Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador
Seja como for, foi há mais de V séculos e meio, que, ambas as ilhas do Golfo da Guiné, S. Tomé, Ano Bom, Príncipe e Fernando Pó, atual ilha de Bioko, passaram a ter ligações com o continente europeu e se iniciou uma nova fase na história das civilizações. .
É reconhecido por historiadores, que foram também os navegadores portugueses João de Santarém e Pedro Escobar, que, depois de terem desembarcado na Ilha de S. Tomé, a que deram o nome do apóstolo S. Tomé, em 21 de Dezembro, e, no ano seguinte, no dia 17 de Janeiro de 1471, avistaram no alto mar a ilha verde a 140 quilómetros, situada a cerca de 250 e 225 km da costa noroeste do Gabão, a que a denominaram como "Ilha de Santo Antão".
Comemorações da descoberta de S. Tomé |
Visando incentivar o seu
povoamento, em 1502 tornou
No contexto da Dinastia Filipina foi invadida e ocupada por corsários Neerlandeses de agosto a outubro de 1598, e novamente em 1600. Nesse ano, visando incentivar o seu povoamento e defesa, a Ilha do Príncipe recebe Carta de Foral.
Sem dúvida, motivo de orgulho para os seus habitantes e seu governador – Referiam, então, as noticias que, José Cassandra, se sentia “orgulhoso de ver o Príncipe reconhecido pela UNESCO, o governador, José Cassandra explicou à DW África que há várias razões para a aprovação da candidatura “desde o habitat aquático, onde nós temos espécies de tartarugas marinhas; nós temos 59% da ilha do Príncipe reservada a parque natural, com extensão para o mar; a zona das Pedras Tinhosas, onde temos patos aquáticos endémicos; e a nossa fauna, sobretudo no que respeita aos pássaros e à flora endémicos “
Marcelo no Príncipe - Fevereiro de 2018 -Foto de Hibrahin Reis |
Tal como foi sublinhado pelo jornalista são-tomense,
Abel Veiga,por ocasião das comemorações
dos 541 anos, “com mar rico em pescado, o Príncipe é coberto
de uma floresta virgem, contornado por praias também em estado virgem. É atualmente
o único berço seguro de uma das espécies de tartarugas em fase de extinção no
mundo, a SADA. O Papagaio do Príncipe, é outra espécie animal em vias de
extinção na região do Golfo da Guiné. A ilha conseguiu preservar a espécie, que
nos últimos anos, voltou a sobrevoar a cidade de Santo António, como
antigamente, anunciando o fim do dia e o começo da noite. Terra de plantas
endémicas com propriedades curativas já comprovadas a nível científico,
Príncipe tem todas as condições para ser um pequeno jardim do Éden, para o
turismo.
A ilha do Príncipe que viu aprovado no ano 2010 o seu estatuto como região autónoma, pretende se transformar no século XXI, num santuário de turismo ecológico. A história das culturas de cana-de-açúcar, cacau e café bem como as infra-estruturas e gentes que deram suporte a tais culturais, enriquecem o património histórico da ilha que pretende abrir um novo ciclo económico, financiado pelo turismo ecológico. https://www.telanon.info/cultura/2012/01/17/9527/ilha-do-principe-foi-descoberta-ha-541-anos/
OUTROS PORMENORES
HISTÓRICOS DA DESCOBERTA DAS ILHAS DO GOLFO DA GUINÉ
“Vinte e oito anos antes da abertura do caminho
marítimo para a Índia” – diz um interessante estudo de foi consolidada a presença de navegadores
portugueses no golfo da Guiné e nas costas circundantes. Mas talvez
pressentindo que o caminho para a Índia iria passar longe de terra, quase pelo
Brasil, os navegadores afastaram-se do rio Congo e foram descobrindo S. Tomé
(1470), Ano Bom (1471), Príncipe (antes Santo Antão) e não descobriram Fernando
Pó (aqui Bioko) por esta ilha já ser conhecida.
No
reinado de D. Afonso V (1469-1481), Fernão Gomes ganhou um contrato para que
descobrisse terras a sul da Serra Leoa.
Este navegador em 1470 descobriu o Cabo
Palmas. Consta que a ilha de S. Tomé tenha sido descoberta em 1471 por
Vasconcelos no dia de S. Tomás6. Mas
há outras versões sendo a mais usual a de que estas ilhas que estavam
desabitadas até 1470, foram descobertas pelos navegadores portugueses João de
Santarém, Pedro Escobar e João de Paiva. Esses três navegadores, parece que
descobriram em 21 de Dezembro de 1470 a ilha de S. Tomé e em 1 de Janeiro de
1471 a Ilha de Ano Bom (Pagalu). No regresso descobriram a Ilha de Príncipe a
que puseram o nome de S. Antão, talvez a 17 de Janeiro de 1471.
Outra hipótese atribui o descobrimento a Rui de
Sequeira, que regressando à Mina, depois de ter ido até ao Cabo de Santa
Catarina, teria encontrado as ilhas de S. Antão e S. Tomé.
Esta zona estava dentro da demarcação do contrato com Fernando Gomes, desde a Serra Leoa até ao referido cabo.
(….) Após a
descoberta de S. Tomé pelos navios do Contratador Fernão Gomes, comandados por
João de Santarém, Pedro Escobar, F. Sequeira ou por Álvaro de Caminha Souto
Maior, alguns homens estabeleceram-se no lugar do primeiro desembarque chamado
hoje de Plá (praia) Ambó ou Praia das Tartarugas, na parte setentrional da
ilha, e daqui passaram para o sítio onde agora existe a cidade e levantaram uma
capela dedicada a Nossa Senhora da Ave Maria e S. Tomé, por ser no dia da festa
deste santo que a ilha foi descoberta, ainda que depois disso a chamassem Ilha
de S. Tomás, o que continuou por pouco tempo. Ignora-se a época precisa do
primeiro estabelecimento no lugar da cidade, mas pensa-se que foi dois anos
depois da descoberta. A obra do Deão Manoel do Rosário Pinto que no princípio
do século passado floresceu e deu muito que fazer em intrigas a todas as
autoridades civis e eclesiásticas, completada com todos os livros de Registo da
Secretaria do Governo da Ilha, os da Provedoria da Fazenda Real, Ouvidoria,
Câmara e Cabido, leva a concluir que o seu autor o Deão Pinto, era pessoa de
grandes luzes e uma crítica mui atilada, pois que colheu todos os (informes)
mais importantes com as suas circunstâncias mais particulares, e adicionou
aquilo que faltava nos Cartórios em consequência incêndios e invasões,
percorrendo os escritores nacionais que trataram da Ilha de S. Tomé. O
Manuscrito do Deão Pinto acha-se infelizmente muito mutilado (e
estava em poder de Cunha Mattos).
Em
1485 D. João II constituiu a Ilha de S. Tomé em capitania e a doou a João de
Paiva, mas o autêntico povoamento só teve lugar em 1493 no tempo do terceiro
donatário Álvaro de Caminha que fez transportar para a ilha alguns degredados
do continente europeu. Também povoou com escravos africanos e judeus, bem como
agricultores madeirenses que introduziram a cana do açúcar.
El-Rei D. João II não perdendo de
vista as suas ideias de descobrir a Índia pelos mares que circundam a África,
tendo presente os mapas dos Infantes D. Pedro e D. Fernando e conhecendo, pelas
descobertas das Costas até ao Cabo de Santa Catarina e as das ilhas de Fernando
Pó, Príncipe, S. Tomé e Ano Bom, a conveniência de estabelecer uma cadeia de
postos ou de colónias que se protegessem mutuamente desde Lisboa até aos ricos
países que procurava, determinou que João Afonso de Aveiro fosse reconhecer
melhor o Golfo de Benim e Diogo Cão que segundo se diz fora o descobridor do
Cabo de Santa Catarina recebeu ordens de continuar as explorações pelas terras
do sul deste cabo. Mais pormenores num interessante estudo do Tenente-coronel
João José de Sousa Cru, editado na revista militar https://www.revistamilitar.pt/artigo/1055
Nenhum comentário :
Postar um comentário