Jorge Trabulo Marques - Jornalista
O lançamento da campanha, decorreu na manhã desta terça-feira 14 de novembro de 2023, no auditório da Sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, com alguns discursos, a intervenção musical da cantora Piruchi Apo, da Guiné Equatorial, terminando num caloroso convívio, a que foi servido um Porto de Honra.
Trata-se de uma
iniciativa da Representação Permanente da Guiné Equatorial junto da CPLP, em
articulação com o Secretariado Executivo da CPLP, que tem como objetivo
garantir o acesso a livros em Língua Portuguesa para a melhor, correta e
racional utilização dos acervos bibliográficos em português.
Coube abrir a sessão ao Diretor-geral
da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP),
Embaixador Armindo de Brito Fernandes, tendo
declarado que “ levar livros da língua portuguesa à Guiné Equatorial, significa o nosso interesse comum de partilhar
a nossa história, a história dos nossos povos! A história do nosso património material
e imaterial! Representa partilhar a cultura em crescente expansão com mais de 200 milhões de falantes espalhados
pelos quatro continentes
Apelando aos Estados Membros da CPLP, aos observadores
associados e consultivo, às associações da sociedade civil, às bibliotecas
públicas e universitárias, bem como cidadãos anónimos, para que se juntem a esta
causa solidária.
Seguiu-se, no uso da palavra, o Embaixador
António Quintas do Espírito Santo, Representante Permanente de São Tomé e
Príncipe junto da CPLP, que sublinhou que esta campanha tem uma importância capital, justificando
que ela vai permitir o enriquecimento do
conteúdo bibliográfico das bibliotecas públicas na Guiné Equatorial
Frisando que a biblioteca
é o espaço propício para promover a proximidade dos cidadãos com a língua portuguesa.
E, para a Guiné Equatorial, é muito bom que queira colaborar com as bibliotecas
públicas
Referindo, que, o único apelo
que gostaria de deixar à Guiné Equatorial é que repita esta tentativa nos outros
países da CPLP, porque acredito que todos os países, desde o Brasil até Timor, criem condições para participar numa campanha
deste género.
“Apoiar a língua portuguesa
no contexto da CPLP é uma obrigação e um dever de todos os estados membros. E é
garantir aos cidadãos da CPLP é um cordão de participação na vida social e na
vida pública”, foram expressões que ali também se ouviram por outro dos membros
do secretariado executivo.
Tito Mba Ada. embaixador
representante permanente da Guiné Equatorial junto da CPLP .declarou que Língua
Portuguesa desempenha um papel fundamental em diversos aspectos, tanto
culturalmente quanto globalmente.
Depois das palavras de
agradecimento começou por enaltecer a
importância da “quinta língua mais falada no mundo, com mais de 260 milhões de
falantes.
"Agora, a Guiné Equatorial, com os seus
habitantes, orgulha-se de fazer parte dessa estatística.
No meu País,
reivindicamos a pertença da Língua Portuguesa como Nossa língua.
Nascemos lusófonos, o nosso vínculo com
Portugal data de há seis séculos. Foram os Portugueses os primeiros europeus a
chegar ao território que é, actualmente, a Guiné Equatorial.
Houve uma pausa – no
século Dezoito, Portugal trocou aqueles territórios com a Coroa Espanhola, que
os administrou até 1968. Passámos três séculos a falar castelhano;
Como compreenderão, não é
de um dia para o outro que se retoma a língua portuguesa.
Mas a Guiné Equatorial reivindicou, continuou, procurou, e encontrou, em Díli, em Julho de 2014, o reconhecimento oficial, pelos Estados-Membros da CPLP, da sua pertença ao mundo lusófono.
Regressámos a casa.
O processo de integração
da Guiné Equatorial na CPLP teve início em 2006, quando o país solicitou o
estatuto de Membro Observador.
Em 2010, o meu País
apresentou a sua candidatura a membro de pleno direito, que foi condicionada ao
cumprimento de vários requisitos, entre os quais a abolição da pena de morte e
a adopção do Português como língua oficial.
Foi um grande desafio,
assumimos compromissos que, felizmente, o País tem vindo a cumprir.
O Governo adoptou a
moratória sobre a pena de morte, que foi abolida com a revisão do Código Penal.
Hoje, a pena de morte é uma história do passado na Guiné Equatorial.
Por outro lado, em 2010 o
Governo decretou o Português como terceira língua oficial do País. Hoje,
estamos dando forma ao ensino da Língua Portuguesa.
Foi criada uma
Licenciatura na Universidade Nacional – UNGE, feitas várias acções pontuais de
formação de formadores, de funcionários, do pessoal do sector do ~5~ turismo e hotelaria, e está prevista, a
curto prazo, a elaboração de uma estratégia com o Instituto Internacional da
Língua Portuguesa.
Recentemente, foram
revistos os currículos do sistema educativo do País para adaptar a introdução
da Língua Portuguesa nos diferentes níveis de ensino.
Igualmente, na Cimeira de Chefes de Estado e de Governo, em São Tomé e Príncipe, em Agosto passado, o Programa de Apoio à Integração do País, cujas actividades decorreram entre 2021 e 2022, ficou concluído, com resultados positivos, e com a recomendação ao Secretariado Executivo e ao Instituto Internacional da Língua Portuguesa de continuar a apoiar a disseminação da Língua Portuguesa no País.
Por isso, na actual
agenda de cooperação da CPLP com a Guiné Equatorial há duas palavras-chave:
Língua Portuguesa.
Excelências, Distintos
Convidados.
Sabemos que um ensino sem
leitura cai pela base – os livros são fundamentais.
Por isso, a Guiné Equatorial lança esta iniciativa, com o acompanhamento dos Estados-Membros, e com o apoio de parceiros privilegiados, com a Confederação Empresarial da CPLP, com as editoras, com as bibliotecas, com as universidades e, também, com os meios de comunicação aqui presentes.
A Campanha consiste na
recolha, a nível nacional, em pontos-chave disponibilizados para o efeito,
através de contactos previamente estabelecidos, de livros e manuais escolares
e, também, literatura em Língua Portuguesa.
Os livros serão posteriormente seleccionados, catalogados e distribuídos pelas instituições de educação da Guiné Equatorial, escolas, bibliotecas, universidades, centros culturais.
Este trabalho, não
podemos fazê-lo sozinhos, contamos com o apoio de todos. Contamos com a vossa
generosidade e solidariedade para o sucesso desta Campanha.
Campanha esta que não se limita à recolha de
livros; trata-se de fomentar um sentido de comunidade, solidariedade e
sustentabilidade.
Encorajo-vos a participar
de todas as formas possíveis.
Quer possam doar livros,
oferecer o vosso tempo ou divulgar a nossa missão, o vosso envolvimento é
importante. Juntos, podemos fazer a diferença que se irá propagar através de
gerações.
Um povo culto é um povo
rico.
Para terminar, reitero o
nosso agradecimento aos presentes, e queria agradecer, de maneira especial, às
Instituições que já se disponibilizaram a fazer doações.
Finalmente, uma palavra especial de agradecimento e reconhecimento pela actuação da nossa cantora Piruchi Apo, que interpretou “O Sonho de um País” – o sonho da Guiné Equatorial de promover o Português.
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