Estas árvores foram plantadas em 1973 - conforme documenta a imagem seguinte, registada em sentido contrário |
Por Jorge Trabulo Marques - Jornalista
1973 - Frente aos Correios |
Diz-se, que no período colonial, a cidade de São Tomé se encontrava mais limpa e embelezada – Em certa medida, sim; agora o desleixo é incomparavelmente bem pior;
Não só não souberam conservar as calçadas
das bermas das ruas e as balaustradas das avenidas junto à Baía, tal como os
molhes, as infraestruturas dos pontões para as cargas e descargas da
traineiras e batelões, como os deixaram degradar e apodrecer, transformando-os
estes sítios em perigosas ratoeiras, praticamente, só usados pelos jovens pescadores
à linha em busca de um qualquer peixito para a bucha do dia.
S- Tomé - Atual |
S. Tomé atual |
S. Tomé atual |
SIM, TAMBÉM NAQUELE TEMPO O
CAPIM ERA DIFÍCIL DE CONTRARIAR – Tal como o documentam as imagens da reportagem
que fiz para a revista Semana Ilustrada, que publiquei, em 1973, e que aqui reproduzo, denunciando, justamente o brado de algum desse estampado desmazelo
S. Tomé - Atual |
São Tomé2016 |
S. Tomé - Atual |
Na
verdade, não basta plantar árvores nos passeios ou nas áleas de uma cidade, é
preciso saber o que se planta: recomendam as
boas normas dos especialistas, que “é fundamental ter muito cuidado na hora de
escolher uma espécie para ser plantada no espaço. “Plantas de raízes
superficiais e muito vigorosas são péssimas escolhas para o plantio em calçadas Galhos das árvores – plantar árvores de crescimento
rápido não é uma boa opção, pois possuem galhos frágeis, que podem ser
quebrados facilmente pelos ventos e chuvas, podendo ocasionar acidentes. Plantas tóxicas– algumas plantas são muito tóxicas, além de
atraentes para as crianças. Tome cuidado ao utilizar plantas que são tóxicas,
já que seus efeitos podem ser desde queimaduras leves, até a cegueira ou mesmo
à morte. Evite plantas como a espirradeira. Que árvores plantar nas calçadas?
Sao Tomé -Março 2016 |
Tal como é reconhecido, “As árvores são fundamentais nas ruas e
avenidas. Além de embelezar, elas tem um importante papel no equilíbrio
térmico, refrescando onde quer que estejam. Também colaboram com a redução da poluição sonora e do ar, fornecem sombra, refúgio e alimento para as aves. Os
benefícios não param por aí, poderíamos falar de fixação de carbono, produção
de oxigênio, proteção contra ventos, etc. Mas a escolha da espécie correta é
fundamental 35 Árvores ideais para
calçadas - Jardineiro.net
São Tomé - Março 2016 |
S- Tomé 1973 |
Devido ao aumento do nível do mar e ao crescimento das raízes superficiais de certas espécies, que, no período colonial, foram plantadas, como árvores de sombra e de embelezamento, ao longo dos passeios da marginal da Baía Ana de Chaves - que é digamos, a extensa varanda da cidade, sobre o azul esmeralda das águas tranquilas, que entram por ali adentro - , dir-se-ia que, por via desses dois fatores, certos troços, se não estão totalmente intransitáveis, dificultam bastante a passagem dos peões.
Acrescer a esse inconveniente, tratando-se de árvores com raízes superficiais, além de estragarem as calçadas, podem arrancar-se mais facilmente e constituir um perigo para o cidadão ou para o património público ou privado – E foi justamente uma dessas imagens, que pudemos registar, devido ao vento e à chuva, que se abateu sobre a cidade, na noite de Sexta para Sábado.
“ESTA CIDADE DE UM VERDE
EXAUSTIVO” – Título de um artigo de duas páginas publicado na revista “Semana
Ilustrada”, de Luanda
Quando a revista Semana Ilustrada, não trazia artigo, já sabia que a censura, mo havia cortado – Mesmo assim, com pouco mais de imaginação e jeito, de vez em quando, lá se iam dizendo umas coisitas, que podiam fazer alguma comichão –
Fizeram-no, quer antes, quer depois do 25 de Abril – Pouco antes desta revolução, por via de uma critica ao Diretor do Turismo, levei com um processo disciplinar no Emissor Regional de STP, onde trabalhava como operador, em regime de eventual, que me impediu a entrada para os quadros da EN – Depois do 25 Abril, tais foram as reações, que acabei por ter de sair numa canoa para Nigéria, devido às perseguições violentas movidas por alguns colonos.
Bom, mas não é disso que venho recordar, mas sobre o estado em que se encontravam alguns passeios e ruas – Reportagem que, para não ferir demasiado susceptibilidades, começava mais ou menos em jeito poético Escrita nestes termos,
São Tomé - 1973 |
Mas capim, a despontar aqui
e ali, no passeio, na avenida de uma cidade, no quintal, a assomar dentro ou
fora do muro que e, veda, ou à entrada da residência deste ou daquele cidadão,
a tapetar este ou aquele jardim particular ou público,será de facto mesmo
poesia? De certo que não é.
S. Tomé 1873 |
Ora, parece-nos, que a esmagadora maioria da população da ridente e laboriosa pequena S. Tomé, não é construída por poetas. Haverá, enfim, uns poucos, mas que é isso em comparação com a grande ‘maioria não poética· Com aquela para quem o capim é mesmo capim. Nem são rosas, nem são flores, é mato. Coisa que não dá bom aspecto, Nem sabe o ponto de vista de higiene, nem de embelezamento. Embelezamento sobretudo numa cidade que se pretende seja bonita, arranjadinha, limpinha, cheia de belos e lindos jardins, onde se respire o ar fresco da relva, da relva que não existe, ou se existe raramente se percebe.
O capim cobre-a. Amarelece-a. Sufoca-a. E principalmente quando não é regada cuidadosamente. Ou quando é cortada à-pai-adão, à machinada, como vulgarmente sucede, pois não há máquina sequer para cortar relva. É com lâmina de machim. Que corta mal. Porque corta tudo. Aos altos e baixos. Por cima e pela raiz. Depois tudo fica feio, logo de entrada. Os jardins que existem, excepção de um ou outro, mas que também nem sempre estão arranjados, são verdadeiro matagal, onde as plantas ornamentais se confundem com o capim. Onde tudo, digamos, é capim. E capim é mato.
Mas isto que se passa nas praças, avenidas, nos jardins ou parques, nos lugares públicos acontece igualmente à volta de alegres e características moradias que se vêm alinhadas ao longo de certas ruas ou avenidas, nas quais o desmazelo é também evidente. Que começa logo pela pintura dessas mesmas moradias cuja cor há muito perdeu a verdadeira tonalidade e se confunde com o espesso manto verde que as envolve.
S. Tomé - Março 2016 |
.Mas, perguntámos· não haverá
forma, não haverá uma solução de seguir um meio termo. entre o trabalho do
homem e as forças da natureza? Uma maneira de evitar extremos? De conseguir
jardins não muito bonitos e muito bem cuidados mas pelo menos com aspecto de
jardim onde o capim não seja o elemento predominante?
É desolador. E então os porquês?
Ah, desses nem é bom falar. Desde as árvores mal cuidadas a
crescerem e alargarem à mercê da própria
natureza, por vezes com os ramos quase a tocarem no chão. Já não falando das que
se abatem. · Mas isso é outra história. Às vezes, embora não pareça, há mesmo necessidade de se cortarem…
Argumenta-se normalmente
que a Câmara Municipal não tem verba que chegue para recrutar o pessoal de que
necessitaria para todo o seu serviço. Isso é um facto. Sabemos que as disponibilidades
financeiras da Edilidade são modestas para fazer face às suas necessidades e
aspirações. Aos trabalhos, às obras e projectos que o seu responsável gostaria
de concretizar.
No entanto, no tocante a
pessoal, afigura-se-nos que o mal é outro. Um mal que não só afecta a própria Vem
de há muito e predominarem muitos outros lados. Saco vazio, dizem, não se
aguenta em pé. Lá isso é verdade. Mas isso é um aspecto…
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