Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador
Depois
da publicação do “Dicionário Santome – Português” - cujo lançamento constituiu um dos
vários eventos com que a diáspora, em julho daquele ano, assinalou os 38 anos sobre a
proclamação da independência na
sede ACOSP - Associação da Comunidade
de S.Tomé e Príncipe em Portugal, tendo contado com a presença do Prof. Tjerk Hagemeijer, do Centro linguístico da Universidade Nova de Lisboa,
responsável do livlu-nglandji, “santome-portugêji, em coautoria
com Gabriel Antunes de Araújo, da Universidade de São Paulo., surge agora um novo estudo.
Refere a STP-Press, que, o Presidente do Governo
da Região Autónoma do Príncipe, Filipe Nascimento presidiu esta sexta-feira a
cerimonia de lançamento do Livro “Lung’ie, Lunge No”, o primeiro dicionário do
crioulo da ilha do príncipe, que resulta da investigação de vários anos dos
académicos Ana Lívia Agostinho e Gabriel Araújo.
Na sua intervenção, Filipe Nascimento realçou o
empenho do Governo Regional no resgate, preservação e promoção da nossa
Cultura, relembrando o historial de programas radiofónicos em Lung’ie,
introdução do Lung’ie nas escolas, sendo que neste ano letivo estendeu-se para
o curso noturno, e que agora passamos a contar com mais esta ferramenta
didática para acelerar a aprendizagem.
Além do líder do governo regional, a cerimónia
contou com a presença de várias personalidades da sociedade, autoridades
regionais, grupos culturais, professores, alunos, fazedores da Cultura,
Ministro Conselheiro da Embaixada do Brasil.
Sendo uma língua crioula de base portuguesa, o
lung’Ie é falado na Ilha do Príncipe, enquanto outros dois crioulos
são-tomenses, designadamente, santomé e angolar, são falados na ilha de São
Tomé, neste arquipélago de língua oficial portuguesa.
SÃO OS MAIS VELHOS QUE FALAM FLUENTEMENTE O SANTOMENSE MAS HÁ GENTE NOVA E SIMPÁTICA QUE DÁ CARTAS E NÃO LHES FICA ATRÁS - Tal como entã nos reportámos em https://canoasdomar.blogspot.com/2013/07/auto-floripes-e-tchiloli-patrimonio.html
Falou-se da referida obra, como surgiu e dos vários contributos e colaboradores, assim como da importância que assumem os 8500 vocábulos (verbetes) para “os falantes nativos, estudantes e interessados nas línguas crioulas de base portuguesa.” – Considerada a mais completa obra de referência da principal língua autóctene da República de São Tomé e Príncipe. Produzido a partir de fontes orais e escritas, cada verbete em santome traz a transcrição fonética e a equivalência em português, incluindo nomes científicos de plantas e animais. O leitor encontrará também uma lista de palavras correspondentes em Português..
VEJA AS SEMELHANÇAS ORAIS DO Fá d'Ambô com o Santome
OPORTUNIDADE
PRESENÇA DO PROF.FRANCISCO ZAMORA SEGORBE, DE ANO BOM, SURPREENDEU A ASSISTÊNCIA PELA SEMELHANÇA DO SANTOME COM O FALAR DE ANO BOM
“Fá d'Ambô, Fla d'Ambu, annabonense, annobonés ou annobonense (em lingua portuguesa) chamado falar de Ano Bom e língua anobonenseou anobonesa) é um crioulo Portugu~es falado na Ilha de Ano Bom, Guiné Equatorial, estima-se que existam até 9 mil falantes deste dialeto.
Segundo estudiosos, o crioulo de Ano Bom, é baseado em 82%, do forrro, enquanto que uns 10% de seu léxico se baseia no castelhano. É falado por descendentes de mestiços entre africanos, portugueses e espanhóis; devido à similaridade entre o português e o castelhano não se sabe que origem têm certas palavras. Fá d'Ambô – Wikipédia, a enciclopédia livr
Lê-se na apresentação do dicionário santome-putugêli, que “O santome, também conhecido como forro, fôlô, lungwa santome, dialeto ou são-tomense, é uma língua crioula de base lexical portuguesa que surgiu no século XVI, na ilha de S. Tomé, fruto do contacto entre o português e diversas línguas do continente africano. Depois do português, língua oficial, o santome é a segunda língua mais falada na República de s. Tomé e Príncipe, mas não goza, actualmente, de estatuto oficial, embora tenha sido declarada uma das línguas nacionais, ao lado do angolar (ngola) e do principense (lung’ie).
A primeira referência histórica ao santome data de 1627, altura em que o Padre Alonso de Sandoval, a partir de Cartagena, (Colômbia), menciona a existência de da lengua de San Thomé. Já o século XVIII, mais precisamente em 1766, Gaspar Pinheiro da Câmara também faz alusão a esta língua ao escrever que he de saber que a gente natural destas ilhas tem língua sua e completa, com pronúncia labeal, mas de que não consta haver inscrição alguma (...) (apud Espírito Santo 1998:59, nota 1). a língua escrita só apareceria pela primeira vez na segunda metade do século XIX, quando autores como Francisco Stockeler e António Lobo de Almada Negreiros, bem como os pioneiros dos estudos crioulos , Hugo Schuchardt e Adolpho Coelho, nos dão a conhecer os primeiros fragmentos da língua” - excerto
Jerk Hagemerijer – Um investigador dedicado aos vários crioulos do Golfo da Guiné – Com Nélia Alexandre é coautor de um estudo bastante aprofundado, publicado na Internet, subordinado ao título “ Os crioulos da Alta Guiné e do Golfo da Guiné: uma comparação sintáctica”, do qual - seguidamente - tomamos a liberdade de transcrever um excerto, dada a sua importância para melhor compreensão do dicionário santome-putugêji
Os crioulos de base lexical portuguesa da Alta Guiné (CAG) e do Golfo da Guiné (CGG) constituem duas famílias linguísticas independentes cuja formação remonta aos séculos XV e XVI, num contexto de escravatura, tendo resultado do contacto entre o Português (arcaico e regional) e diferentes línguas africanas de diversas famílias do Níger-Congo. Os CAG incluem o Kabuverdianu (CCV), o Kriyol (CGB) e o crioulo de Casamansa1; os CGG abrangem o Santome (ST), o Angolar (ANG), o Principense (PR) e o Fa d’Ambô (FA). Não obstante os progressos alcançados na crioulística ao longo das últimas décadas, continua aceso o debate sobre a formação destas línguas e sobre a sua afiliação genética e tipológica. Em particular, diversos autores têm proposto que os crioulos formam uma classe de línguas tipologicamente distinta de outras línguas. A mais antiga hipótese de que os crioulos constituiriam uma classe genética (ou uma família linguística) devido a um conjunto aparente de semelhanças traduz-se na chamada monogénese, uma teoria que advogava que todos os crioulos teriam na sua origem um único pidgin Português (Sabir ou West-African Pidgin Portuguese), que foi relexificado por outras línguas. Esta hipótese foi entretanto refutada, mas dela reteve-se, até hoje, a ideia bastante difundida de que os crioulos descendem de pidgins diversos que, no curso do tempo, se transformaram em línguas naturais (nativização), através de um processo de aquisição de L2 com restrições de acesso à Língua-Alvo (o Português, nos contextos em questão). O facto de se ter abandonado a monogénese não significa que não exista uma relação genética entre subconjuntos de crioulos, de que os CAG e os CGG são exemplos, mas também os crioulos de base lexical francesa das Caraíbas ou os crioulos de base lexical portuguesa na Índia – Excerto Os crioulos da Alta Guiné e do Golfo da Guiné.p
Investigador do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa, desde 2008 e colaborador do Atlas of Pidgin and Creole Structures, Max Planck Institute, Leipzig, desde 20
Do seu currículo fazem parte numerosos trabalhos
Tjerk Hagemeijer - Books and Journals
As línguas de S. Tomé e PríncipeOUTROS LINK DE INTERESSE
Lin Língua e Música de S. Tomé e Príncipe - SlideShare
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