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segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Ilha do Príncipe, descoberta há 551 anos por navegadores portugueses – Há 48 e 49 anos fizémos a reportagem em ambas as ilhas - Mas a palavra descobrir, naquela época, tinha o significado de explorar o que já se admitia existir - O mesmo se passou com a descoberta da Índia, que não é senão o reconhecimento de uma rota que já se sabia possível

 Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador 

Seja como for,  foi há mais de V séculos   e meio,  que, ambas as ilhas do Golfo da Guiné, S. Tomé, Ano Bom, Príncipe e Fernando Pó, atual ilha de Bioko, passaram a  ter ligações com  o continente europeu e se iniciou uma nova fase na história das civilizações. .

É reconhecido por historiadores, que foram também os navegadores portugueses João de Santarém e Pedro Escobar, que, depois de terem desembarcado na Ilha de S. Tomé, a que deram o nome do apóstolo S. Tomé,  em 21 de Dezembro, e, no ano seguinte,  no dia 17 de Janeiro de 1471, avistaram no alto mar a ilha verde a 140 quilómetros, situada a cerca de 250 e 225 km da costa noroeste do Gabão, a  que a denominaram como "Ilha de Santo Antão".


Comemorações da descoberta de S. Tomé

Visando incentivar o seu povoamento, em 1502 tornou-se uma donataria, denominada como "Ilha do Príncipe", sendo-lhe introduzida a cultura da cana-de-açúcar. Fora nomeada ilha do Príncipe por D. João II de Portugal. O rei tanto adorava o seu único filho e herdeiro Afonso, Príncipe de Portugal (1475) que, em sua homenagem, designou como "Príncipe" a ilha mais pequena do arquipélago de São Tomé e Príncipe. - Em 1573 a donataria reverteu à posse da Coroa Portuguesa.

No contexto da Dinastia Filipina foi invadida e ocupada por corsários Neerlandeses de agosto a outubro de 1598, e novamente em 1600. Nesse ano, visando incentivar o seu povoamento e defesa, a Ilha do Príncipe recebe Carta de Foral.



Foi na roça Sundy, Ilha do Principe, plantada em 1919, que, Sir Arthur Eddington, efetuou uma expedição de observação de um eclipse solar que veio comprovar a Teoria Geral da Relatividade de Albert Einstein (o encurvamento dos raios luminosos, ou a deflexão da luz, o que queria dizer que o espaço e o tempo não eram absolutos, como havia defendido Newton. A Sundy e a ilha do Príncipe, ficavam desta forma associadas a uma das mais importantes descobertas cientificas da História da Ciência.

Ilha do Príncipe é Reserva da Biosfera mundial – Motivo de orgulho 

 Foi  em Julho de 2012,  quando se comemoravam  os  37 anos de independência de São Tomé e Príncipe, que a UNESCO decidiu reconhecer,  a ilha do Príncipe, como Reserva da Biosfera Mundial.

Presidente do Governo Regional da Ilha do Príncipe, José Cassandra, exibindo o certificado daUNESCO World Biosphere Reserve! - Foto  de Island Biodiversity Race

Sem dúvida, motivo de orgulho para os seus habitantes e seu governador – Referiam, então, as noticias que, José Cassandra, se sentia  “orgulhoso de ver o Príncipe reconhecido pela UNESCO, o governador, José Cassandra explicou à DW África que há várias razões para a aprovação da candidatura “desde o habitat aquático, onde nós temos espécies de tartarugas marinhas; nós temos 59% da ilha do Príncipe reservada a parque natural, com extensão para o mar; a zona das Pedras Tinhosas, onde temos patos aquáticos endémicos; e a nossa fauna, sobretudo no que respeita aos pássaros e à flora endémicos

Marcelo no Príncipe - Fevereiro de 2018  -Foto de Hibrahin Reis

Tal como foi sublinhado pelo jornalista são-tomense,  Abel Veiga,por ocasião das comemorações dos 541 anos,   “com mar rico em pescado, o Príncipe é coberto de uma floresta virgem, contornado por praias também em estado virgem. É atualmente o único berço seguro de uma das espécies de tartarugas em fase de extinção no mundo, a SADA. O Papagaio do Príncipe, é outra espécie animal em vias de extinção na região do Golfo da Guiné. A ilha conseguiu preservar a espécie, que nos últimos anos, voltou a sobrevoar a cidade de Santo António, como antigamente, anunciando o fim do dia e o começo da noite. Terra de plantas endémicas com propriedades curativas já comprovadas a nível científico, Príncipe tem todas as condições para ser um pequeno jardim do Éden, para o turismo.

A ilha do Príncipe que viu aprovado no ano 2010 o seu estatuto como região autónoma, pretende se transformar no século XXI, num santuário de turismo ecológico. A história das culturas de cana-de-açúcar, cacau e café bem como as infra-estruturas e gentes que deram suporte a tais culturais, enriquecem o património histórico da ilha que pretende abrir um novo ciclo económico, financiado pelo turismo ecológico. https://www.telanon.info/cultura/2012/01/17/9527/ilha-do-principe-foi-descoberta-ha-541-anos/

OUTROS PORMENORES HISTÓRICOS DA DESCOBERTA DAS ILHAS DO GOLFO DA GUINÉ

 


Vinte e oito anos antes da abertura do caminho marítimo para a Índia” – diz um interessante estudo de  foi consolidada a presença de navegadores portugueses no golfo da Guiné e nas costas circundantes. Mas talvez pressentindo que o caminho para a Índia iria passar longe de terra, quase pelo Brasil, os navegadores afastaram-se do rio Congo e foram descobrindo S. Tomé (1470), Ano Bom (1471), Príncipe (antes Santo Antão) e não descobriram Fernando Pó (aqui Bioko) por esta ilha já ser conhecida.

No reinado de D. Afonso V (1469-1481), Fernão Gomes ganhou um contrato para que descobrisse terras a sul da Serra Leoa.

Este navegador em 1470 descobriu o Cabo Palmas. Consta que a ilha de S. Tomé tenha sido descoberta em 1471 por Vasconcelos no dia de S. Tomás6. Mas há outras versões sendo a mais usual a de que estas ilhas que estavam desabitadas até 1470, foram descobertas pelos navegadores portugueses João de Santarém, Pedro Escobar e João de Paiva. Esses três navegadores, parece que descobriram em 21 de Dezembro de 1470 a ilha de S. Tomé e em 1 de Janeiro de 1471 a Ilha de Ano Bom (Pagalu). No regresso descobriram a Ilha de Príncipe a que puseram o nome de S. Antão, talvez a 17 de Janeiro de 1471.

 

Outra hipótese atribui o descobrimento a Rui de Sequeira, que regressando à Mina, depois de ter ido até ao Cabo de Santa Catarina, teria encontrado as ilhas de S. Antão e S. Tomé.

Esta zona estava dentro da demarcação do contrato com Fernando Gomes, desde a Serra Leoa até ao referido cabo.

(….) Após a descoberta de S. Tomé pelos navios do Contratador Fernão Gomes, comandados por João de Santarém, Pedro Escobar, F. Sequeira ou por Álvaro de Caminha Souto Maior, alguns homens estabeleceram-se no lugar do primeiro desembarque chamado hoje de Plá (praia) Ambó ou Praia das Tartarugas, na parte setentrional da ilha, e daqui passaram para o sítio onde agora existe a cidade e levantaram uma capela dedicada a Nossa Senhora da Ave Maria e S. Tomé, por ser no dia da festa deste santo que a ilha foi descoberta, ainda que depois disso a chamassem Ilha de S. Tomás, o que continuou por pouco tempo. Ignora-se a época precisa do primeiro estabelecimento no lugar da cidade, mas pensa-se que foi dois anos depois da descoberta. A obra do Deão Manoel do Rosário Pinto que no princípio do século passado floresceu e deu muito que fazer em intrigas a todas as autoridades civis e eclesiásticas, completada com todos os livros de Registo da Secretaria do Governo da Ilha, os da Provedoria da Fazenda Real, Ouvidoria, Câmara e Cabido, leva a concluir que o seu autor o Deão Pinto, era pessoa de grandes luzes e uma crítica mui atilada, pois que colheu todos os (informes) mais importantes com as suas circunstâncias mais particulares, e adicionou aquilo que faltava nos Cartórios em consequência incêndios e invasões, percorrendo os escritores nacionais que trataram da Ilha de S. Tomé. O Manuscrito do Deão Pinto acha-se infelizmente muito mutilado (e estava em poder de Cunha Mattos).

Em 1485 D. João II constituiu a Ilha de S. Tomé em capitania e a doou a João de Paiva, mas o autêntico povoamento só teve lugar em 1493 no tempo do terceiro donatário Álvaro de Caminha que fez transportar para a ilha alguns degredados do continente europeu. Também povoou com escravos africanos e judeus, bem como agricultores madeirenses que introduziram a cana do açúcar.

El-Rei D. João II não perdendo de vista as suas ideias de descobrir a Índia pelos mares que circundam a África, tendo presente os mapas dos Infantes D. Pedro e D. Fernando e conhecendo, pelas descobertas das Costas até ao Cabo de Santa Catarina e as das ilhas de Fernando Pó, Príncipe, S. Tomé e Ano Bom, a conveniência de estabelecer uma cadeia de postos ou de colónias que se protegessem mutuamente desde Lisboa até aos ricos países que procurava, determinou que João Afonso de Aveiro fosse reconhecer melhor o Golfo de Benim e Diogo Cão que segundo se diz fora o descobridor do Cabo de Santa Catarina recebeu ordens de continuar as explorações pelas terras do sul deste cabo. Mais pormenores num interessante estudo do Tenente-coronel
João José de Sousa Cru, editado na revista militar https://www.revistamilitar.pt/artigo/1055

 

 

 

 

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