De acordo com as declarações a STP-Press, ambos pescadores congratularam-se com
a solidária intervenção do cidadão Delfim Neves, Presidente do Parlamento que
em parceria com Consolado são-tomense nos Camarões conseguiu colocá-los de
regressa ao território são-tomense.
Em Julho de 2014, Idalécio, de 22 anos, e, José António, de 49, pescadores nas
canoas da Praia Melão, em São Tomé, andaram cinco dias perdidos no mar, viveram
um drama, que dificilmente jamais esquecerão para o resto da vida, até serem
resgatados por uma traineira na costa nigeriana - Quando se viram sozinhos na
canoa, na solidão imensa do mar, o cenário pareceu-lhes o fim do mundo –
Rezaram e pediram que Deus lhes desse coragem - E a fé – que é um bom
suplemento à confiança – salvou-os!
É tema, de
ontem, de hoje e de sempre. Seja qual for o oceano, há em todas as águas, em
todos os mares, vidas tragadas pela violência das vagas ou que sucumbem,
vítimas da incerteza ou do desespero, do um atroz sofrimento da fome e da sede.
Só quem passou por essa terrível situação, sabe avaliar quão angustiosos são
esses dias e noites de abandono e incerteza – Especialmente a bordo de uma
frágil canoa – E, de facto, são muito frequentes os desaparecimentos de
pescadores nas canoas, nos mares em torno destas maravilhosas Ilhas do Equador.
De volta e meia, sucedem noticias destes dramas. Por vezes, com desfecho feliz,
porém, mais das vezes, é o pescador que parte ou pescadores que partem da sua
praia e nunca mais voltam.
Já me referi a esta questão, em postagens anteriores deste meu blogue – Nomeadamente, a uma reportagem que cheguei a publicar, antes do 25 de Abril, na Revista na revista Semana Ilustrada, de Luanda, de que era correspondente, em São Tomé – Porém, creio que pela primeira vez, já que estes dramas, geralmente passavam à ,margem das preocupações coloniais.
"Foi no dia 12 de Junho de 1972, que Manuel Quaresma e Fernando Afonso -
aquele com 32 e este com 40 anos - se fizeram na sua canoa ao mar. Largaram de
manhã cedinho, como habitualmente. O sol, muito brilhante nesse dia,
nascera-lhes lá fora, ao largo. Com eles, outros companheiros de faina,
partiram em suas canoas. Iam pescar, para algumas milhas mas com a Ilha sempre
à vista. A tê-la constantemente a seu lado, pois nenhum deles possui processos
de orientação. Pescar era pois o objectivo de todos. E o de voltar, como não
podia deixar de ser. Porém, para Manuel Quaresma e Fernando Afonso, tal não
aconteceria. Um tornado surpreendeu-os, deixou-os desorientados e completamente
à deriva. Eram mais ou menos duas da tarde quando isso aconteceu. O mar ficou
de calema, segundo a linguagem sua, a ilha encoberta por densa neblina e o
horizonte esfumou-se. A partir de então ficaram sem saber em que ponte se
encontravam e para onde navegavam.
(...) Salvos cinco dias depois
Não foi tanto a fome que os martirizou mas a sede - "Para mitigar a sede,
sobretudo a secura dos lábios e da boca, que a ardência de um sol forte,
equatorial, impiedoso, os causticava, valeram-se de óleo de palma (imagine o
leitor qual não terá sido a aflição dos pobres homens para chegar a este
ponto!) e chuparem os próprios chumbos para criarem saliva na boca" (....)
Eram decorridos já cinco dias e cinco noites, quando finalmente, viram
contornos de terra
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