Ó
FRANCESCO SCHETTINO: Porque abandonaste o teu belo e imponente navio?!..
.Não sabias que ele e os passageiros faziam parte da tua vida?
Jorge Trabulo Marques -
Jornalista e antigo Navegador Solitário
Hoje quinta-feira, completam-se dez anos sobre a tragédia marítima que se tornou uma vergonha nacional italiana depois que, após uma manobra surreal, o capitão Francesco Schettino encalhou o navio na ilha toscana de Giglio. De Falco foi o autor do famoso grito de indignação
Às 21h45min07s, o referido cruzeiro atingiu o grupo de rochas conhecido como Scole , próximo à Ilha de Giglio , na Itália . O navio era propriedade da empresa de navegação Costa Cruzeiros , do grupo Carnival Corporation & plc , e era comandado por Francesco Schettino.
O naufrágio causou 32 mortes entre passageiros e tripulantes e, no julgamento subsequente, o Comandante Schettino foi condenado a 16 anos de prisão. Esta tragédia detém o recorde do naufrágio do navio de passageiros de maior tonelagem da história https://it-m-wikipedia-org.translate.goog/wiki/Naufragio_della_Costa_Concordia?_x_tr_sl=it&_x_tr_tl=pt&_x_tr_hl=pt-PT&_x_tr_pto=sc
É no mar que se conhecem os mais belos exemplos de coragem e de abnegação. - Os de cobardia, são muito raros. Porque é justamente nesse imenso palco, no meio das suas adversidades, que as fraquezas do homem se transformam em forças, os medos se esbatem e esquecem e só há lugar para a coragem, para que o ser humano transcenda a sua própria natureza. O náufrago, indiferente ao perigo, se solidarize com o infortúnio dos que vivem a mesma tragédia e se irmane no mesmo sentimento de dor, de compaixão, do comum apelo à sobrevivência, sinta que a sua vida se reparte com os que lhe estão próximos, com a sorte daqueles que o mar ameaça tragar. A luta é individual mas o espírito que os une é colectivo!... É como se a dor e angústia perpassasse por um só corpo.E, todavia, quantos sentimentos e aflições se debatem nos mesmos instantes ou momentos de abandono e desespero!...
E, se porventura, a cobardia ensombra e aplaca a lucidez, a inteligência, a autodisciplina, o equilíbrio mental, altera as capacidades de decisão, a força de vontade, naquele a quem todos confiam o rumo do navio, que o conduza a salvo a bom cais ou a porto seguro, oh! miserável fraqueza humana!.. Quão insensato impropério! Quão horrenda situação, renegada vilania e cobarde acto!
Oh! a tragédia a regar os cravos dos sacrilégios no mais líquido e pavoroso Inferno! Ó velas dos antigos veleiros de piratas, corsários rindo de desdém e ao vento, em mares sombrios e sonoros, em noites de trevas lívidas e marmóreas! Lançados ao saque, como lobos esfaimados, em épicas contendas, sobre os convés de caravelas naufragadas, como escombrosos fantasmas, perdidos, desgovernados e desamparados! Ó selváticos vampiros, feras cruéis esgrimindo desvairada e sangrenta ferocidade, deixando para trás o incêndio, o fogo e a morte, em violenta e apressada fuga com o sangue dos mártires transformado no vil metal de ouro e prata!.. Ó pálida e mesquinha face dos cobardes e dos egoístas!. De quantas vidas e mortes vos alheastes!
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Ó capitão do Costa Concórdia!....Já viste, como deixas-te, o esplendoroso barco que comandáveis, por erro e incúria vossa!!.. Ele, que agora jaz de costado, resvalando - ao que dizem - para o abismo, se não lograrem segurá-lo, qual moribundo que prolonga a sua morte até cair na cova ou funda sepultura!.. Quando o curso da viagem é abruptamente interrompido e o naufrágio salta à vista!... Olhai em vosso redor!.. O duelo com o mar é sempre um pitoresco e nobre desafio, o eterno sobressalto nas águas fatais e confusas mas também a sacra oportunidade da alma se elevar e revigorar num suspiro de heroicidade e brilho! Portai-vos como bravos!..
.Quando o curso da viagem é abruptamente interrompido e o naufrágio salta à vista!... Olhai em vosso redor!.. O duelo com o mar é sempre um pitoresco e nobre desafio, o eterno sobressalto nas águas fatais e confusas mas também a sacra oportunidade da alma se elevar e revigorar num suspiro de heroicidade e brilho! Portai-vos como bravos!...
Ó comandante do Francesco Sachetinno! Que ares infames de cobardia ou de vício vos toldaram o cérebro?!...Que pérfida comédia foi essa, assombro ou susto de experiente marinheiro?!...Porque voltaste as costas ao vosso belo navio?!... A pouco mais de uns escassas dezenas de metros das rochas!... Porque vos retiraste?!... Porque razão– na hora mais grave e heróica -, vos acobardaste! – E, abandonaste, em confusa e atribulada salvação, aqueles que acreditaram e confiavam as suas vidas, em aprazíveis dias de férias e de evasão, no imponente navio cruzeiro?!
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