Jorge Trabulo Marques - Jornalista desde 1970 - -Imagens do 3 de Maio de 2019 e outras de datas anteriores
S. Tomé e Principe, um exemplo de liberdade de expressão em África, salvo alguns episódios, em certo período, de sufoco à liberdade de expressão, que se deseja não se repitam
SÃO TOMÉ E PRINCIPE É O 2º PAÍS MAIS PEQUENO DE ÁFRICA -Rico em recursos no mar e na terra, mas ainda com rendimento médio baixo, com uma economia frágil. - Se bem que haja a esperança de que, "Com a potencialização de recursos da economia azul, venha a transformar-se numa grande nação oceânica" - Diz o Governo.
HOUVE GANHOS MAS AINDA INSUFICIENTES
“Ao longo dos últimos tempos, houve alguns ganhos, mas, é preciso fazer-se mais para mudar atual imagem da comunicação social e devolver dignidade a classe - Disse Presidente do Sindicato dos Jornalistas santomense, que apelou, na manhã de terça-feira, ao Presidência da República, a celeridade no processo relativo a alteração de um articulado do estatuto de carreira de jornalistas com vista a melhoria salarial da classe.
Hélder Bexigas fez o apelo nesta manhã de terça-feira, na cerimónia alusiva ao Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, com realce para a “releitura de alguns diplomas publicados que contribuem para o marco legal do exercício do jornalismo em São Tomé e Príncipe”
O Secretário de Estado para Comunicação Social, Adelino Lucas, que presidiu à abertura da cerimónia organizada pela Associação de jornalistas são-tomenses em parceira com a Secretaria de Estado para Comunicação Social, o Sindicato dos Jornalistas e Comissão da Carteira da classe, .apelidada de “releitura de alguns diplomas publicados que contribuem para o marco legal do exercício do jornalismo em São Tomé e Príncipe”, .defendeu que “A nível da comunicação social tem que se melhorar o rendimento dos profissionais”
Naturalmente, que não será com baixos salários, que se pode motivar o seu exercício - Certo que o ordenado mínimo, há menos de 4 anos, não atingia os 60 euros, tendo havido sucessivos aumentos, pese o endividamento do pais.
Sim, nestas maravilhosas e férteis ilhas, abundantes de frutos, ninguém morre de fome - Aqui, quase tudo se produz, mas há outras necessidades que, um ordenado mínimo de 100 euros, mensais, dificilmente poderá resolver
E, também, nestas luxuriantes Ilhas Verdes do Equador, ninguém é morto por expressar a sua opinião, mas os baixos salários, são realmente um grande entrave à dignidade e ao cabal exercício da profissão
Nestas ilhas pacificas do Equador, não se matam jornalistas mas os salários são demasiado magros para estimular a profissão - Em diversas regiões do mundo, todos os anos vários jornalistas são capturados, assassinados ou mantidos prisioneiros, com destaque para os países onde vigoram regimes ditatoriais.
Os jornalistas são sempre as primeiras vítimas, os bodes-expiatórios da ira popular, das guerras e conflitos -
Estou nesta imagem atrás da viatura |
O povo é por natureza pacífico. Em São Tomé e Príncipe, não existia criminalidade, senão esporadicamente e mais do foro passional. Os maiores problemas, com que a colonização portuguesa nas ilhas, teve de se bater, foi com os corsários franceses e holandeses.
A revolução apanhou de surpresa, a generalidade dos colonos, uma vez que, no arquipélago, não havia a guerrilha e a instabilidade das outras colónias - Quando o Povo Santomense, teve oportunidade de sair à rua e se manifestar, exigindo abertamente a independência, fê-lo calorosamente, mas sem atos de violência
.. SE ME APANHASSEM, TERIA SIDO DEGOLADO E DESFEITO!...
A liberdade de expressão, ainda não era bem aceite: a mentalidade colonial, reinante, não ia mudar de um dia para o outro. Por isso, caso não viesse a contar com a compreensão e o apoio do então Alto-Comissário, Pires Veloso, estou certo que tinha sido expulso para Portugal, tal como foram alguns revolucionários do MLSTP
Segundo dados da ONU, 55 jornalistas e profissionais da comunicação foram assassinados no ano passado 2021
A CENSURA QUE EU CONHECI ANTES DO 25 DE ABRIL
Sim, longe vão os dias da censura e dos cidadãos serem presos, perseguidos ou mal tratados por exprimiram as suas ideias. Fui testemunha desses opressivos tempo: no tempo colonial, com os impedimentos censurais do fascismo, que, por várias vezes, me não permitiram a publicação de trabalhos jornalísticos. No pós revolução, com agressões de vária ordem por parte de quem não queria aceitar os novos ventos da história. Refiro-me a atitude de alguns colonos.
Nunca nenhuma revista ou jornal dedicara tanto espaço nas suas páginas, como a Revista Semana Ilustrada - A Semana Ilustrada, era muito apreciada e popular, nas Ilhas Verdes do Equador, tanto pelos santomenses, que a chegaram até a homenagear, como pela comunidade portuguesa – Esta só nos deixou de apoiar, quando passamos a publicar artigos das manifestações pró-independência e dos massacres do Batepá
DEPOIS DO 25 DE ABRIL, A TROPA FEZ A LIMPEZA DO CONTEÚDO DOS PROCESSOS INSTAURADOS PELA PIDE - E SE NÃO FOSSE A SEMANA ILUSTRADA, ATÉ PARECIAM QUE ESTAVAM A GOZAR UMAS FÉRIAS
Como fui preso, quis saber o que constava da minha fixa, só lá descobri as capas do processo: - A tropa, subordinada ao Comando Territorial Independente, foi lesta em defender a PIDE -
Se não fosse uma manchete da minha revista, os agentes da PIDE continuavam a passear.se por lá, como se nada tivesse mudado - Pena não terem chegado algumas edições a Portugal, após o 25 de Abril.
Aliás, numa certa manhã, um dos PIDES,, sentado com outros PIDES, ao lado da minha mesa, na esplanada do Rialto, afirmava, de expressão risonha, alto e em bom para que toda a gente o ouvisse: "eles vão precisar também de nós!" - E toca de entornar cervejas para as gargantas - Curiosamente, lembro-me que nessa mesa, até estava o tal Duarte, mais bebericando e rindo do que falando - Mas, como toda a gente os conhecia, muitos colonos conviviam com eles.
Só depois de um artigo de minha autoria, alertando para a provocação da sua ostentação pública, é que então foram mandados para a Quinta de Santo António, a mesma que havia albergado as crianças do Biafra. Essa minha consulta, na Torre do Tombo, ainda ocorreu em boa altura, ou seja, antes de algumas forças políticas, aprovarem leis restritivas
IMPEDIDO DE SER ADMITIDO NOS QUADROS DA EMISSORA NACIONAL, três meses antes do 25 de Abril - Onde era operador do ERSTP, a termo precário - Por ter criticado o Diretor de Turismo, na Revista Semana Ilustrada, de Luanda - Um telegrama, enviado para a Emissora Nacional, a pedido Diretor dos Serviços Técnicos, inviabilizara a minha admissão no quadro:
Eis outro excerto da cópia do ofício que foi enviado para a Semana Ilustrada
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