Jorge Trabulo Marques - Jornalista e
antigo navegador solitário em várias travessias em pirogas no Golfo da Guiné -
De S- Tomé, ao Príncipe, 3 dias; de s. Tomé à Nigéria 13; de Ano Bom a Bioko 38
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Descobrimentos de S. Tomé e Príncipe – “Não se sabe ao certo quem foram os descobridores nem a data da descoberta” A resposta poderia estar numa antiga inscrição gravada numa rocha, situada na orla marítima “Bien Faire” (Bem Fazer) a famosa divisa do Infante D. Henrique
"A História das Navegações Portuguesas tem pecado por ter sido escrita, por vezes, por quem desconhecia Arte Náutica - dizia Gago Coutinho (…) por estranhos às «coisas do mar» como eram quase sempre, cronistas e historiadores . Incapazes de se imaginarem a navegando dentro dos navios antigos. Eles fiavam-se nas versões que corriam, contadas por mareantes românticos, que acrescentavam um «ponto» ao seu «conto».
| Com o Cosme Pires dos Santos |
A inscrição parcial do lema do Infante D. Henrique, encontrada por mim e pelo santomense Cosme Pires dos Santos, em Agosto de 2015, num dia em que, ambos, percorremos, várias áreas da orla marítima, com o objetivo de encontramos eventuais vestígios arqueológicos – Tanto anteriores à colonização, como a partir desse período.
Posteriormente, em Março de 2016, acompanhou-me ao local, o Diretor Geral da Cultura, Nelson Campos, para conhecer o achado e proceder às diligências, que forem necessárias, para o preservar e estudar mais detalhadamente, solicitando ao Ministério da Educação, Cultura e Ciência de STP, que processe ao estudo do referido achado
Nesse mesmo mês, pedi ao coronel Victor Monteiro. Diretor do Gabinete do então Presidente da República. Manuel Pinto da Costa, que ali me acompanhasse .Curiosamente, o mesmo achado, nessa mesma tarde, também foi mostrado a um grupo de estudantes de medicina da Universidade da Beira Interior, cujas opiniões pude registar num vido, entre outras imagens a
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| Evaristo Carvalho Março 2016 - |
De recordar, que, uns dias antes, na mesma pedra, pousaria Evaristo Carvalho, a escassos meses antes de ser eleito Presidente da República de STP, durante um agradável passeio que por ali fazemos, com o propósito de lhe revelar a descoberta - E o mesmo sucedera, com o meu amigo Teodoro Ela Ngui, Secretário da Embaixada da Guiné Equatorial, em STP, que também mostrara curiosidade em ir conhecer a pedra, de que lhe falara, num dos encontros numa conhecida esplanada da cidade
Lamentavelmente, em Maio de 2019, quando voltei a S. Tomé para participar no Dia Mundial da Liberdade da Imprensa, a convite da Associação de Jornalistas de STP, ao dirigir-me ao local, pude constatara que a referida pedra e outras da mesma área, havia sido desfeitas - Restam, pois, as imagens e as declarações gravadas
| Teodoro Ela Ngui,- Secretário da Emb. Guiné Equatorial |
A palavra francesa “talent”, que se traduz em português por talento, tem origem numa expressão grega (tálantom) que indica “prato da balança”, peso ou valor. Assumiu a versão em latim de talentum, com sentido semelhante, e passou para o português para designar valores ou méritos intrínsecos de alguém. “Talant”, por outro lado, é uma palavra que existiu no dialeto provençal com um sentido de “desejo” ou “vontade”. Entrou na língua francesa e confundiu-se durante alguns séculos com “talent” (usado com duplo sentido), mas perdeu o significado provençal a partir do século XVII e desapareceu do uso corrente ( Èmile Littré).

A descoberta de antiga inscrição numa pedra, na orla marítima, poderá ter sido gravada por navegadores portugueses das caravelas, atendendo às excelentes condições de aportagem na profunda e tranquila baía, conhecida por Lagoa Azul, protegida de eventuais tempestades -
| Marco Geodésico - Evaristo Carvaçho |
| O autor destas linhas |
| Evaristo Carvalho,atual PR de STP Marco 2016 |
-Pedra com a data de 1475 - No fundo da inscrição
Como é reconhecido, a tendência do homem deixar sinais da sua presença, através de gravuras ou outro tipo de inscrições, é tão velha, como a natureza humana - Os animais (cães e lobos) urinam junto das árvores ou pedras para ali marcarem o seu território – No fundo, é uma tendência dir-se-ia instintiva da preservação da espécie
| Ermelinda de Jesus Lima,Coronel Vitor Monteiro e Alexandre Sousa |
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| 38 dias nesta canoa |
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| Dezembro de 1969 |
“O descobrimento das ilhas do Golfo da Guiné está mal referenciado na documentação antiga e tem-se sugerido que ocorreu no contexto da exploração realizada por João de Santarém e Pêro de Escobar no golfo da Guiné, durante a qual se destacou a já referida descoberta da costa da Mina em Janeiro de 1471. Perante as dificuldades em ajustar a cronologia do descobrimento das três ilhas aqui em causa afigura-se-nos mais credível a aceitação da hipótese de os descobrimentos das ilhas de São Tomé e Príncipe terem ocorrido respectivamente em 21 de l Dezembro de 1478 e 17 de Janeiro de 1479, Tendo esta última ilha sido denominada inicialmente por a Santo António (Abade) ou Santo Antão, dia deste santo, passando depois a ser designada por «Príncipe», visto ter sido descoberta sob a égide do então príncipe D. João e futuro rei D. João II (desde 1481), pois desde Maio de 1474 era ele quem estava encarregado dos Descobrimentos. A fundamentar a verosimilhança da proposta destas datas, que foi avançada por Viriato Campos, está a circunstância de tais ilhas terem sido por certo aquelas que são mencionadas no Tratado de Alcáçovas assinado entre Portugal e Castela em 4 de Setembro de 1479. Neste documento tais ilhas estarão referidas, sem menção dos seus nomes"
Ao longo da costa africana, já haviam navegado fenícios e árabes e o Infante D. Henrique, estava bem informado. A história nem sempre é um relato fidedigno dos factos. "Se o Infante D. Henrique e os dirigentes portugueses que se lhe seguiram proibiram a venda de caravelas ao estrangeiro, mandava a lógica que se opusessem igualmente à saída de capitães, pilotos, cosmógrafos(...) e com eles dos roteiros para as novas terras, das cartas de marear e de tudo que ensinasse a nova ciência da posição e da direcção do navio e, mais que tudo, da do sol ao meio dia." - In "DÚVIDAS E CERTEZAS NA HISTÓRIA DOS DESCOBRIMENTOS PORTUGUESES" Luís de Albuquerque
(...) "o tope comercial dos descobrimentos, em 1466, era a Serra Leoa. Comercial. E não de forma alguma geográfico (...) Da Serra Leoa por diante e até ao Rio Lago, da actual Nigéria, os aspectos da geografia humana mudavam inteiramente. Entre o Senegal e a Serra Leoa dominava o urbanismo flúvio-marítimo. Dali por diante, ao contrário, a população encontrava-se disseminada ao largo do litoral em pequenas aldeias; depois do Cabo das Palmas e por toda a Costa do Ouro era muito densa, mas fraccionada em unidades mínimas, que não obedeciam a qualquer organização política, como a dos mandigas. Enquanto aquele império se desenvolvera numa zona de estepes e savanas, propícia ao deslocamento de grupos humanos, ao contrário, desde a Serra Leoa por diante e ao largo de quase todo o Golfo da Guiné a grande floresta tropical bordava as costas, impondo a disseminação dos homens, cortando-lhes os movimentos em terra e impelindo-os para o mar" - Diz o historiador Jaime Cortesão Volume II - In "Os Descobrimentos Portugueses r" - Diz o historiador Jaime Cortesão Volume II - In "Os Descobrimentos Portugueses
CANOAS FAZIAM GRANDES TRAVESSIAS EM OCÁ . ENTRE S. TOMÉ E O PRINCIPE E O GABÃO – Diz investigador português - Ocá – Eriodendron anfractuosum -Colosso. Lá no alto, nos seus frutos, dá-nos a lã d’óca, boa para almofadas e colchões. A madeira é utilizada na construção de gamelas. Chegam a medir15X2x1x1,50 metros - Era nestas embarcações, leves de d’ocá, que, ainda em 1860, se viajava de S. Tomé para o Príncipe e para o Gabão – Eng. Egydio Inso - 1922
As viagens marítimas são talvez tão antigas como os mares.Os fenícios, entre 1200 a 600 a.c., foram os maiores marinheiros do mediterrâneo - Mas não só: transpondo as Colunas de Hércules, entraram no Atlântico e navegaram para sul. - O Periplus Hannonis - É disso um extraordinário exemplo e talvez o primeiro massacre das Ilhas do Golfo da GuinéQuando os europeus demandaram a costa de África, já os africanos, há muito mais tempo, haviam sulcado o litoral marítimo, subido e descido os rios e ligado as ilhas limítrofes com as suas pirogas talhadas em enormes troncos de árvores - Pessoalmente pude demonstrar, essa possibilidade, através das várias ligações solitárias, que efetuei: o teste desde a cidade de S. Tomé a Anambô, 1970, onde se encontra o Padrão dos descobrimentos - Depois, as travessias, ente S. Tomé e Principie (3 dias); S. Tomé-Nigéria 12 e, mais tarde, de Ano Bom a Fernando Pó (mais à deriva que a navegar, devido à falta de equipamento (remos) que perdera por ação de um violento tornado, ao pretender regressar a S. Tomé, por não ter sido largado na corrente equatorial que me arrastaria, inevitavelmente, para oeste. Claro que qualquer destas viagens, se fosse feita acompanhado, não teria levado tantos dias
Canoe, Rivers Province, Nigeria


(tradução) …..escravos fugidos de São Tomé ou do Príncipe, realizaram em suas canoas pelas correntes marinhas ligações à ilha de Fernando Pó. Em 1778, o ano da transição do domínio Português ao da Espanha, um grupo de ex-escravos de São Tomé e Príncipe viveu no sul de Fernando Pó. (..)Após a abolição da escravatura em 1875, trabalhadores contratados africanos fugidos respetivamente, foram frequentemente devolvidos pelas Autoridades espanholas para os seus senhores em São Tomé e Príncipe. Outros foram simplesmente entregues aos empregadores locais.
Um século mais tarde, em 1975, Jorge Trabulo Marques, partiu sozinho desta ilha numa canoa em uma tentativa de atravessar a Atlântico. Em vez disso, depois de uma odisseia de 38 dias, ele desembarcou em Fernando Pó. Ele era detido e interrogado pelas autoridades locais e depois repatriado - Excertos de ]Equatorial Guinea's External Relations: São Tomé e ..| gravuras rupestres - S. Tomé 2014 |
Não sendo arqueólogo, estou, desde há vários anos, ligado à descoberta dos calendários pré-históricos dos Tambores, nos arredores da minha aldeia, cujas imagens já correram mundo. Além disso, já na década de noventa, contribuí para descoberta de algumas gravuras rupestres do Vale do Côa - Isto para já não falar das várias travessias solitárias que empreendi em frágeis pirogas para comprovar a possibilidade do povoamento inicial ter sido realizado por canoas, à semelhança das remotas ilhas do Pacífico
ACHADOS DE INTERESSE ARQUEOLÓGICO QUE NÃO SURGEM POR MERO ACASO
Tal como é reconhecido, muitos dos importantes achados arqueológicos, são descobertos até por simples curiosos e posteriormente estudados. – Ora, é justamente esta a minha intenção – que, tanto as gravuras, que localizei, nas proximidades do Padrão do Descobrimentos, em Anambó, em Novembro de 2014, na presença de dois jornalistas santomenses, assim como o punhal e a espada, que também ali foram resgatadas do fundo da orla da praia, em Agosto de 2015, e entregues no Ministério da Educação, Cultura e Ciência, possam vir a ser objeto de estudo aprofundado por especialistas. – E, naturalmente, também a da antiga inscrição, a que atrás me referi, descoberta noutro ponto da costa e na mesma altura.| Ag 2015 espada descoberta submersa |
| antigo punhal resgatado do mar |

| Ermelinda de Jesus Lima, - 20-02-2016 |

Não haja, pois, ilusões, quando o Infante D. Henrique fundou a Escola de Sagres, ele já tinha recolhido abundante informação de uma grande parte da costa de África: pelo menos, até ao Golfo da Guiné.
| Coronel Victor Monteiro - Gravuras rupestres |
Gravura em rocha na orla marítima de S.Tomé |
De tudo ou quase tudo o que foi descoberto, isto é, descoberto oficialmente, se pode dizer que foi redescoberto. João de Barros, cronista sério e quase sempre fidedigno, diz «terem os nossos mais terras descobertas no tempo de D. Afonso V do que achamos na escritura de Gomes Eanes de Zurara», e que quando os nossos primeiros navegadores chegavam a terra até então desconhecida costumavam gravar nalguma grande árvore «este motto do Infante, Talant de Bien Faire», por outros navegadores depois encontrado ao longo da costa africana, que julgavam atingir pela primeira vez. Depois de ter mencionado os descobrimentos das ilhas de S. Tomé, Ano Bom e Príncipe, refere-se o cronista a propósito a uma ilha que em 1438 havia sido descoberta pelos Portugueses e de que se perdeu memória. Conta Barros cotão que quando em 1525 uma armada castelhana sob o comando de Garcia de Loiasa se dirigia do golfo da Guiné para a costa do Brasil, depois de ter encontrado um navio português que vinha da ilha de S. Tomé, descobriu uma ilha desabitada, dois graus a sul do equador, chamada S. Mateus, «e em duas árvores estava escrito que havia 87 anos que nela estiveram portugueses». Alguns autores têm identificado esta ilha com a de Fernão de Noronha, que de facto fica em dois graus de latitude sul, perto da costa do Brasil. A primeira vez que encontro esta ilha de S. Mateus é na carta Anónimo-Jorge Reinei, de e. 1519, por conseguinte antes da referência de Loiasa, note-se bem, na verdade uns dois graus a sul do equador mas a meio do Atlântico ou na parte ocidental do golfo da Guiné, de facto nesta parte oriental do Atlântico, mais perto da África que da América. Depois a ilha de S. Mateus ainda continua a aparecer muitas vezes na cartografia quinhentista e seiscentista.
| Antigo encaixe do mastro |
O que importa é esta indicação do descobrimento duma ilha atlântica em data remota e a que durante muitos anos não houve qualquer referência. Vários casos semelhantes poderia citar, não só dos descobrimentos das ilhas e costas atlânticas, da América, da circum-navegação do continente africano, da lnsulíndia, da Austrália, do Japão, etc., de cuja existência já havia conhecimento, por vezes muito vago, antes do seu redescobrimento ou «descobrimento oficial». Muitos casos se podem também citar de referências mais ou menos veladas a navegações e descobrimentos portugueses de que não nos chegaram informações concretas..
A ORIGEM DO POVOAMENTO DAS ILHAS DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE, É POIS MUITO MAIS ANTIGA DO QUE A DESCRITA PELA VERSÃO COLONIAL - AINDA CONTINUA A SER REFERIDA, NÃO OBSTANTE AMBAS CONSTITUÍREM UM PAÍS SOBERANO E INDEPENDENTE, VOLVIDAS MAIS DE TRÊS DÉCADAS São Tomé e Príncipe...Hist.Descobrimentos e Exp.Portug.....
Dizia eu, neste site - É certo, que, até hoje, não foram descobertos monumentos ou vestígios arqueológicos perenes em qualquer das ilhas do Golfo da Guiné, que pudessem dar-nos indicações para a existência de antigas civilizações. Não porque não possam existir, mas talvez mais pelo facto de nunca ter sido encarado a sério um estudo aprofundado.| Em S. Tomé Agosto 2015 |
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| Primeira roda de pedra - Internet |
| 1964- Empregado de Mato |
Tudo não passa de pressupostos - O único relato fidedigno existente, foi escrito por um piloto português (século XVI), que descreve a Viagem de Lisboa à Ilha de São Tomé. Noutra postagem, farei a sua transcrição. Para já, eis um dos excertos sobre a descoberta das duas ilhas, que extraí da antologia,"Presença do Arquipélago de S. Tomé e Príncipe na Moderna Cultura Portuguesa", de autoria de Amândio César.
"Ignora-se, ao certo a data do descobrimento da ilhas de São Tomé e Príncipe e o nome dos seus descobridores.Julga-se, porém, que devem ter sido descobertas pelos anos de 1471-1472, quando da viagem de João de Santarém e Pedro Escobar às costas da Mina, de Benim e do Gabão, aí enviados por Fernão Gomes que obtivera, em 1469, do Rei D. Afonso V o arrendamento do comércio da Guiné, por cinco anos, sendo uma das condições o descobrimento de novas terras. Pedro de Sintra atingira, entre os anos de 146o-1463, o bosque de Santa Maria, avanço máximo dos portugueses até aquela data. João de Barros (Ásia. Década I, Liv.II, cap.II) associa a esta viagem o nome de Soeiro da Costa""A Ilha de São Tomé começou a ser povoada em 1486 pelos colonos de João de Paiva, aos quais o Rei D. João II, concedera privilégios, no ano anterior; porém a era da sua prosperidade começou em 1493, quando foi criada a capitania da ilha e dada a Álvaro de Caminha" - Mas esta ou outras versões do género, podem ser igualmente consultadas na Internet .História de São Tomé e Príncipe
O facto da situação ainda ter piorado, em certas circunstâncias, depois dos povos acenderem à independência (dizem que as roças estão irreconhecíveis) , isso deve-se, em boa parte, à pesada herança colonial: ao facto de não se haver apostado na cultura e não se terem preparado quadros.







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