Por Jorge Trabulo Marques –
Jornalista
Jorge Sampaio
Homenageado numa noite calorosa mas fria e chuvosa nas ruas da cidade
O antigo Presidente da República, Jorge Sampaio foi esta semana homenageado pela autarquia lisboeta, no cineteatro Capitólio, durante uma cerimónia evocativa aos 30 anos do Moderno Planeamento Estratégico de Lisboa, introduzido pela primeira vez durante o seu mandato à frente do maior município português.
O ato evocativo, presidido pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na altura adversário de Sampaio na corrida à câmara da capital, contou ainda com as presenças do Primeiro-Ministro, António Costa., que foi diretor de campanha do antigo presidente da Câmara e da República, bem como do atual Presidente da C.M de Lisboa, Fernando Medina, além de outras personalidades.
Depois da visualização de um vídeo, com diversas imagens de Lisboa, panorâmicas e de pormenor, alusivas às grandes obras efetuadas, seguiram-se intervenções elogiosas do Presidente do Município, do Chefe do Governo e do Chefe do Estado, e, por último, foi a vez de o homenageado, agradecer as palavras que lhe foram dirigidas, aproveitando o momento para propor a elaboração de um plano estratégico para Lisboa em 2050, defendendo que o desenvolvimento da cidade deve ser pensado num horizonte de 20-30 anos.
“Com a aceleração do tempo e o tropel de desafios que enfrentamos, com a transição demográfica, digital e energética a rondar e as alterações climáticas já bem patentes, importa pensar Lisboa no horizonte de 20-30 anos. Importa agora articular uma visão e um plano estratégico para 2050", afirmou o antigo chefe de Estado”
Imagens de uma noite de Janeiro, em Lisboa, fria, cinzenta e chuvosa, nas ruas da cidade mas que, no interior do Cineteatro Capitólio, era bem calorosa e alegre, com muitos aplausos, quer no friso das altas personagens no palco, como na distinta plateia, além das belas imagens da capital portuguesa, que foram passadas num grande ecrã, no inicio da cerimónia.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, Jorge Sampaio foi o grande protagonista da mudança da visão! Da movida
jovem! Da mobilidade social e pessoal e
social, da preparação do século que estava a chegar! Ao mesmo tempo que liderava a oposição nacional, concorria à chefia do Governo e depois à Presidência da República!
Marcelo Rebelo de Sousa- Na
homenagem a Jorge Sampaio, “do período inesquecível 89-96”
“Jorge
Sampaio personificou essa nova Lisboa[…]. Ao mesmo tempo que liderava a
oposição nacional, concorria à chefia do Governo e depois à PR. Foi incansável,
determinado, inabalável. Desmentindo aqueles que o viam como um intelectual mas
não realista, sonhador mas não fazedor, utópico mas não capaz de chegar ao povo
maus humilde, mais sofrido, mais marginalizado”,
Marcelo Rebelo de Sousa- Na homenagem a Jorge Sampaio, “do período inesquecível 89-96
Falar de 1989 a 1996 é porem muito mais de que isso: é falar de um tempo marcado por uma prioridade estratégica sobre a gestão casuística! Ou mesmo o mero ordenamento urbanístico clássico, por um debate e um consenso pós eleitoral, apreciável e virtuoso! Por uma liderança clara, dialogante e prospectiva ! E uma oposição atenta, incómoda mas construtiva: por uma atenção comum e especial ao ambiente, ao social, à abertura à sociedade: ao nacional e ao internacional! Á juventude, à cultura; ao repensar nas infraestruturas existentes! À revitalização do património cultural!
A esses grandes passos, que tanto lhe devem! Por ser Jorge Sampaio! Em que o governo de então, teve o papel que cumpre reconhecer! ... E o combate aos bairros de lata, datado mas na altura crucial! E o arranque da Lisboa 98 na Lisboa oriental por mais tempo esquecida e que acabaria por ser inserida no enquadramento global, então em curso.
(...) Jorge Sampaio foi o grande protagonista da mudança da visão! Da movida jovem! Da mobilidade social e pessoal! Da preparação do século que estava a chegar! Ao mesmo tempo que liderava a oposição nacional, concorria à chefia do Governo e depois à Presidência da República!
Foi incansável, determinado, inabalável, demitindo aqueles que o viam como intelectual mas não realista, sonhador mas não fazedor! Utópico mas não capaz de chegar ao povo mais humilde,mais sofrido, mais marginalizado! E lançou, com voluntarismo e entusiasmo, um repensar estratégico de largo fôlego, olhando ao contexto internacional, nacional e metropolitano! Aos sinais vindo do envelhecimento e do esvaziamento da urbe! Do esgotamento de um modernismo convertido em formas sem conteúdo! E fê-lo a pensar em pessoas e comunidades! E não em betão
P.M. António Costa – Na homenagem a
Jorge Sampaio: “marco da Lisboa Europeia
Lisboa está hoje no
roteiro dos grandes espectáculos
internacionais: Hoje, tendo como residente, a Madona, que parte de Lisboa para
a sua turnê Mundial. Mas a verdade é que, na altura, era um deserto fora dos circuitos internacionais do espectáculo, frisando que, que foi Jorge Sampaio, com a sua inabalável arte
diplomática, a conseguir fundir essas organizações mundiais como uma
prioridade.
O grande mérito da presidência de Jorge
Sampaio e toda a sua equipa foi facto de terem compreendido que não era
possível pensar Lisboa, sem pensar além de Lisboa. Porque Lisboa é a capital do país,
porque é uma capital Europeia, porque é o centro de uma área metropolitana particularmente dinâmica. E
[em 1989] a coesão interna da cidade e a resolução dos problemas internos da
cidade implicava valorizar a competitividade da cidade no quadro metropolitano,
no quadro nacional e no quadro internacional e que Lisboa tinha de ser e podia
ser como grande motor da competitividade e da afirmação do país”, disse o Chefe
do Governo
Entre outras medidas, António Costa salientou
ainda que este “novo desafio do Portugal europeu e aquele mandato de 89 foi
decisivo” e que marcou a cidade do ponto de vista da “coesão interna” ficou
marcado, principalmente, pelo facto de “terem conseguido erradicar dezenas de
milhares de barracas que existiam em grandes áreas da cidade
“Creio que foram cerca de 23 mil fogos construídos nessa altura para
erradicação das barracas da cidade de Lisboa”, recordou o primeiro-ministro
Fernando Medina, presidente
da Câmara de Lisboa, que abriu a sessão dos discursos, elogiou a “extraordinária dignidade” e o
“trabalho notável” de Jorge Sampaio no exercício das suas funções, sublinhando o
valor das ideias de Sampaio, as quatro
linhas de força para o presente e para o futuro: a consciência da inserção
global de Lisboa, a capital como centro económico e motor da região
metropolitana, a marca da centralidade para o equilíbrio social da cidade e a
importância da sustentabilidade ambiental.
No final do seu
discurso, Medina entregou ao antigo chefe de Estado um troféu de Lisboa Capital
Verde Europeia 2020.
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