Foi ontem, quinta-feira, 14 de Dezembro, o dia do seu aniversário - Só hoje me apercebi desta data especial na sua vida. Em todo o caso, não quero deixar de o saudar e de lhe desejar renovadas escaladas na sua vida de dedicado e generoso patriota são-tomense
Desta vez o destino ia-me pregando uma partida mas, pelos vistos, estava escrito nos astros que apenas seria mais um episódio da minha vida -
Victor Tavares Monteiro nasceu em 14 de dezembro de 1957na roça Rio D'Ouro (hoje Agostinho Neto), no distrito de Lobata . Cresceu no distrito de Água Grande , com o irmão Vital, falecido em 1974. O pai, o cabo-verdiano Bernardino Lopes Monteiro, revoltou-se em 1953 face ao massacre de Batepá e foi preso no campo do Tarrafal
Devo-lhe a pronta assistência, quando, em Março de 2016, acompanhava uma equipa de alpinistas ao Pico Cão Pequeno e sofri ali um grave acidente. – Pois, mal lhe dei conhecimento, via telemóvel, da delicada situação, em que me encontrava, imediatamente diligenciou para que fosse assistido: enquanto a ambulância aguardava por mim na estrada, um maqueiro foi ao meu encontro pela floresta. Sem essa pronta intervenção, dificilmente teria escapado
Atento observador e participante na vida pública e um caso singular de generosidade, de relacionamento humano e de infundir simpatia à primeira vista
Oficial Superior do Quadro Permanente (Coronel) das Forças Armadas de São Tomé e Príncipe (FASTP), na reserva - Fez a Escola de Sargentos em Angola, em cuba academia e na Ucrânia . Foi Deputado da Assembleia Nacional – Bancada do MLSTP/PSD; 1985 a 1988 – Ex-Ministro da Defesa e Ordem Interna, detentor de um notável currículo de desportista, logrou merecer a confiança de dois Presidentes da República, em S. Tomé: Fradique Menezes e Manuel Pinto da Costa, em cargos de relevante responsabilidade, além de importante chefias militares ”.
No panorama desportivo, um admirável exemplo de tenacidade - Atleta e Capitão da Seleção Nacional de Basquetebol 1978-1988 – Atleta e Capitão da Seleção Nacional de Voleibol 1976 – Recordista Nacional de 1.500m (3/02/1976) Diz que deveria ser hoje economista, pois tirou o curso da Escola Comercial
Mas há um destino traçado na sua vida, que determina que ele tinha de vir um dia a conhecer outra profissão e outras responsabilidades. Quando estava para fazer o curso de treinador de Basquetebol, um dos seus professores de política, era então o Chefe do Estado Maior, Raúl Bragança, que o levou para as Forças Armadas e ficou lá até hoje.
E à saída de uma sessão de cinema no Cinema Império, quando a policia militar, de um momento para o outro desata desalmadamente à cacetada na cabeça dos putos e outos e onde calhava.
Ao ver aquela estúpida prepotência, eu, como envergava a farda de Furriel Miliciano, virei-me para os solados e disse-lhe: Parem já com isso! Deixem essa pobre gente! Vão-se daqui embora!!”. … E foi deste modo que eu evitei que saíssem dali ainda mais massacrados. E, afinal, porquê?... Por terem estado na turma da plateia da frente, junto ao palco, onde os bilhetes eram mais baratos e era preenchida pelos santomenses mais pobres.
A anteceder do filme Trinitá, cowboy insolente, e tal como habitualmente acontecia, era exibido um documentário - Nesse dia, eram passadas imagens do famoso boxer Cassius clay, em que ele começava por levar porrada por um boxer branco: enquanto isso acontecia, a bancada da Tribuna, onde se sentavam os colonos, toca de gritar: mata! Mata! Mata essa besta!...
Só que, de um momento para o momento, o negro Muhammad Ali, só com um murro, deixa o adversário a KO - Claro, era a então a vez da plateia se levantar e toca de exteriorizar o seu regozijo, ao mesmo tempo que batiam com as cadeiras.
A Polícia interveio, mas não ficou por aí: esperou a turma da rapaziada, lá fora para carregar a torto e a direito – Um desses miúdos era o Victor Monteiro. Daí não se ter esquecido de mim. Pois, naturalmente, que, se eu não estivesse no local, tinha chegado a casa com a cabeça partida. Mesmo assim, o que levou não deu para esquecer
CORONEL VITOR MONTEIRO, FILHO DE BERNARDINO LOPES MONTEIRO – O Homem que evitou que, mais de uma centena de São-Tomenses, fossem lançados ao mar pelo Governador Gorgulho, na sequência dos massacres dos Batepá
Seu pai, Bernardino Lopes Monteiro, mais conhecido por Nhô Novo, nasceu na Ilha do Fogo, onde estudou, tendo, mais tarde ingressado na Marinha Mercante, onde acabou por desempenhar as funções de imediato. Nessa qualidade, o destino levou-a S. Tomé, em 1952 , a bordo do barco, António Carlos, que ali voltou no ano seguinte, ou seja, em 1953, em trânsito para Angola, precisamente na altura em que ocorriam os massacres do Batepá de 3 de Fevereiro
Deu-se a circunstância de o Governador Carlos Gorgulho, ter aproveitado a abordagem desse navio para se ver livre do que ele considerava a elite revolucionária da ilha e lança-la ao mar – Tal não viria a acontecer, graças à corajosa insubmissão dos tripulantes, liderados por Bernardino Lopes, que obrigaram o comandante do Navio a deixá-los na Ilha do Príncipe – Só que, pese o facto dos tripulantes revoltosos, terem obrigado também o mesmo comandante a largá-los em Dakar, ao regressar à sua Ilha, em Cabo Verde, acabaria por ser preso e enviado para o Tarrafal - Findo o cumprimento da pena, voltaria a S. Tomé, agora na qualidade contratado para antiga Roça Rio D'Ouro, atual Roça Agostinho Neto.
E foi aí que também, quando ali trabalhei como empregado de mato, que conheci o homem da vacaria e das hortas, magro, alto, afável comunicativo e culto, que, aos domingos, gostava de envergar a sua antiga farda de marinheiro, se bem que não desejasse exteriorizar o seu passado e até a sua instrução, bem maior de que muitos empregados de mato.
E também seria nessa mesma roça, que iriam nascer dois filhos: o mais crescidote, o Vital Monteiro, falecido em 1974, e o mais novo, Victor Monteiro,
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