JORGE TRABULO MARQUES - JORNALISTA - De há 50 anos
PROFISSÃO DE ALTO RISCO - Os Jornalistas são os primeiros
a exporem-se aos perigos e a sofrerem a ira da intolerância e ódio
popular, os bodes-expiatórios das guerras e conflitos
Em S. Tomé, só não me lincharam, talvez por milagre, tendo sido forçado abandonar a Ilha de canoa - Mas não foi da população nativa que partiram
as agressões e ameaças. Aliás, foi no seio desta que eu fui protegido
Quarenta
e nove jornalistas foram mortos em todo o mundo em 2019, o número mais baixo
dos últimos 16 anos, - "Um total de 110 jornalistas foram mortos em todo o mundo em 2015, informou a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) nesta terça-feira (29), destacando que a maioria foi vitimada por causa de seu trabalho em países supostamente pacíficos.Mais de 100 jornalistas foram mortos em 2015,.
Durante quase cinco anos, foram centenas as
páginas que publiquei na revista angolana . Semana Ilustrada, como
correspondente em STP - De entre tantos e variadíssimos trabalhos jornalísticos,
entrevistei sobreviventes dos massacres do Batepá, divulguei as primeiras
imagens das manifestações pró-independência, publiquei fotografias que
me valeram - por duas vezes - todos os pneus do meu carro furados à
navalhada, uma forca pendurada à porta de casa, do meu modesto quarto alugado,
além de um brutal espancamento que me obrigaria a ter que precipitar a minha
projetada travessia de canoa de Tomé à Nigéria. depois de
ter ido de canoa ao Príncipe e preso pela PIDE-DGS para demonstrar que as ilhas
podiam ter sido originalmente povoados por povos da costa africana - E por meios primitivos, tal como sucedeu nas ilhas do Pacifico.
Nesse mesmo
ano da revolução, haveria de perder definitivamente esse posto de trabalho,
quando comecei a dar voz às manifestações de Independência, alguns colonos
moveram-me feroz perseguição - Que já vieram gabar-se no Facebook
Antiga espada e punhal - Descoberta mostrada ao Presidente |
Incumbe-se Sua Excelência o Encarregado do Governo de solicitar, nos termos do art, 414, do E.F.U., a transcrição seguinte comunicado na Revista da mui digna direcção de V. Exa, como mesmo destaque e na mesma página em que a noticia foi publicada;
Sob o título: “Nós e o Presidente do Instituto de trabalho” , e assinado por Jorge Trabulo Marques, publica o número 366 da revista “SEMANA ILUSTRADA”, um artigo me que se produzem várias afirmações que põem em causa a actuação do actual Presidente do Instituto do Trabalho e Acção Social desta província”
Por duas vezes todos os pneus à navalhada |
Foi em S. Tomé e Príncipe, que me iniciei no Emissor Regional da EN - Já lá vão 50 anos, como operador de rádio - Mas, em Janeiro de 1974 , por via de um artigo que publiquei na Revista Semana Ilustrada, de Luanda, de que era correspondente, criticando o Diretor de Turismo, o seu amigo, Eng. Freire, responsável técnico da estação, chamou-me ao seu gabinete e disse-me que eu já não ia ser admitido no quadro e que não me punha na rua porque precisava de mim, tendo forçado o Intendente Carlos Dias a enviar um telegrama , para a EN, para não se admitido no quadro, pelo que tive de continuar na situação de funcionário eventual
Nesse mesmo ano, haveria de perder definitivamente esse posto de trabalho, quando comecei a dar voz às manifestações de Independência; os colonos moveram-me feroz perseguição, tendo sido obrigado a escarpar.me numa canoa em direção à Nigéria, depois de me terem espancado e posto uma forca pendurada à minha porta - Tive que antecipar essa travessia, que me levou 13 dias, visto eu há muito pretender fazer essa aventura, depois da travessia que fiz ao Príncipe, para demonstrar a possibilidade de antigos povos africanos terem feito essas ligações, continente e ilhas, tal como sucedeu em várias ilhas do Pacífico - Jorge Trabulo Marques é pseudónimo de Jorge Luís Marques
VÍDEO SONORIZADO COM OS SONS E VOZES DA REPORTAGEM DA COBERTURA DA RÁDIO – FIM DO ANO 1973/74
O vídeo, editado no You Tub, é ilustrado com algumas fotos das muitas reportagens, sim, das centenas que publiquei na revista Semana Ilustrada, de Luanda – A qualidade, não é a melhor mas julgo que, para as gerações dos cabelos de prata, que nasceram em S. Tomé, ou que lá viveram, idos de Portugal, é capaz de ter o seu interesse, quanto mais não seja, como memória ou documento histórico. Mas até creio que, como motivo de curiosidade, é mais abrangente.
O vídeo, editado no You Tub, é ilustrado com algumas fotos das muitas reportagens, sim, das centenas que publiquei na revista Semana Ilustrada, de Luanda – A qualidade, não é a melhor mas julgo que, para as gerações dos cabelos de prata, que nasceram em S. Tomé, ou que lá viveram, idos de Portugal, é capaz de ter o seu interesse, quanto mais não seja, como memória ou documento histórico. Mas até creio que, como motivo de curiosidade, é mais abrangente.
Momentos felizes e de euforia que não iriam repetir-se no rosto dos portugueses, ali radicados ou nascidos, que não esperavam por um 25 de Abril, mas a que a população aderiu com sentimento de alegria e libertação -
Claro, dir-se-á hoje que tudo foi muito precipitado, é verdade, com prejuízos para ambas as partes e que podiam ter sido evitados se o regime colonial - antes do 25 de Abril- tivesse compreendido os ventos da História e preparasse uma elite africana - Além de não o ter feito, perseguiu aqueles que pretendiam novos rumos. Promovendo uma guerra inútil com milhares de vítimas.
Era na altura, operador de rádio, no Emissor Regional de São Tomé e Príncipe – Nesse dia, fui destacado para fazer a cobertura, na esplanada da Pensão Henriques, com a comunidade portuguesa, oriunda das Beiras - o Núcleo Beirão: desempenhava a dupla função de operador e de repórter.
Já lá vão uns pares de anos, porém, recuando no tempo, até me parece que foi ontem! Tão vivas ainda estão as memórias. Sim, desse dia mas não das afrontosas represálias, dos tormentos e brutais agressões por parte de alguns colonos, que se opunham à descolonização, das más recordações que o Novo Ano, me havia de trazer por denunciar o que era proibido dizer antes do 25 de Abril - Nomeadamente, os macabros episódios do Batepá. Mas, ainda antes de ter publicado esses artigos, logo a 8 de Janeiro, sou afastado, através de um telegrama enviado para a Emissora Nacional, de ser admitido nos quadros da rádio, devido a uma pequena critica a um organismo público, acerca do turismo - Para já não falar da chantagem do Presidente do Instituto de Trabalho e Acção Social (pós 25 de Abril) que ameaçara demitir-se do cargo se eu não fosse expulso de S. Tomé.
nte.
JORNALISTA E OPERADOR DE RÁDIO – NESSE DIA TAMBÉM FIZ REPORTAGEM RADIOFÓNICA – MAS NEM ASSIM LOGREI SER ADMITIDO NO QUADRO:
Oito dias depois, fui banido da admissão, por ter levantado a questão da problemática do turismo, na revista Semana Ilustrada -
Um telegrama, enviado para a Emissora Nacional, pelo Intendente do Emissor Regional de São Tomé e Príncipe, Sr. Carlos Dias, pressionado pelo Diretor dos Serviços Técnicos, inviabilizara a minha admissão no quadro:
Instaurou-me um processo disciplinar, devido a um artigo publicado naquela revista – Por ter falado na problemática do Turismo, em S. Tomé – O Diretor deste serviços, não gostou e lá tive que levar com a ripada:
Este, como era amigo do Eng. Américo Freire - um fascista que havia sido enviado pela Emissora Nacional, para reestruturar os serviços técnicos do Emissor Regional, instalar uns potentes emissores de Onda Média, para fazer de S. Tomé, um centro de propaganda colonial para a região dos países do Golfo da Guiné e África Central - , obrigou o Intendente Carlos Dias, a enviar um telegrama para Lisboa, a anular a minha admissão, que havia sido proposto por ele mesmo à EN. – Ainda teve a lata de me chamar o seu gabinete e de me confessar: “você disse mal do meu grande amigo, vai-se lixar!... E não o ponho no olho da rua, porque precisamos de você!”
VIRTUDE DE SUMÁRIO INQUÉRITO SOBRE PROCEDIMENTO OPERADOR JORGE LUIS MARQUES. REFERIDO NSI 1929 12 CORRENTE FECAEEE PELO VEXA NÃO CONSIDERAR AQUELE OPERADOR PARA INCLUSAO ARTIGO 19/0
CUMPRIMENTOS
CARLOS DIAS ER STP"
PRESIDENTE DO INSTITUTO DE TRABALHO, PRESSIONOU O GOVERNADOR A EXPULSAR-ME DE S. TOMÉ - COLOCOU O LUGAR A DISPOSIÇÃO: OU EU ERA EXPULSO OU ELE SE DEMITIA MAS A REVOLUÇÃO DE ABRIL ESTAVA NA RUA E TROCOU-LHE AS VOLTAS
Naquele mesmo ano, quatro meses depois, surgia o 25 de Abril: passei a poder escrever o que antes me estava vedado, porém, só Deus sabe as represálias de que fui alvo: desde pressões para ser expulso de S. Tomé, a bárbaras agressões:
A revolução apanhou de surpresa, a generalidade dos colonos. A liberdade de expressão, ainda não era bem aceite: a mentalidade colonial, reinante, não ia mudar de um dia para o outro. Por isso, caso não viesse a contar com a compreensão e o apoio do então Alto-Comissário, Pires Veloso, estou certo que tinha sido demitido da rádio e expulso para Portugal, tal como foram alguns revolucionários do MLSTP.
A revolução apanhou de surpresa, a generalidade dos colonos. A liberdade de expressão, ainda não era bem aceite: a mentalidade colonial, reinante, não ia mudar de um dia para o outro. Por isso, caso não viesse a contar com a compreensão e o apoio do então Alto-Comissário, Pires Veloso, estou certo que tinha sido demitido da rádio e expulso para Portugal, tal como foram alguns revolucionários do MLSTP.
A primeira grande pressão partiu do Presidente do Instituto de Trabalho, Previdência e Acção Social, que, em vez de defender os trabalhadores, esteve sempre ao lado dos grandes roceiros e dos patrões mais abusadores –
Chamavam-lhe o cavalo branco, pela sua cabeleira grisalha e postura autoritária.
Era uma figura mal vista, sinistra, que passava os fins-de-semana nos banquetes dos roceiros . Quando tive oportunidade de criticar a sua atuação, colocou imediatamente o lugar à disposição: ou eu era expulso ou ele se demitia
Chamavam-lhe o cavalo branco, pela sua cabeleira grisalha e postura autoritária.
Era uma figura mal vista, sinistra, que passava os fins-de-semana nos banquetes dos roceiros . Quando tive oportunidade de criticar a sua atuação, colocou imediatamente o lugar à disposição: ou eu era expulso ou ele se demitia
Dei-me conta de tal atitude através do Emissor Regional.de S. Tomé e Príncipe, que difundiu um oficio emanado da Repartição de Gabinete, dizendo que “uma noticia publicada em Semana Ilustrada, na edição Nª 362, levou o Presidente do Instituto de Trabalho, Previdência e Acção Social, a pôr à disposição do Governo o seu lugar naquele organismo público, o que não foi aceite, segundo o mesmo comunicado, por continuar a merecer a confiança do Governo".
“NÓS E O PRESIDENTE DO INSTITUTO DE TRABALHO
“Da Repartição de Gabinete do Governo de São Tomé e Príncipe, recebemos o seguinte oficio:
Incumbe-se Sua Excelência o Encarregado do Governo de solicitar, nos termos do art, 414, do E.F.U., a transcrição seguinte comunicado na Revista da mui digna direcção de V. Exa, como mesmo destaque e na mesma página em que a noticia foi publicada;
Sob o título: “Nós e o Presidente do Instituto de trabalho” , e assinado por Jorge Trabulo Marques, publica o número 366 da revista “SEMANA ILUSTRADA”, um artigo me que se produzem várias afirmações que põem em causa a actuação do actual Presidente do Instituto do Trabalho e Acção Social desta província”
NÃO CEDI ÀS AFRONTOSAS AMEAÇAS E CHANTAGEM
Apesar das prepotentes ameaças, nunca me deixei atemorizar – E voltei à carga: Eis a passagem da minha resposta: (…) "Pelo que nos parece, o Presidente do Instituto de Trabalho, Previdência e Acção Social, não se tem conformado com verdades que lhe apontamos ( e verdades quem gosta que lhas digam?) facto que até o levou a colocar o seu lugar a disposição do Governo(atitude esta que nos deixa um bocado confusos} vamos pois dar-lhe conhecimento de mais qualquer coisa. Até para defesa do seu prestígio pessoal, que mais não seja.
Não sei se V. Exa já tinha dado conta que não goza de muitas simpatias em S. Tomé. (no Príncipe, não sei o que lá vai). E parece-me que afinal não só das classes trabalhadores com até de certas entidades patronais, para as quais, V. Exa, não vem tomando idêntico critério que usa para com outras.
Por· outro lado, o seu pessoal, os funcionários que estão sob as suas ordens, igualmente, grande número deles não gostam de V.Exa. Nem confiam em V. Exa. Disseram-nos que tem sido muito injusto para com eles. Que não se tem interessado nem utilizado o mesmo critério para todos no que respeita a promoções, e, consequentemente, compensação dos seus serviços. Se V.Exa. não sabia disso então fica desde já sabendo. Mas é muito natural que, quando o senhor ler estas linhas, parte dos seus subordinados, já se tenha manifestado e feito compreender perante a sua pessoa: pois já nos disseram que iam marcar uma reunião com V.Exa.
No que respeita à calasse dos trabalhadores, vários têm sido os trabalhadores que se nos têm vindo a lamentar da sua pessoa. Não pretendemos apontar ninguém, até porque não é essa nossa função. Ainda, há dias, por exemplo, um trabalhador de uma roça veio ter connosco dizendo que tinha sido despedido sem justa causa da propriedade onde trabalhava. Ainda por cima lhe passaram uma guia (cuja fotocópia temos connosco ) para efeitos. de apresentação às entidades oficiais, em que se referia que o dito trabalhador se havia despedido, mas tinha sido precisamente o contrário, segundo ele próprio nos declarou.” – Excerto
Foto publicada na Revista Semana Ilustrada |
-Vindas de indivíduos que ainda hoje se gabam no Facebook das sórdidas patifarias, que me fizeram - Os mesmos que se opuseram à descolonização de S. Tomé e Príncipe, e que hoje têm lá empresas a desfrutarem dos benefícios de um Povo Livre e Pacífico .
ANTIGOS COLONOS OS MAIORES ADMIRADORES DOS DO NOVOS COLONIALISTAS NEGROS - AINDA HOJE SE GABAM NO FB DAS SUAS PATIFARIAS – Vomitando ódio e falsidades –Ninguém destruiu placas nenhumas “ Manuel Correia: Sabem porquê que eu e o Elvido, lhe cortamos o cabelo? PORQUE, NA MANHÃ DE O3 DE FEVEREIRO DE 1975, ELE E UM GRUPO DA CIVICA, PERCORRERAM AS RUAS DA CIDADE DE S.TOMÉ, DE MARRETA NA MÃO, COM ELE A COMANDAR, A PARTIREM TODAS AS PLACAS TOPONÍMICAS QUE CONTINHAM REFERÊNCIAS PORTUGUESAS. Não sabiam ??? E que o menino chorou baba e ranho, a implorar que não lhe cortássemos as lindas madeixas loiras . . Curtir · Responder · 2 · 12 de agosto às 06:29 Veja quem são https://www.facebook.com/elvido.ricardodeviveiros?fref=ts.....https://www.facebook.com/manuel.sebastiao.75?fref=ts
Outro dos felizardos do regime colonial, um tal Duarte que auferia bons ordenados nas Obras Públicas, com uma duplicidade de tachos.
EM S. TOMÉ, OS PIDES NÃO ANDAVAM DISFARÇADOS - ATÉ VESTIAM FARDA À CHEGADA DOS AVIÕES E DOS BARCOS
Naquela altura - e já lá vão 40 anos - dizia-se por lá que. um dos que agora me ataca pelas costas - pois no Facebook não faz parte do grupo dos meus amigos - era bufo da PIDE - - Vi-o muitas vezes, nos bares da cidade, nas caveiras com os seus amigos, e até a cavaquear com os PIDES, mas nunca foi pessoa das minhas relações. Creio que nunca cheguei a falar com ele. Não fiz caso do que então se dizia.
Embora soubesse que a PIDE era eficiente na sua rede de informadores (tal como em todo em todo o lado e até nos seus espancamentos - a mim fizeram-me isso, após a minha ventura ao Principie), no entanto, pelo menos da fama não se livrava..
Num tempo em que ninguém podia expressar-se livremente, era natural que a desconfiança se sobrepusesse às certezas. . Porém, na eventualidade de ser verdade, , lá terão ido, certamente, alguns santomenses a bater com os costados nos seus calabouços, tal como a mim me fizeram, como prémio da minha aventura ao Príncipe. Pois, naquele tempo, os bons tachos só os obtinham os subservientes do regime.
Não era tido como pessoa muito simpática. Valia-se mais da sua posição social, de que propriamente da forma como se relacionava. - Pois, entre outros cargos, chamava a si a função de examinador das cartas de condução: ótimo posto para sondar confidências e passar nos exames - Contudo, quando acompanhava o Presidente da Câmara, o então Dr. Pinto Coelho (este sim, até era uma pessoa afável), parecia um cordeiro atrás do pastor, desfazendo-se em mesuras e sorrisos. Aliás, é postura que ainda hoje parece cultivar: a das aparências e de se juntar sempre à carruagem VIP
DEPOIS DO 25 DE ABRIL, A TROPA FEZ A LIMPEZA DO CONTEÚDO DOS PROCESSOS INSTAURADOS PELA PIDE - E SE NÃO FOSSE A SEMANA ILUSTRADA, ATÉ PARECIAM QUE ESTAVAM A GOZAR UMAS FÉRIAS
Atualmente, mesmo que queira fazer-se uma investigação, em relação à atuação da PIDE; em S. Tomé, penso que não é possível: tanto pelos condicionalismos da lei, como pelo facto dos arquivos terem sido todos limpos. Assisti ao transporte dos armários.dos arquivos
Como fui preso, quis saber o que constava da minha fixa, só lá descobri as capas do processo: - A tropa, subordinada ao Comando Territorial Independente, foi lesta em defender a PIDE -
Se não fosse uma manchete da minha revista, os agentes da PIDE continuavam a passear.se por lá, como se nada tivesse mudado - Pena não terem chegado algumas edições a Portugal, após o 25 de Abril.
Aliás, numa certa manhã, um dos PIDES,, sentado com outros PIDES, ao lado da minha mesa, na esplanada do Rialto, afirmava, de expressão risonha, alto e em bom para que toda a gente o ouvisse: "eles vão precisar também de nós!" - E toca de entornar cervejas para as gargantas - Curiosamente, lembro-me que nessa mesa, até estava o tal Duarte, mais bebericando e rindo do que falando - Mas, como toda a gente os conhecia, muitos colonos conviviam com eles.
Só depois de um artigo de minha autoria, alertando para a provocação da sua ostentação pública, é que então foram mandados para a Quinta de Santo António, a mesma que havia albergado as crianças do Biafra. Essa minha consulta, na Torre do Tombo, ainda ocorreu em boa altura, ou seja, antes de algumas forças políticas, aprovarem leis restritivas.
COLONOS APÓS INVADIREM O PALÁCIO DO GOVERNO E INSULTAREM O GOVERNADOR – MAL ME VIRAM NAS IMEDIAÇÕES, UMA AUTÊNTICA MULTIDÃO DESATOU A CORRER ATRÁS DE MIM
.. SE ME APANHASSEM, TERIA SIDO DEGOLADO E DESFEITO!... - Em toda a parte os jornalistas são sempre as primeiras vitimas da ira popular, da intolerância e do ódio - Em todos as guerras e conflitos - Mas não só.
Um total de 110 jornalistas foram mortos em todo o mundo em 2015, informou a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) nesta terça-feira (29), destacando que a maioria foi vitimada por causa de seu trabalho em países supostamente pacíficos.Mais de 100 jornalistas foram mortos em 2015,....Os países onde mais morreram jornalistas em 2015 -.....Dois jornalistas mortos a tiro em direto nos EUA.................Brasil registra o maior número de jornalistas assassinados ....
.. SE ME APANHASSEM, TERIA SIDO DEGOLADO E DESFEITO!... - Em toda a parte os jornalistas são sempre as primeiras vitimas da ira popular, da intolerância e do ódio - Em todos as guerras e conflitos - Mas não só.
Um total de 110 jornalistas foram mortos em todo o mundo em 2015, informou a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) nesta terça-feira (29), destacando que a maioria foi vitimada por causa de seu trabalho em países supostamente pacíficos.Mais de 100 jornalistas foram mortos em 2015,....Os países onde mais morreram jornalistas em 2015 -.....Dois jornalistas mortos a tiro em direto nos EUA.................Brasil registra o maior número de jornalistas assassinados ....
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Naturalmente que não posso culpabilizar a generalidade dos colonos portugueses pelas suas atitudes intempestivas: - os brancos foram apanhados de surpresa pelo desenrolar dos acontecimentos e andavam muito nervosos, receando pelo seu futuro. Ninguém os molestou fisicamente - E a única vida que se perdeu, até foi a de um santomense, com uma bala da tropa: o acidente ocorreu a 6 de Setembro: Rodrigues Pinta de 59 anos, estivador, conhecido por Giovani, foi morto "por uma bala perdida" durante uma manifestação acalorada no Bairro do Riboque -
Nesse mesmo dia, .Paulo Ferreira, um soldado de 23 anos da Companhia de Caçadores de S. Tomé e Príncipe, morreu num brutal acidente de viação, quando a sua unidade regressava da roça de Santa Catarina.
Por duas vezes todos os pneus à navalhada |
39 anos depois |
Nesse mesmo dia, .Paulo Ferreira, um soldado de 23 anos da Companhia de Caçadores de S. Tomé e Príncipe, morreu num brutal acidente de viação, quando a sua unidade regressava da roça de Santa Catarina.
As constantes manifestações populares, reclamando a independência, causavam-lhes alguma instabilidade. Ora, nestas coisas, como geralmente acontece, nos conflitos, os jornalistas são sempre as maiores vítimas, o bode expiatório da situação - Enquanto em Angola, havia uma guerrilha declarada, que ceifava já milhares de vidas de parte a parte, em S. Tomé, a luta era diferente - O povo é por natureza pacífico. Em São Tomé e Príncipe, não existia criminalidade, senão esporadicamente e mais do foro passional - Apesar da população ter sido tão sacrificada ao longo dos séculos, à exceção das revoltas do "angolares" (etnia, dedicada especialmente à pesca), os maiores problemas, com que a colonização portuguesa nas ilhas, se teve de bater, foi com os corsários franceses e holandeses.
Por conseguinte, quando o Povo Santomense, teve oportunidade de sair à rua e se manifestar, exigindo abertamente a independência, fê-lo calorosamente, mas sem atos de violência - No entanto, para os colonos, tais manifestações eram entendidas, como uma ameaça à sua continuidade nas Ilhas. De certo modo, é verdade - as roças, principal fonte da exploração colonial, nunca serviram o povo santomense mas os donos dessas grandes propriedades, que viviam refasteladamente em Lisboa: os chamados turistas da Gravana, que só ali iam a dar umas passeatas e a banquetear-se em lautas jantaradas - Salvo o administrador, o chefe de escritórios e o feitor-geral, em cada roça, o resto, tanto empregados brancos, como trabalhadores, não passavam de escravos: pessoalmente, passei por esse dura experiência.
ESPALHARAM-SE POR TODAS AS RUAS - O QUE ME VALEU FOI TER DESCOBERTO A ESCADA DE UMA PORTA ABERTA E REFUGIAR-ME NO TELHADO DESSE PRÉDIO
MESMO ASSIM, QUANDO CORRIA À SUA FRENTE, AINDA LEVEI COM UMA PEDRA NA CABEÇA e outra nas costas - Depois de descarregarem toda a ira e ódio na minha modesta viatura, furando-lhe os quatro pneus à navalhada, arrombara-me a casa, partiram-me tudo: escaqueiraram-me a máquina de escrever, onde nem sequer ficou um simples copo inteiro para beber água - Não satisfeitos com a malvadez, deixaram uma forca pendurada na porta, e, na parede ao lado, uma cruz desenhada e a inscrição: " a morte sanciona cada traidor".
TIVE QUE ME REFUGIAR, EM CASA DE UM SANTOMENSE: dos pais do Constantino Bragança, que, tendo assistido à perseguição, se deslocou à noite ao local para me colher no seu modesto casebre, algures no mato: Sr. Jorge! Pode descer, que os brancos foram todos para o quartel da Polícia Militar e do Cinema Império e venha para a minha casa"
A minha casa ficou irreconhecível, num monte de destroços. Como não me apanharam lá no seu interior, deixaram-me à porta o laço da prometida forca de corda. Pelos vistos, em qualquer parte do mundo, os jornalistas são sempre as primeiras vítimas. É neles que descarregam todos as iras e ódios. Ainda hoje, ao escrever estas linhas, se me toldam os olhos, tal os maus momentos por que passei. Ao meu modesto carro, por duas vezes, lhe furaram os pneus à navalhada.- Não me importo de ser confrontado com os elementos da natureza mais hostil, mas ser atingido pelo ódio humano é mil vezes pior!...Não é medo é um sentimento de profunda tristeza e revolta.
VÍDEO DE HUMOR, ROSTOS, PAISAGENS E MÚSICA DE SÃO TOMÉ – “Turista Americano” entrevistado pelo “Emissor Anfíbio do Pantufo” – Memórias do ERSTP de há 42 anos –
Programa de Humor com desfile de rostos e panoramas maravilhosos de S. Tomé, e , por fim, com a audição de um antigo trecho de música típica santomense . Acompanhe-nos na entrevista, que eu próprio fiz a John da Purificação Semith”, o “Turista Americano” que descobriu S. Tomé, em 1973 para visitar a ilha e escalar o Pico Cão Grande - Uma rábula de humor, transmitida num programa radiofónico, do extinto Emissor Regional de S. Tomé e Príncipe, que aqui lhe recordamos, com várias imagens da Ilha, que eu registei 39 e 40 anos depois de ter partido numa canoa para tentar a travessia de S. Tomé ao Brasil
Fora admitido a operador de Rádio, a nível de um regime precário, salvo erro, em 1971 – Lograra entrar para a rádio, no seguimento dos meus artigos publicados na Semana Ilustrada, de Luanda – Deu-se a feliz coincidência, de, após a minha travessia de canoa de S. Tomé ao Príncipe, em Fevereiro de 1970, se encontrar o chefe de redação daquela revista, em S. Tomé, que, ao tomar conhecimento da minha aventura, me convidou a fazer o relato na referida publicação, que acabou por ser ali editado em quatro edições, situação que iria dar novo rumo à minha vida em S. Tomé
Dois meses antes, ou seja, na véspera do início das comemorações da descoberta da Ilha pelos navegadores portugueses, havia realizado a ligação de canoa, da cidade até à praia de Anambô, onde se encontra o padrão dos descobrimentos, sim, porque, embora o regime colonial, já me houvesse dececionado bastante, com os abusos e as prepotências nas roças, eu continuava a admirar a coragem dos homens das frágeis caravelas, que haviam sulcado os vários oceanos. Em sua homenagem (mas também como um teste para outras aventuras mais arrojadas, e com outros propósitos) decidira empreender a tão arriscada ligação, indo ali desfraldar a bandeira portuguesa, ao lado daquele monumento histórico.
O facto mereceu relevo na imprensa local, o mesmo não sucedeu, quando, um mês depois parti de canoa, clandestinamente, largando à meia-noite, da Baía Ana de Chaves, disfarçado de pescador. No regresso, ao desembarcar do avião, fui espancado pela PIDE e encarcerado, por ter sido tomado como desertor. A Voz de S. Tomé, limitou-se a umas escassas linhas, a citar o correspondente da EN, que havia dado a noticia para Portugal
O facto mereceu relevo na imprensa local, o mesmo não sucedeu, quando, um mês depois parti de canoa, clandestinamente, largando à meia-noite, da Baía Ana de Chaves, disfarçado de pescador. No regresso, ao desembarcar do avião, fui espancado pela PIDE e encarcerado, por ter sido tomado como desertor. A Voz de S. Tomé, limitou-se a umas escassas linhas, a citar o correspondente da EN, que havia dado a noticia para Portugal
Contudo, mesmo assim, o bastante para o chefe de redação, da Semana Ilustrada, Sr. Mourão de Campos, se aperceber que a minha aventura era merecedora de outro destaque.
As reportagens tiveram um grande impacto e, mercê dos meus dotes literários, fui então convidado a continuar a colaborar, ao mesmo tempo que trabalhava como Técnico Agrícola, na Brigada de Fomento-Agro-Pecuário, na tentativa de ali concluir o meu estágio de Agente Rural, já que fora este o motivo que, antes da tropa, aos 18 anos, me levara a embarcar para S. Tomé, o que não conseguira nas roças, onde não me adaptei
As reportagens tiveram um grande impacto e, mercê dos meus dotes literários, fui então convidado a continuar a colaborar, ao mesmo tempo que trabalhava como Técnico Agrícola, na Brigada de Fomento-Agro-Pecuário, na tentativa de ali concluir o meu estágio de Agente Rural, já que fora este o motivo que, antes da tropa, aos 18 anos, me levara a embarcar para S. Tomé, o que não conseguira nas roças, onde não me adaptei
Mais tarde, deixei aquele organismo e pude então entrar como operador de rádio, naquela estação e desenvolver, com mais tempo e oportunidades, a função jornalística .
Alguns dos meus artigos, não chegaram a ser publicados, foram-me devolvidos com o risco da censura – Mesmo assim, apesar dessas limitações repressivas, pude publicar ainda muita coisa – Com o 25 de Abril, as liberdades de expressão foram instauradas, e, obviamente, os meus artigos passaram a incomodar as mentalidades que não aceitavam a descolonização e novos ventos da história. Fui vitima de feroz perseguição por alguns colonos, de traiçoeiras e cobardes agressões, ao ponto de ter que me sair da ilha, numa canoa, com destino à Nigéria: eu já andava há algum temo com o desejo de fazer essa viagem para comprovar que as canoas poderiam fazer longas travessias, entre a continente e as ilhas e terem sido os primeiros povoadores, pelo que, em vez de procurar sair de barco ou de avião, aproveitei para o fazer de canoa. Uns meses depois, no mesmo ano, voltei a São Tomé, já país independente, para empreender um teste, ainda muito mais ousado: a travessia de S. Tomé ao Brasil. Não vou agora aqui descrever os pormenores, desses longos e atribulados 38 dias, pois, já os relatei neste site, e tal me levaria longe.
Alguns dos meus artigos, não chegaram a ser publicados, foram-me devolvidos com o risco da censura – Mesmo assim, apesar dessas limitações repressivas, pude publicar ainda muita coisa – Com o 25 de Abril, as liberdades de expressão foram instauradas, e, obviamente, os meus artigos passaram a incomodar as mentalidades que não aceitavam a descolonização e novos ventos da história. Fui vitima de feroz perseguição por alguns colonos, de traiçoeiras e cobardes agressões, ao ponto de ter que me sair da ilha, numa canoa, com destino à Nigéria: eu já andava há algum temo com o desejo de fazer essa viagem para comprovar que as canoas poderiam fazer longas travessias, entre a continente e as ilhas e terem sido os primeiros povoadores, pelo que, em vez de procurar sair de barco ou de avião, aproveitei para o fazer de canoa. Uns meses depois, no mesmo ano, voltei a São Tomé, já país independente, para empreender um teste, ainda muito mais ousado: a travessia de S. Tomé ao Brasil. Não vou agora aqui descrever os pormenores, desses longos e atribulados 38 dias, pois, já os relatei neste site, e tal me levaria longe.
SEMANA ILUSTRADA – O ÓRGÃO DA IMPRENSA ESCRITA - DO EXTERIOR – QUE MAIS PÁGINAS DEDICOU A S. TOMÉ E PRÍNCIPE, ANTES E DEPOIS DO 25 DE ABRIL
A Semana Ilustrada, era muito apreciada e popular, nas Ilhas Verdes do Equador, tanto pelos santomenses, que a chegaram até a homenagear, como pela comunidade portuguesa – Esta só nos deixou de apoiar, quando passamos a publicar artigos das manifestações pró-independência e dos massacres do Batpá
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De recordar, que, quando a TAP resolve suspender as suas três carreiras e passa a operar apenas um voo, foi a manchete deste semanário, que obrigou, aquela empresa pública, a repor os mesmos voo. Nas Ilhas, o único banco era o Banco Nacional Ultramarino – E foi um artigo, igualmente de minha autoria, com as declarações de vários comerciantes e industriais, que levaram a que fosse autorizada a abertura de um Banco Comercial. E tantas outras coisas: a elogiar, quando achávamos que o devíamos fazer, e, quanto a criticas, aquelas que a censura nos deixava passar – O que nem sempre sucedia, pois vários foram os artigos que me foram devolvidos pela redação com o bisturi da censura.
Obviamente, que, com a libertação do regime ditatorial, o que é que se esperava?... Que continuássemos a ter que medir bem as palavras? – Por nossa parte, não hesitamos: entendemos que o caminho era o da democracia e da libertação do domínio colonial – É um facto que, muitos erros se cometeram, num pais que ensaiava os primeiros passos do seu próprio caminho, e, então, em Portugal, não se cometem ainda grandes erros, hoje? – Por nosso lado, não nos estamos arrependidos dos que escrevemos.
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