Jorge Trabulo Marques - Jornalista - Não divulgamos os nomes, senão parcialmente o documento - 1 capitão; 7 tenentes; 20 sargentos e furriéis; 4 cabos e 3 praças - Dos quais se pedem elementos de identificação - O que é, de algum modo estranho, que tais militares, não andassem devidamente identificados. E só vinte dias depois, do polémico episódio, se busque, junto da instância maior militar, a sua identificação. Ou será mais uma forma de queimar pessoas, que o novo regime deseje silenciar, antes mesmo de serem julgadas?
Várias vozes, se têm levantado, contra a morosidade do apuramento da verdade dos factos do alegado golpe militar, tanto da sociedade civil como dos forças políticas da oposição, além dos apelos internacionais, exigindo inquérito rigoroso e a punição dos implicados na sevícias infligidas sobre as vidas que foram exibidas através de imagens e vídeos.
Mas eis, que, inesperadamente, após a notícia de que “Nove dos dezassete detidos continuam em prisão preventiva e os restantes com medidas de coação menos gravosa. É divulgada uma lista de 35 nomes, que deveria ser encarada de carácter reservado, e que, avaliar pelas reações públicas nas redes sociais, ainda poderá vir a gerar maiores dúvidas de que certezas, maior perturbação social, desconfiança e confusão no rigor da conduta das investigações.
Isto, porque, o que se pede na lista, são mais informações, de que o apontar
objetivo de elementos de prova e de culpabilidade, situação, esta, que, sem o acompanhamento dos
advogados de defesa, impedidos de exercer o seu trabalho, poderá querer
indiciar mais um julgamento sumário na praça pública, tal como sucedeu aos quatro
civis, silenciados, algemados até à
morte, através de brutais espancamentos, sem que fosse possível conhecer o seu
testemunho – Cujos nomes da referida lista, me abstenho de transcrever.
CONTEÚDO PARCIAL DO DOCUMENTO
Excelentíssimo Senhor
Chefe do Estado Maior das Forças Armadas
da República Democrática de São Tomé e Príncipe
Brigadeiro-General Pedro Cravid
Estado-Maior das Forças Armadas
Bairro de Santo António – São Tomé
Por se revelar imprescindível e urgente à instrução do Processo768/2022, cuja competência da investigação foi delegada pela Polícia Judiciária por Despacho do Titular da Ação Penal, ouso solicitar os bons ofícios de V. Excelência no sentido de se designar determinar e que no sejam enviadas, com carácter de Urgência e ao abrigo do Dever Genérico e de Colaboração, com a Justiça, Cópias dos Bilhetes de Identidade Militar dos indivíduos infra indicados, e/ ou em caso de inexistência de tais documentos, Cópias com os respetivos Bilhete de Identidade Civil, em ambos os casos. Com Fotografias Bem Visíveis, a saber. (NÃO DIVUGAMOS OS 35 NOMES)
Diz, uma das pessoas, que a divulgou: “este o texto que acompanha a sua
divulgação: “Da lista pedida pela polícia Judiciária, surpreendentemente não
consta o nome de um dos presentes na imagem no Quartel militar, o Brigadeiro
Armindo, vice Chefe de Estado Maior das Forças Armadas.
Esperemos que a Policia Judiciaria e o Ministério Público faça o seu trabalho com total neutralidade e transparência.
OUTRAS REAÇÕES : “Os intrusos que foram ao quartel, foram neutralizados, segundo palavras de um oficial nos órgãos de comunicação social
“O massacre, tortura e tamanha barbaridade cometida pelos militares e na presença de duas senhoras (militares) uma de bata branca, todos esses assassinos deveriam ser remetidos à Polícia Judiciária ou à Procuradoria Militar para ulteriores diligências. Assim não foi, porque a vontade de quem tem poder assim o determinou.
Terceiro: O oficial que disse na Rádio e na TVS que o Arlécio Costa caiu de carrinha e faleceu e horas depois rolou o vídeo em que mostrava o Arlécio Costa a ser torturado barbaramente, esse tal Oficial deveria ser demitido, passado a vida civil e detido de imediato para as investigações
Estas
Entende o primeiro-ministro são-tomense que objetivo desta operação visava derrubar o seu Governo.
Oposição exige que “os
criminosos que estão no quartel” sejam expurgados das FASTP – Noticia divulgada
nesta última sexta-feira pelo jornal on lin Tela non
.Na quinta-feira reuniram-se com o Ministro da Defesa e Administração Interna, Jorge Amado. Defenderam que, até prova em contrário, a instituição das forças armadas continua a ser republicana, e de paz.
No entanto, os acontecimentos de 25
de Novembro, exigem que se faça uma limpeza da imagem das forças armadas.
Segundo a oposição, os militares
envolvidos no crime devem ser entregues à justiça, e que essa é a única forma
do Estado são-tomense proteger a imagem e o bom nome das Forças Armadas do
país.
«Nós achamos que é preciso
expurgar da instituição, os criminosos que lá estão, e alguns já estão
identificados. Todos que torturaram até a morte cidadãos são-tomenses, são
criminosos, e como tal devem ser expurgados da instituição», afirmou
Sebastião Santos, porta-voz do bloco dos partidos da oposição.
Consideram que todos os militares que
torturaram os civis no quartel de morro deveriam já ter passado à
disponibilidade «e entregues a justiça civil, para serem julgados
justamente. Isto para preservar a própria instituição forças armadas que é
nossa instituição. Uma instituição que colaborou connosco na conquista da
independência nacional», acrescentou.
Os 4 argumentos apresentados pelo
Brigadeiro Olinto Paquete para se demitir do cargo de Chefe de Estado Maior das
Forças Armadas, após o incidente de 25 de Novembro reforçam a convicção dos
partidos da oposição de que há criminosos dentro dos quartéis.
«Ao demitir-se disse que foi
traído. Pergunta-se por quem? Ele só poderia ser traído pelos seus subalternos.
A partir do vice-brigadeiro todos são traidores até prova em contrário… Ele
falou de informações falsas. Quem deu informações falsas e porquê? E depois
disse mais… que isso parece ser uma encomenda. Meus senhores, são palavras de
um brigadeiro. Ele que disse isso não é maluco nenhum. As pistas estão todas
dadas», precisou Sebastião Santos.
O bloco da oposição alertou a comunidade
internacional, para um grande perigo que alegadamente se instalou no país.
«Esse país parece estar
sequestrado. Sequestrado por criminosos, que estão no recinto militar. É
preciso retirá-los. É preciso expurgar esses criminosos no seio dos bons
militares que nós temos, e que não são poucos», reforçou.
Através do ministro da defesa e da
administração interna, o bloco da oposição apelou o Conselho Superior de Defesa
Nacional, a reagir, no sentido de preservar a democracia em São Tomé e
Príncipe.
Para além de ser desafiado a demitir toda
a cadeia de comando que esteve operacional até o dia 25 de novembro, o conselho
superior de defesa é instado a resolver a situação dos soldados que foram
constituídos arguidos no âmbito do assalto ao quartel de morro.
«Os militares que estão na prisão
no quartel, estão a ser coagidos, estão a ser intimidados, e prova disso é o
acesso que eles não têm do advogado…Esses militares estão a ser coagidos de
forma a apagar provas, da mesma forma como fizeram com os 4 que morreram. É
queima de arquivo», denunciou as forças da oposição.
O bloco de todas as forças políticas que
fazem oposição ao governo do partido ADI, liderado por Patrice Trovoada, pediu
que os soldados detidos por ordem judicial, sejam mandados para a penitenciária
do Estado, como determinou o despacho da juíza do processo.
O incidente de 25 de Novembro no quartel
do morro, continua a marcar o dia-a-dia de São Tomé e Príncipe.
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