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quarta-feira, 1 de julho de 2015

São Tomé e Príncipe – 40 anos “Com Coesão Nacional - Construímos o País” – Mote do primeiro grande acontecimento com vista assinalar o 12 de Julho de 1975, que decorreu no salão do jardim botânico da ex-Roça Rio do Ouro, atual Empresa Agrícola Agostinho Neto



Por Jorge Trabulo Marques  -  Jornalista -   Texto e Imagens - Além de alguns vídeos no Youtube -  Que contaram com a colaboração do jornalista Adilson Castro - Do Jornal Transparência - 















O terreiro da Empresa Estatal Agostinho Neto, antiga Roça Rio do Ouro, viveu um dia diferente da sua rotina habitual, com a comunidade, que ali reside  e trabalha, maioritariamente constituída por famílias  de origem caboverdiana sim, desde os mais miúdos ou mais crescidos, crianças, mulheres e homens, cada qual extravasando, a seu modo ou em grupos, as suas danças, jogos e cantares – Este era o primeiro evento no quadro das comemorações dos festejos do 40º Aniversário da Independência Nacional de São Tomé e Príncipe, uma data, com especial significado para todos que aqui nasceram ou fizeram desta também a sua terra 










Por isso, todos os caminhos que ali convergiam, desde o cruzamento da Estrada com Guadalupe, eram ladeados por lamparinas, encrostadas em socas de bananeiras, que iam bruxulear de luz, depois do pôr do sol, que não tardaria a pôr-se pelas 17.42  – iluminadas de forma simples, ao jeito tradicional mas  simbólica e feericamente, coincidindo  com o ambiente festivo do acontecimento.

ACREDITAR – COM A COESÃO NACIONAL CONSTRUÍMOS O PAÍS

Vêm aí o  12 de Julho e a Comissão Nacional dos Festejos já deu o mote para que a data não fosse apenas mera formalidade protocolar mas um ato cívico, cultural e  político de profunda reflexão sobre o 40º aniversário da Independência de S. Tomé e Príncipe – E o último dia de Junho, pela 17 horas, foi a data   escolhida para o primeiro grande evento comemorativo, sob o lema Independência, Cultura e Desenvolvimento, Com Coesão Nacional, Construímos o País”.

Tratou-se de uma mega conferência, que contou com a participação de vários ministros e elementos da casa civil e militar do Presidente da República, que decorreu na sala de conferências da Empresa Estatal Agostinho Neto, que, no tempo colonial, fazia parte das instalações de um jardim botânico da Roça Rio do Ouro, da Sociedade Agrícola Vale Flor, que, de algum modo ainda persiste na zona ajardinada envolvente do edifício.







De facto, o  espaço e as condições, não podiam ser mais adequadas para acolher tantas personalidades – as mais representativas do país. Não esteve o Primeiro-ministro, Patrice Trovoada, em deslocação oficial  na Estónia a procura da Governação, assim como o Presidente da República. Manuel Pinto da Costa, cuja presença esteve prevista, até quase o início da cerimónia, mas que acabaria  por não poder deslocar-se. Contudo, quer o Governo, quer a Presidência, dispunham ali de representações ao mais alto nível.


Clik - Veja e ouça

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Diz-se que houve alguns partidos que não se fizeram representar: o que não surpreende. Pois não  foi por acaso que a palavra “coesão  nacional”, além ter servido de tema, foi das mais ouvidas, quer nas intervenções dos oradores, quer em declarações à  Comunicação Social.
 
A conferência  foi praticamente preenchida por uma longa e detalhada análise  da Reitora da Universidade Lusíada, Fernanda Pontífice, muito aplaudida no final da sua explanação. Isto porque, sem pretender fazer libelos acusatórios a quem quer que seja, logrou pôr o dedo na ferida, com  muitos detalhes e clareza,  num balanço e  análise em múltiplas questões da vida social, económica e politica do seu pais,  citando, por várias vezes, Amílcar Cabral, um dos principais  líderes históricos dos movimentos de libertação do domínio colonial, que  “afirmava que a luta de libertação é antes de mais um ato de cultura”

“Acho que é pertinente perguntarmos o que é que temos feito ao logo destes 40 anos?” – questionava a distinta académica, que, atendendo ao conhecimento das questões, nem sempre seguia a leitura do discurso  que trazia mas  fazendo das suas linhas,   pontos de partida ou notas críticas para as mais oportunas e objetivas reflexões.

(…)  “Desde a independência tivemos o apoio da Comunidade Internacional para resolver os problemas que eram inibidores do desenvolvimento” (…)  Sabemos, por exemplo, que ao nível da educação, da formação e do combate ao analfabetismo, foram gastos recursos específicos. Mas, toda a gente que andou na investigação sabe ver isto?

Recordando que “nós atingimos o objetivo na escolaridade básica”, ao mesmo tempo que perguntava:   Mas em qualidade?!...  Temos muita gente formada e falta de quadros,
 (…)Formamos quadros mas qual é o contributo destes quadros para o nosso desenvolvimento? Formamos quadros e não  formamos intelectuais! E não formamos humanistas! E este problema é um problema que tem que se revolver rapidamente: há muita gente com formatura superior, com mestrado, doutoramento, pós doutoramento mas não  se sente ainda o contributo  dessa mata critica.”

Referindo-se ao papel da família, “que  é consensualmente vista como uma célula da sociedade,” alertou que  “está completamente destruída, desfeita – Referindo-se às crianças de rua, num pais onde abundam as mães solteiras ou pais separados, citou Amílcar Cabral

“Amílcar Cabral dizia assim: (…) “O mais maravilhoso que há no mundo são as crianças. Às crianças devemos dar o melhor que temos, Devemos educá-las para se levantarem  de espírito aberto para  entenderem as coisas, para serem boas, Boas para evitarem toda a espécie de maldade. Portanto,  nunca lhe devemos fazer o mal.”

(…) “O facto dos pais se encontrarem separados, não justifica que as nossas crianças se encontrem abandonadas  . Eu acho que os cientistas sociais têm aqui um amplo manancial muito rico  para trabalhar e investigar.”

(…) “Outro exemplo de preocupação que caracteriza a nossa sociedade  é a forma  normal (nós estamos habituados a gostar muito da palavra normal: tudo é normal – “Como é que está a mãe? Está normal”   - Mas está internada no Hospital.” (…)  Essa forma normal de se conviver com os comportamento desviantes é um dos exemplos da destruição dos valores “




Referindo-se ao desempenho trabalho, frisou que   é “cada vez maior o número de pessoas que vive de expedientes, que não trabalham, que acham que o trabalho não rende”  - De algum modo, compreende-se, o fenómeno, numa terra onde o clima não é muito propenso aos esforço e, onde, mercê da sua fertilidade, da generosa oferta dos frutos da terra, ao longo do ano, estão ao alcance da mão.

ANTIGA ROÇA  - ONDE NÃO FALTA MATÉRIA PARA APROFUNDADA REFLEXÃO 





Realmente, em questões de natureza laboral, parece-me que, a abordagem deste tema, não podia ter  tido outro local mais apropriado, que, o da empresa estatal Agostinho Neto, extinta roça Rio do Ouro, dados os múltiplos exemplos, que ali é possível estabelecer: desde o tempo em que ali o trabalhador era tratado como escravo (ao nível mais baixo, incluindo, mesmo, o  não menos escravizado empregado de mato, pessoalmente, também, ali fui um deles)sim, e, mediante esse trabalho escravo,  a roça lá ia florescendo para os bolsos apetitosos dos patrões de Lisboa  -- E agora? O que resta? - face ao  abandono do seu hospital, de extensas áreas das  suas plantações, da  destruição  das principais instalações tecnológicas?... De facto, cometeram-se alguns erros e por culpa de quem?

Apenas dos que não souberam gerir a famigerada herança do colonialismo ou pelo facto do regime colonial, nunca ter dado outras oportunidades, aos que trabalhavam, nas roças, de machim  na mão, que não fosse a de darem o suor do seu corpo, não indo além de meros serviçais ou escravos? – Não é preciso ser sociólogo para encontrar uma resposta: basta que não se olhe apenas para um dos aspetos: ou que se omita o sentimento de liberdade, que se conquistou    um bem que não tem preço que o pague – ou que apenas se fale na fria linguagem economicista, que não olha às pessoas mas aos números  dos cifrões, que possam engrossar os cofres dos mais afortunados.

O QUE DISSERAM OS NOSSOS COLEGAS DO JORNAL TRANSPARÊNCIA, COM QUEM FIZEMOS EQUIPA NA DESLOCAÇÃO  A ESTE EVENTO

De seguida, alguns excertos, editados pelos nossos colegas do Jornal Transparência, Adilson Castro e Aquiles Viegas, com quem tivemos o prazer de nos deslocarmos de táxi, desde a cidade ao local, para ali nos reportarmos a tão importante acontecimento

 Empresa Agostinho Neto acolhe Conferência sobre 40ºAniversário da Independência Nacional de STP

(…) “O evento que foi preferido pela conferencista a Dr.ª Fernanda Pontífice com actuação da banda das Forças Armadas de STP, contou com a presença das diversas identidades e membros do actual elenco governamental, nomeadamente, Ministro dos Negócios Estrangeiro e Comunidade, Salvador dos Ramos, Presidente do Tribunal de Contas e do Supremo Tribunal de Justiça, José António Monte Cristo e José Bandeira respectivamente, Ministro de Defesa e do Mar, Carlos Stock, Chefe do Gabinete da Presidência da República, Victor Monteiro, Presidente do Governo Regional da Ilha do Príncipe, José Cardoso Cassandra, Ministro da Educação e Ciência Olinto Daio, a Deputada e Vice-Presidente da Assembleia Nacional, Maria das Neves, alguns representantes dos corpos diplomáticos acreditados no país, entre outras individualidades que marcaram presença neste grandioso evento.

A conferencista, a professora da Universidade Lusíada de São Tomé e Príncipe, Fernanda Pontífice, a única que presidiu apresentação da cerimónia, saudou primeiramente a todos os presentes, tendo felicitado os organizadores pela realização deste importante evento, e em seguida fez o balanço daquilo que constituiu a trajectória do país durante os quarenta anos, após São Tomé e Príncipe, ter conquistado a Independência Nacional em 12 de Julho de 1975. 

Na sua longa explanação, Fernanda Pontífice, destacou alguns aspectos que marcou durante estes 40 anos da independência do país, principalmente de tudo quanto constitui os problemas para o desenvolvimento do país, como por exemplo, as divergências políticas e falta da coesão nacional e entendimento, o que tem posto em causa o desenvolvimento do país a vários níveis, muitas das vezes por falta de interesse dos actores políticos, e mudanças de sucessivos governos que o país conheceu durante este período de tempo.


Apesar de alguns constrangimentos, a conferencista, reconheceu que também houve algumas melhorias em alguns sectores da Administração Pública, como nas áreas de, Educação, Saúde e formação de novos quadros, que na sua óptica, existe muitos quadros formados, mais que ainda torna-se necessário um acompanhamento destes quadros, do que eles têm feito na contribuição do desenvolvimento socioeconómico do país. Excerto - Por: Adilson Castro – JT


Ecos da Imprensa

Tela Nón - «"Uma grande frustração pelo facto de muitos sonhos não concretizados, esperanças frustradas. Há um sentimento de frustração quando nós nos confrontamos com o estado de miséria e pobreza, não só a pobreza monetária, mas sim a pobreza espiritual que grassa por uma boa parte da nossa população», declarou Fernanda Pontífice, que também participou nos movimentos juvenis que em 1974, contribuíram para a independência nacional....Excerto “Falta Coesão Nacional” para STP dignificar 12 de Julho de 2015

MLSTP-PSD diz que diálogo nacional em São Tomé e Príncipe falhou (In SAPO)
A deputada Maria das Neves, presidente das Mulheres Sociais Democratas (MSD), organização feminina do principal partido são-tomense da oposição, disse hoje à Lusa que as negociações políticas para um consenso nacional "falharam".
Analisando o país 40 anos depois da independência, a líder das mulheres do Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe - Partido Social Democrata (MLSTP-PSD), que falava à margem da conferência promovida pela Presidência da República, considera que "o país precisa descolar" para atingir o desenvolvimento.- Excerto de São Tomé e Príncipe Independência Nacional comemorada na Casa Internacional de STP em Lisboa


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