Descoberta da Ilha de S. Tomé - 21 Dez. 1470, há 553 anos, dia do apóstolo que lhe deu o nome - “É preciso ver para crer”- É também uma efeméride muito especial - A tomada de posse, em 21 de dezembro de 1974, do Governo de Transição, liderado por Leonel Mário d´Alva, até à proclamação da independência a 12 de Julho de 1975 - E da festa Católica Romana do dia de São Tomé
Jorge Trabulo Marques - Jornalista - E antigo navegador solitário em pirogas no Golfo da Guiné
Viagem de S. Tomé ao Principe - 3 dias
Estive neste local, em 21 de Dezembro de 1970, a prestar a minha singela homenagem aos corajosos navegadores portugueses, após ligação de canoa da baía de Ana
Chaves àquele local e ali ter
pernoitado – Erguendo a bandeira portuguesa.
Não tanto pela colonização posterior mas orgulho-me dos feitos dos bravos marinheiros portugueses, que, em frágeis caravelas, partindo de um pequeno país, que não ultrapassava um milhão de habitantes, demandaram por mares desconhecidos, deram a conhecer ao mundo novas terras, navegaram por todos os oceanos, mais deles perdendo a vida em dramáticos naufrágios
Sim, dirigi-me ali de canoa, sozinho, desde a Baía Ana de Chaves - a primeira das minhas aventuras de canoa - depois seguir-se-iam mais três: de S. Tomé ao Principe, 3 dias; de S. Tomé à Nigéria 13 dias e, por fim, de Ano Bom - a Bioko - antiga ilha de Fernão do Pó, 38 dias
Voltei a este mesmo
local, em Novembro de 2014, mas agora
com as duas bandeiras: a de S. Tomé e Príncipe e a de Portugal. Sim, depois de
ter vivido uma longa e dramática experiência de náufrago, ao longo de 38 dias, após
o que acostei na Ilha de Bioko
É TAMBÉM UMA EFEMÉRIDE MUITO ESPECIAL PARA O POVO DE STP
Esta data é também reconhecida pelos santomenses, com um triplo significado: - Assinala a chegada dos Portugueses, em 21 de Dezembro de 1470, à costa de São Tomé, pelos navegadores portugueses, João de Santarém e Pero Escobar; a festa Católica Romana do dia de São Tomé - Nome que viria a ser dado a esta maravilhosa ilha verde do equador.
E a tomada de posse, em 21 de dezembro de 1974, do Governo de Transição, liderado por Leonel Mário d´Alva, até à proclamação da independência a 12 de Julho de 1975.
O Movimento de Libertação de S. Tomé e Príncipe e o Governo Português
acordam em que a independência de S. Tomé e Príncipe seja proclamada em 12 de
julho de 1975 e o ato da declaração oficial da independência do Estado de S.
Tomé e Príncipe coincidirá com o da investidura dos representantes eleitos do
povo de S. Tomé e Príncipe e terá lugar na cidade de S. Tomé, com a presença ou
a representação do Presidente da República Portuguesa, para o efeito da
assinatura do instrumento solene da transferência total e definitiva da
soberania...
DEPOIS DE ELOGIADO - UM MÊS DEPOIS ERA PRESO E TORTURADO PELA PIDE- Quando fiz a ligação de canoa de S. Tomé ao Principe - Partindo à meia-noite, sozinho, da Baía Ana Chaves, numa pequeníssima piroga de 40 cm de altura por 60 cm de largura
O facto mereceu relevo na imprensa local, o mesmo não sucedeu quando, um mês depois parti de canoa clandestinamente de S. Tomé ao Príncipe, tendo sido espancado e preso pela PIDE -
Cinco anos depois da travessia
de São Tomé ao Príncipe, numa piroga um pouco maior, fiz a ligação de São Tomé
à Nigéria. Uma vez mais parti sem dar a conhecer os meus propósitos, ao começo
da noite, servindo-me apenas de uma simples bússola. Ao cabo de 13 dias chegava
a uma praia ao sul deste país africano, tendo sido detido durante 17 dias por
suspeita de espionagem, após o que fui repatriado para Portugal. Os jornais
nigerianos destacaram em primeira página o feito
Em 27 de Dezembro de 1975, após 38 longos e dramáticos dias, de desde a Ilha de Ano Bom, atingiria Bioko - Depois de pisar areia macia, do recanto uma discreta praia, neste mesmo dia sou depois conduzido algemado para um escuro calabouço e, no dia seguinte, a uma sinistra cela do reino de terror de Francisco Macias Nguema
Não há certezas quanto à data exata da descoberta das ilhas do Golfo da Guiné - Admite-se, no entanto, que, a Ilha de S. Tomé, teria sido descoberta em 21 de Dezembro de 1470, dia do apóstolo S. Tomé, e , em 17 de Janeiro do ano seguinte, a Ilha do Príncipe, por João de Santarém e Pêro Escobar
A Ilha de Ano Bom, a 565 km a sudoeste da parte continental da Guiné Equatorial e a cerca de 200 km a sul de São Tomé, foi descoberta por volta de 1475, no 1º de janeiro, de dia de ano-bom - A Ilha de Fernando do Pó, atual Bioko, foi descoberta pelo navegador do mesmo nome; admite-se que tenha sido em 1472 - Estas duas Ilhas, foram possessão portuguesa entre 1474 e 1778, ano em passaram para a Coroa Espanhola, pelo Tratado de El Pardo em troca de terras espanholas na América do Sul, que seriam posteriormente anexadas ao Brasil
Descobrimentos de S. Tomé e Príncipe – “Não se sabe ao certo quem foram os descobridores nem a data da descoberta” A resposta poderá estar numa antiga inscrição gravada numa rocha, situada na orla marítima “Bien Faire” (Bem Fazer) a famosa divisa do Infante D. Henrique
"Quando os primeiros navegadores portugueses chegavam a uma terra até então desconhecida costumavam gravar nalguma grande árvore ou pedra «este motto do Infante, Talent de Bien Faire» diz o historiador Armando Cortesão
(Lamentavelmente esta pedra, que deveria assinalar a chegada dos portugueses a este local, já foi destruída, pude constatar o facto em Maio de 2019)
Ministério da Educação, Cultura e Ciência,mostrou-se, então, interessado em estudar o achado - Tendo ali estado presente o Diretor Geral da Cultura, Nelson Campos, que me acompanhou ao local para conhecer o achado e proceder às diligências, que forem necessárias, para o preservar e estudar mais detalhadamente - Mas não só não foram feitas quaisquer diligências, como a pedra viria a ser vandalizda e destruída -
Talvez por me ter reportado a este importante achado e estivesse na calha reservarem a área, como chegou a ser falado, para um projecto turístico - Como se não houvesse outros sítios, que, a ser levado a cabo, iria impedir que o local pudesse ser desfrutado livremente por todos os santomenses e visitantes.
A descoberta de antiga inscrição numa pedra, na orla marítima, poderá ter sido gravada por navegadores portugueses das caravelas, atendendo às excelentes condições de aportagem do local - Outros achados em pedra poderão também relançar a origem do povoamento ancestral da Ilha através de canoas ou por outras embarcações – “Angolares” os temários do mar, vindos nas suas canoas do sul do Reino do Congo?
A pedra foi encontrada por mim e pelo santomense Cosme Pires dos Santos, em Agosto, do ano passado. 2015, num dia em que, ambos, percorremos, várias áreas da orla marítima, com o objetivo de encontramos eventuais vestígios arqueológicos – Tanto anteriores à colonização, como a partir desse período.
Com o Cosme Pires dos Santos
O referido achado, que na altura me deixou bastante intrigado, por se tratar de uma inscrição antiga mas com letras do nosso alfabeto, só passou a dar-me algumas pistas da sua origem, quando, ao ler, um estudo de Armando Cortesão, ali se faz referência à divisa do Infante
Daí admitir poder tratar-se de uma antiga inscrição (parcial), da divisa do Infante D. Henrique, atual divisa da Escola Naval “TALANT DE BIEN FAIRE” –– A pedra, em basalto, já está muito esboroada e desgastada, faltam-lhe alguns pedaços, pelo que, a inscrição, já não está completa – Mas, atendendo ao aspeto antigo da inscrição, depreende-se que seja a celebre divisa do Infante Dom Henrique - De momento, achou-se prudente não identificar publicamente o local.
A DIVISA DO INFANTE D. HENRIQUE GRAVADA PELOS NAVEGADORES PORTUGUESES NOS TRONCOS DAS ÁRVORES E NAS ROCHAS
Como é reconhecido, a tendência do homem deixar sinais da sua presença, através de gravuras ou outro tipo de inscrições, é tão velha, como a natureza humana - Os animais (cães e lobos) urinam junto das árvores ou pedras para ali marcarem o seu território – No fundo, é uma tendência dir-se-ia instintiva da preservação da espécie
A ideia de que, os portugueses, levantavam padrões, nas terras que descobriam, tal não corresponde inteiramente à verdade – Esses marcos, vieram posteriormente às descobertas e ao inicio da colonização - Eles usavam outras formas mais simples para indicarem a sua passagem: inscrições nos troncos de árvores ou nas rochas
Quando se aborda esta questão apenas se faz alusão a árvores, esquecendo-se de que a gravação numa pedra – tal é o caso da famosa pedra de Corte Real, - é bem mais duradoura.
Foto de Jorge Trabulo Marques
Desde as primeiras expedições dos catalães e portugueses, tinham os navegantes o costume de gravar os seus nomes em árvores, destacando as espécies baobá (Adansônia digitata) e a dracena (Dracaena draco), que, obviamente, não é o conhecido arbusto ornamental. Nem sempre o faziam por veleidade ou vão desejo de glória; muitas vezes a inscrição era para eles uma espécie de marco, algo como um símbolo de posse, um meio de assegurar à sua pátria os direitos de primeiro colonizador. Os navegantes portugueses escolheram, com freqüência, para este fim, a bela divisa do infante D. Henrique, duque de Vizeu: Talent de bien faireb.as inscrições feitas nas cascas das árvores"ue, duque de Vizeu: Talent de bien faireb.as inscrições feitas nas cascas das árvores
Estudantes da Universidade da Beira, que vieram às Ilhas Verdes do Equador participar num projeto de intercâmbio no âmbito dos cuidados de saúde – Deram-nos a sua opinião sobre o nosso achado - Ou antes, fizeram à pedra a sua radiografia
“Talant de Bien Faire - Esta acélebre divisa do Infante Dom Henrique, que era gravada nas pedras ou nos troncos de árvores,pelos navegadores portugueses das caravelas, quando chegavam a uma terra até então desconhecida- Esta frase está inscrita no túmulo do Infante D. Henrique, que era o seu lema e que hoje serve de divisa à Escola Naval – E significa desejo ou vontade de bem-fazer, exortando a um esforço pessoal e coletivo de perfeição.
Curiosamente, quase com o mesmo significado, “QUERER E FAZER”, este o tema do projeto, de intercâmbio, que, um grupo de alunos de Medicina daUniversidade da Beira Interior, Covilhã, procurou levar a cabo durante um mês, com o intuito de colaborarem no trabalho das unidades de medicina de S. Tomé e Príncipe.
Quis um feliz acaso, que nos encontrássemos, com algumas jovens desse grupo, numa bela tarde de um domingo, quando passeavam por um dos recantos da maravilhosa costa santomense,numa das visitas que ali efetuávamos, com o coronel Victor Monteiro. Diretor do Gabinete do então Presidente da República. Manuel Pinto da Costa, às quais descrevemos a nossa descoberta e quisemos registar a sua opinião., que é justamente o que lhe mostramos neste vídeo.
Ermelinda de Jesus Lima,Coronel Vitor Monteiro e Alexandre Sousa
OUTRAS OPINIÕES - Olinda Lima , uma jovem, santomense, que vive em Portugal, onde é gestora de uma grande empresa, foi passar uns dias de férias, à sua maravilhosa Ilha, com o namorado, o Alexandre, natural de Alcobaça, e, encontrando-se no local em passeio, deram-nos o seu testemunho numa das visitas que, posteriormente à nossa descoberta, ali fizemos, acompanhado pelo coronel Victor Monteiro. Diretor do Gabinete do então Presidente da República. Manuel Pinto da Costa. Curiosamente, o mesmo achado, nessa mesma tarde, também foi mostrado a um grupo de estudantes de medicina daUniversidade da Beira Interior, cujas opiniões apresentamos no video anterior e que igualmente ali também passeavam.
De sublinhar que, uns dias antes, na mesma pedra, pousaria Evaristo Carvalho, antes de ser eleito Presidente da República de STP, durante um agradável passeio que por ali fazemos, com o propósito de lhe revelar a descoberta - E o mesmo sucedera, com o meu amigo Teodoro Ela Ngui, Secretário da Embaixada da Guiné Equatorial, em STP, que também mostrara curiosidade em ir conhecer a pedra, de que lhe falara, num dos encontros numa conhecida esplanada da cidade
Evaristo Carvalho Março 2016 - Atal PR de STP -Agosto 2016
PORVENTURA, O ACHADO HISTÓRICO QUE FALTAVA - Descoberta de antiga inscrição numa pedra, na orla marítima de S. Tomé, que poderá tratar-se da célebre divisa do Infante Dom Henrique, gravada pelos navegadores portugueses das caravelas, quando aqui aportaram, há mais de V séculos, atendendo às excelentes condições naturais da pequena baía, junto à qual se ergue uma colina, onde o testemunho parece ter sido registado para a posteridade – A inscrição, denota ser muito antiga, tal como o comprovam as observações das pessoas às quais foi mostrada a pedra - Embora lhe faltem algumas letras, mas as que existem denotam configurar a lendária expressãoTALANT DE BIEN FAIRE desejo ou vontade de bem fazer, exortando a um esforço pessoal e coletivo de perfeição.Esta frase está inscrita no túmulo do Infante D. Henrique, que era o seu lema e que hoje serve de divisa à Escola Naval
– –– Depois de um antiga espada e um antigo punhal, eis alguns carateres da famosa divisa do Infante D. Henrique - Não é a lendária “Pedra de Dighton”, com inscrições atribuídas a Corte Real, nas costas da Nova Inglaterra, em 1511, mas poderá vir a sê-lo no futuro.
38 dias nesta canoa
Se bem que a confirmação da descoberta, só uma análise laboratorial da rocha o poderia permitir, porém esta minha convicção baseia-se na gravação das letras (duplo traço, denotando ser inscrição muito antiga) e pelo facto desta se situar numa colina sobranceira ao mar e num local de águas calmas e profundas, propícias à aproximação e acostagem de embarcações de grande porte.
A HISTÓRIA NÃO PODE DISTANCIAR-SE DOS ESTUDOS ARQUEOLÓGICOS
Dezembro de 1969
Nas ilhas do Golfo da Guiné, ainda há muitos mistérios por revelar num passado ancestral, ainda mergulhado nos escombros do tempo, mas que, com persistente sentido de crença algum sentido instintivo, cientifico,quiçá messiânico,poderão propiciar valiosas e surpreendentes descobertas – E revelarem-seaos olhos daqueles espíritos que não hesitam em ir ao seu encontro, cientes de que a origem dos homens, em qualquer parte do mundo, mesmo nas mais remotas e isoladas ilhas, tem atrás de si milénios de gerações, que não advêm somente da subjugação dos tempos do ignóbil esclavagismo – Sim, não coube apenas ao homem do continente europeu a primazia ou privilégiodo seu povoamento. Velho preconceito criado por uma civilização europeia, que,ao longo dos séculos, se habitou a subjugar outras, julgando-as bárbaras e inferiores.
“O descobrimento das ilhas do Golfo da Guiné está mal referenciado na documentação antiga e tem-se sugerido que ocorreu no contexto da exploração realizada por João de Santarém e Pêro de Escobar no golfo da Guiné, durante a qual se destacou a já referida descoberta da costa da Mina em Janeiro de 1471. Perante as dificuldades em ajustar a cronologia do descobrimento das três ilhas aqui em causa afigura-se-nos mais credível a aceitação da hipótese de os descobrimentos das ilhas de São Tomé e Príncipe terem ocorrido respectivamente em 21 de l Dezembro de 1478 e 17 de Janeiro de 1479, Tendo esta última ilha sido denominada inicialmente por a Santo António (Abade) ou Santo Antão, dia deste santo, passando depois a ser designada por «Príncipe», visto ter sido descoberta sob a égide do então príncipe D. João e futuro rei D. João II (desde 1481), pois desde Maio de 1474 era ele quem estava encarregado dos Descobrimentos. A fundamentar a verosimilhança da proposta destas datas, que foi avançada por Viriato Campos, está a circunstância de tais ilhas terem sido por certo aquelas que são mencionadas no Tratado de Alcáçovas assinado entre Portugal e Castela em 4 de Setembro de 1479. Neste documento tais ilhas estarão referidas, sem menção dos seus nomes"
Ao longo da costa africana, já haviam navegado fenícios e árabes e o Infante D. Henrique, estava bem informado. A história nem sempre é um relato fidedigno dos factos. "Se o Infante D. Henrique e os dirigentes portugueses que se lhe seguiram proibiram a venda de caravelas ao estrangeiro, mandava a lógica que se opusessem igualmente à saída de capitães, pilotos, cosmógrafos(...) e com eles dos roteiros para as novas terras, das cartas de marear e de tudo que ensinasse a nova ciência da posição e da direcção do navio e, mais que tudo, da do sol ao meio dia." - In "DÚVIDAS E CERTEZAS NA HISTÓRIA DOS DESCOBRIMENTOS PORTUGUESES" Luís de Albuquerque
EXPLICAÇÃO DADA PELA MARINHA PORTUGUESA QUE FAZ DA DIVISA DO INFANTE D. HENRIQUE,TAMBÉM O SEU GLORIOSO LEMA
O “talant de bien faire” ficou gravado no túmulo do Infante, no Mosteiro da Batalha, e popularizou-se, sobretudo, quando em 1839, Ferdinand Denis encontrou na Biblioteca Nacional de Paris um códice encabeçado pelo título Cronica dos feitos notavees que se passarom na conquista de Guinee por mandado do Iffante dom Henrique [Crónica da Guiné]. No meio dos respetivos fólios, encontrava-se uma imagem dobrada representando um homem de chapelão, que se identifica habitualmente com o Infante D. Henrique, e, na parte inferior da folha, pode ler-se a referida expressão “talant de bië faire” (com o sinal de nasalação do “e” que hoje se substitui pela inclusão do “m” final). Divisa - Talant de Bien Faire - Escola Naval - Marinha
Teodoro Ela Ngui,- Secretário da Emb. Guiné Equatorial
A palavra francesa “talent”, que se traduz em português por talento, tem origem numa expressão grega (tálantom) que indica “prato da balança”, peso ou valor. Assumiu a versão em latim de talentum, com sentido semelhante, e passou para o português para designar valores ou méritos intrínsecos de alguém. “Talant”, por outro lado, é uma palavra que existiu no dialeto provençal com um sentido de “desejo” ou “vontade”. Entrou na língua francesa e confundiu-se durante alguns séculos com “talent” (usado com duplo sentido), mas perdeu o significado provençal a partir do século XVII e desapareceu do uso corrente ( Èmile Littré).
CONTRIBUTO QUE PODERÁ AJUDAR A RELANÇAR A HISTORIOGRAFIA DESTAS ILHAS "A História das Navegações Portuguesas tem pecado por ter sido escrita, por vezes, por quem desconhecia Arte Náutica - dizia Sacadura Cabral (…) por estranhos às «coisas do mar» como eram quase sempre, cronistas e historiadores . Incapazes de se imaginarem a navegando dentro dos navios antigos. Eles fiavam-se nas versões que corriam, contadas por mareantes românticos, que acrescentavam um «ponto» ao seu «conto».
Descobrimento e Cartografia das Ilhas de S. Tomé e Príncipe – Comunicação feita pelo Prof Doutor Armando Cortesão - no Grupo de Estudos de História Marítima, Lisboa, em 15 de Maio de 1970"Todos os historiadores que se ocupam do «descobrimento das ilhas de S. Tomé e Príncipe» concluem que não se sabe ao certo quem foram os descobridores nem a data da descoberta; parece que ninguém se sente à vontade ao tratar do assunto - o que quase sempre acontece com o descobrimento das ilhas da parte oriental do Atlântico." -
DESCOBERTAS PORTUGUESAS - OMISSÕES E ABSURDOS
(...) "o tope comercial dos descobrimentos, em 1466, era a Serra Leoa. Comercial. E não de forma alguma geográfico (...) Da Serra Leoa por diante e até ao Rio Lago, da actual Nigéria, os aspectos da geografia humana mudavam inteiramente. Entre o Senegal e a Serra Leoa dominava o urbanismo flúvio-marítimo. Dali por diante, ao contrário, a população encontrava-se disseminada ao largo do litoral em pequenas aldeias; depois do Cabo das Palmas e por toda a Costa do Ouro era muito densa, mas fraccionada em unidades mínimas, que não obedeciam a qualquer organização política, como a dos mandigas. Enquanto aquele império se desenvolvera numa zona de estepes e savanas, propícia ao deslocamento de grupos humanos, ao contrário, desde a Serra Leoa por diante e ao largo de quase todo o Golfo da Guiné a grande floresta tropical bordava as costas, impondo a disseminação dos homens, cortando-lhes os movimentos em terra e impelindo-os para o mar" - Diz o historiador Jaime Cortesão Volume II - In "Os Descobrimentos Portugueses r" - Diz o historiador Jaime Cortesão Volume II - In "Os Descobrimentos Portugueses
CANOAS FAZIAM GRANDES TRAVESSIAS EM OCÁ . ENTRE S. TOMÉ E O PRINCIPE E O GABÃO – Diz investigador português - Ocá – Eriodendron anfractuosum -Colosso. Lá no alto, nos seus frutos, dá-nos a lã d’óca, boa para almofadas e colchões. A madeira é utilizada na construção de gamelas. Chegam a medir15X2x1x1,50 metros - Era nestas embarcações, leves de d’ocá, que, ainda em 1860, se viajava de S. Tomé para o Príncipe e para o Gabão– Eng. Egydio Inso - 1922
As viagens marítimas são talvez tão antigas como os mares.Os fenícios, entre 1200 a 600 a.c., foram os maiores marinheiros do mediterrâneo - Mas não só: transpondo as Colunas de Hércules, entraram no Atlântico e navegaram para sul. - O Periplus Hannonis - É disso um extraordinário exemplo e talvez o primeiro massacre das Ilhas do Golfo da Guiné
"Em data indeterminada da primeira metade do século VI a. C. (apontam-se datas que vão de 560 a 425 a.C.), quando Cartago estava no seu apogeu, foram organizadas expedições destinadas a conhecer e colonizar as costas atlânticas. Foram encarregues dessas tarefas Hanão, que deveria explorar as costas africanas para sul do Estreito de Gilbraltar e Himílico que deveria explorar as costas europeias para norte daquele estreito. Seriam irmãos, embora tal possa ser em sentido não literal.
Quando os europeus demandaram a costa de África, já os africanos, há muito mais tempo, haviam sulcado o litoral marítimo, subido e descido os rios e ligado as ilhas limítrofes com as suas pirogas talhadas em enormes troncos de árvores - Pessoalmente pudedemonstrar, essa possibilidade, através das várias ligações solitárias, que efetuei: o teste desde a cidade de S. Tomé a Anambô, 1970, onde se encontra o Padrão dos descobrimentos - Depois, as travessias, ente S. Tomé ePrincipie (3 dias); S. Tomé-Nigéria 12 e, mais tarde, de Ano Bom a Fernando Pó (mais à deriva que a navegar, devido à falta deequipamento (remos) que perdera por ação de um violento tornado, ao pretender regressar a S. Tomé, por não ter sido largado na corrente equatorial que me arrastaria, inevitavelmente, para oeste. Claro que qualquer destas viagens, se fosse feita acompanhado, não teria levado tantos dias
NÃO ESTÁ PROVADO QUE, ANAMBÓ, TIVESSE SIDO O LOCAL ONDE DESEMBARCARAM PELA PRIMEIRA VEZ OS NAVEGADORES PORTUGUESES – NEM SE SABE ONDE TERÁ SIDO – MAS FOI AQUI QUE A COLONIZAÇÃO COMEÇOU
Em virtude de contrariedades ou vicissitudes de vária ordem, somente, anos mais tarde, após o primeiro desembarque dos navegadores portugueses, em 1493, as ilhas começaram a ser colonizadas a partir de um local a que chamaram de Água-Boa, que, com o tempo passou a ser designado Água-Ambó, por ali passar uma ribeira de água potável e de fácil acostagem, embora povoado por uma orla pedregosa e sem areia, mas que se estendia por uma superfície plana, das poucas existentes na costa voltada a norte e noroeste -Mais tarde mudaram-se para a Baía Ana de Chaves, formando ali uma pequena povoação, com aproveitamento das terras vizinhas, justamente onde se situa actualmente a cidade de S. Tomé
NAQUELA ÉPOCA A PALAVRA DESCOBRIR, SIGNIFICAVA EXPLORAR O QUE JÁ ERA CONHECIDO
Ermelinda de Jesus Lima, - 20-02-2016
Não haja, pois, ilusões, quando o Infante D. Henrique fundou a Escola de Sagres, ele já tinha recolhido abundante informação de uma grande parte da costa de África: pelo menos, até ao Golfo da Guiné.
Não há certezas quanto à data exata da descoberta das ilhas - Diz também Luís de Albuquerque: Sabe-se por exemplo que João de Santarém, Pêro Escobar, Fernão do Pó, Lopo Gonçalves e Rui Sequeira estiveram ao serviço de Fernão Gomes. Mas não há registos que nos permitam dizer com segurança qual deles, em que ano, descobriu o quê." - Admite-se, no entanto, que, a Ilha de S. Tomé, teria sido descoberta em 21 de Dezembro de 1471, e, um ano depois, em 17 de Janeiro, a Ilha do Príncipe – Por outro lado, também já, o Almirante Gago Coutinho, em “A Náutica dos Descobrimentos, aludia à palavra “descobrir”, acerca dos “factos náuticos que procederam à Viagem de ´Álvares Cabral, ao Brasil, citando o livro “Esmeraldo”, referindo que naquela época, a palavra descobrir, tem o sentido de explorar uma costa que já fora achada antes de 1948”, de “uma exploração, confiada a Duarte Pacheco.
Coronel Victor Monteiro - Gravuras rupestres
De um modo geral, salvo os historiadores, que não se limitam a transcrever a tese oficial colonial, que entendeu, arrumar factos históricos ao seu jeito, “todos os historiadores que se ocupam do «descobrimento das ilhas de S. Tomé e Príncipe» concluem que não se sabe ao certo quem foram os descobridores nem a data da descoberta; parece que ninguém se sente à vontade ao tratar do assunto - o que quase sempre acontece com o descobrimento das ilhas da parte oriental do Atlântico. – Diz Armando Cortesão em “Descobrimento e Cartografia das Ilhas de S. Tomé e Príncipe
“Convém notar”- refere o mesmo investigador - “ que desde já e sempre que se aborde tão delicado e controverso assunto, qual o significado a dar à palavra descobrimento, quando se trata de novas terras e em especial no século XV. Já vários historiadores se têm referido ao problema e dele me ocupo mais de espaço no vol. III da minha História da Cartografia Portuguesa, que estou a escrever e cujo vol. II (…)”
“A meu ver as palavras descobrimento e suas derivadas de princípio significavam que a terra respectiva foi reconhecida, provavelmente redescoberta, tornando-se conhecida de todo o Mundo, estabelecendo-se entre ela e a Europa relações normais, isto é, viagens frequentes, povoamento, colonização, relações comerciais, etc. É aquilo a que se pode chamar descobrimento oficial, como sugeriu o saudoso Com. Fontoura da Costa.
Gravura em rocha na orla marítima de S.Tomé
De tudo ou quase tudo o que foi descoberto, isto é, descoberto oficialmente, se pode dizer que foi redescoberto. João de Barros, cronista sério e quase sempre fidedigno, diz «terem os nossos mais terras descobertas no tempo de D. Afonso V do que achamos na escritura de Gomes Eanes de Zurara», e que quando os nossos primeiros navegadores chegavam a terra até então desconhecida costumavam gravar nalguma grande árvore «este motto do Infante, Talant de Bien Faire», por outros navegadores depois encontrado ao longo da costa africana, que julgavam atingir pela primeira vez. Depois de ter mencionado os descobrimentos das ilhas de S. Tomé, Ano Bom e Príncipe, refere-se o cronista a propósito a uma ilha que em 1438 havia sido descoberta pelos Portugueses e de que se perdeu memória. Conta Barros cotão que quando em 1525 uma armada castelhana sob o comando de Garcia de Loiasa se dirigia do golfo da Guiné para a costa do Brasil, depois de ter encontrado um navio português que vinha da ilha de S. Tomé, descobriu uma ilha desabitada, dois graus a sul do equador, chamada S. Mateus, «e em duas árvores estava escrito que havia 87 anos que nela estiveram portugueses». Alguns autores têm identificado esta ilha com a de Fernão de Noronha, que de facto fica em dois graus de latitude sul, perto da costa do Brasil. A primeira vez que encontro esta ilha de S. Mateus é na carta Anónimo-Jorge Reinei, de e. 1519, por conseguinte antes da referência de Loiasa, note-se bem, na verdade uns dois graus a sul do equador mas a meio do Atlântico ou na parte ocidental do golfo da Guiné, de facto nesta parte oriental do Atlântico, mais perto da África que da América. Depois a ilha de S. Mateus ainda continua a aparecer muitas vezes na cartografia quinhentista e seiscentista.
Antigo encaixe do mastro
O que importa é esta indicação do descobrimento duma ilha atlântica em data remota e a que durante muitos anos não houve qualquer referência. Vários casos semelhantes poderia citar, não só dos descobrimentos das ilhas e costas atlânticas, da América, da circum-navegação do continente africano, da lnsulíndia, da Austrália, do Japão, etc., de cuja existência já havia conhecimento, por vezes muito vago, antes do seu redescobrimento ou «descobrimento oficial». Muitos casos se podem também citar de referências mais ou menos veladas a navegações e descobrimentos portugueses de que não nos chegaram informações concretas..
EM 2011 - HÁ CINCO ANOS - JÁ EU ALERTAVA PARA A POSSÍVEL EXISTÊNCIA ACHADOS ARQUEOLÓGICOS QUE PODERIAM CONTRIBUIR PARA UM MAIOR ESCLARECIMENTO HISTÓRICO DO POVOAMENTO DESTAS ILHAS
Outubro de 2014 - Mesmo aos 70 anos . ainda preparado para outras aventuras
Os portugueses foram grandes navegadores -E talvez dos maiores navegadores daqueles épicos tempos. Um país, tão pequeno e com tão fracos recursos económicos, ter feito o que fez, foi realmente uma verdadeira odisseia. Há, pois, que enaltecer a coragem daqueles bravos pilotos e marinheiros. – Todavia, uma coisa é essa coragem e bravura, outra a verdade história – E está não deve ser ocultada ou pervertida.
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A ORIGEM DO POVOAMENTO DAS ILHAS DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE, É POIS MUITO MAIS ANTIGA DO QUE A DESCRITA PELA VERSÃO COLONIAL - AINDA CONTINUA A SER REFERIDA, NÃO OBSTANTE AMBAS CONSTITUÍREM UM PAÍS SOBERANO E INDEPENDENTE, VOLVIDAS MAIS DE TRÊS DÉCADAS São Tomé e Príncipe...Hist.Descobrimentos e Exp.Portug.....
Dizia eu, há cinco anos, neste espaço - É certo, que, até hoje, não foram descobertos monumentos ou vestígios arqueológicos perenes em qualquer das ilhas do Golfo da Guiné, que pudessem dar-nos indicações para a existência de antigas civilizações. Não porque não possam existir, mas talvez mais pelo facto de nunca ter sido encarado a sério um estudo aprofundado.
NÃO ME ENGANEI AO REFERIR que essa investigação deveria fazer-se. Acredito que não faltariam surpresas interessantes. Porém, existe uma prova que continua igual há de milénios atrás: a sua tradição marítima. Haverá elo mais genuíno, com as suas antigas origens, que a arte de navegar em tão frágeis meios primitivos? ....- Canoas frágeis e toscas, é um facto, mas capazes de resistirem aos mais violentos vendavais
Em S. Tomé Agosto 2015
Primeira roda de pedra - Internet
Demonstrei-o, por três vezes, ao ligar as ilhas com o continente. E assim o haviam igualmente demonstrado as enormes canoas que foram utilizadas para transporte de escravos, nomeadamente do Gabão, mesmo depois da alforria, cuja lei muito custou a aceitar aos proprietários nas grandes roças.
1964- Empregado de Mato
Pessoalmente, ainda vi o fundo de uma dessas enormes canoas, junto ao velho cais da Praia Fernão Dias , quando trabalhei como empregado de mato na Roça Rio do Ouro, da Sociedade Agrícola Vale Flor. Pois, em São Tomé não se construíam canoas daquele tamanho. As grandes árvores estão pouco acessíveis às praias e estavam sob o domínio das roças. A costa africana está mais ao nível das praias e oferece mais vastas possibilidades. De resto, depois da independência, muitos nigerianos faziam comércio, com São Tomé, servindo-se de grandes pirogas.
Um manto de verdura reveste completamente a orla das praias até aos cumes das mais altas montanhas e picos, dando a impressão de se aportar a uma terra de ninguém.
Quem, de bom senso, acredita que os povos, que lá viviam, mal avistavam os invasores, corriam imediatamente para junto deles?!.. Fizeram-no, mais tarde, mas com persistentes e violentos ataques: é porque estavam organizados e tinham o sentimento de posse da sua terra; queriam bater-se pela sobrevivência das suas vidas, do que lhes eram querido e estava ameaçado.
A MINHA MAIOR DÚVIDANEM SERÁ TANTO EM SABER SE AS ILHAS DO GOLFO DA GUINÉ ERAM OU NÃO JÁ CONHECIDAS E HABITADAS,MAS QUEM FORAM OS MARINHEIROS PORTUGUESES QUE APORTARAM, PELA PRIMEIRA VEZ, NUMA DAS SUAS ENSEADAS OU BAÍAS Tudo não passa de pressupostos - O único relato fidedigno existente, foi escrito por um piloto português (século XVI), que descreve a Viagem de Lisboa à Ilha de São Tomé. Noutra postagem, farei a sua transcrição. Para já, eis um dos excertos sobre a descoberta das duas ilhas, que extraí da antologia,"Presença do Arquipélago de S. Tomé e Príncipe na Moderna Cultura Portuguesa", de autoria de Amândio César.
"Ignora-se, ao certo a data do descobrimento da ilhas de São Tomé e Príncipe e o nome dos seus descobridores.Julga-se, porém, que devem ter sido descobertas pelos anos de 1471-1472, quando da viagem de João de Santarém e Pedro Escobar às costas da Mina, de Benim e do Gabão, aí enviados por Fernão Gomes que obtivera, em 1469, do Rei D. Afonso V o arrendamento do comércio da Guiné, por cinco anos, sendo uma das condições o descobrimento de novas terras. Pedro de Sintra atingira, entre os anos de 146o-1463, o bosque de Santa Maria, avanço máximo dos portugueses até aquela data. João de Barros (Ásia. Década I, Liv.II, cap.II) associa a esta viagem o nome de Soeiro da Costa"
"Começou por se chamar de Santo Antão. A designação do Príncipe ligou-se primeiro a D. João, filho primogénito de D. Afonso V, o futuro D. João II. D. Afonso V foi o primeiro filho mais velho dos réis que se chamou Príncipe"
"A Ilha de São Tomé começou a ser povoada em 1486 pelos colonos de João de Paiva, aos quais o Rei D. João II, concedera privilégios, no ano anterior; porém a era da sua prosperidade começou em 1493, quando foi criada a capitania da ilha e dada a Álvaro de Caminha" - Mas esta ou outras versões do género, podem ser igualmente consultadas na Internet .História de São Tomé e Príncipe
O SENTIMENTO GERAL DAS POPULAÇÕES DE SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE CREIO QUE SEMPRE FOI O DE QUE A SUA TERRA É ÁFRICA E POVOADA POR AFRICANOS O facto da situação ainda ter piorado, em certas circunstâncias, depois dos povos acenderem à independência (dizem que as roças estão irreconhecíveis) , isso deve-se, em boa parte, à pesada herança colonial: ao facto de não se haver apostado na cultura e não se terem preparado quadros.
E não se ter começado por reconhecer (sem qualquer espécie de conflito ou subterfúgio)o seu direito à independência. Claro que tem havido erros, qualquer país os comete - Mas é a tal coisa, como diz a letra de uma canção do cantor angolano, Rui Mingas, as novas gerações têm também que começar aprender como se conquista a liberdade e uma bandeira
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