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quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Natália Correia – Centenário do seu nascimento - Recordando a reportagem sonora do Botequim da Liberdade - Recordado com cantares, poemas e entrevistas – A que associamos a homenagem que já lhe dedicamos nos Templos do sol-Chãs-Foz Côa

 Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador


Natália de Oliveira Correia, nasceu em (Fajã de Baixo, São Miguel, a 13 de Setembro de 1923. Faleceu em Lisboa, 16 de Março de 1993 - Reconhecida como o nome maior da poesia portuguesa do século XX. 

Para assinalar o centenário do seu nascimento, estão previstas para o dia do aniversário  e nos meses seguintes,  varridíssimas iniciativas culturais, sobre a vida e a obra de Natália Correia, além de outras fora do país - Tanto por instituições como a nível pessoal https://www.delas.pt/natalia-correia-100-anos-sobre-o-nascimento-da-escritora-motiva-inciativas-em-todo-o-pais/pessoas/956655

Reportagem sonora de uma das noites de caloroso convivo e de boémia do Botequim da Natália Correia, no Largo da Graça,  Lisboa, anos 80 – Naquele espaço, as surpresas da noite já faziam parte do cardápio da casa, do habitual convívio e diversão.   A dada altura, de entre as várias cantigas ou canções que poderiam ser despertadas pelo sons do piano – e um dos pianistas que ali mais vezes tocou foi o Mastro António Vitorino de Almeida - eis que, a dado momento,  num animado coro de cantorias,  é Natália a lançar o mote  de uma canção popular à lendária Padeira de Aljubarrota, Brites de Almeida, cujo nome surge associado à vitória dos portugueses,  sobre  as forças castelhanas, na Batalha de Aljubarrota de 1385, que, com sua pá do forneira, teria morto  sete castelhanos que se haviam  escondido no seu forno.  https://www.mitologia.pt/a-lenda-da-padeira-de-aljubarrota-434610






A POESIA É MÁGICA POR NATUREZA – E a via escolhida por  Natália Correia  - uma Anteriana convicta – foi a do soneto: do neo-romantismo.

Natália Correia – Entrevista – “Quando   estou a escrever um poema é   um ato de comunhão com o Universo!!... um ato cósmico!... “ Os meus livros são profundamente espiritualistas" – Diz a autora do poema “Creio nos Anjos que andam pelo Mundo” 

“Tal como Antero, foi fazer sonetos em plena época ultra-romântica, quando o soneto estava atirado para o caixote do lixo, ele foi busca-lo e pôs-lhe uma essência, uma mensagem completamente diferente! – E até aparece como pioneiro do existencialismo: pondo, precisamente, a questão da essência, da existência…
Portanto, eu fiz a mesma coisa: ao dizer que o conteúdo é o mesmo!  - embora eu me sinta muito Anteriana!... Mas, não é por acaso que o livro é só de sonetos.
JTM  - Mas esse livro de sonetos…
NC -  É!... Porque eu acho que nós já passamos essa da desconstrução!... Para entrar na época da construção!... E arte… o hermetístico!...  desintegrou todas as formas!... O  que correspondiam a uma atitude!...  A uma descrença humana!... Quer dizer… nos mitos! Nos ideais!... Nos paradigmas!...E hoje é preciso encontrar um novo paradigma!...
Portanto, nós temos que caminhar para uma unidade!... E o soneto é uma expressão de unidade!...  

Estas palavras, fazem parte da entrevista que, Natália Coreia me concedeu, a par da leitura de um dos seus belos poemas, no interior do próprio ambiente do Botequim, sobre a hora da ceia, no dia em que foi distinguida com o Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, pelo seu livro “Sonetos Românticos, –

Natália Correia – Creio nos Anjos que andam pelo Mundo  - Na sua voz e lido na homenagem

A poesia de Natália  Correia tem sido recordada e distinguida nas tradicionais celebrações dos Templos do Sol – Chãs-Foz Coa – Este vídeo recorda uma dessas singelas homenagens, que ali prestamos aos poetas e a outras personalizes , assim como o  poema lido pela sua voz inconfundível no mítico botequim 

Poema  gravado no Botequim, em 1990, na sequência de uma entrevista que me concedeu a propósito do seu livro Sonetos Românticos, então distinguido, com o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores - S. Miguel - 13 de Set 1923 – Lisboa 16 de Março 1993, que tenho o prazer de recordar  conjuntamente com o que foi lido na singela homenagem prestada numa  das celebrações dos templos do sol-chãs-foz Côa –



FALEI COM ELA NA NOITE EM QUE FALECEU

Natália Correia, mais que uma figura inigualável, continua a ser  uma lenda viva – Quem é que, tendo-a conhecido, hoje esquecerá essa figura? Estive à frente dela na noite em que acabaria por falecer. Aliás, era geralmente junto da sua mesa e do Dórido Guimarães, seu fiel amigo e companheiro de todas as horas, que geralmente me sentava

Vendo com ar tão pálido e algo atormentada, enquanto comia uma pequena refeição,  um arroz-bife, perguntei-lhe o que se passava consigo. Respondeu-me, com uma das mãos no peito, que se sentia algo afrontada - Pelo que já não esperou pelo fecho do   botequim

De um momento para o outro, e depois de ter-se levantado e ido aos anexos do bar, vejo sair amparada  a abandonar o Botequim, ante o espanto das pessoas que ali se encontravam.  Vou à rua ver o que se passa. Fiquei com a impressão de que teria ido num táxi para sua casa onde acabaria por falecer. Sim,  na madrugada de 16 de Março de 1993, acometida por súbito ataque cardíaco, em

À minha pergunta se acreditava na vida para além da morte, na sequência de um inquérito  radiofónico, que estava a fazer, respondeu- me  com estes seus versos de  





O Livro dos Mortos”

 Quando me derem por morta
de lágrimas nem uma pinga:
um trevo de quatro folhas
tenho debaixo da língua.

Ouça-os na sua voz 


Tal como é reconhecido na sua biografia" a sua morte precoce deixou um vazio na cultura portuguesa muito difícil de preencher. Legou a maioria dos seus bens à Região Autónoma dos Açores, que lhe dedicou uma exposição permanente na nova Biblioteca Pública de Ponta Delgada, instituição que tem à sua guarda parte do seu espólio literário (que partilha com a Biblioteca Nacional de Lisboa) constante de muitos volumes éditos, inéditos, documentos biográficos, iconografia e correspondência, incluindo múltiplas obras de arte e a biblioteca privada.  Foi sepultada originalmente no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, e posteriormente trasladada para a ilha de São Miguel, nos Açores, em outubro de 2015. https://pt.wikipedia.org/wiki/Nat%C3%A1lia_Correia

VAMOS AO BOTEQUIM DA NATÁLIA  CORREIA - Era uma expressão habitual no meio intelectual e político. - Um dos raros bares da boémia lisboeta, na década de 70 e 80, onde a poesia, o convívio, a tertúlia, em qualquer momento se soltavam e davam largas à sua expressão mais alegre e calorosa.. Era conhecido pelo Botequim de Natália Correia – Fundou-o em 1971, com Isabel Meireles, no qual  se reuniu grande parte da intelectualidade portuguesa. A mais ilustre filha açoriana, fez história e deixou memória – Tanto no meio intelectual, como musical e politico. Foi anfitriã de escritores famosos como Henry Miller, Graham Greene ou Ionesco.

O mesmo sucede com o Café Martinho da Arcada Brasileira e outros. Aliás, a bem dizer já não existem cafés e restaurantes típicos à Portuguesa em parte  alguma dos bairros históricos

Fui dos seus habituais frequentadores - E foi também ali que principei um romance com uma francesa, mulher  do  director de um conhecido hotel internacional, onde acabaria por pernoitar naquela noite e nos três meses seguintes, romance que se prologaria por cinco anos por Sintra e Estoril.  

E era ali que também  encontrava sempre motivos de entrevistas ou de expotâneos apontamentos de reportagem. E alguns deles até sugeridos pela própria Natália Correia: foi o caso das entrevistas que fiz a Narana Coissoró e Afonso Moura Guedes, também frequentadores deste espaço, sobre uma série de entrevistas que estava a fazer sobre a 1ª relação sexual, para o semanário  Tal e Qual - Além da que fiz em casa de Amália Rodrigues   

Mas, em dado periodo, deixeI de lá ir após um pequeno desaguisado com a Natália: apresentei-lhe um casal, que, em vez de dizer que conhecia algum dos seus livros, ambos disseram  que a conhecim como deputada .  - Sua resposta não se fez esperar: "para me trazeres cá pessoas, que só me conhecem como deputada, não mas tragas cá." - O jovem casal não gostou  da expressão e.  ambos,  abandonaram imediatamente o bar., pelo que também os acompanhei. O rapaz era filho de um militar que cumpriu parte do serviço militar comigo em S. Tomé, pelo que fiquei também um tanto ou quanto desapontado pela reação  exaltada da Natália.   Se bem que me tivesse acostumado às suas inesperadas reações: que nela eram perfeitamente naturais. 


Ela admirava muito o meu trabalho radiofónico e as minhas aventuras maritimas nas pirogas são-tomense, por via da sua paixão pelo mar, tendo até  chegado  a ofercer-lhe algumas fotografias - Estas manchetes foram sugeridas por sua iniciativa

O Jornal O Diabo, então dirigido por Vera Lagoa, criticou  na primeira página Afonso Moura Guedes pelas suas confissões. E, Natália Correia, veio defendê-lo num artigo, também com destaque na 1ª página, no Diário de Notícias. 


Algumas das entrevistas da minha atividade profissional,  foram congeminadas sob a inspiração de Natália Correia, nomeadamente as publicadas no Tal e Qual,  sobre "a primeira relação sexual" - A Graça Lobo; Afonso Moura Guedes; Carlos Botelho; Raul Solnado; Ivone Silva; Narana Coissoró; Ary dos Santos; Raul Calado; Simone de Oliveira; Vitorino de Almeida.

E  a da própria  Amália.  Às tantas desistiu da entrevista, quis apanhar-me o gravador e a  cassete e eu tive que raspar-me, com ela e a Maluda  a correrem escadas abaixo até à rua atrás de mim e mais o Vicente, a irmã e duas amigas. Só descansei quando apanhei um táxi.  Mas a culpa também era dela, porque, quando ali cheguei, a conversa já era picante. 
E nem ela nem ninguém alterou a tónica dos episódios,  nem sequer ela deu mostras de ter pressa. Pelo contrário,  diverti-me com as  risadas, sentindo-me perfeitamente  integrado na tertúlia, como se fizesse parte das visitas habituais da casa. Aliás, já ali havia estado por duas vezes, para a entrevistar para a Rádio Comercial, e esta era a terceira. Pois  admirava muito a minha faceta de navegador solitário nas canoas pelo Golfo da Guiné

Embora não tendo mostrado a gravação, respeitando pois o desejo de Amália,  o simples facto de ter narrado o episódio no Botequim, foi motivo de hilariantes chalaças e  de sonantes gargalhadas por Natália e outras amigas, que se divertiram com os  tabus da grande fadista - Até porque a entrevista também havia sido combinada diretamente pelo telefone do bar. Com a entrevista a Afonso Moura Guedes, então  Presidente   Parlamentar da bancada do PPD, também viria a passar-se algo inesperado, com a publicação agressiva e destemperada de Vera Lagoa, no jornal o Diabo, a cujo artigo, Natália Correia, soube dar resposta adequada, no Diário de Notícias.

Entretanto, mais tarde, encontrámo-nos no lançamemto da sua foto-biografia, escrita por Victor Pavão. no solar daAdega Machado, e fzemos as pazes com um beijinho e uma pose especial à sia imagem, tendo-me autorizao a editar a entrevista - Mesmo assim, não a editei totalmente. 

Natália Correia casou-se quatro vezes. Mas o casamento que perduaria mais tempo foi  com Alfredo Luís Machado (1904-1989), conhecido por  Sr. Machado, gerente e dono do Hotel do Império, mais velho que a Natália, cuja relação, pelo que me pude aperceber, não seria tanto a de fomarem  um casal para  terem filhos, mas movidos por espírito  de inter-ajuda e de mútua paixão e admiração, cada um no seu oficio - Pois era ele que geria também o Botequim . 
Entretanto, a par desta paixão, com a qual nunca rompeu, surgiu por último a que teve com Dórdio Guimarães, seu admirador desde sempre, cineasta e filho de Manuel Guimarães. 

TERTÚLIAS DE CONVIVIO COMO O  DO BOTEQUIM, DIFICILMENTE SURGIRÃO

Pequeno espaço  mas que, em certas noites, parecia ser a grande aeronave espacial que nos levava nunca se sabia bem a que parte - tanto ao  perto, como bem ao longe: aos enredos e  intrigas de Belém, de S. Bento, no cotejo desta ou daquela figura,  em  conciliábulos conspiratórios, acaloradas discussões ou inesperados debates, mostras de pintura, lançamento  de livros, récitas de poesia, música e canto, fazendo-nos divagar, sabe-se lá por onde e por que confins, e a falar de alguém, morto ou vivo,  indo ao fundo da história e da literatura, levando-nos por oceanos a fora, não só ao Brasil, como a Cabo Verde, S. Tomé, Angola, Moçambique, a Macau e a Timor, aos vários pontos do Mundo. Temas não faltavam:  falava-se de tudo, frontalmente  e não em surdina ou de forma brejeira - Falava-se, sem  preconceitos mas sempre de modo vivo, curioso  e interessante, mas com a reverência de que havia ali uma rainha  que exigia vassalagem, culta, multifacetada  e carinhosa, que  adorava o convívio, que encantava e provocava a  curiosidade,   o diálogo, a ousadia, a imaginação,   conquanto não raiasse o palavrão ou o insulto -Tal como na sua escrita (desde a poesia, narrativa ao teatro) e na suas intervenções públicas,  Natália Correia, era a mulher da insubmissão, que criticava e questionava, abrindo as portas à  indignação e  à rebeldia, num tom mesclado com a tónica do humor, do  sarcasmo. Tinha resposta imediata, tal como ao fingimento ou à sobranceria:

Certa noite, uns sujeitos engravatados  e graves entram e sentam-se a uma mesa isolada, junto ao piano - recorda, Fernando Dacosta  - Natália segue-os  com o olhar, surpresa por não a terem reverenciado. De soslaio, passa a observá-los e a detestá-los.

«Esquisitos, parecem policias!» , exclama entre pequena fúria e grande curiosidade - a curiosidade matava-a.
Não se contendo, levanta-se em voo largo e picou sobre o Carlinho, pedindo-lhe música branda.
Um dos estranhos  ergue-se e dirigiu-se-lhe: "Senhora D. Natália, nós somos juízes e queríamos..."

Ela fulminou-o: "Juízes? Eu não gosto de gente dos tribunais!"
O seu interlocutor corrigiu: "Mas nós somos dos Estudos Judiciários..."
Ela voltou a fulminá-los: "Da judiciária?!"
Não, dos Estudos Judiciários", exclamou.
"Ora, é tudo a mesma coisa!", e virou-lhe as costas.

Sim, Natália detestava  a bajulação mas sabia que era diferente e gostava que essa diferença fosse reconhecida - Amante da critica, da contestação,  da liberdade de expressão, antes e depois de Abril. Mas, intrinsecamente, de dentro para fora e não por imposição externa.  Foi deputada pelo PSD, mas, justamente por via da sua insubmissão à castradora doutrina partidária, não tardou a ficar desiludida "das formações políticas existentes entre nós" Processada pelo partido, que lhe "moveu dois processos disciplinares  por desrespeito dos estatutos, o seu nome não demorou, como consequência,  de deixar de interessar aos partidos  - E, afinal, porquê?..  Estava-se no tempo em que a AD  defendia "uma maioria, um governo e um presidente"  - "Natália torceu o nariz ao solagn lançado por Sá Carneiro" , recorda, Fernando Dacosta, referindo que Natália objectava ser  essa situação "uma antecâmara para totalitarismos", pois, sem crítica, sem contestação, "pilares da liberdade", não há democracia.  

«IATE DE LUXO - "A magia do Botequim tornava-se, nas noites de festa, feérica. Como um iate de luxo. Navegava-se delirantemente  em demanda de continentes venturosos (ilhas e amores) que nunca se encontravam.

«o importante não era alcançá-los, mas procurá-los», sobre ondas de fantasia e desmesura»

«As tertúlias proporcionavam  a "comunhão com pessoas de espírito e de ousadia. vingará ela, «por isso, são fundamentais para se evitar  a cultura desvivenciada, pois  só quando se está muito na vida se pode transmiti-la aos outro. As reverberações das músicas, das luzes, dos vinhos, dos fumos, tudo faziam possível, apetecível."

FALAVA-SE DA VIDA E DA MORTE - E ATÉ DO INVISÍVEL, DO ALÉM

  Sim naquele então já mítico e lendário espaço, falava-se questões atuais e de futurologia: da vida e até da morte - Aliás, foi ali que, numa certa noite, lhe gravei. para a Rádio Comercial, um lindo poema em resposta a um inquérito que mesmo ali iniciei sobre a morte, sua resposta:  "Não me chorem, não é morte/ é só invisibilidade/ (...) Não sou católica. / Mas se missa me rezarem/pela alma, não me importa"

TOCADA PELO SAGRADO - Diz Fernando Dacosta  - "Não se tornava fácil compreende-la, nem amá-la. Fazê-lo, exigia sentimentos, disponibilidades especiais. Era um ser tocado pelo sagrado, um desses seres que não cabem no espaço que lhes foi destinado, nem no corpo, nem nas normas, nem nos modelos, nem nos sentimentos. Chegava a assustar."

"Os que não a aguentavam combatiam-na não pelas suas ideias, mas pelos seus tiques, não pela sua criação, mas pela sua distracção, tentando reduzi-la a anedotários de efeitos fáceis e falsos."

"Ao mesmo tempo forte e desprotegida, imponente e indefesa, egoísta e generosa, arguta e ingénua, dissimulada e frontal, sentia-se, ante as coisas rasteiras (e as pessoas, e as acções), perdida; só as grandes a tocavam, galvanizando-a. Então, toda ela era golpe de asa, vertigem"

E TAMBÉM “ENERGIA FLUTUANTE”

"Privilegiada  pelo  destino (com o talento, com a sedução), pelos íntimos (com o amor com a entrega), pelos amigos (com a lealdade, com a dádiva), a Natália viu a vida ir ter  consigo, enleando-a, dilatando-a.

A  paixão pelo superior adiantou-a, desde criança, ao seu meio. Entre a realidade que lhe coube partilhar  e a ficção que lhe coube voltear, foi ardendo nas margens da maior  imprevisibilidade."

"ÓDIOS DE ESTIMAÇÃO"




Num país de brandos costumes, a vingança serve-se fria e ao jantar - Fernando Dacosta, além dos notável testemunho que legou a todos quanto admiraram Natália e continuam adorar a sua obra,  sim, a quem felicito pelo excelente livro, certo já do seu êxito, de que lhe vão suceder várias edições, conta que "Dias depois  de Natália ter falecido, alguém na RTP" convida-me para fazer um programa para a rubrica "letras e Artes" sobre a sua vida. Dias volvidos, a mesma pessoa contacta-me, envergonhada: os responsáveis da estação opunham-se, Natália continuava-lhes (mesmo morta), insuportável.

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