expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Em S. Tomé – Descoberta histórica – Inscrição (parcial) da divisa do Infante D. Henrique , em Pedra, na orla marítima, voltada a Norte (TALANT DE) BIEN FAIRE, atual divisa da Escola Naval que poderá ter sido gravada pelos primeiros navegadores portugueses das caravelas, atendendo às excelentes condições de aportagem do local



Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador



(com novas imagens actualizadas)



Descoberta de antiga inscrição numa pedra, na orla marítima,  que poderá ter sido feita  por navegadores portugueses das caravelas, atendendo às excelentes condições de aportagem do local -  Outros achados em pedra poderão também relançar a origem do povoamento ancestral da Ilha através de canoas ou por outras embarcações – “Angolares” os temários do mar, vindos nas suas canoas do sul do Reino do Congo?  

(depois não deixe de ler a descoberta de um machado do neolítico, em S. Tomé, nos foinais do século XIX, referida numa obra de autoria de Júlio A. Guimarães http://www.odisseiasnosmares.com/2016/01/tome-descoberta-de-machado-do-
neolitico.html )






Ermelinda de Jesus Lima, - 20-02-2016
O ACHADO  HISTÓRICO QUE FALTAVA  



Quando os  primeiros navegadores portugueses chegavam a uma terra até então desconhecida costumavam gravar nalguma grande árvore ou pedra «este motto do Infante, Talent de Bien Faire» diz Armando Cortesão – –– Depois de um antiga espada e um antigo punhal, eis alguns carateres da famosa  divisa do Infante D. Henrique - Não é a lendária “Pedra de Dighton”, com inscrições atribuídas a Corte Real, nas costas da Nova Inglaterra, em 1511, mas poderá vir a sê-lo no futuro.
-

(20-02-2016)Grupo de estudantes de Medicina, da Universidade da Cova da Beira, da Faculdade de Ciências de Saúde, maravilhadas com a Bien Faire - BEM FAZER



A pedra foi encontrada por mim e um santomense, em Agosto, do ano passado. Trata-se de uma antiga inscrição (parcial),  da divisa do Infante D. Henrique, atual divisa da Escola Naval “TALANT DE BIEN FAIRE” –– A pedra, em basalto, já está muito esboroada e  desgastada, faltam-lhe  alguns pedaços, pelo que, a inscrição, já não está completa – Mas lê-se perfeitamente BI – o E está reconhecível mas depois   nota-se perfeitamente o N e o F , subentendendo-se que pudesse ser FAIRE  


Com o Cosme Pires dos Santos
Se bem que   a confirmação da descoberta, só uma análise laboratorial da rocha o poderá permitir, porém esta minha convicção baseia-se na gravação  das letras (duplo traço, denotando ser inscrição muito antiga) e  pelo facto desta se situar  numa colina sobranceira ao mar e num local de águas calmas e profundas, propícias à aproximação e acostagem de embarcações de grande porte.


EXPLICAÇÃO DADA PELA MARINHA PORTUGUESA QUE FAZ DA DIVISA DO INFANTE D. HENRIQUE,  TAMBÉM O SEU GLORIOSO LEMA

Pedra de Dighton
 Ermelinda de Jesus Lima,Coronel Vitor Monteiro e  Alexandre Sousa
Evaristo Carvalho - Fev 2016
Tem a Escola Naval como divisa a expressão “talant de bien faire”, reproduzindo o que já fora o lema do Infante D. Henrique, seu superior patrono. Conhece-se esta expressão usada pelo distinto filho rei D. João I, inspirador das primeiras navegações oceânicas portuguesas, de monta, que conduziram os nossos navios até à região da Guiné, explorando os arquipélagos atlânticos dos Açores, da Madeira e de Cabo Verde. 


O “talant de bien faire” ficou gravado no túmulo do Infante, no Mosteiro da Batalha, e popularizou-se, sobretudo, quando em 1839, Ferdinand Denis encontrou na Biblioteca Nacional de Paris um códice encabeçado pelo título Cronica dos feitos notavees que se passarom na conquista de Guinee por mandado do Iffante dom Henrique [Crónica da Guiné]. No meio dos respetivos fólios, encontrava-se uma imagem dobrada representando um homem de chapelão, que se identifica habitualmente com o Infante D. Henrique, e, na parte inferior da folha, pode ler-se a referida expressão “talant de bië faire” (com o sinal de nasalação do “e” que hoje se substitui pela inclusão do “m” final).

Em S. Tomé Agosto 2015
Primeira roda de pedra - Internet
O uso desta divisa na Marinha Portuguesa é secular e seria demasiado extensa a descrição de como foi assumida por toda a instituição e como se restringiu à Escola Naval, como acontece no momento presente. Não é invulgar, contudo, que seja apresentada com um erro de grafia que lhe altera completamente o significado: em vez do “talant de bien faire”, como consta no túmulo e no retrato do infante D. Henrique, escreveu-se, por vezes, “talent de bien faire”, uma expressão de sentido completamente diferente do anterior.



Teodoro - Guiné Equatorial


A palavra francesa “talent”, que se traduz em português por talento, tem origem numa expressão grega (tálantom) que indica “prato da balança”, peso ou valor. Assumiu a versão em latim de talentum, com sentido semelhante, e passou para o português para designar valores ou méritos intrínsecos de alguém. “Talant”, por outro lado, é uma palavra que existiu no dialeto provençal com um sentido de “desejo” ou “vontade”. Entrou na língua francesa e confundiu-se durante alguns séculos com “talent” (usado com duplo sentido), mas perdeu o significado provençal a partir do século XVII e desapareceu do uso corrente ( Èmile Littré).




A divisa do infante D. Henrique, como pode ver-se claramente na imagem, é “talant de bië faire”. A palavra “talant” pode traduzir-se e português por “talante” (José Pedro Machado), com o significado que teve no dialeto provençal e que corresponde ao sentido que lhe deu o Infante.




TALANT DE BIEN FAIRE quer dizer talante, desejo ou vontade de bem fazer, e exorta um esforço pessoal de perfeição. Não tem nada a ver com a corrupção que, por facilidade, se dá à palavra “talant”, substituindo-a por “talent”, cujo sentido apontaria para uma qualidade própria intrínseca e independente da vontade ou do esforço de quem a possui. Divisa - Talant de Bien Faire - Escola Naval - Marinha


DESCOBERTAS DE GRAVURAS RUPESTRES E UMA ESPADA E UM PUNHAL, ANTIGOS – EM ANAMBÓ – JUNTO AO PADRÃO DOS DESCOBRIMENTOS – ACHADOS DE INTERESSE ARQUEOLÓGICO


gravuras rupestres - S. Tomé 2014


Não sendo arqueólogo, estou, desde há vários anos, ligado à descoberta dos calendários pré-históricos dos Tambores, nos arredores da minha aldeia, cujas imagens já correram mundo.  Além disso, já  na década de noventa, contribuí para descoberta de algumas gravuras rupestres do Vale do Côa - Isto para já não falar das várias travessias solitárias que empreendi em frágeis pirogas para comprovar a possibilidade do povoamento  inicial ter sido realizado por canoas, à semelhança das remotas ilhas do Pacífico

 ACHADOS DE INTERESSE ARQUEOLÓGICO QUE NÃO SURGEM POR MERO ACASO

Pois, tal como é reconhecido, muitos dos  importantes achados arqueológicos, são descobertos até por simples curiosos e posteriormente estudados. – Ora, é justamente esta a minha intenção – que, tanto as gravuras, que localizei, nas proximidades do Padrão do Descobrimentos, em Anambó, em novembro de 2014, na presença de dois jornalistas santomenses, assim como o punhal e a espada, que também ali foram resgatadas  do fundo da orla da praia, em Agosto de 2015, e entregues no Ministério da Educação, Cultura e Ciência, possam vir a ser objeto de estudo aprofundado por especialistas.  – E, naturalmente, também a da antiga  inscrição,  a que atrás me referi, descoberta noutro ponto da costa e na mesma altura.


Ag 2015 espada descoberta submersa
Sem dúvida,  uma interessante descoberta, a juntar à das gravuras rupestres em Anambô e de um antigo punhal e espada, resgatados do fundo das águas daquela orla mas agora noutro local - Como documentam as imagens, trata-se de uma inscrição de reduzidos carateres latinos e maiúsculos, alguns dos quais irreconhecíveis, pelo que não é fácil decifrar a sua leitura ou significado, porém, denota ser muito antiga e não ter sido escrita por mero acaso - E a minha convicção é de que trate, realmente, da famosa divisa, a que atrás me referi. 


antigo punhal resgatado do mar

Foi localizada, na manhã do dia 8 de Agosto de 2015,  no topo de uma colina, por mim e por um santomense, sobranceira a uma baía de águas calmas e profundas, propícia  à acostagem, não apenas de canoas  mas também de embarcações maiores ou mesmo de caravelas ou navios – Por uma questão de proteção do achado, enquanto a descoberta não for revelada às autoridades competentes, o que penso fazê-lo ao deslocar-me de novo a S. Tomé, pelo que considero prudente não se revelar a  localização exata


Dezembro de 1969
Nas ilhas do Golfo da Guiné, ainda há muitos mistérios por revelar num passado ancestral, ainda mergulhado nos escombros do tempo, mas que, com persistente sentido de crença algum sentido instintivo, cientifico,  quiçá messiânico,  poderão propiciar valiosas e surpreendentes descobertas –E revelarem-se  aos olhos daqueles espíritos que não hesitam em ir ao seu encontro, cientes de que a origem dos homens, em qualquer parte do mundo, mesmo nas mais remotas e isoladas ilhas, tem atrás de si milénios de gerações, que não advêm somente da subjugação dos tempos do ignóbil  esclavagismo – Sim, não coube apenas ao homem do continente europeu a primazia ou privilégio  do seu povoamento. Velho preconceito criado por uma civilização europeia, que,  ao longo dos séculos, se habitou a subjugar outras,  julgando-as bárbaras e inferiores.




Ao longo da costa africana, já haviam navegado fenícios e árabes e o Infante D. Henrique, estava bem informado. A história  nem sempre é um relato fidedigno dos factos. "Se o Infante  D. Henrique e os dirigentes portugueses que se lhe seguiram proibiram a venda de caravelas ao estrangeiro, mandava a lógica que se opusessem igualmente à saída de capitães, pilotos, cosmógrafos(...) e com eles dos roteiros para as novas terras, das cartas de marear e de tudo que ensinasse a nova ciência da posição e da direcção do navio e, mais que tudo, da do sol ao meio dia." - In "DÚVIDAS E CERTEZAS NA HISTÓRIA DOS DESCOBRIMENTOS PORTUGUESES"  Luís de Albuquerque
 
Não haja, pois, ilusões, quando o Infante D. Henrique fundou a Escola de Sagres, ele já tinha recolhido abundante informação de uma grande parte da costa de África: pelo menos, até ao Golfo da Guiné.



NÃO ESTÁ PROVADO QUE, ANAMBÓ, TIVESSE SIDO O LOCAL ONDE DESEMBARCARAM PELA PRIMEIRA VEZ OS NAVEGADORES PORTUGUESES – NEM SE SABE ONDE TERÁ SIDO – MAS FOI AQUI QUE A COLONIZAÇÃO COMEÇOU



Em virtude de contrariedades ou vicissitudes de vária ordem, somente, anos mais tarde, após o primeiro desembarque dos navegadores portugueses, em 1493, as ilhas começaram a ser colonizadas a partir de um local a que chamaram de Água-Boa, que, com o tempo passou  a ser designado  Água-Ambó, por ali passar uma ribeira de água potável e de   fácil acostagem, embora povoado por uma orla pedregosa e sem areia, mas que se estendia por uma superfície plana, das poucas existentes na costa voltada a norte e noroeste -Mais tarde mudaram-se para a Baía  Ana  de Chaves, formando ali uma pequena povoação, com aproveitamento  das terras vizinhas, justamente onde se situa  actualmente a cidade de S. Tomé

NAQUELA ÉPOCA A PALAVRA DESCOBRIR, SIGNIFICAVA EXPLORAR O QUE JÁ ERA CONHECIDO  



Não há certezas quanto à data exata da descoberta das ilhas  - Diz Luís de Albuquerque: Sabe-se por exemplo que João de Santarém, Pêro Escobar, Fernão do Pó, Lopo Gonçalves e Rui Sequeira estiveram ao serviço de Fernão Gomes. Mas não há registos que nos permitam dizer com segurança qual deles, em que ano, descobriu o quê." - Admite-se, no entanto, que, a Ilha de S. Tomé, teria sido descoberta em 21 de Dezembro de 1471, e, um ano depois, em 17 de Janeiro, a Ilha do Príncipe – Por outro lado, também já, o Almirante Gago Coutinho, em “A Náutica dos Descobrimentos, aludia à palavra “descobrir”, acerca dos “factos náuticos que procederam à  Viagem de ´Álvares Cabral, ao Brasil, citando o livro “Esmeraldo”,  referindo que naquela época, a palavra descobrir, tem o sentido de explorar uma costa que já fora achada antes de 1948”, de “uma exploração, confiada a Duarte Pacheco.


Coronel Victor Monteiro -  Gravuras rupestres


De um modo geral, salvo os historiadores, que não se limitam a transcrever as teses oficiais do período colonial, não querendo  arrumar factos históricos ao seu jeito, “todos os historiadores que se ocupam do «descobrimento das ilhas de S. Tomé e Príncipe» concluem que não se sabe ao certo quem foram os descobridores nem a data da descoberta; parece que ninguém se sente à vontade ao tratar do assunto - o que quase sempre acontece com o descobrimento das ilhas da parte oriental do Atlântico. – Diz Armando Cortesão  em  “Descobrimento e Cartografia das Ilhas de S. Tomé e Príncipe

“Convém notar”- refere o mesmo investigador  - “ que desde já e sempre que se aborde tão delicado e controverso assunto, qual o significado a dar à palavra descobrimento, quando se trata de novas terras e em especial no século XV. Já vários historiadores se têm referido ao problema e dele me ocupo mais de espaço no vol. III da minha História da Cartografia Portuguesa, que estou a escrever e cujo vol. II (…)”

“A meu ver as palavras descobrimento e suas derivadas de princípio significavam que a terra respectiva foi reconhecida, provavelmente  redescoberta, tornando-se conhecida de todo o Mundo, estabelecendo-se entre ela e a Europa relações normais, isto é, viagens frequentes, povoamento, colonização, relações comerciais, etc. É aquilo a que se pode chamar descobrimento oficial, como sugeriu o saudoso Com. Fontoura da Costa. 



De tudo ou quase tudo o que foi descoberto, isto é, descoberto oficialmente, se pode dizer que foi redescoberto. João de Barros, cronista sério e quase sempre fidedigno, diz «terem os nossos mais terras descobertas no tempo de D. Afonso V do que achamos na escritura de Gomes Eanes de Zurara», e que quando os nossos primeiros navegadores chegavam a terra até então desconhecida costumavam gravar nalguma grande árvore «este motto do Infante, Talem de Bie11 Faire», por outros navegadores depois encontrado ao longo da costa africana, que julgavam atingir pela primeira vez. Depois de ter mencionado os descobrimentos das ilhas de S. Tomé, Ano Bom e Príncipe, refere-se o cronista a propósito a uma ilha que em 1438 havia sido descoberta pelos Portugueses e de que se perdeu memória. Conta Barros cotão que quando em 1525 uma armada castelhana sob o comando de Garcia de Loiasa se dirigia do golfo da Guiné para a costa do Brasil, depois de ter encontrado um navio português que vinha da ilha de S. Tomé, descobriu uma ilha desabitada, dois graus a sul do equador, chamada S. Mateus, «e em duas árvores estava escrito que havia 87 anos que nela estiveram portugueses». Alguns autores têm identificado esta ilha com a de Fernão de Noronha, que de facto fica em dois graus de latitude sul, perto da costa do Brasil. A primeira vez que encontro esta ilha de S. Mateus é na carta Anónimo-Jorge Reinei, de e. 1519, por conseguinte antes da referência de Loiasa, note-se bem, na verdade uns dois graus a sul do equador mas a meio do Atlântico ou na parte ocidental do golfo da Guiné, de facto nesta parte oriental do Atlântico, mais perto da África que da América. Depois a ilha de S. Mateus ainda continua a aparecer muitas vezes na cartografia quinhentista e seiscentista.



O que importa é esta indicação do descobrimento duma ilha atlântica em data remota e a que durante muitos anos não houve qualquer referência. Vários casos semelhantes poderia citar, não só dos descobrimentos das ilhas e costas atlânticas, da América, da circum-navegação do continente africano, da lnsulíndia, da Austrália, do Japão, etc., de cuja existência já havia conhecimento, por vezes muito vago, antes do seu redescobrimento ou «descobrimento oficial». Muitos casos se podem também citar de referências mais ou menos veladas a navegações e descobrimentos portugueses de que não nos chegaram informações concretas. Vale a pena mencionar alguns desses casos mais impressionantes, que os cépticos negativistas, por sistema, chegam a ridicularizar.  


Gravura em rocha na orla marítima de S.Tomé


Um é o caso da carta náutica de 1424, feita pelo veneziano Zuane Pizzigano sobre protótipo português, a qual representa no Atlântico Ocidental um grupo de quatro ilhas, a maior das quais é chamada Antilia, e que eu julgo ter demonstrado revelar um descobrimento português de terras americanas, as Antilhas e a Terra Nova, no primeiro quartel do século XV, mas de que não ficaram quaisquer outros vestígios. Outro caso é o mapa-múndi concluído por Fra Mauro em 1459, por encomenda de D. Afonso V, certamente a pedido do Infante D. Henrique, onde uma legenda no sudoeste africano diz que os navios do rei de Portugal lá haviam chegado e que dessas costas os pilotos fizeram cartas, das quais o célebre frade-cartógrafo obteve cópias - assunto que ainda não está bem esclarecido. 



Outro caso ainda mencionarei: a descoberta em Leninegrado, há poucos anos, de um roteiro do célebre Jbn Magid, piloto árabe que conduziu os navios de Vasco da Gama de Melinde a Calecute, no qual revela que em 1495, por conseguinte dois anos antes de os navios do Gama lá terem chegado em 1497 a caminho da índia, os franges, isto é, os portugueses, já aí haviam estado. Tem-se querido demonstrar que houve confusão de datas da parte de Ibn Magid, etc. (calendários muçulmano e cristão). Mas a verdade é que, embora Castanheda diga que Vasco da Gama «era experimentado nas cousas do mar, em que tinha feito muito serviço a D. João II», não se sabe de expedição notável em que ele antes tivesse participado, e custa a acreditar que fosse nomeado capitão-mor de expedição tão importante como a da primeira viagem por mar à Índia quem não tivesse já sólida experiência e provas dadas em grandes viagens marítimas. A hipótese aventada por Jaime Cortesão de que possivelmente Vasco da Gama teria já estado antes na costa oriental da África não pode ser posta de parte e ainda menos de certo modo ridicularizada, como por vezes se tem feito. Do assunto me ocuparei largamente noutro lugar.  


É possível que algo do mesmo género tivesse acontecido com as ilhas de S. Tomé e Príncipe, isto é, que já houvessem sido visitadas por navios portugueses antes do seu «descobrimento oficial», em 1471 ou 1472. 


EM 2011 - HÁ CINCO ANOS - JÁ EU ALERTAVA PARA A POSSÍVEL EXISTÊNCIA ACHADOS ARQUEOLÓGICOS QUE PODERIAM CONTRIBUIR PARA UM MAIOR ESCLARECIMENTO HISTÓRICO DO POVOAMENTO DESTAS ILHAS 



Os portugueses foram grandes navegadores - E talvez dos maiores  navegadores daqueles épicos tempos. Um país, tão pequeno e com tão fracos recursos económicos, ter feito o que fez, foi realmente uma verdadeira odisseia. Há, pois, que enaltecer a coragem daqueles bravos pilotos e marinheiros. – Todavia, uma coisa é essa coragem e bravura, outra a verdade história – E está não deve ser  ocultada ou pervertida. http://www.odisseiasnosmares.com/2011/07/2-sao-tome-e-principe-as-antigas-ilhas.html

 ............
A ORIGEM DO POVOAMENTO DAS ILHAS DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE, É POIS MUITO MAIS ANTIGA DO QUE A DESCRITA PELA VERSÃO COLONIAL  -  AINDA CONTINUA A SER REFERIDA, NÃO OBSTANTE AMBAS CONSTITUÍREM UM PAÍS SOBERANO E INDEPENDENTE, VOLVIDAS MAIS DE TRÊS DÉCADAS São Tomé e Príncipe...Hist.Descobrimentos e Exp.Portug.....



Dizia eu, há cinco anos, neste site - É certo, que, até hoje, não foram descobertos monumentos ou vestígios arqueológicos perenes em qualquer das ilhas do Golfo da Guiné, que pudessem dar-nos indicações para a existência de antigas civilizações. Não porque não possam existir, mas talvez mais pelo facto de nunca ter sido encarado a sério um estudo aprofundado.

NÃO ME ENGANEI AO REFERIR   que essa investigação deveria fazer-se. Acredito que não faltariam surpresas interessantes. Porém, existe uma prova que continua igual há de milénios atrás: a sua tradição marítima. Haverá elo mais genuíno, com as suas antigas origens, que a arte de navegar em tão frágeis meios primitivos? ....- Canoas frágeis e toscas, é um facto, mas capazes de resistirem aos mais violentos vendavais

Demonstrei-o,  por três vezes, ao ligar as ilhas com o continente. E assim o haviam igualmente demonstrado as enormes canoas que foram utilizadas para transporte de escravos, nomeadamente do Gabão, mesmo depois da alforria, cuja lei muito custou a aceitar aos proprietários nas grandes roças.

Pessoalmente, ainda vi o fundo de uma dessas enormes canoas, junto ao velho cais da Praia Fernão Dias , quando trabalhei como empregado de mato na Roça Rio do Ouro, da Sociedade Agrícola Vale Flor. Pois, em São Tomé não se construíam canoas daquele tamanho. As grandes árvores estão pouco acessíveis às praias e estavam sob o domínio das roças. A costa africana está mais ao nível das praias e oferece mais vastas possibilidades. De resto, depois da independência, muitos nigerianos faziam comércio, com São Tomé, servindo-se de grandes pirogas. 


Um manto de verdura reveste completamente a orla das praias até aos cumes das mais altas montanhas e picos, dando a impressão de se aportar a uma terra de ninguém.
Quem, de bom senso,  acredita que os povos, que lá viviam, mal avistavam os invasores, corriam imediatamente para junto deles?!.. Fizeram-no, mais tarde, mas com persistentes e violentos ataques: é porque estavam organizados e tinham o sentimento de posse da sua terra; queriam bater-se pela sobrevivência das suas vidas, do que lhes eram querido e estava ameaçado.

A MINHA MAIOR DÚVIDA NEM SERÁ TANTO EM SABER SE AS ILHAS DO GOLFO DA GUINÉ ERAM OU NÃO JÁ CONHECIDAS E HABITADAS, MAS QUEM FORAM OS MARINHEIROS PORTUGUESES QUE APORTARAM, PELA PRIMEIRA VEZ, NUMA DAS SUAS ENSEADAS OU BAÍAS

Tudo não passa de pressupostos - O único relato fidedigno existente, foi escrito por um piloto português (século XVI), que descreve a Viagem de Lisboa à Ilha de São Tomé. Noutra postagem, farei a sua transcrição. Para já, eis um dos excertos sobre a descoberta das duas ilhas, que extraí da antologia,"Presença do Arquipélago de S. Tomé e Príncipe na Moderna Cultura Portuguesa", de autoria de Amândio César.

"Ignora-se, ao certo a data do descobrimento da ilhas de São Tomé e Príncipe e o nome dos seus descobridores.Julga-se, porém, que devem ter sido descobertas pelos anos de 1471-1472, quando da viagem de João de Santarém e Pedro Escobar às costas da Mina, de Benim e do Gabão, aí enviados por Fernão Gomes que obtivera, em 1469, do Rei D. Afonso V o arrendamento do comércio da Guiné, por cinco anos, sendo uma das condições o descobrimento de novas terras. Pedro de Sintra atingira, entre os anos de 146o-1463, o bosque de Santa Maria, avanço máximo dos portugueses até aquela data. João de Barros (Ásia. Década I, Liv.II, cap.II) associa a esta viagem o nome de Soeiro da Costa"

"Começou por se chamar de Santo Antão. A designação do Príncipe ligou-se primeiro a D. João, filho primogénito de D. Afonso V, o futuro D. João II. D. Afonso V foi o primeiro filho mais velho dos réis que se chamou Príncipe"

"
A Ilha de São Tomé começou a ser povoada em 1486 pelos colonos de João de Paiva, aos quais o Rei D. João II, concedera privilégios, no ano anterior; porém a era da sua prosperidade começou em 1493, quando foi criada a capitania da ilha e dada a Álvaro de Caminha" - Mas esta ou outras versões do género, podem ser igualmente consultadas na Internet .História de São Tomé e Príncipe

O SENTIMENTO GERAL DAS POPULAÇÕES DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE CREIO QUE SEMPRE FOI O DE QUE A SUA TERRA É ÁFRICA E POVOADA POR AFRICANOS

O facto da situação ainda ter piorado, em certas circunstâncias, depois dos povos acenderem à independência (dizem que as roças estão irreconhecíveis) , isso deve-se, em boa parte, à pesada herança colonial: ao facto de não se haver apostado na cultura e não se terem preparado quadros.
E  não se  ter começado por reconhecer (sem qualquer espécie de conflito ou subterfúgio)o seu direito à independência. Claro que tem havido erros, qualquer país os comete - Mas é a tal coisa, como diz a letra de uma canção do cantor angolano, Rui Mingas, as novas gerações têm também que começar aprender como se conquista a liberdade e uma bandeira

Nenhum comentário :