Jorge Trabulo Marques - Jornalista - Transcrevo mas não comento:
O Primeiro-Ministro Patrice Trovoada, concedeu uma extensa entrevista ao semanário Sol, começando por referir: “estava combinada para
um dos principais hotéis de Lisboa (…. ) o governante não fugiu a nenhuma questão e à boa maneira
africana brincou até com alguns dos temas puxados à liça, isto depois de se ter
reunido. em dias alternados, com Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa e
Fernando Medina, a quem veio pedir ajuda financeira imediata. Fala pausadamente,
com forte sotaque francês, e quase nunca vacila.
Mas,
antes de lhe transcrevermos algumas passagens da entrevista, recordamos a noticia que, o mesmo semanário transcreveu da Lusa, citada também por outros órgãos de comunicação
social de que “o apartamento do ex-ministro das Obras Públicas,
Infraestruturas, Recursos Naturais e Ambiente do anterior Governo de São Tomé e
Príncipe, na cidade portuguesa de Queluz, em Sintra, foi alvo de um ataque a
tiros quando celebrava a passagem do fim-de-ano com familiares e amigos.
O atual dirigente do MLSTP-PSD, partido que deixou o poder em Novembro, Osvaldo Abreu, segundo a mesma fonte, terá dito às autoridades recear “que o incidente tenha alguma relação com o massacre e assassinato de quatro cidadãos, que ocorreu no quartel-general das Forças Armadas de São Tomé e Príncipe e que, em seguida, determinou a prisão de opositores políticos".
A última noticia deste domingo, no Téla Nõn, é a de que, O Procurador-Geral da República, Kelve Carvalho anunciou que a investigação sobre os acontecimentos do dia 25 de novembro no quartel do exército, decorre a muito bom ritmo.
ENTREVISTA AO SEMANÁRIO SOL - “O Governo está tranquilo e quer saber a verdade da maneira mais concreta e pura, sem intoxicações. Nós estamos a aguardar o fim do inquéritos” – Disse Patrice Trovoada
Questionado de “como está a situação em S.
Tomé, houve uma tentativa de golpe de Estado, entretanto a oposição acusa-o de
estar por detrás do golpe de Estado…. Dizem que disse logo quem é que foram os
homens que iam ser detidos, nomeadamente Delfim Neves e o Arlécio Costa… O que
diz disto tudo?
Digo-lhe que quando um governo sofre uma tentativa
de golpe de Estado e menos de dez horas depois convida a comunidade
internacional, nomeadamente Portugal, a participar na investigação, a nível da
medicina legal, a nível da PJ, da procuradoria, isso significa que esse Governo
está tranquilo e quer saber a verdade da maneira mais concreta e pura, sem intoxicações.
Nós estamos a aguardar o fim do inquéritos
Que estão a ser conduzidos com a policia
de São Tomé e Príncipe. Mais alguma?
Todos os organismos que quiseram
acompanhar a questão foram recebidos em S. Tomé e Príncipe. Tivemos o representante
do secretário-geral Guterres, que esteve lá, tivemos a comissão dos direitos do
homem da ONU, tivemos a CEEAC, mais transparente que isso não sei. Agora, a
oposição tem as suas teses.
Dizem que estaria a fazer uma revisão constitucional e estaria a tentar usar o golpe militar para puxar os deputados que faltam.
(risos) Revisão constitucional para quê? Nós estamos num regime parlamentar, em que o principal o primeiro ministro quando tem uma maioria absoluta tem imensos poderes. E não tem a limitação de mandatos que é quase todos os cassos dos limites presidenciais de África, que têm a sua limitação de mandatos, mesmo na Europa. O primeiro-ministro não tem limites de mandatos. A Merkel fez 4 mandados? O Tony Blair fez quantos mandatos? Por isso os primeiros-ministros de países como São Tomé e Príncipe, Cabo Verde ou Etiópia têm imenso poder. Se era uma questão de ter imenso poder, não precisava de uma revisão constitucional.
Mas o que dizem, pelo que li, é que pretende dar mais poderes ao Presidente e transformar o seu presidente num regime presidencial.
O Presidente está limitado a dois mandatos.
Quer alterar a Constituição?
Não, não estou preocupado com isso. A oposição pensa como ela pensa, se calhar por pensar assim é que não ganha as
eleições. Vamos lá ver, eu ganho as eleições depois de estar ausente do país
por quatro anos. Fiz uma semana de campanha. Ganho as eleições com maioria
absoluta. Por que preciso de fazer um golpe de Estado contra mim mesmo? Não entendo
isso. E a primeira revisão que eu tenho é a revisão constitucional? Quer dizer,
tenho um Presidente da República que é um antigo ministro meu, do meu partido.
Que coloquei, no sentido em que me engajei pessoalmente, anunciei a candidatura
dele há um ano e pouco. Então qual é o interesse que tenho em estar a pensar numa
reforma constitucional, de estar a fazer
um golpe de Estado contra pessoas que já foram derrubadas pelas urnas?
Não faz sentido. Acho que estão a criar uma cortina uma cortina de fumo para
esconder alguma coisa. Então, eu estou tranquilo aguardar que a policia
judiciária portuguesa, que é competente,
que é idónea, que é isenta, que se calhar quer preservar o seu bom nome, faça o
seu trabalho, apresente os resultados com procuradores portugueses, que estão
também associados a essa operação. E digo mais, não é a primeira vez que a PJ
Portuguesa intervêm nessas questões em São Tomé e Príncipe. Em 1028 houve uma
tentativa de golpe de Estado em que havia mercenários envolvidos.
Mas que foram libertados
Agosto 2018 |
Por que é que é a quarta vez que é
primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe? Porque sente essa necessidade? E o
que fez nesses quatro anos fora, esteve em França ou em Portugal?
Não sinto essa necessidade, até dizia que
não queria mais ser primeiro-ministro depois de três vezes.
A primeira das quais foi muito pouco
tempo.
Da primeira vez fui primeiro-ministro de
uma coligação, que durou três meses.
Depois fui primeiro-ministro de um Governo minoritário, durou dois anos. Depois
fui primeiro-ministro de um Governo maioritário durou toda a legislatura. Tive
a experiência de todos os modelos
possíveis. Penso que, depois desses quatro anos, recordo a toda a gente que
ganhei as eleições. Não ganhei por maioria absoluta, mas ganhei. Só que preferiram
uma geringonça, uma outra fórmula qualquer. E eu também na altura queria um
bloco central, os dois maiores partidos a fazermos as reformas. Eles não
quiseram, ok. Fui-me embora, fiz aminha vida, estive em Portugal, onde tenho a
minha esposa e os meus filhos, há mais de dez anos. Tive em Portugal uma parte,
tive no Dubai nas minhas atividades privadas, fui administrador de empresas,
fiz outras coisas. O que acontece é que quando houve as eleições presidenciais,
a nossa população é bastante politizada. Ela sabe quais são as competências do
Governo e do chefe do Governo. Então, do lado das eleições presidenciais
votaram em Carlos Vila Nova, que foi apresentado pelo meu partido, nas
condições de que eu depois assumisse o cargo de primeiro-ministro.
Que concorresse.
E os que que voaram em Vila Nova votaram
em Patrice Trovoada como primeiro-ministro que foi o que aconteceu. Era difícil
nessa altura virar as costas e dizer que
não me engajo. E então fui de novo para concorrer e ganhei.- Excerrtos da extensa entrevista de seis páginas
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