Jorge
Trabulo Marques - Jornalista
Ricardo Dinis é um exemplo singular, na atualidade, de coragem dos portugueses que, voluntariamente, se aventuram a grandes travessias oceânicas, solitárias e em veleiros: nas docas portuguesas, existem bons barcos à vela, atracados, de excelentes linhas, bem aparelhados e equipados, contudo, mais deles, limitam-se a passeios costeiros ou de simples veraneio e não optam pela aventura solitária através das vastas extensões oceânicas: sim, como diz Jean merrien, navegador e escritor francês especializado em história marítima, “os yachtmen, os que se recreiam no mar, não são marinheiros ou desportistas: são proprietários de Yachtes, como se possuiu um automóvel”
Ricardo Dinis nasceu em Lisboa, em 3 de Fevereiro de 1977 e, certamente, logo de menino, com os olhos a postos no Tejo e a perscrutarem o sonho do rumo que tomam os barcos quando a vista deixa de os alcançar para além da linha do horizonte, partindo ao encontro de outras terras e de outros portos e de outras gentes – Talvez na senda do que diz o poema de Fernando Pessoa, no heterónimo de Alberto Caieiro, de que “O Tejo é o mais belo rio que corre pela minha aldeia... do tejo vai-se para o mundo... para além do Tejo há América E a fortuna daqueles que a encontram.”
Ele em que, segundo refere a sua biografia, “Os fins de semana eram passados na Costa da Caparica na casa da Avó Adelaide e do Avô Emídio. Com apenas cinco anos juntou-se ao Pai, que trabalhava em Londres, A sua vida lá foi feliz mas não foi fácil, até porque, “…as saudades de Portugal eram imensas e dolorosas.”
Com 8 anos a família levou-o a Greenwich, num passeio de fim de semana. A ideia era mostrar-lhe a “Cutty Sark”, um navio que décadas antes ostentara a bandeira de Portugal. Mas o jovem Ricardo não ligou muito àquela embarcação, preferindo a “Gipsy Moth IV”, ali mesmo ao lado, um pequeno veleiro com quem essa lenda da vela, Sir Francis Chichester, realizou – sozinho a bordo – a volta ao mundo à vela sozinho nos anos 60. Com a curiosidade própria de uma criança, o Ricardo quis saber tudo sobre aquele homem e seu veleiro. Enquanto regressavam para casa, o Ricardo afirmou, firme, que “um dia também vou ser navegador solitário!” - Pormenores mais à frente
Não se compreende a razão pela qual se terá perdido a paixão pela aventura
marítima – E tantos foram aqueles
tragados pela fúria das vagas! - Se bem que voltássemos a ser pioneiros nos ares.
Em 1922, Gago Coutinho e Sacadura Cabral, depois de todas as terras terem sido descobertas, de todos os mares terem sido navegados, entenderam que chegara a vez de explorar os ares por onde nenhum ser humano tinha estado, desafiando rotas cada vez mais longas e arriscadas. Nomeadamente a travessia Lisboa-Rio de Janeiro. a primeira em vovo aéreo do Oceano Atlântico com navegação astronómica, e primeira do Atlântico Sul.
No entanto, o
facto de não constar qualquer nome, na
lista dos pioneiros solitários,na navegação solitária, tal não significa que não tenha havido
portugueses, nomeadamente pescadores,
que, em pequenas embarcações e tendo-se afastado da costa, por força de
tempestades ou mesmo do barco para onde recolhiam o pescado, não acabassem
por fazer longas travessias.Pois, como reconhece ainda o autor de “Os Navegadores Solitários”, “ninguém se pode vangloriar de ter sido o primeiro
navegador solitário: desde que existem embarcações – de pesca ou de salvamento
– têm existido marinheiro que ou sem querer, partiram ou se acharam sozinhos.
Na idade média, em Espanha, chegou uma dia à costa um
“homem vermelho e estranho” num tronco
de árvore”. Segundo a descrição, que esclarece não ser um homem negro, trata-se
de um americano numa piroga. Como teria chegado ali? Desviado por alguma tempestade?
Como tinha subsistido? Conheceria o meio descoberto pelo Dr. Alaim Bombard de
extrair água dos peixes? Esse conhecimento explicaria a descoberta e o
povoamento das ilhas perdidas no pacífico, como a Ilha de Paques.
FOI UM CAPITÃO ALEMÃO QUE QUIS SERVIR-SE DA COSTA PORTUGUESA PARA A PRIMEIRA
TRAVESSIA VOLUNTÁRIA NUM PEQUENO
CAIAQUE. – Em 1952
É ainda o autor de “OS NAVEGADORES SOLITÁRIOS” a
bíblia dos aventureiros solitários
da era moderna, a referir que “a primeira travessia de caiaque Klepper, batizado Deutsches Spor, foi feita pelo capitão de origem alemã Franz Romer, que perseguia um objetivo científico e
altruísta para demonstrar que era
possível sobreviver no mar largo, no seio do
oceano e alcançar a terra em um barco minúsculo.
Tal como, mais tarde,
em 1952, o fez num bote de borracha, Alain Bombard, um médico francês de trinta e poucos anos,
determinado a mostrar ao mundo que é possível sobreviver no mar sem comida,
monido apenas de um sextante, uma linha
de pesca, uma faca, uma rede de plâncton e algumas bugigangas.
Em 19 de outubro de 1952, Bombard iniciou sua viagem solitária, depois de visitar sua filha recém-nascida na França, através do Atlântico, para as Índias Ocidentais . Bombard navegou em um barco inflável do Zodiac chamado l'Hérétique, que tinha apenas 4,5 metros de comprimento, exigia apenas um sextante e quase nenhuma provisão.. https://en.wikipedia.org/wiki/Alain_Bombard
A sua proeza visava afirmar que a maioria dos náufragos, desmoralizados e afetados pelo desespero,
acabam por se resignar à sua fatalidade e sucumbir, mais por esse motivo do que propriamente por falta dos recursos
que o mar lhes poderia oferecer:
demonstrando que a sobrevivência no mar
é possível, bebendo água da chuva, um pouco de água do mar e sangue de peixe, que não é salgado, comendo peixe
cru e plâncton filtrado (fonte de combatente da vitamina C escorbuto)
Este foi também um dos meus objetivos, em Outubro de 1975, quando fui largado numa frágil
piroga, apenas munido de uma simples bússola,
um pouco a Norte da ilha de Ano Bom, localizada no Atlântico Sul, a 350 km
da costa oeste do continente africano e 180 km a sudoeste da ilha de São
Tomé e Príncipe, que me levaria a uma
dificil luta de sobrevivência, ao longo de 38 dias, a que já me referi no meu site, “Odisseias nos mar”, que é
justamente onde agora desejo destacar as proezas do navegador português, Ricardo Dinis.
RICARDO
DINIS - O SONHADOR QUE DESEJA SER
EMBALADO PELA DANÇA E SONORIDADE DAS ONDAS
Em
declarações a uma rubrica desportiva da TVI, Ricardo Diniz fez questão de
esclarecer que não existe uma lógica desportiva no que faz. «O meu desporto são as ondas, não é a vela. Na Costa da Caparica
faz-se surf ou bodyboard, não é vela e o meu pai nem sabe nadar» - Sim, mas
seu pai, João Paulo Dinis (homem da Rádio e Televisão) é também é um
aventureiro à sua maneira: pois foi nele em que, os militares da Revolução de Abril, confiaram
aos microfones dos Emissores Associados de
Lisboa, a primeira senha para o arranque do Movimento das Forças Armadas
que tinham como missão libertar Portugal do regime totalitário em que esteve
mergulhado durante 48 anos.
A senha foi dada por João Paulo Diniz ao colocar às 22 horas e 55 minutos do 24º dia do mês de Abril de 1974 a
canção vencedora do Festival RTP, o
tema “E Depois do Adeus, da autoria de José Niza e de José Calvário, na voz de Paulo de Carvalho.
Para o navegador Ricardo Dinis, «Aquilo
que me moveu sempre foi uma enorme paixão ao mar e a Portugal. Foi isso que me
levou a encontrar formas de juntar as duas paixões de maneira útil, sempre
com o objetivo de alcançar a excelência em nome de Portugal».https://tvi24.iol.pt/mais-longe-e-mais-alto/reportagem/um-miudo-sonhador-a-rescrever-a-historia-de-magalhaes-contra-ventos-e-mares
SULCANDO A VASTIDÃO DOS GRANDES OCEANOS
"Até
hoje Ricardo Diniz já navegou o equivalente a quase quatro voltas ao mundo à
vela, com mais de 100.000 milhas navegadas. Fruto da sua rica criatividade,
dedicação, espírito de sacrifício e capacidade de concretização, o Ricardo já
desenvolveu inúmeras Expedições e Missões, confirmando a sua tremenda paixão
pelo Mar e, acima de tudo, por Portugal.
Todos
os seus projectos têm como objectivo celebrar, promover e honrar algo de muito
Português. Para mencionar alguns, em 2005, fez o Lisboa-Dakar à vela, ao mesmo
tempo que o famoso rally, para reforçar a importância das energias renováveies
e de como Portugal precisava investir mais nesta área. Em 2006, navegou entre
Portimão e Londres com uma garrafa de Vinho do Porto (Taylor’s, obviamente)
para oferecer à Rainha Isabel II, para sublinhar os seus 80 anos de vida,
quando se assinalavam os 250 anos da criação da Região Demarcada do Douro e
para celebrar a Aliançã Mais Antiga Da História. Em 2012 circum-navegou a Zona
Económica Exclusiva de Portugal, a maior da Europa e uma das maiores do mundo,
estando no mar 24 dias sem nunca ver terra, para chamar a atenção para o imenso
potencial daquele Mar, tão Português. Mais recentemente, em 2014, navegou
sozinho entre Lisboa a Salvador da Bahia num tributo à Selecção Nacional,
presente no Mundial de Futebol, a quem ofertou uma Bandeira de Portugal e uma
enorme garrafa de vidro feita na http://ricardodiniz.com/bio/
DAR VOLTA AO
MUNDO EM CATAMARÃ AO MUNDO COMO MAGALHÃES –RICARDO DINIS NA PEUGADA DE UM SONHO
– QUE DURARÁ TRÊS ANOS
O projeto foi anunciado, em Fevereiro do ano passado,
pelo que é natural que, Ricardo Dinis, já tenha zarpado com proa à sua arrojada
aventura
- 07/02/2019
“Cinco séculos
depois de Fernão de Magalhães ter iniciado a primeira circum-navegação da
Terra, outro velejador português prepara-se para dar a volta ao Mundo em
homenagem ao histórico navegador. Ricardo Diniz vai partir para esta aventura a
20 de setembro de 2019, precisamente no dia em que faz 500 anos que Magalhães
iniciou a viagem, então financiada pela corte espanhola
Em
entrevista ao jornal “Diário de Notícias”, Diniz explica que o objetivo desta
viagem em redor do Mundo tem como objetivos “dar a conhecer a história de
Magalhães, promover Portugal e alertar para a importância de cuidar do mar”. A
viagem vai ter início em Sevilha, ao contrário da de Magalhães que se iniciou
em Sanlúcar de Barrameda, em Cádis.
A
evolução dos tempos faz com que os meios sejam bem distintos da altura. Ricardo
Diniz fazer esta viagem a bordo de um catamaran moderno. A viagem deverá durar
cerca de três anos e será vegana, ecológica, terá yoga a bordo. O velejador
português vai contar com uma tripulação internacional e com convés aberto à
entrada de convidados que vão poder cumprir etapas da viagem.
Ricardo Dinis com o seu único companheiro |
Ricardo
Diniz deseja igualmente dar a conhecer melhor a história de Fernão de Magalhães
ou, pelo menos, não a deixar cair em esquecimento, atirando que Portugal vive
“obcecado” com Vasco da Gama. Sinto que ele é uma espécie de herói esquecido em
Portugal. O mundo reconhece-o e aprecia-o muito mais. Magalhães é nome de
marcas de roupa, de fundos de investimentos, de inúmeros barcos, de marcas de
GPS e até de crateras na Lua e programas espaciais da NASA”, afirmou ao DN.
“Nós,
em Portugal, vivemos muito obcecados com Vasco da Gama. Só em Lisboa tem o
seu nome numa ponte, num centro comercial, num aquário, num jardim... Claro que
o que ele conseguiu [descoberta da rota marítima para a Índia] foi muito
importante e trouxe imensa riqueza ao país, mas por outro lado Magalhães provou
muita coisa, abrindo novos caminhos, e mostrou coragem, liderança, visão e
determinação até ao final da sua vida. Esses são valores essenciais ao mundo de
hoje. E o exemplo de Magalhães ajuda a transmiti-los”, defendeu. https://beachcam.meo.pt/newsroom/2019/02/portugues-da-volta-ao-mundo-500-anos-depois-de-magalhaes/
COM UM
APOIO DE PESO - “3,5 milhões de euros para replicar
circum-navegação de Magalhães” -
Desejo-lhe que seja bem sucedido
"Elon Reeve Musk, o patrão do Tesla, da SpaceX e da
SolarCity ou uma das maiores empresárias portuguesas ou ainda a maior gestora
angolana, são os possíveis sponsors de Ricardo Dinis, o navegador solitário
português que se propõe reproduzir – ao longo dos próximos três anos – a rota
de circum-navegação de Fernão de Magalhães e de Juan Sebastian Elcano,
concretizada há 500 anos.
O mais recente almoço-debate do International Club of
Portugal (ICPT) foi o palco escolhido por Ricardo Dinis, jornalista mas sobretudo
navegador, que ao longo dos últimos 20 anos representou marcas que querem
afirmar-se no mundo. https://www.vidaeconomica.pt/vida-economica-1/publicacoes/edicao-num-1776-do-vida-economica-de-04032019/negocios-e-empresas/135-milhoes-de-euros-para-replicar-circum-navegacao-de-magalhaes
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