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sexta-feira, 24 de julho de 2015

Em S. Tomé – Reencontro de memórias – Com Rafael Branco, antigo companheiro de rádio – Empresário, atual dirigente politico e ex-Primeiro Ministro - Com o Juiz-Conselheiro Manuel da Conceição Lopes Tomé, além de outros rostos amigos - Em tempo da Gravana e das queimadas espontâneas







A Gravana é uma boa altura para se visitar S. Tomé – O tempo refresca mais um pouco, quase não chove mas em que as queimadas irrompem espontaneamente na zona da savana, a nordeste de S. Tomé, proporcionando espetáculos insólitos, com  revoadas de falcões à cata de insetos e lagartixas.   - Foi justamente o que pude observar, na companhia de duas pessoas amigas, no troço da estrada da Lagoa Azul, em mais um passeio até ao  Padrão dos descobrimentos - Nesta época da seca, há  mais períodos de tempo nublado de que a descoberto mas há também  maravilhosas manhãs de sol

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Foi, precisamente, com uma luz divinal,  esplendorosa, com que me deslumbrei   ao sair de casa, na manhã de ontem, ao  avançar rua a fora, onde, é frequente deparar-se com um rosto afável, sorridente e amigo –  Como que a fazer lembrar as pequenas aldeias ou vilas de Portugal, onde todos se conhecem e cumprimentam,

 – Sim, embora, de algum modo, o hábito já se tenha perdido, já não seja, como dantes, em que conhecidos e desconhecidos se saudavam, ao cruzarem-se,  ainda é frequente o esboçar de um sorriso, ou até o da trivial saudação, conforme a hora do dia. E, então, se o encontro for entre rostos que se conhecem, maior ainda é a exuberância, a efusão de sentimentos,  no abraço ou no  aperto de mão. E é, sobretudo,  de alguns destes encontros,  destas sempre amáveis surpresas,  a que venho reportar-me


 Manuel da Conceição Lopes Tomé  - Juiz conselheiro Jubilado

Uma figura prestigiada e muito respeitada da magistratura santomense.  É o que se pode dizer, um histórico, que entrou, como modesto funcionário  para o Tribunal, em 1958, ou seja, três anos depois do massacre do Batepá – É das poucas pessoas, da área judicial, que fez a travessia do período colonial para a independência, que  conhece bem os “cantos da casa” –  Uma das pessoas, mais habilitadas a pronunciar-se sobre a evolução da justiça, em S. Tomé e Príncipe.


Naturalmente, que, a oportunidade do encontro casual, além de ter servido para um abraço amigo, foi ainda pretexto para uns breves momentos de amistoso diálogo, ao qual, pouco depois, se juntaria um dos seus filhos, que entretanto ainda não havia saído do carro em que ambos se transportavam



Américo do Espírito Santo

Ia a caminho da marginal, quando outra voz amiga e muito estimada em S. Tomé,  me chama:  era o Américo do Espírito Santo - 
Filho do Américo, do examinador   de minha carta de condução, sobrinho do Eurico e do Eugénio  e da poetiza Alda. Neves da Graça Espírito Santo -  Nomes de uma das  famílias, mais notáveis e muito queridas em S. Tomé e Príncipe,

Américo Espírito Santo, neto do Engº Agrónomo, Salustino da Graça do Espírito Santo,  uma das  figuras incontornáveis ao falar-se das   barbaridades infligidas, a milhares de santomenses,   nos massacres do Batepá, em Fevereiro de 1953, pelo então  Governador Carlos Gorgulho – Interessante momento, para um abraço amigo e recordar antigas memórias

Joaquim Rafael Branco – ou, simplesmente, Rafael Branco – Primeiro-ministro, de 2008 a 2010



Foi um dos meus colegas de rádio, no extinto Emissor Regional de S, Tomé e Príncipe, da EN . 

Eu era operador de rádio, ele locutor e realizador com o Pedro Rocha – Ambos responsáveis do programa Poliedro: de âmbito cultural, informativo e recreativo. 

Foi, pois, com entusiástico  prazer que, tantos anos depois, ao receber-me, no gabinete do seu escritório, pude reencontrar-me, com um velho amigo e companheiro das mesmas lides.


Embora, naquela altura, já lhe reconhecesse grandes dotes de comunicabilidade, excelente formação académica, a par de muita garra e imaginação, longe, pois, de imaginar que, aquele rapaz, magro e franzino, haveria de guindar-se a tão alto cargo governativo do seu pais – E, diga-se, com muito mérito, já que, muitas as grandes obras do seu país, haveriam de ser  executadas, durante a sua curta mas profícua governação. Mas não só na politica, se tem destacado, como também na atividade empresarial, onde tem sido um empresário, bem sucedido.

NO CAFÉ DO CHICO – COM O JOSÉ CASTRO MOURA – ASSESSOR DO PR

“O café do Chico”, numa das instalações  da famosíssima Casa Pereira Duarte, situada no coração da cidade, é um dos locais mais frequentados pela comunidade portuguesa, que reside em S. Tomé. 

Uma comunidade, perfeitamente integrada na vida económica e cultural santomense, respeitada e respeitadora, que não tem nada a ver com alguns aspetos do  tempo colonial. Mas, também, um espaço frequentado  por pessoas da terra e turistas, tal era, naquele momento, o caso do  Nitócris Silva , de ferias na sua terra mas a trabalhar e a residir em Portugal, em gestão bancaria.


Porém,  o que imprime a nota, mais singular e atrativa, ao Café do Chico, o  que particularmente o distingue,  além de cafetaria e bar, assim como  de um ótimo espaço de restaurante, é, sem dúvida,  o ambiente de convívio; quer para  quem se sente ao balcão, quer  junto a algumas mesas do bar e do restaurante – Tudo, graças à simpatia do Chico, à forma – ao mesmo tempo desprendida, cordial e bonacheirona - como sabe conviver e relaciona-se com o clientes.

Passei, por lá, ontem ao fim da tarde, para tomar um cafezinho, visto ser um dos que mais apreciei, até agora na capital – E quem lá vou encontrar? – Aliás, reencontrar, sim, porque  já nos tínhamos cruzado e falado  em anteriores circunstâncias – É pois,  o José Castro Moura, de nacionalidade portuguesa, assessor de Imagem e Comunicação Social do Presidente, Manuel Pinto da costa.  – Sempre afável e sorridente. Com o cabelo, um pouco mais grisalho, não tão escuro, como quando ambos nos cruzávamos nas lides da rádio, em Portugal:  - Ele, na Rádio Renascença, eu na Rádio Comercial. Tratou-se, pois, de mais um momento de franco e amistoso convívio, de agradável reencontro de compatriotas e profissionais do mesmo ofício

BAR-CAFÉ DA RESIDENCIAL AVENIDA


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Outro espaço, muito conhecido na cidade de S. Tomé -  lugar de tertúlia e de convívio, por onde passam todas as novidades, onde se assentam políticos e intelectuais, + é o Bar-Café da Residencial Avenida.  
–  Nas imagens ao lado,  as fotos de Deodato Capela (historiador) e do Manuel Trindade Costa, um dos mais experientes mecânicos de avião destas ilhas, sempre igual a si mesmo, com a mesma expressão e afabilidade, que lhe conhecíamos

MEMÓRIAS DO  CAUÉ  - João Laida – Ex-sub-oficial das Forças Armadas de S. Tomé e Príncipe - Filho de português e de mãe “angolar. 

O pai era o mecânico Sr. Marques, sorriso aberto e expansivo, que andava sempre vestido de ganga azul (uma espécie de fato-macaco), responsável pela conservação as instalações tecnológicas do cacau e do café da Companhia Agrícola Ultramarina. 

Eu tinha 19 e ele 14, quando, fui trabalhar, como empregado de mato, na roça onde ele nasceu. 

 O administrador daquela empresa colonial,  o “Sr.Pereira” do Uba-Budo,  mandou-me de castigo  a contar cacaueiros velhos, em áreas abandonadas e infestadas de cobra preta, naquela roça e na do Novo Brasil, e foi  nesse tempo, que o João me conheceu pela primeira vez –  Dele, já não me lembrava, porém, a figura de seu  pai, essa, jamais a  esqueço:  tal como a do Sr. Agostinho, o Feitor-Geral do Uba-Budo  - Dois rostos, dos quais guardo as melhores recordações. Já o mesmo não direi da figura arrogante e autoritária do “Sr. Pereira”, o patrão que habitava a casa  grande, onde se situava a sede da administração. Que,  pelo facto, de não aceitar tratar os serviçais, por tu e ao velho estilo colonial, me envia para o sul da ilha, como que a cumprir uma espécie de degredo forçado.  



Acompanhava-me um trabalhador cabo-verdiano, nessa escrava tarefa: e, para que não houvesse repetições (pois o patrão exigia que o cacaueiro velho e abandonado, mesmo já podre e encoberto de capim e matagal,  tinha de ser registado), eu contava-os, ele marcava-os com cal. Obviamente, que, numa das zonas mais quentes e pluviosas da ilha, e então em áreas, já praticamente, de capoeira, era  inevitável a presença da cobra preta -  

Era, pois, com que deparávamos, todos os dias: Eu, de galochas, ainda me podia defender, porém, , com ele - descalço e esfarrapado -  o risco era maior. E foi o que lhe sucedeu: - um dia, uma cobra preta, picou-o  e morreu no mesmo sítio – Naquele dia, de nada lhe valera o machim para a sacudir – Depois de a pisar, pouco depois, jazia no chão, da forma mais horrível e agonizante.

Tal foi o meu choque, que, no dia seguinte, decidi abandonar aquela propriedade. Onde só voltaria, anos mais tarde, agora para iniciar a escalda do Pico Cão Grande,  um difícil desafio, que me levaria quatro anos a concluir, e   que  começara por ser  mais um gesto de revolta à humilhação sofrida de que por razões de ordem desportiva. Não vou dar aqui mais detalhes sobre esta aventura, uma vez já me ter referido, detalhadamente, noutro post deste bogue  https://canoasdomar.blogspot.com/2012/02/cao-grande-em-sao-tome-grande-escalada.html

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