JORGE TRABULO MARQUES -
Nestes
tempos de incerteza, de pandemia, não te rendas à fatalidade maligna: toma
cuidado, aceita os conselhos que te dão, mas nunca te dês por vencido! Nunca
desistas de lutar - Foi neste frágil esquife (tronco escavado, aqui num treino
dias antes) que fiz a travessia de S. Tomé ao Príncipe , em três dias e três
noites de absoluta solidão, num vasto e agitado braço de mar- E lá aportei,
depois de um valente susto, e alguns momentos de aflição, quando adormeci e a
canoa se voltou em noite de trevas e de vento, após ter também enfrentado um feérico
tornado, que mais parecia que a cúpula escuríssima dos Céus, rasgada por um
festival de relâmpagos, desabava sobre mim - Sim, mas Deus também nunca
abandonou a minha fé e a minha firme determinação em cumprir a minha meta! - A
vida é isso mesmo; um permanente desafio, ao qual nunca nos devemos resignar.
Largar tudo
- os horários, a família, os amigos,
a
tranquilidade de um lar - e partir
mar fora
numa frágil piroga
ou até em
barcos maiores e bem equipados,
singrando o
ondulante manto líquido,
trocando o
certo pelo incerto, o desconhecido,
não receando
os revés da ousadia e a má sorte,
não temendo
as partidas da omnipresente imagem da morte,
alheio a
tudo: às inesperadas variações dos ventos,
à dança e
contra-dança de correntes poderosas
súbitos
vendavais, "súbitas trovoadas temerosas!"
"Contar-te
longamente as perigosas
Coisas do
mar, que os homens não entendem:
Súbitas
trovoadas temerosas,
Relâmpados
que o ar em fogo acendem,
Negros
chuveiros, noites tenebrosas,
Bramidos de
trovões que o mundo fendem,
Não menos é
trabalho, que grande erro,
Ainda que tivesse a voz de
ferro." –
Luís Vaz de Camões.
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