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segunda-feira, 1 de setembro de 2025

COLONIALISMO EM SÃO TOMÉ – Escravo e opressivo nas roças - Alto quadro colonial, queixou-se ao Governador do jornalista – ou eu era expulso da ilha ou ele se demitia - Exigência do Presidente do Instituto de Trabalho, Previdência e ação Social de STP, apelidado de “ Cavalo Branco” - Mas A REVOLUÇÃO DE 25 DE ABRIL já estava na rua e trocou-lhe as voltas- Um dia os colonos, vindos das roças, invadem o Palácio do Governador, insultam o Governador, atual Palácio do Povo, e, mal me viram ao saírem, correm todos atrás de mim: ao ver a porta aberta de um edifício, pude subir pelas escadas acima e escondi-me num telhado. Se me apanhassem ter-me-iam degolado



O Presidente do Instituto de Trabalho de Previdência e Ação Social pressionou o Governador  a expulsar-me de S.Tomé. colocou o lugar à disposição: ou eu era expulso ou ele se demitia . Mas a revolução estava na rua  e trocou-lhe as voltas

A  Repartição do Gabinete informa  que foi posta à disposição do Governo, pelo seu titular. O lugar de Presidente do Instituto de Trabalho e Acção Social, o que não foi aceite, por continuar a merecer a confiança do Governo.

Mais se comunica, que, sobre a revista publicada no Nº 362, de 29 de Maio de 1974, a folhas 20 da Revista “Semana Ilustrada”, de Angola, foi, para apuramento das responsabilidades que foram devidas, ordenado inquérito,  nos termos do artº 414, do Estatuto do  Funcionalismo Ultramarino.

Repartição do Gabinete, em S. Tomé, aos 5 de Junho de 1974     Pelo Chefe do Gabinete

“NÓS E O PRESIDENTE DO INSTITUTO DE TRABALHO


Eis outro excerto da cópia do ofício que foi enviado para a Semana Ilustrada
Da Repartição de Gabinete do Governo de São Tomé e Príncipe, recebemos o seguinte oficio: 

Incumbe-se Sua Excelência o Encarregado do Governo de solicitar, nos termos do art, 414,  do E.F.U., a transcrição seguinte comunicado na Revista da mui digna direcção de V. Exa, como mesmo destaque e na mesma página em que  a noticia foi publicada;

Sob o título: “Nós e o Presidente do Instituto de trabalho” , e assinado por Jorge Trabulo Marquespublica o número 366 da revista “SEMANA ILUSTRADA”, um artigo me que se produzem várias afirmações que põem em causa a actuação do actual Presidente do Instituto do Trabalho e Acção Social desta província

Jorge Trabulo Marques - Jornalista e líder da equipa da primeira escalada ao Pico Cão Grande, concluída com êxito em meados de Outubro de 1975, após  anos de sucessivas tentativas

BIG DOG IN SÃO TOME - THE GREAT PEAK CLIMBING THE VERTICAL "This is one of the highest needle-shaped "volcanic plug" peaks on Earth  -In The Dark Tower: Found!


- Fui  a  primeira pessoa a escalar sozinho este majestoso pico. Dizia-se que o Cão Grande  tinha feitiço e quem ousasse escalá-lo, ficava lá morto. Por isso, não  constava que alguém tivesse ousado subir as suas paredes verticais. Eu achei que devia quebrar esse enguiço. Mas também por se me impor como um desafio desde o primeiro dia que  fui trabalhar como empregado de mato para a Roça Ribeira Peixe   - E que veio a tornar-se ainda mais intenso  depois de abandonar aquela propriedade agrícola. 

Impunha-se-me a sua conquista como uma espécie de  desforra às humilhações de que fui alvo por parte da administração daquela roça e da Roça Uba-budo, pertencentes à mesma empresa: A companhia Agrícola Ultramarina. 


O administrador mandara-me para ali de castigo a contar cacaueiros, numa área abandonada e infestada pela cobra-preta, pelo facto de me ter recusado a tratar os trabalhadores por tu e de forma autoritária, ao velho estilo colonial. Andava eu com um trabalhador cabo-verdiano: ele de caldeirinha na mão cheia de água de cal para marcar os cacaueiros que eu ia contado.   Eu andava de galochas e ele descalço: um dia uma serpente picou-o e morreu no local. Nesse mesmo dia à noite abandonei  a Roça. 

 O Sebastião, que residia numa pequena aldeia, próximo da ponte do Caué,, era quem me acompanhava até ao sopé de um dos flancos. Era caçador de porcos. E aproveitava para, com os seus cães, fazer as suas caçadas.  seguidas de várias subidas solitárias, até que, em Outubro de 1975, na companhia de dois jovens e corajosos santomenses, conseguimos completar a subida.

Desprovidos dos recursos técnicos usados nas grandes escaladas, sem calçado adequado,  luvas ou capacetes, munidos apenas de vulgares cordas e de uma vareta de pontiaguda numa mãos com que nos segurávamos nas reentrâncias naturais ou onde não nos era possível fixar umas cavilhas improvisadas,  com os pés apenas cobertos por vulgares meias, lá íamos subindo descalços.

..


Depois do 25 de Abril, passei a poder escrever o que antes me estava vedado, porém, só Deus sabe as represálias  de que fui alvo: desde pressões para ser expulso de S. Tomé, a bárbaras agressões de alguns colonos , tendo sido forçado a antecipar a minha travessia de canoa de S. Tomé à Nigéria, em Março de 1975. O meu regresso, só o pude fazer, dois depois da independência do 12 de Julho, num voo militar, para concluir  de escalar o Pico Cão Grande e tentar a travessia oceânica de canoa pela rota da escravatura, que acabaria por se saldar num naufrágio de 38 longos dias e noites. –

.A revolução de Abril  apanhou de surpresa, a generalidade dos colonos. A liberdade de expressão, ainda não era   bem aceite: a  mentalidade colonial,  reinante, não ia mudar de um dia para o outro.  Por isso, caso não viesse  a contar  com a compreensão  e o apoio do então Alto-Comissário, Pires Veloso, estou certo que tinha sido demitido da rádio e expulso para Portugal, tal como foram alguns revolucionários do MLSTP -Aliás, já, em janeiro de 1974, havia sido saneado .


A primeira grande pressão partiu do Presidente do Instituto de Trabalho, Previdência e Acção Social, que, em vez de defender os trabalhadores, esteve sempre ao lado dos grandes roceiros e dos patrões mais abusadores – 

Chamavam-lhe o cavalo branco, pela sua cabeleira  grisalha e postura autoritária. 

Era uma figura mal vista, sinistra, que passava os fins-de-semana nos banquetes dos roceiros .  Quando tive oportunidade de  criticar a sua atuação, colocou imediatamente o lugar à disposição: ou eu era expulso ou ele se demitia

Dei-me  conta de tal atitude através do Emissor Regional.de S. Tomé e Príncipe, que  difundiu um oficio  emanado da Repartição de Gabinete, dizendo que  uma noticia publicada em Semana Ilustrada, na edição Nª 362, levou o Presidente do Instituto de Trabalho, Previdência e Acção Social, a pôr à disposição do Governo o seu lugar naquele organismo público, o que não foi aceite, segundo o mesmo comunicado, por continuar a merecer a confiança do Governo".


Os jornalistas são sempre as primeiras vítimas, os bodes-expiatórios da ira popular, das guerras e conflitos - Em S. Tomé, só não me lixaram, talvez por milagre - Mas não foi da população nativa que partiram as agressões e ameaças. Aliás, foi no seio desta que eu fui protegido.

Durante o colonialismo em São Tomé e Príncipe, o sistema de trabalho e os serviços sociais, como o Instituto de Trabalho, Previdência e Ação Social, em vez de servirem os trabalhadores, tanto os nativos, como os contratados  vindos de Cabo-Verde, Guiné, Angola e Moçambique, perpetuavam os atos repressivos e  discriminatórios e não serviam verdadeiramente os trabalhadores, perpetuando uma hierarquia social que  se colocava unicamente  ao lado dos roceiros, cerceando-lhes os direitos e condições de vida dignas. Os proprietários das roças, eram apelidados de turistas da Gravana, período mais seco e em que menos chove e coincide ao verão no hemisfério Norte.

A bem dizer, tanto a fruta como a comida não faltavam, mesmo  que fosse de má qualidade, como sucedia ao feijão vindo de Angola. Sim, porque, fosse fubá podre, peixe seco e podre e feijão cheio de bicho, vindo de Moçâmedes. O que não mata engorda. Pois, naquele tempo colonial, tal como então se dizia: saco vazio não aguenta em pé  e  o importante na mentalidade colonial  era tirar o máximo rendimento mas pagando salários de miséria.

Por isso, as principais roças, todas dispunham de hospitais e de senzalas e de outras instalações, que, infelizmente, hoje estão em ruinas ou irreconhecíveis, tanto os armazéns, creches e  chalés ou edifícios dos escritórios, oficinas e  administrações

 NÃO CEDI ÀS AFRONTOSAS AMEAÇAS E  CHANTAGEM

Apesar das  prepotentes ameaças, nunca  me deixei atemorizar  – E voltei à carga:  Eis  a passagem da minha resposta:  (…) "Pelo que nos parece, o Presidente do Instituto de Trabalho, Previdência e Acção Social, não se tem conformado com verdades que lhe apontamos ( e verdades quem gosta que lhas digam?) facto que até o levou a colocar o seu lugar a disposição do Governo(atitude esta que nos deixa um bocado confusos}  vamos pois dar-lhe conhecimento de mais qualquer coisa. Até para  defesa do seu prestígio pessoal, que mais não seja.

Não sei se V. Exa já tinha dado conta que não goza de  muitas simpatias em S. Tomé. (no  Príncipe, não sei o que lá vai). E parece-me que afinal não só das classes trabalhadores com até de certas entidades patronais, para as quais, V. Exa, não vem tomando idêntico critério que usa para com outras. 

Por· outro lado, o seu pessoal, os funcionários que estão sob as suas ordens, igualmente, grande número deles não gostam de V.Exa. Nem confiam em V. Exa. Disseram-nos que tem sido muito injusto para com eles. Que não se tem interessado nem utilizado o mesmo critério para todos no que respeita a promoções, e, consequentemente, compensação  dos seus serviços. Se V.Exa.  não sabia disso então fica desde já sabendo. Mas é muito natural que, quando o senhor ler estas linhas, parte dos seus subordinados, já se tenha manifestado e feito compreender perante a sua pessoa: pois já nos disseram que iam marcar uma reunião com V.Exa.

No que respeita à calasse dos trabalhadores,  vários têm sido os trabalhadores  que se nos têm vindo a lamentar da sua pessoa. Não pretendemos apontar ninguém, até porque não é essa nossa função. Ainda, há dias, por exemplo,  um trabalhador de uma roça veio ter connosco dizendo que tinha sido despedido sem justa causa da propriedade onde  trabalhava. Ainda por cima lhe passaram uma guia (cuja fotocópia temos connosco ) para efeitos. de apresentação às entidades  oficiais, em que se referia que o dito trabalhador  se havia despedido, mas tinha sido precisamente o contrário, segundo ele próprio nos declarou.” – Excerto


Senhor Governador de São Tomé e Príncipe

Excelência

CARLOS CARDOSO GOUVEIA FRANCO, intendente administrativo do quadro de Administração Civil do Ultramar , exercendo, em comissão de serviço,  as funções de Presidente do Instituto de Trabalho  de Acção e Segurança Social, desta província, respeitosamente , vem explicar a V. Exa. o seguinte.

O nº 362 de  29  de Maio de 1974, da publicação “Semana Ilustrada”, publica nas folhas 20, uma local do seu correspondente, local de que junto uma cópia, em que, em resumo,  e “julgando interpretar, os sentimentos de parte da opinião pública”, se permita dizer que “o actual responsável naqueles serviços (Instituto de Trabalho Previdência e Acção Social de S. Tomé e Príncipe), agora signatário desta exposição, “não merece a simpatia  nem a confiança das classes que serve”

E prossegue dizendo , que ´”É considerado demasiado agarrado  à defesa dos interesses das entidades patronais. O que devia ser o contrário”.

Pretende alicerçar essa sua conjectura  em “já lhe ter sido movido  um  voto de desconfiança, há  tempos, pelo Sindicato  Nacional dos Empregado do Comércio, Indústria e Agricultura de São Tomé e Príncipe”.

Termina essa local da seguinte maneira: “Foi nomeado para o exercício daquelas funções ainda no tempo do Governador Silva Sebastião. Não tem jeito nenhum, cremos, no momento actual, que as mesmas se estendam por um terceiro período. Era demasiado poder de adaptabilidade.”

Finalmente, e porque é frequente e generalizada a confusão, quando não é mal intencionada, afigura-se-me útil que pelo Governador da Província, seja esclarecido o público, e especialmente o  Sindicato dos Empregados do Comércio, Indústria e Agricultura,    de  que  a este  Instituto não cabem funções de defesa percicial e de outro dos sectores concernentes às relações de trabalho.

O último parágrafo da local insinua ligações que se podem de carácter político pelo que importa esclarecer que o signatário nunca teve qualquer filiação política. Ao contrário teve não poucos dias.

Assim, tenho que considerar a local em apreço, como verrinosa, injuriosa e difamatória, atingindo gravemente o prestígio pessoal e profissional do signatário que sofre  assim,  um insulto gratuito,   o que  parece que se enquadra  no ambiente e atitudes que o  senhor General Galvão de Melo, bem definiu numa carta lida  aos microfones da Emissora Nacional e lhe não foi aceite.

Talvez por isso, por muito que pese a opinião do senhor correspondente, tenham contribuído as suas informações  deste  serviço,  desde há  vários anos,   sempre o classificado de  “muito bom”.

Porque a encarregatura do Governo é uma situação transitória, não procedeu o signatário da mesma forma com Vossa Excelência mas vem fazendo agora, colocando  à disposição de Vossa Excelência  o lugar de Presidente do Instituto de Trabalho, Previdência e Acção Social  desta província.

 E fá-lo com a intenção de dar a Vossa Excelência inteira liberdade de accionar imediatamente  o termo da sua comissão  ordinária de serviço  ou da opinião do Governo ser coincidente  com a  do articulista, quer pelas razões que este invocou, quer até por outras que julgue pertinentes.

Mas, se ao contrário, em face actuação do signatário, provada através de toda a documentação arquivada, o parecer do Governo da Província foi o de que continuo a merecer a confiança  que me tem sido outorgada    e da de ser tido como pessoa capaz  de estudar, propor e coordenar  as medidas administrativa e legislativas  tenham sido ao justo equilíbrio  entre os legítimos interesses dos trabalhadores e dos empresários, então peço, respeitosamente a Vossa Excelência que essa confiança seja tornada pública pelos meios que forem  designados convenientes e responsabilizado o articulista Jorge Marques 

 


AS BRUTAIS PERSEGUIÇÕES  E SELVÁTICAS AGRESSÕES FÍSICAS DE ALGUNS COLONOS

-Vindas de indivíduos que ainda hoje se gabam no Facebook das sórdidas patifarias, que me fizeram  


DEPOIS DO 25 DE ABRIL, A TROPA FEZ A LIMPEZA DO CONTEÚDO DOS PROCESSOS INSTAURADOS PELA PIDEE SE NÃO FOSSE A SEMANA ILUSTRADA, ATÉ PARECIAM QUE ESTAVAM A GOZAR UMAS FÉRIAS





Atualmente, mesmo que se queira fazer uma investigação, em relação à atuação da PIDE; em S. Tomé, penso que não é possível: tanto  pelos condicionalismos da lei, como  pelo facto dos arquivos terem sido todos limpos. Assisti ao transporte dos armários.dos arquivos

Como fui preso, quis saber o que constava da minha fixa, só lá descobri as capas do processo: - A tropa, subordinada ao  Comando Territorial Independente,  foi lesta em defender a PIDE  -  

Se não fosse uma manchete da minha revista, os agentes da PIDE continuavam a passear.se por lá, como se nada tivesse  mudado - Pena não terem chegado algumas edições  a Portugal, após o 25 de Abril. 


COLONOS APÓS INVADIREM O PALÁCIO DO GOVERNO E INSULTAREM O GOVERNADOR – MAL ME VIRAM NAS IMEDIAÇÕES, UMA AUTÊNTICA MULTIDÃO DESATOU A CORRER ATRÁS DE MIM  

.. SE ME APANHASSEM,  TERIA SIDO DEGOLADO E DESFEITO!...  - Em toda a parte os jornalistas são sempre as primeiras vitimas da ira popular, da intolerância e do ódio - Em todos as  guerras e conflitos - Mas não só.

Um total de 110 jornalistas foram mortos em todo o mundo em 2015, informou a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) nesta terça-feira (29), destacando que a maioria foi vitimada por causa de seu trabalho em países supostamente pacíficos.Mais de 100 jornalistas foram mortos em 2015,....Os países onde mais morreram jornalistas em 2015 -.....Dois jornalistas mortos a tiro em direto nos EUA.................Brasil registra o maior número de jornalistas assassinados ...


INDEPENDÊNCIA TOTAL, CÁ CU PÔVÔ MECÊ”

Esta a expressão ostentada, num enorme cartaz,  com que foram dadas as boas vindas ao então Tenente Coronel Pires Veloso - O Primeiro e o último governador pós 25 de Abril - Este o aviso de que a vontade do povo santomense era soberana e imparável, por mais obstáculos que existissem.

 Os ativistas – pró-independência - não enveredaram pela luta armada mas causaram forte contestação e instabilidade, não dando tréguas a qualquer ideia ou projeto que não visasse a total libertação do povo oprimido do arquipélago. Promovendo uma constante onda de agitação política e social. Não deram hipóteses a que os movimentos federalistas ou neocoloniais, conquistassem adeptos e se implantassem. 

Tal  como recordou, e muito bem, Isadora de Ataíde Fonseca, acerca de um estudo sobre  “A  imprensa e o império colonial em São Tomé e Príncipe (1857-1974), o único jornal existente, A VOZ DE S. TOMÉ, tinha como propósito sustentar o regime no arquipélago, e em 1950 (n.º 57, Fevereiro) propagandeava o bairro Dr. Oliveira Salazar, o dispensário tuberculoso e o acréscimo de estradas.

Em Outubro de 1952, o jornal passou a semanário, e o n.º 83 (Novembro de 1952) noticiava o relatório de contas da província com o título “Boas contas”, apesar do agravamento da crise económica. O 1º Plano de Fomento foi publicado neste ano e pretendia fixar 2500 famílias cabo-verdianas para reforçar a produção. Previa também a distribuição de lotes de terra por todos os africanos e o trabalho obrigatório. Os ilhéus ficaram receosos e panfletos anónimos apareceram nas casas a ameaçar de morte quem contratasseO massacre de Batepá, em 03 de Fevereiro de 1953, foi quase ignorado pelo jornal. No n.º 95, em Fevereiro, publicava uma nota oficiosa, na qual o governo afirmava: “Tendo chegado ao conhecimento do Governo que indivíduos desafectos à actual situação política, conhecidos como comunistas, propalam boatos tendenciosos no sentido de que os filhos de S. Tomé irão ser obrigados a contratar-se como serviçais para trabalhos nas roças, o Governo esclarece que nenhum filho da terra deve dar crédito a estas atordoadas”. Note-se que o director do jornal à época, Raul Simões Dias, também presidente da Câmara Municipal de São Tomé, esteve directamente envolvido nos conflitos, tendo organizado (e integrado) grupos de colonos que promoveram a violência contra os ilhéus.”



Um telegrama, enviado para a Emissora Nacional, pelo Intendente do Emissor Regional de São Tomé e Príncipe, inviabilizara a minha admissão no quadro:

Instaurou-me um processo disciplinar, devido a um artigo publicado naquela revista – Por ter falado na problemática do Turismo, em S. Tomé  – O Diretor deste serviços, não gostou e lá tive que levar com a ripada: 

Este, como era amigo do Eng. Américo  Freire - um fascista que havia sido enviado pela Emissora Nacional, para reestruturar  os serviços técnicos do Emissor Regional,  instalar uns potentes emissores de Onda Média, para fazer de S. Tomé, um centro de propaganda colonial para a região dos países do Golfo da Guiné e África Central - , obrigou o Intendente Carlos Dias, a enviar um telegrama para Lisboa,  a  anular a minha admissão, que havia sido proposto por ele mesmo à EN. – Ainda teve a lata de me chamar o seu gabinete e  de me confessar: “você disse mal do meu grande amigo, vai-se lixar!... E não o ponho no olho da rua, porque precisamos de você!”

RECEANDO  QUE  PUDESSE SER ADMITIDO - A INFORMAÇÃO TEVE MESMO DE SER ENVIADA  DE URGÊNCIA VIA TELEGRAMA - Este o teor:



"REPARTICAO DOS SERVIÇOS GERAIS DA EMISSORA NACIONAL LISBOA

VIRTUDE DE SUMÁRIO INQUÉRITO SOBRE PROCEDIMENTO OPERADOR JORGE LUIS MARQUES. REFERIDO NSI 1929 12 CORRENTE FECAEEE PELO VEXA NÃO CONSIDERAR AQUELE OPERADOR PARA INCLUSAO ARTIGO  19/0

 CUMPRIMENTOS
CARLOS DIAS ER STP"


 


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