
“Os moto-taxistas, ou
motoqueiros - como são conhecidos nas ilhas - têm sido as principais vítimas.
Imprudência no trânsito e falta de carta de condução são apontadas como
principais causas dos acidentes.” – E, no tempo colonial, como era? – Eram e
continuam a ser a grande atração dos jovens. Mas, naquele tempo, havia boas
marcas e boas motos, mas só uma minoria as podia comprar. Hoje são o meio de
transporte mais popularizado – Porém, o acidente, mais brutal e espetacular,
aquele que mais chocou a sociedade colonial e também a população santomense,
foi o que ocorreu num carro ligeiro, que ceifou a vida do Jovem Emídio Correia,
estudante liceal, nascido no Algarve, mas que ali residia, com os seus pais,
desde adolescência
.
O LEVE-LEVE NÃO CIRCULA
NAS ESTRADAS
"Uma problema de saúde pública"
Referem noticias que "O cirurgião e diretor dos
cuidados da saúde, Pascoal d’Apresentação, já perdeu a conta aos casos de
acidentes lhe chegaram as mãos. Este médico diz que, tendo em conta que os
mortos ou mutilados são, na sua maioria, jovens, esta situação afeta também a produtividade
do país: “Por essa razão consideramos este um problema de saúde pública” 04/09/2013. Aumento de acidentes de viação preocupa São Tomé e ..
O PORQUÊ DOS BRUTAIS
ACIDENTES NA ESTRADA – QUE O HOMEM DA
PEDRA LASCADA AINDA NEM SEQUER IMAGINAVA
– O próprio Vaticano, também, já por várias vezes, manifestou a sua preocupação
e fez a sua análise – Numa das quais numa mensagem dirigida aos leitores do
«L’Osservatore Romano» pelo padre Gino Concetti« - que questiona e diz: “Não
se podem transformar as estradas, meios de comunicação e solidariedade, de
desenvolvimento e civilização em lugares de luto e de lágrimas».
Deu-se uma fratura ética que mudou a situação: «Enquanto o horizonte antropológico estava unido estreitamente à visão da pessoa humana (...) as opções em relação à vida conservavam”
O ACIDENTE – QUE HÁ, 42
ANOS, IMPRESSIONOU BRANCOS E NEGROS – E OS LEVOU A SOLIDARIZAREM-SE NO MESMO
FUNERAL

Foi notícia, na revista
Semana Ilustrada, cujo relato e imagens, hoje trago aqui, em mais um episódio
das minhas antigas memórias de jornalista, naquelas Ilhas – Acidente esse, que,
em minha opinião, além do grande impacto
e consternação geral que provocou, transversalmente, desde brancos a negros, se revelou
como um dos mais profundos testemunhos de convivência, entre colonos e os
santomenses, nomeadamente, nos meios urbanos, que progressivamente passou a
existir nos anos seguintes ao terrível e
conturbado período do Governador Carlos Gorgulho.
E, se houve alguns avanços,
foi mais a nível das mentalidades – Não tanto pela evolução do sistema colonial,
porque, este, há muito estava condenado pela história e, mesmo assim, teimava
persistir sob diferentes roupagens, aprisionado por uma politica incapaz de ler
os sinais dos novos tempos, de perspetivar o futuro, cega e tacanha, divorciada
do nos ventos que sopravam, a favor da liberdade e da independência dos povos
colonizados.
O ACIDENTE NA ESTRADA QUE
FOI QUASE UM DIA DE LUTO GERAL EM S. TOMÉ
Eis o que então escrevi: "Fim-de-semana marcado a sangue e molhado
com lágrimas. Eram cerca das vinte horas de sábado quando o jovem Emídio de
Jesus da Conceição Correia, com apenas vinte anos de idade, estudante liceal,
sétimo ano, natural de Estombar -
Algarve, filho de Alvarina de Jesus Correia e David da Conceição Correia,
tripulava uma viatura “Datsun” ma estrada que liga a Pousada Salazar à cidade
de São Tomé. Naquele estabelecimento estivera em alegre convívio com pessoas
amigas e alguns turistas estrangeiros, após o que se propusera regressar à
urbe. Numa das poucas rectas a escassos quilómetros de São Tomé e em local
devidamente iluminado , foi embater, sem esboçar sequer a travagem, com uma
camioneta que estava estacionada à berma da rodoviária, tendo dois terços da
carroçaria sobre o passeio,
Presume-se que o condutor do automóvel, o infeliz Emídio Correia, viesse distraído e a certa velocidade, poia
que o embate fez ligar o motor da camioneta que marchou alguns metros. A
viatura do Emódio ficou literalmente desfeita, e, do acidente brutal, resultou
a morte deste jovem. O companheiro que
com ele seguia ficou em estado grave.
O funeral que se realizou na tarde de
segunda-feira, pelas quinze horas, constituiu enorme manifestação de pesar e congregou centenas de pessoas e
inúmeras viaturas automóveis no cortejo
fúnebre,
Mais uma acidente que na sua brutalidade ceifou
uma vida em pleno desabrochar. Os ímpetos da juventude e uma menor
responsabilidade transformaram a alegria repousante de um fim-de-semana numa
tragédia para a família da vítima.
Que todos os jovens – e aqueles que já o
não são – meditem nestas repetidas e
lamentáveis ocorrências e vejam nos
outros a imagem que as loucuras de “carregar no prego” podem acarretar. E quase
sempre assim acontece, mais cedo ou mais tarde
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