expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

segunda-feira, 7 de março de 2016

São Tomé - cidade colonial e cidade atual - Árvores do período colonial devastam passeios e os muros da marginal da Baía Ana de Chaves – A solução passa pelo seu abate e a escolha de espécies adequadas –

Estas árvores foram plantadas em 1973 - conforme documenta a imagem seguinte, registada em sentido contrário

Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista

1973  - Frente aos Correios


Diz-se, que no período colonial, a cidade de São Tomé se encontrava mais limpa e embelezada – Em certa medida, sim; agora o desleixo é incomparavelmente bem pior;


Não só não souberam conservar as calçadas das bermas das ruas e as balaustradas das avenidas junto à Baía, tal como os molhes, as infraestruturas dos  pontões para as cargas e descargas da traineiras e batelões, como os deixaram degradar e apodrecer, transformando-os estes sítios em perigosas ratoeiras, praticamente, só usados pelos jovens pescadores à linha em busca de um qualquer peixito para a bucha do dia.

S- Tomé - Atual 
S. Tomé atual

S. Tomé atual
O lixo transborda nos contentores, em pleno centro da capital para os cães doentes e vadios matarem a fome e espalharem carraças e doenças. Não se construiu uma única retrete pública, razão pela qual o aspeto da marginal, além de arruinado e esburacado, se transformou num autêntico cagadouro público

SIM, TAMBÉM NAQUELE TEMPO O CAPIM ERA DIFÍCIL DE CONTRARIAR – Tal como o documentam as imagens da reportagem que fiz para a revista Semana Ilustrada, que publiquei, em 1973,  e  que aqui reproduzo, denunciando, justamente o brado de algum desse estampado desmazelo

S. Tomé - Atual
São Tomé2016

Claro que, o capim, facilmente prolifera num clima que lhe é propício a vegetar por mais capinadas que se façam, tal como sucede  aos cacauzais no mato: cresciam manchas de capim por todo o lado, desde a cidade aos bairros populares – E hoje? … Até parece que um vendaval arrasou a cidade.

S. Tomé - Atual
Mas a questão, que agora aqui me traz, embora fazendo esse contraponto, tem mais a ver com as árvores, que foram plantadas, no período colonial, quer nas calçadas de algumas ruas, quer ao longo da marginal – Plantaram-se  árvores, tendo apenas em conta a sombra e não os seus efeitos devastadores nos passeios.

Na verdade, não basta plantar árvores nos passeios ou nas áleas de uma cidade, é preciso saber o que se planta: recomendam as boas normas dos especialistas, que “é fundamental ter muito cuidado na hora de escolher uma espécie para ser plantada no espaço. “Plantas de raízes superficiais e muito vigorosas são péssimas escolhas para o plantio em calçadas Galhos das árvores – plantar árvores de crescimento rápido não é uma boa opção, pois possuem galhos frágeis, que podem ser quebrados facilmente pelos ventos e chuvas, podendo ocasionar acidentes. Plantas tóxicas– algumas plantas são muito tóxicas, além de atraentes para as crianças. Tome cuidado ao utilizar plantas que são tóxicas, já que seus efeitos podem ser desde queimaduras leves, até a cegueira ou mesmo à morte. Evite plantas como a espirradeira. Que árvores plantar nas calçadas?


Sao Tomé -Março 2016

Tal como é reconhecido, “As árvores são fundamentais nas ruas e avenidas. Além de embelezar, elas tem um importante papel no equilíbrio térmico, refrescando onde quer que estejam. Também colaboram com a redução da poluição sonora e do ar, fornecem sombra, refúgio e alimento para as aves. Os benefícios não param por aí, poderíamos falar de fixação de carbono, produção de oxigênio, proteção contra ventos, etc. Mas a escolha da espécie correta é fundamental 35 Árvores ideais para calçadas - Jardineiro.net

São Tomé - Março 2016


S- Tomé 1973


Devido ao aumento do nível do mar e ao crescimento das raízes superficiais de certas espécies, que, no período colonial,  foram plantadas, como árvores de sombra e de embelezamento, ao longo dos passeios da marginal da Baía Ana de Chaves  -  que é digamos, a extensa varanda da cidade, sobre o azul esmeralda das águas tranquilas, que entram por ali adentro - , dir-se-ia que, por via desses dois fatores, certos troços, se não estão totalmente intransitáveis, dificultam  bastante a passagem dos peões.

Acrescer a esse inconveniente, tratando-se de árvores com raízes superficiais, além de estragarem as calçadas, podem arrancar-se mais facilmente e constituir um perigo para o cidadão ou para o património público ou privado – E foi justamente uma dessas imagens, que pudemos registar, devido ao vento e à chuva, que se abateu sobre a cidade, na noite de Sexta para Sábado.

“ESTA CIDADE DE UM VERDE EXAUSTIVO” – Título de um artigo de duas páginas publicado na revista “Semana Ilustrada”, de Luanda 


Quando a revista Semana Ilustrada, não trazia artigo, já sabia que a censura, mo havia cortado – Mesmo assim, com pouco mais de imaginação e jeito, de vez em quando, lá se iam dizendo umas coisitas, que podiam fazer alguma comichão – 


Fizeram-no, quer antes, quer depois do 25 de Abril –  Pouco antes desta revolução, por via de uma critica ao Diretor do Turismo, levei com um processo disciplinar no Emissor Regional de STP, onde trabalhava como operador, em regime de eventual, que me impediu a entrada para os quadros da EN – Depois do 25 Abril, tais foram as reações, que   acabei por ter de sair numa canoa para Nigéria, devido às perseguições violentas movidas por alguns colonos.

 Bom, mas não é disso que venho recordar, mas sobre o estado  em que se encontravam alguns passeios e ruas – Reportagem que, para não ferir demasiado susceptibilidades, começava mais ou menos em jeito poético  Escrita nestes termos,

São Tomé - 1973
"Esta S. Tomé de um verde exaustivo… Alguém teria começado assim o seu poema. Um poeta pode 'encontrar beleza até no capim que brota livre e espontaneamente no passeio da rua, da avenida, ou cresce desmesuradamente entre o viço das flores de um jardim ou nos canteiros de um simples parque. Tudo, enfim, para o poeta pode ser poesia.

Mas capim, a despontar aqui e ali, no passeio, na avenida de uma cidade, no quintal, a assomar dentro ou fora do muro que e, veda, ou à entrada da residência deste ou daquele cidadão, a tapetar este ou aquele jardim particular ou público,será de facto mesmo poesia? De certo que não é.

S. Tomé 1873

Ora, parece-nos, que a esmagadora maioria da população da ridente e laboriosa pequena S. Tomé, não é construída por poetas. Haverá, enfim, uns poucos, mas que é isso em comparação com a grande ‘maioria não poética· Com aquela para quem o capim é mesmo capim. Nem são rosas, nem são flores, é mato. Coisa que não dá bom aspecto, Nem sabe o ponto de vista de higiene, nem de embelezamento. Embelezamento sobretudo numa cidade que se pretende seja bonita, arranjadinha, limpinha, cheia de belos e lindos jardins, onde se respire o ar fresco da relva, da relva que não existe, ou se existe raramente se percebe. 



O capim cobre-a. Amarelece-a. Sufoca-a. E principalmente quando não  é regada cuidadosamente. Ou quando é cortada à-pai-adão, à  machinada, como vulgarmente sucede, pois não há máquina sequer para cortar relva. É com  lâmina de machim. Que corta mal. Porque corta tudo. Aos altos e baixos. Por cima e pela raiz. Depois tudo fica feio, logo de entrada. Os jardins que existem, excepção de um ou outro, mas que também nem sempre estão arranjados, são verdadeiro matagal, onde as plantas ornamentais se confundem    com o capim. Onde tudo, digamos, é capim. E capim  é mato.


Mas isto que se passa nas praças, avenidas, nos jardins ou parques, nos lugares públicos acontece igualmente à volta de alegres e características  moradias que se vêm alinhadas ao longo de certas ruas ou avenidas, nas quais o desmazelo é também evidente. Que começa logo pela pintura dessas mesmas moradias cuja cor há muito perdeu a verdadeira tonalidade e se confunde com o espesso manto  verde que as envolve.


S. Tomé - Março 2016
Não compreendemos pois tal situação,' Quer-nos parecer mesmo que nunca vimos esta nossa cidade tão mal cuidada no que respeita ao aspecto exterior de certas casas e ao mau estado em que se apresentam alguns jardins. Claro que todos nós vemos diariamente as brigadas de pessoal da Câmara de volta e meia com o machim em riste. Agachados aqui ou acolá . ,A limpar este ou aquele local. A cuidar deste ou daquele jardim que passado, pouco tempo, volta a estar na mesma, a precisar de igual operação. Porque aqui o clima é de facto pródigo. O solo normalmente é fértil e as chuvas abundam

.Mas, perguntámos· não haverá forma, não haverá uma solução de seguir um meio termo. entre o trabalho do homem e as forças da natureza? Uma maneira de evitar extremos? De conseguir jardins não muito bonitos e muito bem cuidados mas pelo menos com aspecto de jardim onde o capim não seja o elemento predominante?
É desolador. E então os porquês?

Ah, desses nem é bom falar. Desde as  árvores mal cuidadas a crescerem e alargarem à mercê da própria natureza, por vezes com os ramos quase a tocarem no chão. Já não falando das que se abatem. · Mas isso é outra história. Às vezes, embora não  pareça, há mesmo necessidade de se cortarem…

Argumenta-se normalmente que a Câmara Municipal não tem verba que chegue para recrutar o pessoal de que necessitaria para todo o seu serviço. Isso é um facto. Sabemos que as disponibilidades financeiras da Edilidade são modestas para fazer face às suas necessidades e aspirações. Aos trabalhos, às obras e projectos que o seu responsável gostaria de concretizar.

No entanto, no tocante a pessoal, afigura-se-nos que o mal é outro. Um mal que não só afecta a própria Vem de há muito e predominarem muitos outros lados. Saco vazio, dizem, não se aguenta em pé. Lá isso é verdade. Mas isso é um aspecto…





Nenhum comentário :