Mestre David Levy Lima, famoso pintor cabo-verdiano– “Pinto como
respiro” - O mais velho de uma família de artistas plásticos, natural da ilha
de Santo Antão. Veio para Portugal aos 17 anos.
Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador - -Entrevista gravada
Mestre David Levy Lima,
74 anos, – “A arte é uma forma de me expressar: pinto como respiro: quando estou dois dias sem pintar, ao
terceiro já estou ouriçado para me
debruçar sobre a tela.
O artista já conta com
diversos prémios e distinções. David Levy Lima já foi convidado para expor na
China, em Cabo Verde e em Berlim, Alemanha. Pelas suas obras impressionistas, passa o homem e a natureza como unidade.
Aos 12 anos teve a sua
primeira experiência, pintando um
quadro de um moral. Chegou a Lisboa em 1963, com intenção de
acabar os estudos, em Belas Artes,
porém, não tendo conseguido uma bolsa de
estudo, teve de tirar o curso de
eletrotecnia e máquinas mas foi a
pintura a grande opção escolhida ao longo da sua vida, motivado também pelo antigo
adido da Embaixada de Cabo Verde, em
Portugal, Gilberto Lopes, filho do poeta
Manuel Lopes, natural de São
Nicolau, São – 23-12-1907- 25-01-205
ficcionista, poeta e ensaísta, um dos fundadores da moderna literatura
cabo-verdiana e que, com Baltazar Lopes
da Silva e Jorge Barbosa
Aliás, a pintura, está presente na família
desde sempre, começando pelo pai, funcionário público: “Na época era difícil,
quase impossível, dedicar-se exclusivamente à pintura; eu fui o primeiro e
depois vieram os meus irmãos, mas a arte está presente em todos os outros,
mesmo quando se dedicam a profissões como agronomia”
“Três irmãos, três pintores, três artistas
David Levy – Já foi tema de uma exposição na Galeria de Arte no Casino do
Estoril, apresentada pelo diretor deste prestigiado espaço, o saudoso Dr. Lima
de Carvalho
A breve entrevista, ocorreu, ocasionalmente, numa tarde
ensolarada de Outono, em Setembro passado, no seu atelier, em São Pedro do Estoril quase
debruçado sobre a imensidade do azul do atlântico, tema de inspiração
para muitas das suas obras impressionistas, ou não fosse ele um cabo-verdiano,
natural da Ilha de Santo Antão, radicado no concelho de Cascais, desde há cerca de 50 anos.
David
Levy Lima: "O mais importante para mim são as pessoas
Apesar de ter um estilo figurativo eclético nos seus motivos, Cabo Verde continua sendo a sua principal fonte de inspiração. “Para mim o mais importante são as pessoas, as suas vidas, o movimento também.” Temas que se cruzam em obras representativas das ilhas e mesmo de Portugal. Como é que os Cabo-verdianos e os Portugueses vêm a sua obra? “Da mesma maneira”, responde. O importante, explica, “É as pessoas identificarem-se com aquilo que estão a ver”. – Declarou numa outra entrevista a propósito de uma exposição que ia apresentar em Cabo Verdehttps://noticias.sapo.cv/actualidade/artigos/david-levy-lima-o-mais-importante-para-mim-sao-as-pessoas
Apesar de ter um estilo figurativo eclético nos seus motivos, Cabo Verde continua sendo a sua principal fonte de inspiração. “Para mim o mais importante são as pessoas, as suas vidas, o movimento também.” Temas que se cruzam em obras representativas das ilhas e mesmo de Portugal. Como é que os Cabo-verdianos e os Portugueses vêm a sua obra? “Da mesma maneira”, responde. O importante, explica, “É as pessoas identificarem-se com aquilo que estão a ver”. – Declarou numa outra entrevista a propósito de uma exposição que ia apresentar em Cabo Verdehttps://noticias.sapo.cv/actualidade/artigos/david-levy-lima-o-mais-importante-para-mim-sao-as-pessoas
Pela sua oficina, perpassa
“um espaço recheado de cor e memórias - sob a forma de catálogos de exposições,
livros de arte, biografias de pintores, e muitas telas, sobretudo as suas
próprias pinturas a óleo, umas de criação própria, outras nascidas por
encomenda". – Tal como é referido no site da CM de Cascais.
Sublinhando que “retratam
pedaços de paisagens, as ruas com gente, a enseada da Casa de Santa Maria, as
arribas da costa, promontórios, vales e montanhas cabo-verdianas, mas também
retratos de músicos, crianças em roda, a baía de Cascais com pequenos barcos,
pormenores dos bairros de Lisboa antiga, os elevadores, o Terreiro do Paço
visto do rio, cacilheiros…
Em quase todos os
quadros há a constância de um azul tranquilo, em vários matizes, completado com
pinceladas de cores quentes, traços espessos e finos, que
definem a sua pintura. “Pinto húmido sobre húmido, não deixo secar”, adianta. A desarrumação do espaço onde trabalha, atolado de documentação tão variada, pinceis, telas virgens, frascos, jornais, não intimida os visitantes – muitos estrangeiros - que perguntam pelo preço de um quadro ou questionam o artista sobre o paradeiro de uma tela que lhes ficara na memória. O pintor não sabe o paradeiro de muitas obras, levadas por curiosos e colecionadores que passam por Cascais.
definem a sua pintura. “Pinto húmido sobre húmido, não deixo secar”, adianta. A desarrumação do espaço onde trabalha, atolado de documentação tão variada, pinceis, telas virgens, frascos, jornais, não intimida os visitantes – muitos estrangeiros - que perguntam pelo preço de um quadro ou questionam o artista sobre o paradeiro de uma tela que lhes ficara na memória. O pintor não sabe o paradeiro de muitas obras, levadas por curiosos e colecionadores que passam por Cascais.
O homem e a natureza
formam uma unidade na pintura de David Levy Lima que, em 2010, integrou uma
exposição de pintura de artistas de Cabo Verde, patrocinada pelo Ministério da
Cultura. O artista plástico é descrito no catálogo como “um pintor de finíssima
têmpera que tem trilhado a senda do impressionismo de uma forma magistral e
triunfal”. Como se nas suas obras, impressionismo e abstrato funcionassem numa
dialética, que advém de uma “técnica apurada e depurada expressividade”, em que
uma paisagem humana vista de longe, por exemplo, emite profundidade e
perspetiva em infinitos pormenores.
No currículo do pintor
não têm conta as exposições individuais e coletivas, em Portugal e no
estrangeiro. David Levy Lima conta ainda com diversos prémios e distinções, mas
guarda com particular emoção o convite que recebeu da China como artista
convidado. Durante três semanas recrearam-lhe o ateliê para que desse largas ao
talento… No baú das boas memórias David Levy Lima conta a participação em “The
art of tolerance” uma exposição coletiva promovida pelo município de Berlim, em
que artistas de todos os países pintaram, a seu modo, o famoso urso símbolo da
cidade.
Pintura
- reforça o artista sobre a expressão das suas telas - “é emoção, sentimento,
instinto. Qualquer quadro começa aqui [na mente].” Olham-se as telas e “as
escritas, as grafias” do pintor são outras, ainda que o azul permaneça. No
processo criativo, há, por vezes, o crivo das obras feitas por encomenda, que o
artista não desdenha: “Com as encomendas há uma disciplina interior para
abordar os temas que talvez não goste tanto, mas obrigam-me a investigar, a
estudar”.
Apesar de várias obras
serem vendidas a quatro dígitos, o artista plástico confessa-se “um teso” e
justifica: “compro muito material, tenho pavor de não ter material!” . E, não
tendo agente (não gostou das duas experiências em que teve) ele próprio
trata de toda a logística da arte, passando hoje uns 25% do tempo a pintar. O
método é aparentemente simples: o momento, a emoção de cada momento calibra o
traço e a paleta do artista, num percurso que
o próprio diz que faz “da generalidade para a especificidade, de uma forma aberta vou traçando uma rota”. Porque o essencial, reflete, “é a determinação em fazer as coisas; porque há quem possa e não queira; e há quem faça mais do que se espera ou que pode, apenas porque quer”. https://www.cascais.pt/pessoa/david-levy-lima
o próprio diz que faz “da generalidade para a especificidade, de uma forma aberta vou traçando uma rota”. Porque o essencial, reflete, “é a determinação em fazer as coisas; porque há quem possa e não queira; e há quem faça mais do que se espera ou que pode, apenas porque quer”. https://www.cascais.pt/pessoa/david-levy-lima
Nenhum comentário :
Postar um comentário