Jorge Trabulo Marques - Jornalista - Desde 1970 - A HONRA E O PRAZER DE TER ENTREVISTADO UM HOMEM VALOROSO, GENEROSO E PACIFICO - Entrevista dividida em dois videos - Mas há outros excertos que não me foi possível ainda recuperar
Foi o décimo-quinto Presidente da República Portuguesa, o segundo após a Revolução de 25 de Abril. Natural de Chaves, 30 de Junho de 2014. Faleceu em Lisboa, aos 77 anos, em 31 de Julho de 2001 - De família numerosa, de onze irmãos (dos quais três vão falecer antes de chegar à idade adulta), muito cedo Francisco da Costa Gomes fica órfão de pai, ainda antes de completar 8 anos. Após terminar a instrução primária, em Chaves, aos 10 anos entra no Colégio Militar, provavelmente falta de posses, para que possa aí prosseguir os estudos, prosseguindo a carreira de armas. Sobre a profissão militar o próprio diria mas tarde: «se pudesse não teria seguido.».
Entrevista - Registo sonoro de uma antiga cassete - De entre as centenas de entrevistas e apontamentos, que ainda guardo no meu extenso arquivo em memórias de um repórter
F.C.G - Bom, a preocupação deriva de várias coisas: em primeiro lugar do facto de julgar que nós estamos realmente de baixo da uma ameaça terrível que pode, de um momento para o outro destruir por completo a vida sobre este belo planeta, que é a Terra. É isso. Pode-se dizer que as pessoas mais lúcidas e aquelas que se têm dedicado mais a este assunto, desde 54, desde o rebentamento da primeira bomba atómica, começaram a prever esta situação. Mas, não há dúvida nenhuma, que, durante as duas primeiras décadas, praticamente o assunto da era atómica, foi completamente ignorado, as armas atómicas foram completamente ignoradas! Ninguém sabia nada do que se passava, espacialmente nos países onde a luta começava a ter um cariz de competição muito forte, e, nos anos 70, o mundo começou a ser surpreendido com a ideia de que, já havia nessa altura, armas suficientes para destruir várias vezes a humanidade.
F.C.G. Eu julgo que ainda há uma grande tensão mais forte do que aquela que devia existir, porque há uma desconfiança mútua, não só do ponto de vista político, com sob o aspeto militar, que inibe e que faz com que não se possam adiantar e definir determinados assuntos com a lógica, e, sobretudo, com a necessidade que os mesmos impõem. Veja, por exemplo, este facto que agora se deu, ultimamente, insólito: pois, estamos todos à espera que, de um momento para o outro, se possa assinar o acordo que elimine os mísseis intermediários e os mísseis táticos da europa. Pois bem, qual é a atitude que a Nato toma perante esta decisão? É que… sim, senhora …vamos acabar com os mísseis mas temos que reforçar as forças convencionais.
Ora, eu acho que esta atitude é uma atitude absolutamente negativa! O que nós precisamos não é de reforçar as forças convencionais é de reduzir também as forças convencionais! Porque, um dos maiores problemas que existem no Mundo – e sem a redução dos orçamentos militares, se não será possível resolvê-lo – é o problema da fome, é o problema do analfabetismo, é o problema do meio-ambiente, o da saúde, enfim, são uma série de problemas que realmente fazem com que, a maioria da população mundial, dia a dia, veja os seus problemas acrescidos, agudizados e não sinta que há uma luz, que não há uma pequena ação solidária dos países – que os têm, que, no fundo, os têm assegurado – para melhorar esta esta situação.
F.C.G. – Bom, eu acho que foi realmente um período muito confuso! Muito perturbado! A revolução fez-se, mas, claro, dadas as circunstâncias em que ela teve de se efetuar. Não houve uma preparação, sobretudo para se poder transitar do regime que havia para um outro, onde as liberdades e os direitos humanos, estavam salvaguardas e estavam em plena pujança, e isso deu como resultado, que, houve, de facto, durante os primeiros tempos – no primeiro Governo (em todos os governos mais ou menos provisórios – deficiências muito grandes, que, só o trabalho e só a boa vontade e dedicação de muitos, conseguiram, não digo suprir, mas pelo menos atenuar.
a 20 de Junho de 1984 pela Polícia Judiciária, no âmbito deste processo. Da FP, com uma pena de 18 anos .De recordar, que o principal operacional do Movimento das Forças Armadas. nunca assumiu a criação das FP-25 nem a militância no grupo. Do tempo total de pena cumpriu apenas cinco anos. Em entrevista, concedida há Lusa, em 2010, Otelo confessou que, no dia em que recebeu a notícia da criação deste partido revolucionário armado, a encarou com "apreensão e perturbação com a ideia". Otelo: FP-25 foram "choque grande e um prejuízo tota
F.C.G – Eu, como tive ocasião de dizer no Tribunal, só conheço regularmente, a ação do Tenente-Coronel Otelo, quando ele parte ou do Conselho da Revolução
F.G.C – Não posso dizer que é injusta ou justa. Eu não sei as causas que levaram à prisão de Otelo. Penso que – nisso acredito, acredito na Justiça Portuguesa -, que o juiz que fez o inquérito e que promoveu a sua detenção, tinha as suas razões. Podem não ser razões que não sejam razões suficientemente fortes para justificar a prisão durante tanto tempo de Otelo.
A entrevista, que, honrosamente me concedeu, continuaria com ainda com várias perguntas, desde a sua próxima deslocação a Tóquio, no âmbito das conferências do Conselho Mundial da Paz, assim como de como recordava as funções que desempenhou, em Angola, 1970-72, como comandante-chefe da Região Militar de Angola – Perguntei-lhe, que, tendo também estado, como militar nesta ex-colónia, no meu tempo (1966) se constava que havia quem, dentro do Quartel general, passasse informações do MPLA – Costa Gomes, negou que, de sua parte, alguma vez tivesse tomado essa atitude, não passando de calúnias e de falsidades. Pena não puder reproduzir as suas palavras, visto, no dia seguinte ter ido fazer uma entrevista ao Monsenhor Moreira das Neves, em sua casa, e, inadvertidamente, ao usar a mesma cassete, apagado o resto da entrevista. Contudo, ainda disponho de uma outra entrevista, esta feita no torno de uma conferência, em que ele também participara, que igualmente conto editar oportunamente em vídeo.
Costa Gomes morava na Av. João XXI, próximo do cruzamento da Av. de Roma, em Lisboa. Nessa tarde, que me recebeu, estava sozinho e, curiosamente, os móveis da sala, estavam todos cobertos com lençóis brancos, visto ir para obras, mais parecendo a enfermaria de um hospital. Mesmo assim, teve a gentileza de me receber, já que a entrevista havia sido marcada uns dias atrás e ele não quis faltar ao compromisso. -
Militar sempre preocupado com a paz, de perfil civilista, indo ao pormenor de, sintomática e simbolicamente, restringir o uso da farda apenas às ocasiões em que tal lhe era exigido, é no entanto, na Guerra colonial, de entre os grandes cabos de guerra, o mais renitente em utilizar a força bélica em grandes e pequenas operações, e, paradoxalmente, o que mais êxito teve em termos operacionais e bélicos.
Costa Gomes foi, com uma antecedência assinalável, em 1961, o primeiro chefe militar a defender claramente que a solução para a guerra colonial era política e não militar, não obstante cumpriu com brilhantismo as suas funções como comandante militar da 2.ª Região Militar de Moçambique, entre 1965 e 1969 (primeiro, como segundo-comandante, depois, como comandante) e, seguidamente, como comandante da Região Militar de Angola.
Após o 28 de Setembro de 1974, com o afastamento do general Spínola, Costa Gomes é nomeado para a Presidência da República, onde lhe caberá a difícil missão de conciliador de partes em profunda desavença, com visões radicais do mundo, algumas verdadeiramente inconciliáveis. Levará sobre os seus ombros tudo quanto se irá passar até à crise de 25 de Novembro de 1975, onde lhe coube o papel capital de impedir a radicalização dos conflitos poupando o país a enfrentamentos violentos e uma possível guerra civil. Costa Gomes é considerado um dos principais obreiros da instauração da democracia em Portugal.
“A figura que sai das páginas de Luís Nuno Rodrigues é a de um general renitente. Da obra ressalta, desde logo, que a carreira militar de Costa Gomes deriva não tanto de um gosto pelas armas, mas sobretudo de uma evolução imposta pelas necessidades materiais da família. Do Colégio Militar à Academia Militar, o percurso de Costa Gomes resulta de uma evolução natural imposta pelas condicionantes familiares. A carreira militar não satisfazia em pleno Costa Gomes, que acabou por frequentar a Universidade do Porto, aí concluindo a licenciatura em Ciências Matemáticas (1939-1944). Este facto não o impediu de percorrer, ainda jovem, um extraordinário caminho como militar, ganhando prestígio no meio castrense, não deixando, contudo, de evidenciar uma renitência: a renitência ao uso e ao abuso da violência. Para o futuro marechal Costa Gomes, a violência (a força armada) só devia ser aplicada enquanto fosse útil ao equilíbrio e à paz na sociedade. O uso excessivo da violência, assim como a utilização da violência de forma inútil, eram-lhe repugnantes.
Marechal Francisco Costa Gomes - Uma das grandes personalidades, militares e cívicas, Membro da Junta de Salvação Nacional desde a madrugada de 26 de Abril, e, como chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas em 30 de Abril de 1974. O primeiro Presidente da República Portuguesa a discursar perante a Assembleia Geral das Nações Unidas - Em Janeiro de 1975 está presente na assinatura do Acordo de Alvor, entre o governo e os movimentos de libertação angolanos, relativo à independência de Angola. Depois de dar posse ao IV Governo Provisório, também chefiado por Vasco Gonçalves (25 de Março de 1975), preside à assinatura, em 11 de Abril de 1975, do primeiro pacto MFA-Partidos.Adicionar legenda |
Ao ocupar a cadeira presidencial, uma das suas primeiras preocupações parece ser a de garantir a estabilidade, apesar da conjuntura revolucionária que se vive. Demonstra-o, primeiro, ao reconduzir Vasco Gonçalves para o cargo de chefe do governo (III Governo Provisório, em 1-10-1974). Depois, durante a viagem que efectua aos EUA onde procura não só estabelecer contactos com vista à cooperação entre os dois países, sobretudo económica, como também tranquilizar a comunidade internacional quanto ao rumo da transição portuguesa” – Excerto de . Biografia completa - Museu da Presidência da República





