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domingo, 5 de janeiro de 2020

Rei Amador – “No anno de 1595 um preto da Ilha de S. Thomé, chamado Amador, se levantou com os homens da sua cor, e se proclamou Rei da mesma Ilha” – “O Rei preto revoltado, é preso e enforcado” no dia 4 de Agosto de 1595 - Esta deveria ser a data da sua evocação - Recordamos-lhe a cópia do documento, dos arquivos do Vaticano. – Neste 4 de Janeiro, dia em que, desde há vários anos, se presta homenagem à memória do grande herói e figura mítica da Nação Santomense, que contou com a presença do PM, Jorge Bom jesus.



Jorge Trabulo Marques - Jornalista e investigador - Fala-se do documento existente no Vaticano e de  cópias na BN e noutros arquivos mas, pelos vistos, parece que à tradução do documento original,  terão escapado pormenores importantes: a data da sua morte: é em 4 de agosto de 1595, os mesmos cinco negros principais aliviados, pegaram o falso rei Amadore levado e amarrado à cidade de S. Tomé, que, colocado em couro de bode, foi arrastado por um rabo de cavalo  para lhe  cortarem as mãos, enforcado, esquartejado,  e o mandaram colocar  em locais públicos. - Tradução  do  antigo italiano para o Português - É provável que possam existir algumas imprecisões  mas estes são os excertos  que nos foi possível traduzir e com a perda de muitas horas.

AMADOR FOI MORTO NO DIA 4 DE AGOSTO DE 1595 -  - NESTADATA É QUE DEVERIA SER PRESTADA HOMENAGEM AO GRANDE HERÓI DA PÁTRIA SANTOMENSE
 


 Segundo documento, existente no Vaticano, do qual pudemos extrair a sua cópia, em aturadas pesquisas que fizemos na BN e na Torre do Tombo, é dito que, o Rei Amador foi barbaramente assassinado,  em 4 de agosto de 1595, "os mesmos cinco negros principais aliviados, pegaram o falso rei Amadore levado e amarrado à cidade de S. Tomé, que, colocado em couro de bode, foi arrastado por um rabo de cavalo  para lhe  cortarem as mãos, enforcado, esquartejado,  e o mandei colocar  em locais públicos.

"REVOLTA DOS PRETOS EM S. TOMÉ (1595) -  Amador, preto revoltado, é preso e enforcado - Excomunhão  negro lançada pelo Bispo ao Governador da Ilha.


Tradução Domingo, 9 de julho de 1595, estando  ali  o povo da igreja, um negro levanta-se com outros cinco ou seis aliados na ilha de S. Tomé e cada um deles conduziu com eles todos os escravos dos bens de seus senhores que podiam e mataram todos os homens brancos e mulatos (filhos de brancos e negros) que noutros lugares  daquela terra, tanto nas casas como no campo, e então com uma grande multidão eles invadiram a Igreja da Paróquia de S.Tomé  •- E também mataram da mesma maneira o branco quando o tomaram, não enquanto a missa foi dita e o padre era morto se ele não tivesse escapado: beberam no cálice em que era celebrada e queimaram a Igreja. Depois disso, eles foram matar um sacerdote que era o mestre dos principais solleuários e juntos mataram um fazendeiro que cuidava de sua propriedade, que, depois de saqueada, a queimou com ingenuidade como brucaro. No mesmo dia eles queimaram até o décimo quinto lugar e, enquanto se afastavam, levaram todos os filhos e filhas que encontraram neles, submetendo-os à obediência! O  primeiro negro que se levantou, chamado pelo nome Amadore, - Pormenores mais à frente 

AMADOR - HERÓI E  FIGURA INCONTORNÁVEL DO PASSADO HISTÓRICO DAS ILHAS VERDES DO EQUADOR  - A origem ancestral dos réis e imperadores não é exclusivamente europeia - Nem foi tão pouco no chamado velho continente que começou, quando o Egipto já tinha imperadores - SIM, NUM TEMPO EM QUE, QUASE TODA A EUROPA  AINDA VIVIA PRATICAMENTE MERGULHADA NA PENUMBRA E DAS TREVAS DA ERA DA PEDRA

Decorreram, na capital santomense,  as tradicionais cerimónias de homenagem ao Rei Amador, assinalado com a deposição de coroa de flores  pelo Primeiro-ministro, Jorge Bom Jesus que considerou de “um dia alto da nossa história” em termos de comemorações.” – Segundo refere STP-Press

Tendo considerado Rei Amador de “figura mítica, lendária, o símbolo maior da nossa resistência cultural, durante seculos que nos levou ao processo da independência, Jorge Bom Jesus disse que “ precisamos também do herói do presente, precisamos de Amadores do presente que possam ajudar-nos a enaltecer em primeiro lugar o espirito da são- tomensidade” , rumo ao desenvolvimento sustentável do País.

Na sua intervenção, a ministra da Cultura, Maria da Graça Lavres disse que “ Rei Amador é o maior símbolo da liberdade do povo são-tomense desde os primeiros tempos”, sublinhando que “ a sua figura tornou-se mito entre concidadãos, um símbolo da libertação do domínio colonial”.

Na oportunidade,  O primeiro-ministro são-tomense, Jorge Bom Jesus segundo refere ainda a agência STP-Press, santomense, aproveitou   para confirmar a entrada de 5 milhões de dólares do Banco Mundial, de apoio ao Orçamento Geral do Estado http://www.stp-press.st/2020/01/04/primeiro-ministro-confirma-entrada-de-5-milhoes-de-dolares-do-banco-mundial-no-dia-do-rei-amador/

"REVOLTA DOS PRETOS EM S. TOMÉ  (1595)

SUMÁRIO - Amador, preto revoltado, é preso e enforcado - Excomunhão lançada pelo Bispo ao Governador da Ilha.
No anno de I595 um preto da Ilha de S. Thomé, chamado Amador, se levantou com os homens da sua cor, e se proclamou Rei da mesma Ilha, commettendo os excessos que eraõ de esperar d'uma besta feroz; fazendo se lhe uma guerra de extermínio, veio a ser prezo, e enforcado em I 595 (1), com alguns dos seus complices.

Deu occaziaõ a este attentado a desordem e confuzao em que estavaõ os povos da Ilha, por cauza da excomunhão fulminada pelo Bispo Dr. Fr. Francisco de Villanova, contra o Governador D. Fernando de Menezes, em 1594

RELATÓRIO DOS FACTOS OCORRIDOS EM S. TOMÉ, EM 1595 - Tradução da cópia do documento existente nos arquivos do Vaticano - Sujeita a algumas imperfeições, pese o esforço  para a colocar em texto neste site. - Hoje o seu busto e uma estátua, esta concebida pelo escultot Zémé, no coração da cidade S. Tomé, capital do arquipélago, perpetuam a sua memória 
SUMÁRIO-Capitaneados por Amador, que se fizera eleger Rei, dos pretos, amotinados, queimaram a cidade de S. Tomé, abrasaram as igrejas, profanaram os vasos sagrados, mataram um Padre, destruíram os engenhos de açúcar-Presos finalmente os responsáveis, foram duramente justiçados. 

(...) Um pouco mais tarde, mais de 4.000 escravos, que seguirão o falso rei, obedeceram a Sua Majestade; Esperando que esse excesso lhes seja perdoado, devido ao Bando enviado pelos Capitães da Ilha, que, em termos do décimo quinto dia, pediram a todos os rebeldes que voltaram, e, como muitos estão desaparecidos,  estendo o referido prazo por mais três dias, período em que quase todos se envolveram, porque a força ainda permanece no campo, considerando o grande dano que causaram, que, por calcular, queimaram sessenta posses com seus talentos de abobrinha e com o tempo  que ele já havia sido encurralado

Quem era o escravo de um homem gentio chamado Don Fernando, e, nessa mente, criou o referido Negro para Rei, jurando obedecê-lo até a morte: e ele, com sua indústria, reuniu mais de duas mil pessoas para lutar por muitas outras pessoas, quem está sob sua obediência e, como são prejudicados pelas posses e gênios dos zuccari, para fazê-lo obediência, ele ordena que eles queimem sua mente. Onde em  três dias queimaram mais de 30 com outras propriedades.

Na sexta-feira seguinte, em 14 de julho de 1595, os negros e seguidores começaram com a bandeira levantada para combater o Ciccà três ou quatro partes com o espírito de queimá-lo, e eram mais de oito mil, mas os terraços lhe responderam com grande coragem, matando mais deles do que 300, sem nutrir nossos mais de três ou quatro. Depois disso, os negros se viraram pesadamente e Cirrà os avisou com muitos espiões nas ruas; (. . )e, ao  os negros queimaram todos os bens que encontraram. .

Zémé - Escultor Santomense 
No dia 28 do referido dia (1), devolta o rei a coberto  da noite. liderando mais de duas mil e quinhentas pessoas com ele a  combater, entre arquebusiers  et sagitarij. Com medo da arte, finalmente na manhã  seguinte iniciou a escaramuça em cinco ou seis partes com muito ímpeto e durou até meio dia, e mais de quinhentos negros morreram nela e no mesmo dia mais de cem foram enforcados, e na escaramuça morreu um capitão, chefe deles, que era dos apaziguadores do  do povo negro, e essa hora começou a lutar contra a cidade pela parte de Santo António, e com tudo o que os seguimos, o rei falso até uma possessão onde ele tem sua força principal

Com tudo isso nosso Senhor foi seguido, até que em 4 de agosto de 1595, os mesmos cinco negros principais aliviados, pegaram o falso rei Amadore levado e amarrado à cidade de S. Tomé, que, colocado em couro de bode, foi arrastado por um rabo de cavalo  para lhe  cortarem as mãos, enforcado, esquartejado,  e o mandaram colocar  em locais públicos.

Dos outros cinco, dois foram aplaudidos, um cortou as mãos, um cortou as mãos, outro foi enforcado e esquartejado por hauer arnazzato que! Ele parecia ser seu mestre acima, e os outros dois permaneceram presos, para pagar suas dívidas

O ANTROPÓLOGO, HISTORIADOR E SOCIÓLOGO ALEMÃO GERHARD SEIBERT,  tem razão ao discordar que o rei Amador, líder da grande revolta dos escravos, em 1595, tenha morrido no dia 4 de Janeiro  - Afinal, a tradução do documento é bem explicita, como atrás é referido Ou seja, foi enforcado e escortejado em   em 4 de agosto de 1595


Téla Nón -19-01-2011 – (…)  "O investigador não concorda que o Amador tenha morrido no dia 4 de Janeiro, tendo em conta que a revolta liderado por si, iniciou no dia 9 de Julho de 1595 e terminou a 29 de Julho do mesmo ano. Gerhard Seibert, defende a tese de que Amador morreu a 14 de Agosto de 1595.

Segundo Seibert, o documento original existente no Vaticano cuja outra copia encontra-se na Biblioteca Nacional de Portugal, revela que “No ano de 1595 um preto da ilha de São-Tomé, chamado Amador, se levantou com os homens da sua cor, e se proclamou Rei da mesma ilha, cometendo os excessos que eram de esperar de uma besta feroz”.

A investigação do Alemão, surpreendeu os são-tomenses e estrangeiros que estiveram presentes na palestra que teve lugar na Cacau (Casa das Artes Criações e Utopia, situada no centro da capital do arquipélago. https://www.telanon.info/cultura/2011/01/19/6100/rei-dos-angolares-nunca-existiu-em-sao-tome-e-principe/
Todas as ilhas do Golfo eram habitadas  e há muito povoadas. Tinham os seus líderes ou réis - Se, Amadornão era rei(no sentido tradicional do termo), isso pouco importa;fora um grande líder!. E os líderes não surgem sem uma aprendizagem de raiz, desinserida do seu meio.

Cronologia: "1586 - Francisco Figueiredo  é o primeiro governador de S. Tomé. Governa sobre a cinza de incêndios feitos pelos "angolares" (...) Aliados aos escravos das fazendas, chegaram a fazer fugir para o Brasil donos de herdades."

Nov 2014 
Os "angolares" rotulados pelo colonialismo como originários de um naufrágio, "que  vindo de Angola deu à costa em uma praia  do sueste da ilha,  muito antes de 1574" - Outros defendem que foi nas Sete Pedras (aliás,  dez ilhotas)  então, ali, era mesmo impossível atingir a costa a nado  - Quando, afinal, de lá partiram tantos carregamentos  - Vindos de vários sítios e das mais diversas etnias - Com certeza que não falavam todos a mesma língua. E porque razão o "angolar" não é um dialecto?...

Se se desse a circunstância de serem  provenientes de um simples barco de negreiros (com um índice de mortalidade tão alargada), alguma vez seriam  capazes de, em tão pouco tempo, se distinguirem dos demais (que também vinham do Congo e de Angola, dos mais diversos lugares da costa) e assumir a liderança?!...  -

 Mesmo, numa ilha, tão pequena (com uma superfície reduzida a 964 Km, sendo quase 2/3 impenetráveis) -  mantiveram-se afastados dos colonos e até   do maior grupo étnico?.. - Formando um povo autónomo, com uma identidade própria, que  jamais se vergaria ao domínio colonial. 

Nov. 2014
O POVOAMENTO PRIMITIVO DAS ILHAS, DIFICILMENTE PASSARIA DESPERCEBIDO  A OUTRAS ETNIAS DO CONTINENTE AFRICANO -  PASSADA A NOTICIA, NÃO TARDARIAM A IR NA ESTEIRA OUTROS GRUPOS DE AVENTUREIROS

TANTO OS  "ANGOLARES" COMO OS "FORROS" DEVEM TER EM COMUM O MESMO PASSADO ANCESTRAL  - EM AMBAS AS ETNIAS,   DEVE CORRER SANGUE NAS SUAS VEIAS DOS  PRIMEIROS  AVENTUREIROS, QUE SE FIZERAM AO MAR.

Além dos "angolares é de admitir  a existência  de outros grupos étnicos, anteriores à descolonização, que teriam sido completamente desmembrados da sua frágil organização ancestral  - Pelo que estou em crer que, entre, os chamados "forros", deverá correr também muito do sangue dos corajosos pioneiros, que ali desembarcaram pela primeira vez -  Descendentes dessa gesta heroica,  oriundos das  praias onde, em tempos recuados, terão partido os seus ancestrais.

A HISTÓRIA É OMISSA -  De um modo geral, vai buscar a versão do colonizador  -  Além disso, muitos dos  segredos das descobertas não eram tornados públicos, nomeadamente as cartas marítimas  - Assim, o poderão atestar as que, entretanto, vão sendo descobertas NAS PRATELEIRAS DOS ARQUIVOS
  Se o Rei Amador  ostentava ou não o  cetro à maneira dos réis  colonialistas,  tal como o concebia  o ponto de vista e sectário dos historiadores, súbditos desses mesmos  interesses, pois bem, Amador, fora um grande soldado e comandante. As revoltas não foram inventadas: para existirem, tinha de haver alguém a comandá-las, a impor a autoridade e a merecer o respeito e obediência gerais - Ora, tais qualidades, só poderiam advir de quem conhecia os segredos da floresta e já lá estava há muito mais tempo 
Embora,   com forças em maior número de que os ocupantes,  eles, os escravos, comandados por Amador, representavam o lado mais fraco da barricada - Não dispunha das armas dos invasores (talvez só de uns arcos de flechas e zangais) mas tinha a seu lado a voz da razão, uma imensa vontade de libertar o seu povo e  os companheiros do mesmo infortúnio e sob a mesma cruel ameaça e opressão.

 De facto, sobre o passado do Rei Amador, correm as mais díspares versões - mas, se formos a ver, o mesmo se passa até com os nomes dos "descobridores das Ilhas. Para facilitar as coisas, convencionaram-se datas e foram-se buscar nomes - Sim, convenhamos: alguma vez o colonialismo podia falar de "descobertas" sem apontar os seus heróis?!...

Porém, idêntica sorte não tiveram os milhões de mártires, os heróis que foram brutalmente atirados ao mar ou que morreram sufocados em porões fétidos e acorrentados. Salvo raras exceções, os pobres dos escravos, eram simplesmente relegados para a categoria do Zé Ninguém, dos carne para canhão. 

Aliás, tal comportamento  também fora extensivo à raia miúda dos colonizadores, sobretudo aos forçados, que para ali iam desterrados a cumprir as suas penas - há quem diga que era a opção que lhe restava para escaparem à pena de morte; mas não creio que todos fossem voluntários – O que passou à posteridade,  foram apenas  os nomes  dos pilotos das caravelas(e nem todos)  ou dos barcos negreiros, que se notabilizaram e donatários e governadores – Quem é que hoje aponta  um dos milhares de nomes da raia miúda  sacrificada?

Fosse o negro mais ousado e temerário,  continuaria a ser sempre negro e escravo; aliás, tal mentalidade, ainda ali pude  testemunhar,  enquanto empregado da roça e já haviam passado alguns séculos sobre as rebeliões de Amador - Acho que, o colonialismo em São Tomé e Príncipe, foi das colónias onde a sua violência mais tempo se perpetuou. Aos escravos (designados, mais tarde, por serviçais),  só restava a fuga para o mato.

O colonialismo, moldado e inspirado pelas cruzadas cristãs (cruz numa das mãos e espada na outra), manteve a  mesma face, cruel,  prepotente e abusadora, da mesma forma,  inalterável ao longo dos séculos,  tal como, em Roma, se mantiveram os dogmas do Vaticano.

A PRÓPRIA IGREJA - ATRAVÉS DA COMPANHIA DE JESUS - TAMBÉM (ELA PRÓPRIA) SE DEDICAVA AO MESMO HORRENDO MAS LUCRATIVO NEGÓCIO

1600 - A partir desta data, os Jesuítas , que se tinham estabelecido em Angola, concentrarão  os seu esforços em Luanda, onde fundarão um colégio.

Paralelamente, envolver-se-ão no comércio de escravos - a Companhia  de Jesus dispôs  dos seus próprios barcos no Brasil -, alegando que a melhor forma de converter um negro era a sua venda  para as plantações da América do Sul, que a Companhia de Jesus igualmente detinha, onde melhor poderiam ser  introduzidos na Cristandade.

O ANTROPÓLOGO, HISTORIADOR E SOCIÓLOGO ALEMÃO GERHARD SEIBERT  CONSIDERA O REI AMADOR, LÍDER DA GRANDE REVOLTA DE ESCRAVOS DE 1595, UMA FIGURA EMBLEMÁTICA NA HISTÓRIA DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE 

 Seibert, que é doutorado em Ciências Sociais, pela Universidade de Leiden e possui a licenciatura em Antropologia Cultural, pela Universidade de Utreque, igualmente na Holanda (entre outros cursos, inclusivamente no seu país) é um dos mais prestigiados especialistas na sua área, já publicou vários estudos sobre África, nomeadamente, sobre São Tomé e Moçambique, é docente na Universidade Nova de Lisboa, tem um vasto currículo, que pode ser consultado em:  Karl Gerhard Seibert 

Pouco se sabe a respeito da vida de Amador, e com o passar dos séculos, sua figura se tornou mito entre os cidadãos daquele país africano, um símbolo de libertação do domínio colonial. Por isso mesmo, boa parte dos textos que tratam da história de Amador misturam fatos reais com lendas elaboradas.

Hoje, apenas dois documentos são considerados fontes primárias da história de Amador e da revolta da qual foi líder. O primeiro é anônimo, sem data, escrito em italiano, e está no Arquivo do Vaticano. Seu título é “Relatione uenuta dall’Isola di S.Tomé” e é certamente o relato de um religioso italiano residente em São Tomé. O segundo é um relatório da revolta, copiado de um original anônimo, pelo padre são-tomense Manuel do Rosário Pinto (1669-1738?), e se encontra na Biblioteca de Ajuda em Lisboa. A descrição da revolta é mais pormenorizada no manuscrito de Rosário Pinto do que no documento do Vaticano, apesar das duas fontes não apresentarem diferenças importantes na narrativa.

De acordo com os relatos, Amador teria sido um “cativo crioulo” (escravo nascido em São Tomé), pertencente a um nobre chamado Dom Ferdinando. Ele se auto proclama "Capitão General da Guerra" e "Rei" da revolta que começa a 9 de julho de 1595, com a matança de alguns brancos durante a missa na igreja da Trindade. Sua hostilidade era dirigida a “todos os brancos e os procedidos deles (mestiços)”.

Durante as três semanas da insurreição, mais de 70 engenhos foram destruídos, e os escravos enfrentaram a tropa do governador em três importantes combates. Destacou-se também a ação do “negro Cristóvão, por capitão dos negros Angola”, provavelmente uma alusão aos escravos fugidos do interior da ilha, mais tarde conhecidos por angolares, e que se organizavam em macambos (equivalentes aos quilombos brasileiros). Ao lado dos colonos brancos combatiam também escravos armados.

No dia 28 de julho Amador ataca a cidade de São Tomé com 5000 homens, cerca da metade de toda a população escrava da ilha. Apesar de estarem em maior número, os revoltosos tinham pouquíssimos armamentos e foram derrotados no dia seguinte. O Rei Amador acabou traído e preso, sendo executado e esquartejado no dia 14 de agosto de 1595. Treze anos após a independência de São Tomé e Príncipe, a Assembleia Nacional declarou 4 de Janeiro como feriado nacional em homenagem a Amador (uma das datas que se acredita ser a de sua morte).
Bibliografia:
SEIBERT, Gerhard. Rei Amador, história e mito do líder da revolta de escravos em São Tomé (1595). Disponível em: < http://www.buala.org/pt/a-ler/rei-amador-historia-e-mito-do-lider-da-revolta-de-escravos-em-sao-tome-1595 


EVIDÊNCIAS INDISCUTÍVEIS

Das costas dos Camarões  e até da Nigéria  avista-se a Ilha Bioko  , da República da  Guiné Equatorial, antiga Ilha Fernão de Pó., que tem o Pico Basilé  (anteriormente chamado Pico de Santa Isabel), com 3011m de altitude, com continuação na dorsal que se estende pelo continente, que faz parte da Linha vulcânica dos Camarões, .onde desponta o famoso  Monte Camaroes, com uma altitude de 4.095 m acima do nível médio do mar . Aliás, todas as Ilhas Golfo da Guiné .são de origem vulcânica e estendem-se no mesmo enfiamento, com cerca de 2000 km de comprimento, incluindo o Monte Camarões, no continente..
 ......
A ilha de  Boko, situada na plataforma continental (baía Bonny  ou de Biafra, Golfo da Guiné , fica a 32 Km da costa de  Camarões, a uma distância relativamente curta, logo, pois, facilmente, avistável

Havendo mesmo quem defenda que esta ilha "estivesse ligada a África na última era glacial (há cerca de 10 mil anos), o que explica o facto de a sua flora ser muito similar à do continente "Tomé e Príncipe - Fauna e Flora.

A ser verdade, significaria que o povoamento, nessa ilha, poderia confundir-se com as movimentações de antigos grupos étnicos nessa região. Porém, outros estudiosos, actualmente, já aceitam,(o que aliás se infere na própria cartografia antiga) que a"colonização humana da ilha vem dos séculos V-VI, aproximadamente, de pequenos embarques a partir de vários pontos ao longo da costa do golfo" - Ou seja, desde que os cartagineses ali teriam chegado, na célebre expedição ao longo da costa da África   por Hanno no final do século VI aC


Mapa de Giovanni Leardo world map, 1448, 34.7 X 31.2 cm - Ver pormenores e o mapa mais ampliado em The Leardo World Maps DATE: 1442 -1453 .
Outra maravilha de mapa antigo, em:. Borgia World Map DATE: 1410 - 1458 .......Slide #237 Monograph. .Mostrar-lhe-ei outros mapas ainda mais antigos, noutro passo deste post
  
É minha convicção de que o início do povoamento (em todas as ilhas) nada tem a  ver com navegações exteriores à própria África Tenho essa ideia desde há 45 anos.As canoas vão a todo o lado. O Golfo da Guiné há muito que era percorrido por enormes canoas. As que eu vi na costa nigeriana, maravilharam-me: pela sua perfeição e tamanho. 

Nas zonas costeiras tropicais ou equatoriais constroem-se pirogas em grandes troncos de árvores que nada ficam a dever, em segurança, aos veleiros da actualidade. O alemão Hannes Lindemann -nos anos 50, atravessou o Atlântico, de Las Palmas às Antilhas (Saint-Coix), a bordo de uma piroga construída na Libéria.E, na Idade Média, deu à costa espanhola, "um homem vermelho e estranho" num "tronco de árvore", que se supõem ter sido o primeiro homem a fazer a travessia sozinho de América para o velho continente. O facto é referido por Jean Merrien no seu livro "Os Navegadores Solitários"

OS VOOS DAS MIGRAÇÕES DAS AVES E O AVISTAMENTO DAS ILHAS OU DA COSTA

O primeiro sinal, a quem está no alto mar, de que se  aproxima de terra é-lhe dado pelas aves. Há aves que passam a vida nos mares e só se aproximam do litoral, quando vão nidificar. Pousam nos destroços e flutuam sobre as ondas: algumas chegaram a pernoitar na minha canoa. Há outras, porém, que vão de manhã e regressam ao fim do dia. E percorrem grandes distâncias. 


(com os pescadores na Praia Gambôa)

Constatei esse facto na aproximação à Ilha do Príncipe: foi a direcção dos seus voos que me deu a primeira indicação, que me estaria aproximar de terra - Naturalmente, que as populações que vivem junto às áreas costeiras - e então em zonas onde o equilíbrio ecológico não tenha sido ofendido ou quebrado o elo e a tranquilidade com natureza, mais se dão conta desse fenómeno. Julgo que essas observações não passaram despercebidas aos antigos povos daquela região: ou para se dirigirem a terra ou para saberem onde é que se erguiam as ilhas.

Por outro lado, da Ilha de Bioko, depois de um tornado, quando o céu fica limpo e dos pontos altos, avista -se a  Ilha do Príncipe. E, igualmente, das partes mais altas desta ilha, e com tempo limpo,  a Ilha de São Tomé. De resto, as ilhas elevam-se como presépios erguidos aos céus. O que significa que a sua existência, acabaria por ser do conhecimento das populações autóctones ribeirinhas
.
As ilhas sempre exerceram, em todos os povos, um natural e irresistível fascínio. Não se julgue que os africanos, lá por viverem em perfeita comunhão com a natureza e o seu meio, eram seres inferiores e que iam ficar insensíveis à sua majestosa atracção e encanto. A pensar-se assim, seria pois, mais um preconceito, igual a tantos outros, com que os europeus (usando a força das armas) os escravizaram ao longo de quase cinco séculos"  21/12/2011 Excerto de são tomé e príncipe - ilhas asben e sanam, povoadas por canoas .




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