Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador - Amílcar Lopes Cabral, nasceu em Bafatá, Guiné
Portuguesa, atual Guiné-Bissau, 12 de setembro de 1924 e foi assassinado em 20
de janeiro de 1973, em Conacri, por dois membros de seu próprio
partido. O combatente e herói da Guiné e Cabo Verde, que profetizara seu fim,
ao afirmar: "Se alguém me há de fazer mal, é quem está aqui entre nós.
Ninguém mais pode estragar o PAIGC, só nós próprios."
Um sem-abrigo, em Lisboa, nascido em Angola,
mas de origem cabo-verdiana, confessa que
o conheceu em criança, em casa de seus pais, de que era parente, onde ele lhe parecia como o fantasma, que aparecia e
desaparecia” entre a vida profissional e as
ações da clandestinidade Baltazar Gomes Monteiro, doente e desempregado, declara que os seus pais e uma avó, foram vitimas do regime colonial, por via dos laços familiares e das relações de convivência que tiveram com ele quando para ali foi trabalhar como agrónomo - Video e pormenores mais à frente.
Amilcar Cabral |
Afinal, Amílcar Cabral,
não foi a única vitima no seio da sua própria
família, ao deixar viúva, a esposa Ana Maria de Sá, quando foi
assassinado em 20 de Janeiro de 1973,
por dois membros do seu partido, em Conacri: o mesmo pesadelo também colhera a vida de alguns dos seus parentes, estes vitimas da
repressão colonial, em Angola, como
represália pelos contatos clandestinos que ali estabelecera com o MPLA, fundado
em Dezembro 1956, no período dos três anos (1956-1959), em que o
então engenheiro Amílcar Cabral realiza vários trabalhos na área da pedologia,
a serviço de grandes companhias angolanas, onde, à semelhança do que já havia
observado na Guiné-Bissau, “ teve a
oportunidade conhecer de perto as condições de trabalho precárias, a exploração
e os abusos por parte dos patrões, a que os trabalhadores estavam sujeitos nos
campos de cultivo”.
Conheça o drama e as revelações do cidadão angolano, de origem Cabo- Verdiana, numa noite chuvosa e de invernia em que apelamos à linha de emergência para lhe prestar apoio social e hospitalar: que acabou por recusar: - doente, traído e desempregado, por ter sido roubado, prefere agora mais a morte de que a vida: em ir juntar-se ao destino dos seus entes queridos, vitimas de represálias pelos laços familiares ao falecido líder do PAIGC - Vídeo e os pormenores mais à frente.
Conheça o drama e as revelações do cidadão angolano, de origem Cabo- Verdiana, numa noite chuvosa e de invernia em que apelamos à linha de emergência para lhe prestar apoio social e hospitalar: que acabou por recusar: - doente, traído e desempregado, por ter sido roubado, prefere agora mais a morte de que a vida: em ir juntar-se ao destino dos seus entes queridos, vitimas de represálias pelos laços familiares ao falecido líder do PAIGC - Vídeo e os pormenores mais à frente.
TOMÁS MEDEIROS - Falecido em Setembro passado - ACUSOU NINO VIEIRA DE TER SIDO O MANDANTE DO ASSASSINIO DE AMILCAR CABRAL - Declarou-me na breve entrevista que me concedeu na Casa Internacional de S. Tomé e Príncipe, em Maio de 2015 - Que voltei hoje a reproduzir
Tomaz Medeiros, o poeta santomense, antigo médico e general do MPLA, no período da guerrilha, acusou Nino Vieira pelo assassínio da morte de Amílcar Cabral
“Há muita lenda acerca da morte de Amílcar Cabral: Amílcar não foi morto por ser bandido ou por ser traficante de droga: Amílcar Cabral foi morto por ser um homem politico por certas etnias que lutavam contra Amílcar Cabral – Ver entrevista completa e outros pormenores em http://www.odisseiasnosmares.com/2015/05/
PARA TOMAZ MEDEIROS, O ASSASSINO TEM UM NOME - Culpou-se o exército português e a PIDE, não é que vontade não falasse ao regime colonial, e, pelos vistos, até chegou a desencadear operações nesse sentido, mas, afinal, os maiores inimigos do fundador do PAIGC, estavam no interior das suas próprias fileiras.
Baltazar Gomes Monteiro, nascido em Angola, de
origem cabo-verdiana, 12º ano, reside em Portugal desde 1991, atualmente doente
e desempregado da profissão de canalizador, com
dolorosos problemas de saúde,
sofrendo de agudíssimas dores de
artrose nas pernas, que lhe causam grandes dificuldades de locomoção, pese o
internamento hospitalar de seis meses, a
que foi submetido, é mais um vencido da vida: traído e roubado, por alguém que
suponha ser seu amigo e da sua confiança,
sentindo-se desanimado e desorientado, não por exagero do consumo de
álcool, a que não se entrega ou por uso
de drogas, a que não recorre, mas porque, com o peso das várias provações e
vicissitudes, que lhe afloram ao
pensamento, lhe trazem também memórias, bem tristes do passado de que foram
vitimas, os seus pais e uma só avó, além
das por que também já terá vivido
Diz que é parente de Amílcar Cabral, tendo os seus pais
e uma avó, sido mortos pelo regime colonial, em Angola, devido aos laços de
amizade e de intimidade que mantinham
com o homem que, então aos seus
olhos curiosos e perscrutadores de
criança, lhe parecia como o fantasma,
que ora aparecia ora desaparecia, naturalmente que para dissimular, a par da
sua atividade profissional que exercia, o outro lado da clandestinidade que
então já deveria estar a ensaiar junto do MPLA e do seu fundador Agostinho
Neto.
Dona Iva, mãe de Cabral, |
Juvenal Cabral, pai de Amílcar Cabral. |
E, de facto, o
fundador e herói da resistência da Guiné e Cabo Verde, quando, então, eng. Agrónomo Amílcar Lopes
Cabral, nascido em Bafatá, atual Guiné-Bissau,
em 12-09-1924, foi forçado a
abandonar a Guiné, para onde havia sido contratado, em 1952, pelo Ministério do Ultramar como adjunto dos
Serviços Agrícolas e Florestais da Guiné, por via das então já suspeitas
atividades politicas, como a criação da primeira a Associação Esportiva,
Recreativa e Cultural da Guiné, aberta tanto aos "assimilados" quanto
aos indígenas, procedimento que desagrada ao então Governador da colónia, Melo e Alvim, que o
força a emigrar para Angola, onde
aproveita para se unir às atividades clandestinas une-se ao MPLA.
E, realmente, a avaliar pelo seguimento das pesquisas que
posteriormente vim a fazer, confirma-se que existe um apelido Monteiro na ascendência de Amílcar Cabral, e da mesma
ilha, donde a mãe de Baltazar Monteiro,
aos 18 anos emigrou para Angola.
Iva Pinhel Évora |
Estudos revelam que, Dona Iva, mãe de Cabral, teria nascido no sítio de São Francisco, no concelho da Praia (Santiago), a 31 de Dezembro de 1893. O pai, António Pinhel Évora nasceu na ilha de Santiago, era lavrador. Sua mãe, Maximiana Monteiro da Rocha era igualmente natural da ilha de Santiago, foi lavadeira e não sabia ler nem escrever. Ela foi baptizada na Igreja de Nossa Senhora da Graça, Praia, a 13 de Junho de 1894.
(…) Em
1922, quando tinha 29 anos de idade, ela emigrou para a Guiné, com o seu
primogénito de nove meses (Ivo Carvalho Silva, nascido a 24 de Novembro de
1921) e o seu companheiro (João Carvalho Silva, que seria funcionário das
finanças nessa outra colónia). Mal aportaram na Guiné, tal relação chegou ao
fim. Ao que se sabe, nesse mesmo ano, Iva Pinhel Évora conheceu Juvenal
Cabral, o seu futuro companheiro” https://www.buala.org/pt/a-ler/quem-foi-a-mae-de-amilcar-cabral
Amílcar Cabral nasceu
em Bafatá, na Guine em 1932, veio para Cabo Verde em 1943, onde completa em
1944, no Mindelo o curso Liceal e em 1945 emprega-se na Imprensa Nacional, na
Praia. Em 1945 foi estudar agronomia para Lisboa,
Em 1956 fundou o PAIGC e iniciou a luta
armada pela independência do país a 23 de Janeiro de 1963 com um ataque ao
aquartelamento de Tite, no sul da Guiné. Em 20 de janeiro de 1973, Amílcar
Cabral é assassinado em Conacri, por dois membros de seu próprio partido
https://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%ADlcar_Cabral.
UM SEM-ABRIGO MAIS POR UM SENTIMENTO DE DESALENTO E
DESESPERO DE TER SIDO ROUBADO E TRAÍDO
DE QUE POR INDIGÊNCIA OU HABITUAÇÃO O diálogo ocorreu, ocasionalmente, na noite fria e chuvosa de
quinta-feira passada por volta da meia-noite, na rua Rosa
Damasceno, próximo do Mercado de Arroios, em Lisboa: ao passar pelo local, quando ali
me descolocara para ver se uma frutaria oriental, que ali existe, ainda estava
aberta, e, vendo-o, com ar muito triste e pensativo, sentado numa cadeira
abandonada, junto à soleira de um prédio, ao lado de um caixote do lixo, com ar
tão deprimido, concentrado e desprendido, como que alheio a tudo e
completamente arredado deste mundo, não resisti a perguntar-lhe a razão pela
qual não procurava ao menos um local para se abrigar da chuva:
respondeu-me que não se importava que chovesse, que ia passar assim a
noite.
PREFERE MORRER COM DIGNIDADE A MISTURAR-SE COM DROGADOS E ALCOOLIZADOS
Recusava-se deiar-se como estes "trapos" |
“Não me importo da chuva, nem do frio nem de morrer!.. Hoje
já dei muitas voltas, estou muito
cansado e não posso andar!... Estive no
posto à espera da médica e não
apareceu!... Já sofri muito!... Perdi o emprego por causa da minha artrose!...
Já fui operado às duas pernas, que as parti (levantando a calça de uma delas e mostrando-me os sinais
da operação); tenho-as cheias de dores!... Fui roubado e estou sem dinheiro
para pagar o quarto que me dá assistência social. Ontem, arranjaram-me para
ficar num dormitório, em Xabregas!... Fui lá, com muito sacrifício! mas só vi drogados!... Não me quero misturar
naquele ambiente!... Prefiro morrer num banco qualquer, de um jardim ou onde o
encontrar!... Sentado ou deitado!... Não me vou juntar aos que dormem
embrulhados em trapos ou papelões.
Já não me importo de nada!...
E o que é que estou cá a fazer?!... Também já não tenho ninguém de família!.. Os meus pais
morreram em Angola, assim como a minha
avó: eram da família de Amílcar Cabral; foram assassinados por suspeitarem que
também eram contra o regime – Ele depois foi combatente mas também o
mataram!...
Depois de ter ido
buscar alguns alimentos a minha casa e umas peças de roupa dentro de um saco
para se proteger, diligenciei-lhe assistência social e médica – Pois não me
pareceu que fosse o típico sem-abrigo habitual.
Triste realidade de todas as noites |
Aceitou a minha oferta, e, quando lhe disse que era
jornalista, até não se importou de ser
fotografado e de me contar alguns pormenores do seu passado e do seu calvário.
Mas depois veio a recusar o apoio que lhe diligenciei: quer de um quarto numa pensão pelos serviços sociais de emergência, quer de uma ambulância que o podia levar ao hospital, visto mal poder andar: a humidade fria da noite, agravara-lhe a artrose, mesmo assim o único local de repouso que procurou foi o de se estender sobre um banco de madeira debaixo de umas árvores despidas de folhas na Alameda D. Afonso Henriques, ali próximo.
Mas depois veio a recusar o apoio que lhe diligenciei: quer de um quarto numa pensão pelos serviços sociais de emergência, quer de uma ambulância que o podia levar ao hospital, visto mal poder andar: a humidade fria da noite, agravara-lhe a artrose, mesmo assim o único local de repouso que procurou foi o de se estender sobre um banco de madeira debaixo de umas árvores despidas de folhas na Alameda D. Afonso Henriques, ali próximo.
1957- em Lisboa, com meu irmão |
Outro africano, dormindo ao relento |
Embora gravasse o diálogo, só lhe fiz uma única fotografia. E a imagem que depois se me deparou era mesmo muito triste!... Como nunca vi: de alguém mais abraçado à morte de que à vida!... Mas eu estava ali mais para o apoiar do que para fazer da sua desgraça, uma reportagem: porque, tendo, em criança nesta cidade, dormido nos jardins ao relento ou nos saguões das escadas, quando para aqui vim como menino-escravo nas antigas mercearias, dificilmente poderia esquecer-me do quanto é doloroso ficar completamente exposto às adversidades de uma noite de inverno: de facto, embora existam muitos sem-abrigo a dormir embrulhados em cartões e nos desvãos dos prédios, este caso parecia-me ainda mais chocante!...
Infelizmente, esta uma das imagens da grande cidade |
Sim,
ao ver, um ser humano, com
razoável formação académica (12º ano )
como que mais rendido à morte de que
agarrar-se à vida ou a desejar sobreviver – E, eu, que, mesmo perdido no
imenso golfo da guiné, numa frágil piroga, por tantos dias e noites a fio,
nunca me resignei às tão dramáticas ameaças!
A equipa da ambulância procurou demovê-lo para ao menos se
recolher num local abrigado da chuva. Alertando-o de que, se ficasse encharcado, coma roupa que
trazia no corpo, ainda ia ter mais dores!... Pois nem assim se importou: por lá se abandonou deitado, meio encolhido sobre a dura madeira
do banco, sim, como alguém que deseja
mais morrer de que viver.
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