Jorge Trabulo Marques - Jornalista
Refere a Agência STP-Press, que “antologia
poética da poetisa e jornalista são-tomense, Conceição Lima, vai ser editada
nos Estados Unidos de América, – revelou David Shutt, tradutor e crítico
norte-americano que se encontra em São Tomé e Príncipe com esse objetivo
De recordar que, o poema ‘’Afroinsularidade’’ de Conceição Lima, foi vencedor ex aequo em concurso de tradução nos EUA entre mais de 600 poemas e 327 poetas, em Setembro de 2021, organizado pela prestigiada revista literária Word Without Borders, em parceria com a Academia Americana de Poetas, anunciado num evento especial do Brooklin Book Festival, com recital pelos vencedores.
MAIS UMA HONORSA DISTINÇÃO - Agora com a tradução da sua obra
David, tradutor e crítico norte-americano
disse à Imprensa que encontra-se em São Tomé e Príncipe para reunir com
Conceição Lima e proceder a tradução de quatro obras literárias e outras peças
inéditas dessa poetisa a serem publicadas em Dezembro de 2024.
Evocando ausência nos Estados Unidos de
poesia africana, David Shutt assinala que as poesias de Conceição Lima “são
consideradas um tesouro para o mundo”.
“Ela [Conceição Lima] com a sua poesia,
marca uma presença viva de São Tomé Príncipe no mundo”, entende David Shutt.
Assinale-se que Conceição Lima é a poetisa
são-tomense com mais obras publicadas em vários países, em várias línguas
estrangeiras, com destaque para inglês, alemão, italiano, francês, árabe e
chego.
Conceição Lima, recorde-se, é autora de
várias obras literárias, das quais: O País de Akendenguê, A Dolorosa Raiz do
Micondó e Útero da Casa.
Deassinalara, também, que, a Jornalista e Poetiza das Ilhas Verdes do Equador, foi nomeada Coordenadora do Movimento Poético Mundial para São Tomé e Príncipe. É a primeira vez que STP tem representação no MPM.
Maria da Conceição de Deus Lima, nasceu em Santana, atual vila e capital do distrito de Cantagalo, em 8 de Dezembro de 1961, mais conhecida por Conceição Lima ou São de Deus Lima, creio que em resultado da admiração, do carinho, simpatia e da popularidade, que goza no seu país, possuidora de uma obra poética que tem sido objeto de vários estudos de Mestrado e de doutoramento em universidades portuguesas e sobretudo brasileiras e também o nome mais traduzido da literatura são-tomense, nomeadamente nas línguas alemã, árabe, francesa, italiana, galega, espanhola, inglesa, servo-croata, turca e shona.
Desde os anos 80 que Maria da Conceição Costa de Deus Lima, descobriu os caminhos da poesia, contudo, e, como geralmente acontece aos maiores poetas, a poesia é como voo de ave: voa ou voga, simplesmente, através dos grandes espaços ou mares da sensibilidade e da imaginação, sem, todavia, ter pouso seguro. Vão-se fixando instantes, na sebenta do dia a dia, sem contudo haver a preocupação de os transformar em livro ou de lograr um porto de arribação – Em suma, vai-se viajando:
“Os barcos regressam
carregados de cidades e distância
Adormecem os grilos
Uma criança escuta a concavidade de um búzio.
Talvez seja o momento de outra viagem
Na proa, decerto, a decisão da viragem”
Indubitavelmente, uma das mais reputadas jornalistas são-tomenses, que tem pela poesia uma enorme paixão. Formada em Lisboa e no King's College de Londres, começou por publicar poemas dispersos em jornais e revistas e integra diversas antologias poéticas internacionais
Na capital britânica trabalhou como jornalista e produtora dos serviços de língua portuguesa da BBC. Apesar de uma longa carreira como jornalista, a escrita poética sempre fez parte da sua vida. Aos 19 anos viajou para Angola e participou na VI Conferência dos Escritores Afro-Asiáticos, onde recitou alguns dos seus poemas. Foi provavelmente a mais jovem a fazê-lo. Desde então já publicou dezenas de poemas em jornais, revistas, e antologias em vários países. Em 2004, publicou ‘O Útero da Casa’ e em 2006 lançou ‘A Dolorosa Raiz do Micondó’. ‘O País de Akendenguê’ é o último título editado
A MÃO
Toma o ventre da terra
e planta no pedaço que te cabe
esta raiz enxertada de epitáfios.
Não seja tua lágrima a maldição
que seqüestra o ímpeto do grão
levanta do pó a nudez dos ossos,
a estilhaçada mão
e semeia
girassóis ou sinos, não importa
se agora uma gota anuncia
o latente odor dos tomateiros
a viva hora dos teus dedos.
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