo da sua aldeia e destes
espaços, os lugares mais marcantes da sua vida
(Actualização) Imagem- Nesta Terça-feira, ao fim da tarde, em Setúbal -- Perante uma sala, completamente cheia, Dom Manuel dos Santos - Bispo de São Tomé - Lendo o poema: O Meu País é Aqui , durante a apresentação da sua mais recente obra poética, com o título: - Aqui Onde Estou Os Sonhos São Verdes, editada pela Chiado Editora, que teve lugar na Galeria Municipal do Banco de Portugal
“Quem conheceu as roças no período colonial e voltar a olhar para elas, a diferença é gigantesca – Disse Isaura Carvalho, ao referir-se a um dos poemas de Dom Manuel dos Santos, intitulado Roça, frisando que, na opulência de outrora, hoje encontramos espaços abandonados, habitados por gentes que estão esquecidas quase do mundo” – “É esta realidade, que o Sr. Bispo, Dom Manuel dos Santos, também conhece, a que também dedicou a seu tempo um poema”– Lido pelo próprio durante a cerimónia de apresentação, na Galeria Municipal do Banco de Portugal, em Setúbal, ao fim da tarde do dia, 6 de Outubro.
(Actualização) Imagem- Nesta Terça-feira, ao fim da tarde, em Setúbal -- Perante uma sala, completamente cheia, Dom Manuel dos Santos - Bispo de São Tomé - Lendo o poema: O Meu País é Aqui , durante a apresentação da sua mais recente obra poética, com o título: - Aqui Onde Estou Os Sonhos São Verdes, editada pela Chiado Editora, que teve lugar na Galeria Municipal do Banco de Portugal
“Quem conheceu as roças no período colonial e voltar a olhar para elas, a diferença é gigantesca – Disse Isaura Carvalho, ao referir-se a um dos poemas de Dom Manuel dos Santos, intitulado Roça, frisando que, na opulência de outrora, hoje encontramos espaços abandonados, habitados por gentes que estão esquecidas quase do mundo” – “É esta realidade, que o Sr. Bispo, Dom Manuel dos Santos, também conhece, a que também dedicou a seu tempo um poema”– Lido pelo próprio durante a cerimónia de apresentação, na Galeria Municipal do Banco de Portugal, em Setúbal, ao fim da tarde do dia, 6 de Outubro.
Com efeito, a Roça é o termo da grande
propriedade de cacau do período colonial, que surge naturalmente associado às
Ilhas de São Tomé e Príncipe – No Brasil, a palavra roça também é usada e serve
de tema para o cinema e a literatura, mas tem outra simbologia: pode significar tanto o próprio terreno de cultivo,
pequena parcela familiar, como o ato de trabalhar na roça. – Porém, é nas Ilhas
Verdes do Equador, que a sua conotação é mais forte: além de ter significado
poder e riqueza de cacau e café, e más memórias de escravidão, traduzia também
a expressão do grande latifúndio à semelhança da grande propriedade alentejana
Por isso mesmo, as roças de São Tomé e Príncipe continuam a ser tema
inspirador na poesia santomense – Quer no tempo colonial, como agora – Mas, que se sabia, mesmo nos áureos tempos da exploração do cacau e do café, não
se conhecem versos que as deifiquem - Agora, pelos vistos, num tempo em que se
encontram bastante descaracterizadas, nomeadamente a nível de edifícios e estruturas
tecnológicas, na sua quase generalidades, em ruínas, esquecidas e
irreconhecíveis, também não deixam de
ser pano de fundo inspirador, tanto para analistas, como para poetas e
escritores - E foi justamente o que se passou com Dom Manuel dos Santos.
No tempo Colonial, Fernando Reis, intitulou um dos seus
romances de “A Roça” – Da qual foi feito até um folhetim radiofónico: trabalhava
eu como empregado de mato, na Roça Rio do Oiro, atual Roça Agostinho Neto, da
Sociedade Agrícola Vale Flor, quando, no refeitório e à hora de jantar, a dita novela se ouvia numa telefonia ali
colocada – Era seguida com muita atenção e a razão era simples de explicar:
porque surgia associada à realidade: nem a endeusava nem a diminuía – Quem trabalhava
na roça ou conhecia o seu ambiente, facilmente se identifica em múltiplos
aspetos, como enredo do folhetim radiofónico –Daí o seu êxito, mesmo junto da
população.
Na Roça
Na roça o sol põe-se mais cedo
Na roça o ossobó canta mais cedo
Na roça o choro entristece mais cedo
Na roça o sono chega mais cedo
Na roça as palavras são mais cansadas
Na roça os sonhos são mais pequenos
Na roça as noites demoram a apagar-se
Na roça as mulheres dormem acordadas
Excerto – Poema de Dom Manuel dos Santos
Isaura de Carvalho saudada por Dom Manuel, após apresentação |
“Encontrei umas folhas, com uns poemas
seus, mas isso tem de ser publicado” Disse, um dia, Alda Graça Espírito Santo, a Dom Manuel dos
Santos. A grande matriarca da poesia santomense, que faleceu a 10 de Março de
2010, já não pôde assistir à publicação de nenhum dos livros do Bispo de São
Tomé e Príncipe, mas foi ela que o estimulou a editá-los, que saíssem do anonimato
dos seus cadernos – E também do seu computador para onde agora vai como que
debitando os seus momentos de inspiração, numa espécie de diário poético: não
apenas de cariz eminentemente bíblico e espiritual
mas também sobre os mais diversos temas do quotidiano e recordações, nomeadamente de das terras que o viram nascer.
Tal como é dito, no prefácio do livro “Momentos
de Verde e Mar”, autor de poemas que “evocam sentimentos íntimos do poeta e retratam
a sua a subjectividade do seu mundo
interior que ora se encontra muito próxima
do real ora se afasta dele para se recolher na intimidade das palavras” Ou, tal como é escrito, em
Poemas de Fé de Vida e Fé, pelo Fr. Fernando Ventura: “Não tendo medo das
palavras nem dos afectos encontrados na vida e na história, o autor dá às
palavras o gesto sereno da contemplação vivida, o som profundo das sonoridades
da África, o gosto do mar das ilhas e das gentes de um país à espera de si
próprio e do seu futuro, um futuro que tarda em chegar, num presente que é um
«ainda não» mas que permite abrir o coração do poeta ao ininteligível da
esperança no leve-leve de um devir que se faz tarde.
Percorrer este livro, é ir ao encontro do
mar, da paisagem que a ilha aperta mas que o mar alarga, é ouvir a voz do
cacaueiro, o riso da fruta-pão, é abrir a alma ao perfume da flor do café, à
segurança do embandeiro que resiste ao tempo, ao colorido do vozear das
crianças, ao marulhar do oceano que abraça feliz a areia da praia só
contaminada pela ignomínia indizível dos assassinos dos sonhos.
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